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História Everything You Are - Capítulo 66


Escrita por: divergentmars

Notas do Autor


Boa noite, meninas.
Aqui tem um capítulo pra ler tomando um chocolate quente, porque esse inverno pede isso!
Boa leitura <3

Capítulo 66 - Capítulo 66


Fanfic / Fanfiction Everything You Are - Capítulo 66

Eu ainda me lembro
Quando o tempo estava congelado
Quando parecia para sempre
Foi apenas um momento

(Feel the Light - Jennifer Lopez)

 

10 de Abril de 2014

-Não vou deixar você sair daqui. – Tiara estava na porta do meu quarto, com as pernas abertas e os braços também, tampando minha saída.

-Você pode ir me visitar.

-Isso não é suficiente. – Ela revira os olhos. – Não me deixe aqui!

-Num grau de cem a mil, o quanto você é bipolar? Porque você mesma disse que era pra eu aproveitar e me mandar daqui, tocar a vida em frente!

-Mas pensando bem não quero mais. – Sentou-se no chão, de pernas cruzadas, na entrada do quarto. – Eu poderia amarrar você nessa cama.

-Não adiantaria. – Pus a última leva de roupas sobre a cama.

-Vou dopar você, te colocar num cofre e só irá sair de lá quando mudar de ideia.

-Yara. – Começo a rir. – Você poderia morar comigo, sim?

-Eu?

-É... Quer dizer, você não vai morar no Havaí. Presley se mudou para o namorado...

-E a Tahiti...

-Ela já disse que está esperando o momento certo para voltar pro Havaí. Vamos lá, pense com calma. Nós duas daríamos belas donas de casa.

-Daríamos mesmo. – Piscou pra mim. – Isso vai ser meio lésbico.

-Não, eu tenho namorado...

-Agora mesmo que não vou! – Disse em tom mais alto. – Imagina se eu vou morar com você, dormir no quarto do lado do seu e enquanto você transa eu estou no twitter.

-Narra minha transa.

-Que nojo!

-Isso, vai. – Gemo. – Me chama de puta!

-Para com isso. – Ela gargalha. – Você é nojenta!

-Ai, papi. – Começo a rebolar.

-Você é uma idiota, sabia disso?

-Sabia. – Coloco a língua pra ela. – Vocês viajam quando pro Havaí?

-Quinta. Ele terá shows na sexta e no sábado, e outro na segunda. Passaremos a semana e depois ele retorna com outros shows.

-Então Bruno vem hoje pra casa e só viaja na quinta, certo?

-Acho que ele vai na quarta, vai antes para acertar algo. Não sei bem. – Ela dá de ombros. – Queria que você fosse para o Havaí conosco.

-Eu também queria. – Torço os lábios. – Mas a situação não tá das melhores. Mia vai junto também, sem contar que eu teria que faltar o serviço, porque já usei minhas férias.

-Ok. Não vou mais falar sobre isso. – Tiara ergue as mãos em forma de rendição. – Você falou para eu ir morar com você, mas e a Megan?

-Megan tem o apartamento dela, nunca que iria morar lá comigo. Ela tem um apego àquele lugar. Sem contar que ela está conversando demais com o Caleb...

-Não acredito! Será que eles voltam?

-Será? Eu tenho quase certeza. Sempre disse que eles não acabariam de vez.

-Ela gosta dele e ele dela, porém ele não quer compromisso.

-Homens...

-Você que deu sorte, não pode falar nada.

-Dei mesmo. – Suspiro.

Eu tirei na sorte grande com o Ric, acho que depois de tanto tempo com o relacionamento incerto do Bruno, eu merecia algo estável, algo que fosse concreto e durasse. Agora, olhando pra trás, nem parece que faz um ano que estou com o Ric. Não completo, mas no inicio de maio já fará um ano e isso me deixa empolgada. Empolgada porque Richard e eu, em um ano, tivemos apenas três brigas. Uma delas foi séria, ficamos realmente bravos um com o outro porque ninguém quis baixar a crista, mas o importante é que nos resolvemos muito bem. Ele é uma pessoa maravilhosa com quem é prazeroso estar ao lado. Companheiro pra tudo, isso me cativa muito.

Minha mudança estava pronta. Três malas grandes de roupas, mais duas caixas com roupas de inverno, sem contar com as que eu dei, pois sabia que não iria mais usar. Sapatos todos em três caixas grandes, mais outras caixas com outras coisas, como maquiagens, acessórios, entre outros.

-Ric vai vir amanhã?

-Não, hoje à noite. Ele tem que voltar daqui três dias para fazer uma sessão de fotos, então vai ficar aqui por três dias pra ajudar com as coisas.

-Hm. – Ela pegou uma das sacolas e levou até a sala, andando ao meu lado. – Nunca imaginei você se mudando da casa do Bruno.

-Um dia teria que acontecer. Mas confesso que eu também nunca achei que esse dia chegaria.

-Vou perder o bolão. – Revira os olhos. – Droga.

-Que bolão? – Pergunto.

-O que fizemos, eu e minhas irmãs, sobre você e o Bruno.

-Ah. – Balanço a cabeça. – Como estava o placar?

-A mais próxima é a Tahiti.

Evitei saber do resto. As lembranças sempre aparecem quando falo dele. Não pedi pra nada ser assim, foram as consequências dos nossos atos. Eu e ele erramos, desde o inicio.

Sentei-me a ponta da cama e olhei ao redor do grande quarto, estava tudo pronto para sair. Isso não pertence a mim, nenhuma pequena parte, nada. Eu estou aqui por estar, porque nem necessária acho que sou mais. Ao não ser pela Lana, mas com ela a história é diferente.

Ouço a batida da porta e peço que entre.

-Com licença, Lea... – Umma olhou para as malas primeiramente, em seguida pra mim. – Ia perguntar se iria se juntar ao nosso café.

-Acho que não dará tempo, quero sair antes que o Bruno chegue.

-Ele ligou e Lana atendeu, avisou que em poucos minutos estará aqui.

-Então é hora. – Forço um sorriso, quando na verdade quero chorar por tudo isso. – Umma, cuide bem da minha pequena. Continue a deixando viver uma infância de verdade, com amiguinhos de verdade, mostrando pra ela o bom e o ruim. Por favor. – Peço e ela arqueia as sobrancelhas.

-A senhora está indo embora? Eu pensei que não iria. Sei que me falou por várias vezes, mas a ficha não está caindo.  – Pareceu engolir a saliva forçadamente.

-Definitivamente.

-E-eu estou sem palavras, Lea. Nunca imaginei que isso chegaria a esse ponto. O que vai ser dessa casa sem a sua presença?

-Nem eu, mas agora eu sou apenas mais um peso aqui dentro. Ele tem a Mia. Minha pequena e você têm a mim a qualquer hora, sempre que precisar.

-Isso é uma fase. Você precisa dele e ele com certeza precisa de você. Nunca os vi separados... Isso que faz tempo que estou junto com vocês.

-Falei o mesmo. – Tiara aparece na porta do quarto.

-Você é incrível e sei que ela estará em boas mãos. – Meu celular vibra, sei que já é o Ric me ligando. – Preciso ir.

-Irá se despedir dela?

-Claro. Mas eu virei aqui para vê-la, acho que não vivo sem vê-la pelo menos uma vez na semana. Lana já sabe o que está acontecendo em partes, acho que ela sabe melhor que ninguém.

-Ela tem mais maturidade que meu irmão. – Tiara faz-nos rir.

As coisas já estavam postas há tempos perto da porta, somente esperando o tempo certo. Umma chamou Lana, que correu para o nosso encontro, os cabelos voando e o vestidinho solto. Toda menina delicada.

-Oi mamãe. – Deu um beijo em minha bochecha. – Pra que isso?

-Oi pequena. – Coloco uma mecha do seu cabelo para trás da orelha, tentando segurar as lágrimas que querem muito cair. – A mamãe vai fazer aquilo que conversei com você. Ok?

-De ir morar com o Tio Ric?

-Isso. – Uma escapa da minha lágrima e ela prontamente secou.

-Tudo bem. Eu vou sentir a sua falta, mamãe.

-Eu também vou sentir a sua. – Beijo sua testa macia.

-E o papai também não vai gostar de dormir sozinho. – Olhou pra cima, parecendo pensar bem longe. – O que farei quando for dormir?

-Umma e seu pai a colocarão na cama. – Deixei que as lágrimas caíssem. Nunca aguentaria tudo isso.

-Eles não sabem contar histórias como você, mamãe. Papai só sabe cantar, e a Umma sabe rezar, mas nenhum conta as histórias como você conta.

-Eles irão aprender, sim? – Direciono-me a Tiara. – Sua tia sabe contar histórias maravilhosas.

-Vadia. – Tiara diz, sem omitir sons. - Com certeza. – Responde-me em voz alta.

-Agora a mamãe precisa ir, ok?

-Ir aonde, Lea? – Ouço a voz dele atrás de nós e meu corpo se arrepia por completo.

-Papai. – Lana corre para abraça-lo. – A mamãe...

-Lana, amor, vamos lá servir o café antes que esfrie. – Umma oferece a mão pra ela, que sai correndo para fora da casa.

Levanto-me, procurando um resquício de vontade de olhar para o seu rosto. Não tenho medo de fraquejar, ser fraco nos mostra que somos humanos, tentar mostra que somos melhores. Enfrentei o medo de olhar para o seu rosto, sabia que depois dali a conversa poderia ser um pouco longa. Não tinha planejado encontra-lo aqui.

-Onde vai? – Torna a perguntar. - O carro está aberto lá, mal cabe suas malas. Garanto que viajar que não é.

-Estou saindo daqui, Bruno.

-Quando?

-Se você está vendo as malas hoje e o carro hoje, amanhã é que não vai ser.  

-E a Lana?

-Ela entende melhor do que qualquer pessoa o que está acontecendo dentro dessa casa. Você ainda não abriu os olhos pra isso, somente.

-O que tá acontecendo, Lea? Eu não entendo sua personalidade. Quer o que de mim? Atenção?

-Talvez! – Bufo. – Queria meu melhor amigo, aquele que estava comigo sempre.

-Hey. Hey. Hey. – Tiara mete suas mãos entre nós dois. – Vejo o fogo saindo pelas ventas. Que isso, vamos ser amiguinhos.

-Para com esse papo chato, Eleanor. É sempre a mesma picuinha.

-Ah claro, sempre a merda da sua carreira na frente de qualquer coisa. Como sempre, você acima de qualquer um, até mesmo de todos aqueles que te amam, não é? Talvez seja por isso que goste de parecer preservado, porque se acha melhor que tudo e todos para ser mostrado sempre. Certo? – Ele continua a encarar meu rosto, sem expressão alguma. – Eu deveria saber que essas coisas aconteceriam.

-Eu não sou seu namorado para estar sempre na sua cola! Eu não sou seus pais para te ligar quase todos os dias. Isso sufoca, sabia? É chato pra mim e pra você. Parece que não entende que eu tenho coisas pra fazer além de te dar atenção. Acho que quem está querendo ser o centro de tudo aqui é você.

-Claro que sou eu. – Deixei apenas que minhas lágrimas caíssem, não perdi a pose daquela discussão. – Desculpa tomar o seu precioso tempo.

-À vontade. – Sorriu ironicamente.

Juntei minha bolsa do chão e passei por ele. Claro que o olhei nos olhos pela última vez, eu queria ver se ele estava completamente fora do que era antes. Mas não havia nada ali. Nada além de um vazio, escuro, solitário, que é salvo apenas por sua filha. Nem mesmo sua família tem mais a devida importância que tinha antes. Penso em quando foi à última vez que ele foi procurar suas irmãs para saber como elas estão. Isso conta com a Tiara, que se não fosse ela vir pra cá atrás de nós, ele nunca iria.

Isso não é mais da minha conta.

Pego meu molho de chaves, onde estão as da casa, as da minha e a do carro. Retiro o anel que envolve as chaves da casa dele e do alarme. Largo minha chave dentro da bolsa e viro-me. Ele continua parado onde estava, mas agora virado para a porta, me olhando.

-Suas chaves. – Toco no ar e ele pega. – Obrigada. – Digo em voz alta. – Por tudo. – Digo somente a mim, com a voz baixa.

Limpo a lágrima do canto da minha boca e no fundo do meu coração, espero que ele fale algo, mas nada sai. Eu sei que ele não falaria porque não quer saber nada. Nada mais importa pra ele.

-Não vai! – Tiara envolve seus braços em torno do meu corpo. – Fica aqui comigo, me leva com você, qualquer coisa, mas não se vai.

-Você sabe meu endereço. – Rio em seu ombro. – Tiara... Você viu como seu irmão é?

-Um babaca. – Garanto que ela está revirando seus olhos. – Vou visitar você antes mesmo de ir para o Havaí. Ok?

-Ok. – Beijo seu rosto e entro no carro.

Quando fecho a porta, olho em frente e mentalizo um único pensamento: Não olhar pra trás!

Creio que olhar pra trás num momento desses significará que ainda há assuntos no caminho, mas não há mais nada. Não com ele. Quero pensar somente à frente, cuidar de mim e do meu coração. Estou apaixonada pelo Ric e ele por mim, somos os melhores um para o outro, e é nisso que eu tenho que pensar. Pensar em minha família, meu namorado, meus amigos e Lana.

Ao ligar o carro, escuto um choro um pouco alto demais para ser do Bruno. Isso parte meu coração.

Bruno Pov’s

Amassei aquele molho de chaves em minha mão como queria amassar a cara dela, a cara do Richard, a cara de qualquer um. Gosto quando tudo sai do meu jeito, mas ela tem uma vida, e se ela não sentiu-se a vontade do jeito que estava tudo por aqui, eu lamento muito, mas não há nada o que se fazer e ela teve aquela única saída.

-Papai. – Minha filha está na porta, de longe vejo seu rostinho espantado, ela quer chorar, mas está com raiva. – Vocês estavam discutindo, de novo! E ela foi embora. Eu quero minha mãe.

-Meu amor. – Caminho na sua direção, puxando-a para um abraço.

Enquanto a ouço chorar em meu ombro, com seu peito trêmulo, vejo Umma atrás. Ela me olha com um leve ar de decepção, mas apenas sorri levemente pra mim. No cenário, atrás dela, há o quadro de minha mãe. Ela não gostaria desse momento.

-A mamãe foi viver um pouco, filha. Ela voltará.

-Ela não vai voltar. Você não iria entender os motivos dela. Você não sabe o que ela me disse.  – Dá um soco no meu braço, brava comigo. A repreendo, segurando-a pelo braço e olhando nos seus olhos pequenos e vermelhos, seu rosto molhado de lágrimas que caem sem parar. Umma a puxa e ela abraça sua babá, com tanta vontade, chorando alto e berrando, como faz raramente.

Doeu ver meu anjinho fazer isso comigo. Parte meu coração vê-la chorar, ter esse comportamento estranho é pior ainda.

A casa ficou completamente silenciosa conforme a noite ia chegando. Fiquei na sala junto da minha filha, que estava quietinha, sentada no sofá, olhando para a televisão. Umma ficou por aqui mesmo, estava fazendo a janta na cozinha.

-Que clima mais mórbido. – Disse Mia, pegando-me de surpresa.

-Ah, oi. – Dou-lhe um selinho sobre os lábios secos. – Agora que você chegou o clima vai melhorar.

-Oi, Lana. – Diz ela para minha filha, que apenas diz um “oi” seco, sem nem olhar para Mia.

A puxei pelo braço, chamando-a para me acompanhar até o quarto. Mia largou suas coisas no closet e pôs seu celular e tablet para carregar, então sentou-se ao meu lado e ficou me encarando.

-A Eleanor foi embora hoje.

-Embora? – É ruim dizer isso, mas vi uma alegria se estampar em seu rosto.

-Sim... Ela acabou pegando as suas coisas e saindo de casa.

-E vai morar onde? Acho que ela não tem nem onde cair morta.. – Deu um riso, mas quando viu meu semblante sério, pediu desculpas.

-Lea tem uma casa, quitada, tem economias grandes em bancos. Ela é muito mais organizada que eu e você juntos. Nunca precisei dar nada a ela. Não é porque não nos falamos muito bem, que eu vou deixar de defende-la pelo que ela é.

-Eu nunca posso falar no nome da sua amada que sou recepcionada com vinte mil pedras, Bruno! – Ela levantou na cama, bagunçando o lado que sentou e indo para perto do seu celular.

Estava cansado demais, pensativo demais, para poder discutir ou questionar qualquer ação ou palavra dita. Quero apenas que esse dia acabe, porque de bom ele não trouxe nada.

β

FIM DO FLASHBACK

Não foi uma noite fácil de se dormir. Virei-me o tempo todo tentando achar uma posição perfeita, um ponto crucial, onde eu apenas apagasse por mais de cinco minutos, mas isso não acontecia. Meu sono vinha, eu dormia por pouquíssimos minutos e novamente acordava. Assim seguiu a noite toda.

Motivo esse que me ajudou a acordar com um humor bem pior do que era para estar.

Nem peguei meu celular sobre a mesa de cabeceira, apenas levantei e fui direto tomar um expresso e passar uma água no rosto.

Quando estou retornando para o quarto, ouço um ruído baixinho. Abro a porta do quarto de Lana e ela está tapada até o pescoço, com seus olhos inchados.

-Meu bem! – Corro até a ponta da cama. – O que houve?

-Nada. – Falou baixinho.

-Como nada. – Chego perto do seu corpo e sento na cama. Levo minha mão até seu rosto, suado, e sua testa pegando fogo. – Você está ardendo em febre, Lana. Porque não chamou o papai?

-Quero minha mãe. – Ela respira fundo.

-Você poderia ter chamado o papai, eu estava à noite toda acordado... Onde está doendo? Vamos tomar um banho pra ir no médico.

-Eu não quero médico, eu quero minha mãe.

-Você vai ao médico sim, você não se governa.

-Eu não chamei você porque não iria dar à mínima.

-Como não, Lana? Você está delirando. – Retirei a coberta de cima dela e seu corpo estava encolhido, quente, mas ela tremia de frio ao mesmo tempo.

-Você nunca dá à mínima quando está com ela, papai.

A pego no colo, carregando-a para o seu banheiro.

Tirei sua roupa e a pus embaixo do chuveiro entrando junto com ela. A água gelada caia sobre nós, minha roupa estava pesada por estar molhada, mas sabia que precisava fazer algo para que ela melhorasse.

A vesti e acordei Mia no susto enquanto me arrumava para sair. Ela ficou em casa, não quis me acompanhar ao médico, pois diz que tem medo de hospitais. Respeito a sua opinião.

β

Ficamos boa parte da tarde no hospital. Submeteram a Lana alguns exames para ver se realmente não tinha alguma complicação em sua saúde, mas de acordo com o médico, ela estava completamente saudável, e que sua febre é emocional, como ela tem desde pequena.

Voltamos para casa quietos. Apesar do médico ter dado um remédio em gotas para ela melhorar, seu rostinho continuava corado e seu corpo quente, até estava com o corpo mais mole.

-Eu não sei mais o que fazer. – Falei para Jaime no telefone.

-Bruno, nós não temos muito o que fazer! Sabe que só vai passar quando ela ver a Lea. Você pelo menos avisou ela que a Lana está mal?

-Não. Não quero falar com ela.

-Mas vai ter que falar, desculpe. Vai deixar a sua filha sofrendo por causa do seu orgulho idiota. – A ligação falha rapidamente.

-Às vezes, tudo o que eu mais quero, é o colo da minha mãe.

-Todos nós queremos, Bruno. Mas somos adultos, precisamos resolver nossos problemas. No final do dia, quando resolver tudo, pode deitar e imaginar estar no colo dela. Ela sempre está conosco.

-Vou leva-la na casa da Lea. O que acha?

-Acho que é o melhor que tem a fazer.

Não esperei por muito. Tirei a roupa que ela usou no hospital, ouvindo suas reclamações baixinhas e sua má vontade. Se não fosse tão importante, a deixaria assim e iria dormir, pois a única coisa que sinto é exaustão.

Estaciono e saio, pedindo que Lana ficasse quietinha no banco de trás. As luzes estavam acessas, ela estava em casa. Toquei a campainha e logo ela abre, olhando-me com pavor. Devo estar uma bagunça.

-Lea. – Respiro fundo. Isso não foi somente pela Lana e pela situação, foi por mim, foi por vê-la. Ela foi embora ontem e eu sinto como se tivesse ido há meses.

-Oi, o que foi?

-A Lana... – Respiro fundo novamente. – Eu tentei te ligar, mas você não ouviu... – Me refiro a duas ligações que fiz quando estava a caminho.

-O que aconteceu? – Ela olha para os lados, um pouco desnorteada.

-Ela está no carro. – Ela sai junto comigo, seguindo em direção do meu carro. Quando chegamos perto, dá para ouvir seu chorinho. Isso parte meu coração. – Ela está ardendo em febre, e chama pelo seu nome. Está delirando e o médico disse que é a febre emocional.

-Porque não me avisou? – Ela se estica para dentro do carro, tomando Lana em seus braços. – Oi, meu amor, a Lea está aqui!

-Mãe. – Ela fala baixinho, se aninhando no peito dela, abraçando-a. Sinto de longe a dificuldade que Lea tem em mante-la nos braços. – Mãe.

-Shhh, eu estou aqui. – Ela passa a mão sobre seus cabelos e beija a sua testa.

-Eu tentei avisar. – Porque sinto essa raiva repentina dela? Isso não é nem justo.

-Eu ouvi, vi, suas ligações, mas não perdi meu tempo atendendo para ouvir aquele seu discurso estúpido. – Meu discurso? Eu estou aqui somente pela minha filha e não por ela! – Calma, meu amor. A Lea está aqui agora, não tem porque chorar. Ela ficará comigo essa noite.

-Tudo bem. – Caminho ao seu lado até a porta. Só consigo pensar em mil e uma respostas arrasadoras para deixa-la mais brava comigo. Não consigo sair perdendo. –Vou ficar também? – Dou um riso assim que ela entra.

-É que... Bem...

Atrás dela vejo ele passando. A imagem de Richard passando atrás dela, sem camisa, com uma calça de abrigo, completamente em casa, me remete aqueles tempos em que ele ia para minha casa passar uns dias com Lea. Nada agradável. Não imaginei que ela já superaria menos de um dia depois o fato de ter deixado a Lana pra trás e estar aproveitando com o Richard.

-Ah... Não sabia que tinha visitas.

-É.

-Pequena! – Richard larga algo que está segurando – um prato? – e abaixa para abraçar Lana.

-Ela está doentinha, Tio Rick. – Beija o topo da cabeça de minha filha. – Vá lá com o tio, amor.

-Você tem as coisinhas dela aqui?

-Tenho o que ela precisa. Não se preocupe, ela ficará bem.

A pior parte é que eu sei que sim, eu sei que agora minha filha ficará bem e me sinto, de certa forma, inútil.

-Eu sei que sim. Amanhã à noite passarei aqui.

-Tudo bem.

-Boa noite, desculpa o horário. Lana, vem dar tchau para o papai.

-Boa noite, papai. – Ela corre para o meu encontro e me abraça. – Eu amo você.

-Papai também te ama.

Ela poderia dizer para eu ficar assim que me afastei da porta. Cheguei a caminhar lentamente para lhe dar mais chances de pensar rapidamente sobre o assunto. Cheguei a pensar numa coisa idiota sobre ela largar o Richard naquela hora e voltar para meus braços.

Mas eu não queria.

Quero poder seguir em frente.

Mas ao mesmo tempo tenho que seguir com ela ao meu lado. Até minha filha precisa disso.

Quando foi que tudo se perdeu dessa forma?

Eleanor Pov’s

-Eu estou bem, mãe. – Lana virou-se na cama que deixei para ela.

-A febre já passou. – Observo o termômetro.

-O papai disse que minha febre passaria quando eu viesse pra cá. – Ela respira fundo, passando a mão no rostinho. – Eu vim e passou. Onde está o Tio Ric?

-Ele está dormindo, meu amor. – Largo o termômetro dentro da caixinha novamente. – Agora você precisa dormir para amanhã passearmos, ok?

-Ok.

-Boa noite. – Beijo sua testa.

-Mãe?

-Oi?

-Quando você vai voltar para a casa do papai? Não é a mesma coisa sem você lá.

-Também não é a mesma coisa sem você comigo, mas eu e Bruno... Nós temos muitas coisas a pensar ainda.

-Papai sente a sua falta.

-E eu sinto a dele, meu amor. – Acaricio seu cabelo, sua cabeça. Seus olhos, por mais que tudo isso tenha acontecido, brilham como estrelas novas.

-Um dia você vai voltar, sim?

-Talvez um dia, meu bem. Agora você tem que dormir, ok?

-Ok. Boa noite.

-Boa noite.

Desligo a luz do seu abajur e fecho a porta. Quase tropeço numa caixa quando estou indo para a sala. Sento sobre o sofá e fico encarando a parede, parece fria, perfeita para poder me encostar e passar dias ali.

O pior vazio é aquele que nós temos quando nossos sentimentos estão confusos e você tem pra onde correr, mas quer apenas correr no sentido oposto, justamente para onde não deve ir.

Sou uma mulher forte, pelo menos me considero assim. Eu consegui sair de lá, consegui vencer meus medos, consegui um namorado. Quer dizer, somente ter saído de lá já foi muita coisa, já mostrou o quanto eu sou forte.

É, eu sou forte.

Mas na minha mente há algo que fica “você não é forte, você é mais fraca do que pensa.”.

Se eu realmente fosse forte, não estaria aqui pensando em todas estas coisas, em todas essas besteiras e nem estaria abalada pelo fato de que eu não consigo deixar de pensar nele um minuto.

-Eu sou melhor que isso, eu sou bem mais que isso! – Respirei bem fundo. – Eu sou...Sou!

Acordei perdida, mal sabendo onde estava. Segundo dia nessa casa, pequena, mas com milhares de lembranças. Ouvi barulho na cozinha e levantei, ainda um pouco desorientada.

-Vocês podem tentar não quebrar tudo o que vêm pela frente? – Paro em frente a porta da cozinha.

-Estamos fazendo panquecas. – Ric vira, mostrando o prato com a massa.

-Eu sou a ajudante. – Minha pequena ainda estava de pijama.

-Eu estou vendo. Só quero saber da bagunça depois.

-A bagunça eu limpo. – Richard pegou o vidro de mel, o qual ele deve ter comprado hoje mesmo. – Você está bem, sem nenhuma dor?

-Hm... Não?! Por quê?

-Porque você dormiu a noite toda no sofá. Coloquei você na cama hoje de manhã.

-Ah... Eu peguei no sono lá.

-Eu percebi. Você está bem?

-Ah, claro. Por quê? Pareço mal?

-Não. – Ele ri. – Claro que não.

-Então está tudo bem.


Notas Finais


E aí, meninas, o que acharam? Finalmente saí daquela zona em que estava, de não ter criatividade. Graças aos comentários de vocês, que foram o elemento primordial para isso acontecer. Obrigada mesmo. Mas e agora, a história se partiu, cada um pro seu lado, que será que vai rolar?!
(Nem eu sei responder direito :p :p)
Vejo vocês em breve, lindinhas. Até mais


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