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História Excentricidade Lapidada (Omegaverso) - Extremamente Pesado e Sombrio


Escrita por: Agata_Arco-Iris

Capítulo 37 - Extremamente Pesado e Sombrio


“Tick Tack… Tick Tack…. — O relógio gritava na cabeça de Yellow, batendo sempre na mesma cadência e velocidade.”



Aquilo a estava irritando num nível sem precedentes, digitava uma carta a mão de  seu avô no computador e tal barulho a desconcentrava horrores.



“Tick Tack… TICK TACK… TIIII — Ela se levantou, para não quebrar o relógio de parede com o sapato de salto baixo que usava.”



Foi até a cozinha, e então com certo desconforto, pegou uma xícara de louça branca, uma cápsula de nescafé e colocou na maquininha. Enquanto esperava a mágica acontecer, Lilith, a secretária de seu avô apareceu na sala.


— Olha ela, finalmente eu não sou mais o “bendito é o fruto entre os homens”, fazia anos que essa empresa não tinha uma mulher — Lilith falou com um tom calmo e sedutor.


A secretária era baixinha, rosto pinçado pela idade, mas o corpo… Sírius do céu, era melhor que de muita novinha por aí, isso era de se admirar. Ela passou por Yellow e também pegou uma xícara de café, mas fez o seu à moda antiga, havia uma outra cafeteira ao lado da que Yellow usava, essa moía e fazia o café na hora.


Preparava aquela xícara para seu chefe, o avô de Yellow, que amava o café moído e preparado na hora. Yellow não sabia o que dizer a mulher, se sentia meio estranha perto dela, Lilith nitidamente a comia com os olhos.


Vendo o desconforto da jovem, Lilith apenas riu e falou:


— Acho que a última “estagiária/ assistente” do Dagmar foi sua sogra, inclusive.


Yellow se assustou, não sabia que Bellatrix tinha quaisquer profissão, para ela seu sogro era Juiz e ela era só uma simples dona de casa que usufruia dos bens que seu marido podia oferecer.


Ficou em silêncio, ainda não sabia o que conversar com Lilith, algo nela a segurava e dizia para ficar quieta. Quase como um presságio de algo ruim dentro da loira ao seu lado.


— Relaxa garota, eu não mordo… Mas é que… Nossa, você é a cara da Winny, eu estou impressionada com isso até agora — Lilith falou realmente admirada.


— É… Todo mundo diz isso — Yellow falou meio sem graça.


Lilith terminou de preparar o café, e então saindo ainda falou:


— Mas acho que você é ainda mais gostosa do que sua "Mamacita" era.


Aquilo fez a Alpha se arrepiar, é, a velha estava flertando com ela, isso não era bom sinal. Lilith tinha idade para ser mãe de Yellow, talvez até avó, se tivesse tido filha muito nova. A alpha retornou a sua mesa e o barulho irritante do relógio simplesmente parou do nado, Dagmar lançou o sapato naquele relógio enquanto Yellow retornava ao seu acento.


— Relógio chato!! — O avô de Yellow falou, tirou os óculos para limpar e então completou a sua fala — Se seu avô perguntar, o relógio caiu sozinho, preguei ele errado na parede.


 Fiquei olhando meu avô e pensando “Eu adoro meu avô”, ela estava sentado do outro lado de minha sala particular, havia cedido sua sala para reuniões mais privadas, por conta do isolamento acústico e clima acolhedor de seu escritório. Então simplesmente migrou para a sala ao lado e se sentou na mesa no canto direito da minha minúscula sala ao lado da dele.


Antiquado, ele escrevia anotações em seu caderno de capa de couro legítimo, ao qual cada página era mapeada por sensores e na verdade, cada rabisco já saía em seu notebook, ao qual estava do seu lado.


Era um caderno caro, mas ótimo para tudo que meu avô precisava. Ele tinha vários desses, e muitos outros já descartados em seu arquivo pessoal.



Sentei-me em meu lugar e continuei a digitar enquanto apenas fingia que meu avô não estava lá, ele parecia bem revoltado.


— Hellena, fala alguma coisa com o vovô por favor… Senão eu vou socar a cara do seu tio, e eu não quero fazer isso — Meu avô alpha falou.


Fiquei sem entender, mas então lembrei do assunto de Bellatrix.


— Minha sogra já trabalhou para você? A Bellatrix.


— Sim, por dez anos — Dagmar falou muito sério, mas tentando ser calmo.


— DEZ ANOS?!! — Falei assustada — Minha sogra era advogada também?


— Sim, por que a surpresa? — Meu avô perguntou meio atordoado.


— Nem sabia que ela trabalhava.


—Sério menina, você e sua esposa não conversam não? — Dagmar falou meio surpreso — Geralmente ômegas não param de falar, principalmente de família. Que estranho.


—Blue não fala as coisas por alto da família dela, ela tem uma richa com a mãe e isso que sei.


—Ah, se eu fosse ela, agradeceria a mãe que ela tem. A menina só tá viva por conta da Bella.


—Bella?! Ela tem até apelido para o senhor?


—É, tô vendo que vocês realmente não se falam... Bom... —Meu avô olhou para os lados e vendo que estávamos sozinhos ele começou a "fofocar" comigo — A Bellatrix mão trabalha, não mais, porquê ela largou tudo para cuidar da filha dela.


Pensei um pouco e então falei:


—É, isso eu sei, só não pensava que ela fosse sua assistente.


— Na verdade, ela foi um desperdício de tempo, anos ajudando a mulher a alavancar a carreira dela para nada. Ela era uma advogada brilhante, pulso firme e de oratória impecável. Promotora de justiça exemplar… Ainda na gravidez trabalhou até uma semana antes do parto, e retornou a ativa de forma remota antes do proposto, era brilhante… Mas quando descobriu que a sua esposa era Ômega, largou tudo, fugiu para o interior por uns anos.


— O que, por que ela fez isso?! — Perguntei, verdadeiramente interessada no assunto.


— Briga de família, acho que a mãe dela não aceitou a neta, queria matar a criança, mesmo ela já tendo oito anos — Meu avô falou numa boa, mas eu logo me assustei, ele zombando logo falou — O que foi, você não sabia disso?! A família da mãe da Blue nunca nem apareceu em nada durante seu noivado, você nunca desconfiou disso não?


É, parando para pensar… As famílias de alphas de alpha sociedade, sempre adoram aparências, e realmente, casamento e festas de luxo são ótimos lugares para esse pessoal frequentar. Eu devia ter percebido que Blue nunca me apresentou nenhum parente por lado de mãe.


Tadinha da Blue, ela deve ter passado muita coisa nessa vida.


— E o que mais você sabe deles, vô? — Perguntei curiosa.


— Tá me achando com cara de fofoqueiro, menina? — Meu avô falou, me repreendendo.


— O que?! Claro que não vô, é que… Sei lá, minha esposa nunca me falou nada disso e… Eu fiquei curiosa agora.


Num é que o velho aproveitou para me dar uma lição nesse momento, não de moral, mas de advocacia mesmo.


— Certo, quer aprender?... Vá no meu arquivo e pegue a pasta Bellatrix Brightshaster, lá estão todos os casos que eu mesmo cuidei envolvendo sua sogra… — Meu avô falou sério, mas rindo um pouco cínico da situação — É melhor vc ler meus relatórios, que eu ficar aqui, te fofocando as coisas. Ah, e não se esqueça… Sigilo e ética, o que você ler, fica pra você e não sai desse escritório.


—Ok… Sim senhor.


Droga, não queria ler relatórios, ele não podia simplesmente me contar? Mas tudo bem, eu já estava enrolando demais no trabalho mesmo, resolvi ficar no que eu fazia.


No dia seguinte, cheguei no escritório antes do horário do almoço, Lilith não estava e eu aproveitei para ir ao arquivo e procurar nas inúmeras gavetas etiquetadas do escritório, a pasta que meu avô falou.


Depois de alguns minutos achei, com certa dificuldade, mas lá estava a pasta "Bellatrix Reinzel Brightshaster", minha sogra. Era bem extensa.


Tinha vários pedidos de Distanciamento judicial, muitos deles declarados como medidas protetivas. Pelos nomes e devidas identificações nós relatórios e documentos, todos para parentes de Bellatrix.


Muitos processos por invasão domiciliar, novamente todos com os autores dos crimes, sendo sua mãe e irmãos.


Vários processos de injúria e ameaça verbal, sendo três delas físicas. Todas contra a mãe da Bellatrix.


E numa pasta anexo, os mais preocupantes: processo por tentativa de estupro, assassinato, sequestro e tortura… Autor dos crimes, eram o irmão de Bellatrix, e a vítima era minha esposa.


Eu tremi por completo lendo aquilo, as fotos, os testemunhos. Meu pai amado, minha esposa quase foi violentada e morta por um doente, e do nada tudo isso veio até mim, bateu na minha cara e me deu mal estar.


Sério, eu acabei vomitando no balde ao lado da minha mesa quando vi as fotos da minha esposa naquela pasta. Ela era só uma criança, quando o tio dela (Claus não sei das contas) a sequestrou e a levou até um galpão no meio do nada, ele a amarrou e a torturou.


A iria matar, mas antes, planejava violentar a garota. Segundo laudo médico, o ato de conjunção carnal não aconteceu, mas ela foi encontrada suja de coisas que você já pode imaginar o que seja.


Ele só não foi além porque a minha sogra impediu, e isso deu abertura aos dois últimos processos da pasta.


O processo de espancamento, mutilação e tentativa de assassinato. Dessa vez, a autora dos crimes era Bellatrix.


Quando ela encontrou o irmão dela, segundo os relatórios, ele abusava de sua filha e ela literalmente arrancou o membro do irmão dela no dente, fora que o espancou até a quase morte, só não matou porque meu sogro a impediu.


Ambos processos transcorreram juntos, minha sogra foi considerada inocente de seus crimes, visto a situação de perigo de sua filha, sendo absolvida por legítima defesa.


Mas Claus foi julgado por crimes hediondos e pegou perpétua, sem direito a segunda audiência. Aparentemente a família dele não gostou da sentença, ainda processaram Bellatrix uma última vez, culpando ela por "homicídio culposo", quando não se tem intenção de matar.


Claus morreu na prisão seis meses após a prisão, ele se suicidou. Em autópsia, foi constatado que por ser pedófilo, preso em prisão comum, ele foi abusado e violentado inúmeras vezes. Já estava doente de diversas IST (infeções sexualmente transmissíveis) e depois do que viveu, ele ainda deixou uma carta de ódio a Blue e Bellatrix como despedida.


A mãe de Bellatrix culpou inteiramente ela pela morte do filho mais velho. Mas o juíz em desaprovação e considerando aquele processo como uma tentativa de injúria, deu uma restrição judicial pesada para a mesma, fazendo ela pagar mais de 3,5 milhões de euros para Bellatrix e instituiu um distanciamento judicial extremamente longo para mesma.


A mãe de Bellatrix se mudou de país e até hoje nunca mais se hoje falar dela pelo visto.


Eu terminei de ler os relatórios um pouco depois do começo do meu expediente, eu perdi o chão depois daquilo.


Não almocei, não sai do lugar eu só fiquei existindo depois de saber tanta atrocidades na história de Blue. Acho que começo a entender um pouco do motivo pela qual ela é assim, porque ela queria tanto ser Alpha e porque a ideia de penetração a machuca tanto.


Meu avô chegou, me perguntou como eu estava, mas… Não conseguia falar, nem sair do lugar.


—Ei, eu disse boa tarde… Você não ouviu? — Dagmar tornou a me perguntar, sério, meio bravo.


Estava trêmula, o olhei assustada, então ele percebeu o que eu lia. Meu avô me olhou, abaixando a guarda.


Se aproximou de mim, abaixou o óculos e enquanto o limpava ele perguntou:


—Você está bem depois de ler isso tudo? 


O olhei atônita e então o abracei, o mais forte que conseguia, até quase tirar seu ar. 


Desmoronei a chorar, chorava feito um bebezinho e aos prantos soluçava.


Ele demorou a me entender, mas enfim me abraçou de volta e ficou acariciando minha cabeça enquanto me consolava.


—Calma criança, tá tudo bem… Eu sei, é horrível, muito horrível… — Dagmar falava tão calmo, me sentia tão protegida nos braços de meu avô, era como se algo nele estivesse extremamente desconfortável com a situação. Mas outra parte, bom, a outra parte estava com dó de mim — Desculpa ter falado para você ir e procurar por conta própria a verdade. Não pensei que fosse reagir assim, acho que… Bom, no fundo você tem a sensibilidade da minha filha.


—Desculpa é que… — Eu tentei falar, mas não consegui.


—Calma criança, isso é bom, não é ruim não. Significa que você tem humanidade, empatia, isso é algo bom para Advogado — Meu avô tentava me fazer melhorar — Só, calma… Tudo isso no papel, já passou, já se resolveu.


—Mas vovô, minha esposa passou por tudo isso, junto com a mãe dela e o pai também e… E… Eu nem sabia, eu sequer sabia que a Bellatrix já foi advogada — Tentei limpar as lágrimas — Eu… Eu… Eu não conheço minha esposa, eu não conheço a Bryanna e… Isso me deixa triste.


Meu avô me deu um lenço e então falou:


—Mas você quer conhecer sua esposa? Essa é a pergunta certa a se fazer.


Realmente, eu nunca pensei nisso.


Notas Finais


Deu um negócio ruim pensar e escrever essas coisas, coitada da Blue.


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