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História Excentricidade Lapidada (Omegaverso) - Farpas de família


Escrita por: Agata_Arco-Iris

Capítulo 50 - Farpas de família


Fiz um contrato para transar com a neurótica da minha esposa, sim, eu cheguei nesse ponto.


E naquele momento eu lia todas as cláusulas do contrato, para ela não surtar tanto igual surtou essa semana. Nos pegamos duas vezes, inclusive.


—Portanto, eu Hellena afirmo com esse contrato e suas 17 cláusulas que ao praticar conjugação carnal, abdico de interesses românticos e cobranças emocionais, assim como também afirmo que minha relação com Bryanna não mudará em nada. Aceitando que o ato só será realizado conforme a vontade e o desejo de Bryanna. PS. Esse contrato funciona como um contrato comercial, então as cláusulas funcionam como um acordo de amigas, sendo válido contanto que ambas as partes cumpram o combinado.


Até fiquei com a boca seca depois dessa.


Mesmo depois de ler tudo, pela segunda vez, ela ainda pegou o papel e releu mais uma vez com seu óculos de leitura.


Para depois me falar:


—Nem precisava disso Yellow, mas já que insiste.


Minha cara foi no chão e voltou, mas tudo bem, pelo menos eu fiz. Ela e eu assinamos, espero que isso a acalme um pouco agora.


Enquanto discutimos nossa vida sexual, sentadas na varanda, com pilhas de papéis e duas canetas. Do nada chegaram minhas mães, brigando à plenos pulmões.


—Eu já falei, o Caio é um amigo!! — Minha mãe beta gritou.


—Muito suspeito, você não tem amigos — White falou rosnando.


—Pelo amor de Deus, Winny, eu conheci ele no clube de Donas de casa!! Ele é ômega, tu tá tendo ciúmes de um cara que é mais passivo do que eu e metade das pessoas lá.


—Com ciúmes, eu?! Não, só estou reunindo fatos, você está mais alegre, mais arrumada e do nada… literalmente do nada… — Minha mãe estava puta da vida, rosnando — Começou a sair com amigos que eu nunca conheci, a adiar jantares porque estava fazendo a unha, o que quer que eu pense, Denise?! 


Olhei de relance, estavam na sala, nem ligando para nossa presença na varanda.


O negócio tava era sério.


—Que eu tô mais feliz, porque você tá dando mais atenção pra mim — Mãe Dennise falou alto — Pronto falei!! Se eu tô assim é porque alguém tá me dando mais atenção.


—Ora, então não sou eu, porque esses dias eu tava viajando, aí eu volto e você tá saindo com esse cara… Ainda me pede para ir te buscar, sem nem me apresentar o cara. Você tá me traindo Dennise, admite!


—Pela milésima vez, O CAIO É ÔMEGA!!


—Ele tem um pau, não tem? — Minha mãe Alpha rosnava e acusava mamãe — Que diferença faz se ele é ômega ou não?


— ELE É GAY… EU SOU LÉSBICA!! QUER QUE EU DESENHO ISSO PRA VOCÊ?!


Olhei de relance, mamãe estava de pé, vermelha, já empolada de raiva. Enquanto minha mãe Alpha pegava whisky no bar no canto da sala, parecia estar furiosa, feições animalescas.


—Se não é ele, então quem é então Dennise? A terapeuta, é ela que tá te comendo então? Por isso você está indo mais no psicólogo?


Minha mãe Dennise não aguentou aquilo, foi até minha mãe, pegou seu copo e jogou longe. Depois lhe deu um tapa na cara, minha mãe nunca fez isso, tanto que White travou na hora.


Em meio ao silêncio, Dennise simplesmente falou chorando:


—A traidora aqui é você, me traiu esses anos todos e eu nunca falei nada… Eu não sou você… Eu amo você, mesmo você me tratando mal esses anos todos, eu suportei, porque tinha esperança que você voltaria a ser a White que eu me casei — Mamãe estava chorando, trêmula, com uma voz totalmente manhosa e cheia de rancor — E quando você finalmente voltou a ser essa mulher, e eu estava começando a ficar feliz novamente com nosso casamento… Você começa com essa palhaçada?! Acorda Winny, o único pau que eu já sentei na minha vida inteira foi o seu… Eu já aguentei coisa demais, mas eu não vou tolerar seu ciúmes, isso eu não aceito… 


Mamãe saiu chorando, e mãe Winny ficou no lugar, sem reação, sem saber o que fazer.


Faz uns dias que minha mãe Alpha vem acusando minha mãe Dennise de traição. Ela não pode sorrir demais que ela já começa com essa paranóia.


Acho que ela está abalada depois de saber que a namorada de Amai, basicamente a única e a melhor amiga de mamãe, a traía com o massagista, enquanto ela ia tratar de escoliose.


Namoravam a pouco tempo, mas mesmo assim, acho que mamãe nunca pensou que ômegas podiam se pegar, mesmo ambos sendo considerado passivos perante a sociedade.


Isso é muito infantil na real, a Blue mesmo tem um casal de amigas que ambas são ômegas. Tendo uma boca pra beijar e mãos para abraçar, acho que o resto as pessoas se ajeitam.


Mas enfim, estava essa briga sem sentido esses dias. Porém, era a primeira vez que via minha mãe revidando.


Foda é que quando minha mãe Alpha voltou a si, percebeu que olhavamos ela e falou:


—Já que você tá aí assistindo, Yellow — Mamãe rosnou, me olhando pelo espelho na parede — Vêm cá limpar a bagunça que a sua mãe fez.


Arrepiei até os pelos do cu se brincar, ela estava muito possessa de raiva. Mamãe pegou seu casaco e saiu novamente, manobrou o carro cantando pneu e foi para Deus sabe onde.


Blue e eu ficamos em choque.


—Você não devia ir falar com a sua mãe não? — Blue me perguntou.


—Eu?! Se eu for atrás dela agora, capaz que ela me degola viva, vocês viu a cara que ela tava fazendo?


—Não a White… — Bryanna falou se levantando — A Dennise mesmo.


—Não quero me envolver nisso, Blue… Nem acho que você deveria. Se minha mãe Winny não está atacando minha mamãezinha querida, eu não vou interferir — Porque se alguém agredir minha mãe Dennise também, eu nem sei o que eu seria capaz de fazer. Ela é beta, é frágil, seria uma covardia sem tamanho ser atacada assim — Porque eu sou filha, eu sei que elas não vão me escutar. Sua mãe escutaria, se fosse você?


—Você tem um ponto, mas é tão ruim ver elas brigando.


Blue me olhou meio sem graça, meio murcha. E eu entendia ela, estava me sentindo do mesmo jeito.


Passou um tempo, a pirralha da Pink veio até mim para me importunar. Eu estava na biblioteca estudando quando ela apareceu.


—Por que a mamãe tá chorando? — A folgada já chegou sentando no meu colo, como se eu tivesse dado essa intimidade para ela — Mamãe Dennise tá no quarto chorando.


Rosnei alto para ela entender que eu não estava gostando, mas a pirralha é sem noção, ela não entende.


—Primeiramente… Olá, boa noite para a senhorita — Falei mostrando os dentes — Em segundo lugar… Você tem que aprender a bater na porta, garota. E em terceiro lugar… SAI DO MEU COLO, AGORA!!


Eu gritei e ela levantou.


—Credo, não precisa disso tudo… Nós somos irmãs.


—Tu é muito sem noção, Pink… — Falei limpando minha calça amarrotada.


—Tá, mas o que aconteceu com a mamãe? — A sem noção continuou me perguntando — Ela tá lá chorando, não me deixa entrar, mas eu sei que tá chorando.


—Ela brigou com a White… É coisa de adulto, você não entenderia.


—Entendo sim, vi a mamãe Winny falando que encontrou uma camisinha usada na bolsa da mamãe Dennise dias atrás, sendo que não era da marca que ela gosta.


Fiquei abismada com a naturalidade que aquela menina falou isso. Que é fofoqueira também, sem contar.


O ápice do absurdo foi saber que mamãe estava com ciúmes por minha culpa, no final das contas.


Lembra que a Blue tava no cio? Então, num dia de noite eu peguei uma bolsa da minha mãe Dennise… Porque ela tem ótimas bolsas, claro. Guardei três camisinhas na bolsa e enquanto dava um rolê no carro para minha esposa se acalmar, bateu a vontade nela e eu comi ela no carro mesmo.


Como eu já estava no carro de mamãe, porque o meu tava na oficina, eu tive que guardar a camisinha na bolsa… Só que eu nem lembrava que havia deixado as camisinhas lá…


Nem tinha como, acho que eu cheguei e joguei ela na sala e fomos direto para o quarto, terminar o que tínhamos começado na rua.


Só sei que todo sentimento de ouvir isso foi resumido por uma simples palavras:


—Putz!!


—O quê foi? — Pink perguntou assutada.


—Nada não… — Falei balançando a cabeça — Aliás, como tu sabe essas coisas? E tu não tem idade pra ficar escutando atrás da porta não hein, isso é coisa de fofoqueira.


—Vou fazer o que, elas conversam que nem duas italianas brigando. Eu acabo escutando muita coisa que eu não gosto também.


Ela tem um ponto, minhas mães quando estão bêbadas, falam muito alto.


—Tá mas… Ah quer saber, não vou perder meu tempo com isso… — Falei pensando um pouco — Se você tá aqui é porque quer algo que a mamãe não te deu… Desembucha, o que quer?


—Nada, é que eu tô com fome… 


—Vai na cozinha e pede pra empregada fazer o que você quiser — Respondi meio seca, ela tenta se aproximar de mim, mas eu não tenho muita paciência pra Pink — Pronto, problema resolvido.


—Não é isso, eu já pedi um miojo com nuggets pra ela… É que…


É criança mesmo, só criança para comer isso… E a Blue de larica, porque ela depois que fuma vira um funil humano. É cada pedido estranho que uma hora que nem vou me surpreender mais.


—É que?... — Perguntei revirando os olhos.


—Eu não quero jantar sozinha, mamãe sempre vêm assistir desenho enquanto a gente janta… — Pink falava rindo meio sem graça, enrolam pra chegar no ponto — Mas ela não tá bem… Então…


—Então?!


—Janta comigo, por favooor — Pink pediu juntando as mãozinhas.


—Não, obrigada — Falei seca — Eu já jantei.


—Ah, não seja chata… Me faz companhia então, a gente pode jogar Fall Guys depois que eu terminar.


Eu jogo esse jogo, mas não queria jogar com ela.


—Chama a Blue, eu tô ocupada agora.


—Tá bom então…


Ela aceitou tudo tranquilamente, e saiu sorrindo por algum motivo que eu não entendi na hora.


Momentos depois Blue chegou no meu escritório, segurando a mão da minha irmãzinha e falando:


—Tadinha Yellow, sua irmã chorando, desolada sem sua mãe e você aí trabalhando ao invés de cuidar dela.


Olhei para a cara da catarrenta e ela estava com a cara inchada, fingindo chorar. A menina queimar meu filme perante as minhas mães, eu até entendo, porque eu faria o mesmo.


Mas fazer chantagem para minha mulher, aí é sacanagem.


—Ela tá bem, tá só fazendo drama — Falei calmamente.


—Ela não gosta de mim, tia Blue, eu te falei — Pink falou abraçando a perna de minha esposa.


—Calma, calma… — Blue falou a abraçando — Yellow, para o que você estiver fazendo e vai agora jantar cuidar da sua irmã!


Fiquei olhando para as duas, incrédula com a situação. Acho que se demorasse mais um pouco naquela posição, moscas entrariam na minha boca.


Blue então abrandou e me falou mais calma:


—Ah, qual é Hellena, ela é só uma criança… Quebra esse galho para a sua má.


—Ué, porque você não pode ir então? — Do nada falei — Eu tô ocupada agora, não tá vendo?


Mostrei a mesa cheia de apostilas, estudava para ajudar melhor meu avô no escritório.


—Eu quero a minha irmããã — A catarrenta da Pink falou quase berrando — Mas ela não gosta de mim.

 

—Calma, Stephanie, ela gosta sim… — Blue falava carinhosamente, abraçando e acariciando a cabeça da catarrenta. Então me falou manhosa — Yellow, por favor, quebra esse galho. Depois eu até faço uma compensação para você.


Revirei os olhos, fechei o livro e então me levantei:


—Tá bom, vamos lá ver tartarugas ninjas e jogar Fall Guys — Falei sem ânimo algum.


Ela que fingia chorar, logo parou de fazer drama e se recompôs, saindo correndo e falando:


—Oba, eu vou pegar a minha comida então!


Revirei os olhos mais uma vez e falei para Blue:


—Eu quero que me leve na cafeteria amanhã, na Starbucks para tomar café da manhã.


Blue cruzou os braços e riu de mim.


—Tudo bem, vai ser um prazer — Ela falou saindo do escritório.


Fui até a sala de cinema para comer com a pirralha da minha meia irmã, ela sorrindo de fora a fora. E enquanto comia ria de mim, com a boca cheia de macarrão, quase cuspindo tudo.


Eu balançava a cabeça em negação, enquanto estava de braços cruzados e olhava para a porcaria da tv. Estava puta da vida.


—A partir de hoje, seu apelido é Catarrenta…


Pink riu de mim.


—Tá bom… Mas eu ganhei, você sabe neh?


—Catarrenta, eu tô a ponto de enfiar sua cara nesse prato — Olhei muito séria para ela — Se eu fosse você, calava a boca e comia quietinha.


—É, eu também te amo…


Ela riu mais ainda de mim, mas ficou quieta dessa vez. Pior que foi até bom passar um tempo com essa garota, mas não conte para a Pink que eu disse isso.

A pirralha não precisa saber que é divertida... Apesar de implicante.












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