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História Existe amor em Londres - Make a change


Escrita por: Keroulsfc

Capítulo 9 - Make a change


Camila e David tiveram um dia extremamente agradável em Brighton, mesmo depois da notícia que a brasileira teve sobre a visita surpresa de seu ex, o zagueiro conseguiu manter sua cabeça entretida para não pensar em todos os problemas que em breve teria de enfrentar ao voltar para Londres. O dia tinha sido tão bom que até realizou seu sonho de ir a parques de diversão em piers. Ela estava extremamente grata a David, e percebeu que não só sua mente, mas seu corpo todo estava mais calmo com a companhia do jogador do Blues. Chegou a conclusão que por ela aquele dia duraria mais vinte e quatro horas.

Apesar de ser fim de tarde, o céu ainda estava claro e o vento forte. O casal resolveu parar de andar de mãos dadas pela orla ao encontrarem um banco de madeira vazio. Sentaram-se um de frente para o outro, enquanto devoravam uma porção de fish and cheaps juntos. Cah observou a figura do zagueiro em silêncio e inflou os pulmões para tomar a coragem necessária para abrir o jogo com David Luiz. Ela sentia que aquela era a hora perfeita para deixar o zagueiro a par da grande novidade que envolvia sua vida. Por mais insegura que estivesse ela não iria conseguir esconder por muito tempo sua gravidez. E nem se sentia bem tendo de omitiar para o camisa quatro algo tão importante. 

- David - Cah falou capturando a atenção dos olhos verdes do menino para si.

- Cah. - ele brincou falando no mesmo tom em que a garota e deu um sorriso de lado.

- Hum...- a garota arrumou a postura, ficou ereta e seu olhar passou a ter um brilho mais sério e o brasileiro percebeu que ela queria falar algo importante, limpou a mão no guardanapo e segurou firme as duas mãos da miúda a sua frente, a incentivou a falar ao dar inicio a um carinho sem pressa com seus dedões sobre as mãos de Camila - você tem sido um grande amigo desde que cheguei aqui. Principalmente nesses últimos dias e bom...eu confio muito em você... E queria te contar algo que está acontecendo comigo. E bom eu preciso de toda a ajuda que você conseguir me dar porque eu estou completamente confusa. - Cah respirou fundo e tensificou um pouco mais os ombros, sentia que soltava palavras desconexas. Seu pensamento enrolara em seu nervosismo, deixando seu raciocínio conturbado. David engoliu seco ao perceber que a garota iria finalmente contar o motivo do choro em que ele foi espectador. Por ser um cara sensível e observador tinha certeza que algo estava perturbando a paz de espírito de Camila, sentia-se de mãos atadas ao não estar a par da situação.

- Pode falar, Cah. Estarei aqui do seu lado. - ele disse carinhoso e a pequena abriu um acanhado sorriso agradecido.

- David, eu estou grávida. - a brasileira soltou as palavras em um tom pesado mas sem quebrar o contato. O zagueiro levou alguns segundos para processar a informação. Sentiu a cabeça um pouco zonza e tentou processar alguma frase - É eu sei...parece surreal mas eu fiz o teste e está confirmado. Eu estou grávida do Conrado. E eu estou completamente perdida. - o nó na garganta e as lágrimas apareceram sem a permissão da dona das mesmas.

- Caramba, Cah! Isso é...surpreendente. - David disse com cuidado e começou processar a novidade. Ele podia esperar por tudo, menos pelo o que a garota tinha lhe dito. A surpresa foi tamanha que não tinha a mínima ideia do que pensar ou como reagir.

- Sim, e eu estou completamente perdida. Porque eu não sei como agir. Se eu volto para o Brasil, se eu continuo aqui. Se eu termino com o Conrado ou se eu aceito o pedido que ele me fez. - David sentiu seu coração receber uma facada ao ouvir que Cah pensava em voltar para o Brasil e considerava aceitar algum pedido do ex,que o jogador tinha certeza que não gostaria de tomar consciência. David Luiz colocou a mão de forma delicada no rosto da garota e limpou as lágrimas que desciam por lá. Ele sentia a aflição dela só pelo olhar.

- Ei ei ei, calma...não precisa tomar as decisões de forma precipitada e nem se cobrar tanto. Você precisa ir com calma, afinal um serzinho depende do seu estado de saúde. - sua voz saiu muito mais calma do que seu interior estava - E aqui em Londres você pode contar comigo e com os Emboabas. Não precisa tomar nenhuma decisão sozinha... Que pedido o Conrado fez? - David obrigou sua voz sair firme e controlada no final de sua frase. Cah engoliu seco e pela primeira vez teve receio da reação que o zagueiro poderia ter. Abaixou o olhar e encarou as mãos dos dois entrelaçadas.

- Ele me pediu em casamento. - Cah verbalizou e David arregalou seus olhos, sentiu todo seu mundo desmoronar e uma vontade imensa de gritar que foi tão forte que quando percebeu já tinha saído pela sua garganta.

- Não! - ele disse de forma alta e desesperada e a brasileira o observou surpresa - Cah não pense nisso... - o controle de sua voz estava se esvaindo, mas ele não podia perder a garota por quem estava apaixonado de vez agora que estava começando a ter progressos significativos - Claro que seria ótimo você ser casada com o pai do bebê e seu filho tivesse o pai presente, mas é do Conrado que estamos falando. Ele não está nem um pouco preparado para ser pai, muito menos marido. E você tinha decidido a terminar com ele. Estamos no século XXI, você não precisa casar para criar seu filho. E o que precisar eu estarei ao seu lado. Só não tome nenhuma atitude precipitada, viu. - Camila tinha a boca entre aberta e tentava absorver tudo que David tinha falado. Ela não sabia se chegava a uma conclusão ou se abraçava o garoto por se preocupar tanto com ela.

- Mas...mas...mas e se eu tirar a chance do meu filho de ter uma família...- Cah foi interrompida pelos lábios de David que não a deixaram concluir nem sua fala e nem seu raciocínio. O zagueiro passou as mãos pela sua cintura, mostrando a ela que ele podia ser um caminho.

- Do que adianta você dar a ele uma família e não ser feliz, miúda? - David disse ainda ofegante com o nariz encostado ao da garota.

- Eu...eu...não sei, Vi. Eu estou completamente perdida. - Camila confessou e passou as mãos pelo pescoço do garoto com medo de que ele pudesse se afastar dela.

- Deixa eu te mostrar que podem existir outros caminhos. Não toma nenhuma decisão precipitada. - ele iniciou um afago carinhoso no nariz de dela com o seu. Cah balançou a cabeça de forma positiva, ela não podia ser irracional em um momento tão decisivo como esse em sua vida. Mas seu coração gritava dentro dela que sim, ela queria que David Luiz lhe trouxesse novos caminhos.

- Tudo bem. E tem mais uma coisa...O Conrado vai passar o final do ano aqui. Foi o que ele me disse no telefone. - a garota confessou exausta e David segurou ainda mais firme a sua cintura e resolveu responde-la em forma de beijo, com a intenção de mostrar que nada que o ex tentasse iria fazer com que ele desistisse da sua amada. Mal ele sabia, mas quanto mais Conrado dificultava o caminho, mais apaixonado David se encontrava por Camila.

 

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Na volta para Londres, dentro do trem, sentados lado a lado, com a brasileira encaixada nos braços do jogador, nem Cah e nem David conseguiam dormir. A cabeça de ambos estava a mil. Pensamentos e incertezas faziam com que o silêncio fosse quase sufocante entre eles. Sem conseguir conter a curiosidade sobre o que David pensava, Camila umedeceu os lábios e começou a falar de forma baixa para que só o jogador escutasse. Por mais que estivessem na Inglaterra, o jogador era uma figura pública, e não poderiam dar sorte ao azar de algum jornalista ou turista brasileiro mal intencionado os ouvisse. Todo o cuidado em um situação delicada como aquela era pouco.

- Estou com medo da reação dos meus pais. - ela confessou e David beijou sua testa de forma protetora. Todo o seu medo e pavor do que teria que enfrentar estava nítido nas iris agitadas da miúda, e mais uma vez o jogador sentiu uma necessidade enorme de proteger a dona de seus sentimentos. Ele não tinha a miníma ideia como ser útil para ela, porém tinha absoluta certeza que estar ao seu lado e manter a calma já era um bom começo. E ele prometeu para si mesmo que seria o seu porto seguro, mesmo que num futuro próximo ela decidisse que eles seriam apenas amigos, ele estaria ao seu lado, e um dia a garota iria perceber que era ele, com ou sem filho, o cara certo para ela.

- Você acha que eles não vão aprovar? - o número quatro do Blues disse enquanto encarava a morena a sua frente de forma intensa e carinhosa. Entrelaçou suas mãos com as delas, e ambos sentiram a troca intensa de calor que rolou no segundo seguinte em que suas peles se encontraram. Cah deu um sorriso sem mostrar os dentes, perguntando-se de forma silenciosa porque o jogador não tinha aparecido em sua vida alguns meses mais cedo? Tudo seria bem mais fácil se ela e David tivessem se conhecido anos, ou meses antes. Obrigou-se a focar em uma resposta para o zagueiro que emanava uma calma contagiante com seus olhos para seu corpo, e imaginou uma possível reação de sua mãe ao contar a novidade. Rosana Fiuza Lancelotti iria fazer picadinhos dela. Iria jogar na sua cara o quão inresponsável ela era, e daria um jeito de dar um fim para o sonho do intercâmbio de sua filha. Ela sabia que aquela viagem com fins de estudo de Camila para Londres era o sonho de sua filha, que pedia para poder passar um ano fora do país desde os trezes anos. E se ela queria punir a garota pelo seu calcanhar de Aquiles a sentença seria uma só: fazer as malas de volta para o Brasil. E por mais que doe-se em Cah ter de volta, ela infelizmente ainda dependia financeira e emocionalmente dos pais. Com um bebê em sua barriga seria estupidez desacatar qualquer ordem que fosse contra o veredicto final deles.

Pietro Bossolan Lancelloti até poderia ajudar a filha a dobrar a mãe, e por mais que o pai sempre fizesse seus gostos, teria medo da reação do mesmo ao saber que sua princesa, e filha que mais mima, iria ser mãe. Por ser um cara muito quieto e centrado, é difícil de saber quando o mesmo irá estoura. As poucas vezes em que viu seu pai extremamente furioso Camila sentiu todo o seu corpo tremer de medo. Não gostaria de ver tal fato se repetir, e ainda mais com ela sendo a principal causadora da raiva e decepção do homem que lhe deu a vida. Toda a sua mente entrava em pânico ao imaginar todos os possíveis desfechos da conversa que teria com seus pais, e que por um instinto natural seu estava adiando o máximo que conseguia com desculpas esfarrapadas.

- Eles vão ficar muito bravos e decepcionados. Tenho medo que eles suspendam até mesmo o financiamento do intercâmbio. - ela confessou e seu peito foi atingido no mesmo segundo por uma angustia que foi tão forte que a queimação interna chegou a ser física. Não queria pensar em ter que deixar a vida que estava construindo em Londres. Ela não conseguia se imaginar longe de Tainá e Oscar, mais do que isso, era quase desumano imaginar seus dias sem a presença de David Luiz. Em tão pouco tempo o jogador tinha se feito tão necessário. E um desespero ansioso a atingia mesmo quando tinha que pensar que esse momento chegaria dali uns bons meses em condições normais, mas agora ter de enfrentar uma possibilidade real de uma volta breve para o Brasil era enlouquecedor. Soluções irracionais começavam a povoar sua mente como planos de fuga para a possível sentença. A única certeza de seu coração era que não queria voltar para o Brasil antes da deadline final e oficial de seus 365 dias em Londres.

- Nós daremos um jeito, sempre iremos dar um jeito juntos. - David falou num tom tranquilizador apenas em sua voz, porque seu coração estava descompassado com a possibilidade de ela ter de voltar para o Brasil. E por mais que tivesse que continuar calmo e racional para ajudar a sua miúda, era impossível não ter sua mente inquieta com a possibilidade quase concretizada da distância física entre eles num futuro próximo.

- Como você consegue? - Cah perguntou impressionada com a forma carinhosa e cautelosa em que o jogador externava para ela, extremamente alheia ao furacão mental em que o garoto estava imerso naquele momento.

- Quando se trata das pessoas em que eu me importo, não existe impossível para mim. - o zagueiro deu um sorriso fofo sobre o olhar admirado de Camila que sentiu mais uma vez seus lábios serem puxados feito imãs até os deles. E de uma forma desconfortável sua consciência tomou a forma da voz de Conrado e a repreendeu "você vai realmente beijá-lo enquanto considera meu pedido de casamento", Cah balançou a cabeça de forma leve afastando a voz do ex de sua cabeça assim que David aprofundou o beijo,e esquecendo-se de se preocuparem com qualquer pessoa que poderiam estar os observando ou até mesmo tirando foto do querido jogador do time inglês aos beijos com uma garota desconhecida.

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- Oscar Emboaba! - Camila e David ouviram a voz irritadiça de Tainá na hora em abriram a porta do sobrado dos amigos.

- O que houve, amor? - o garoto apareceu na porta da cozinha com a expressão confusa enquanto a esposa descia as escadas com o celular do marido em mãos com o olhar extremamente furioso. Oscar sentiu todo o seu corpo estremecer de medo ao perceber o olhar de ciúme da mulher.

- Você pode me explicar quem é essa Laurel que te ligou cinco vezes. CIN-CO VE-ZES! - Tainá arremessou o smartphone no peito de um Oscar atônico, que deixou o telefone vacilar duas vezes, ameaçando um futuro tombo feio e o segurou firme tentando raciocinar o que responder para a mulher.

- É uma repórter, meu amor. - ele disse de forma um pouco atrapalhada. Aquele não era nem o primeiro e muito menos o último ataque de ciúme de Tatá, Oscar era PHD em saber dobrar a fera, porém estava totalmente desprevenido com aquele surto. Não conseguia processar a situação direito enquanto a esposa o encarava com um olhar que parecia querer arrancar sua alma de forma dolorosa.

- Acho que não chegamos numa boa hora. - Cah disse parada na porta do Emboabas no último degrau, enquanto David estava no segundo e mesmo assim a diferença de altura entre os dois era enorme.

- Pode fugir lá pra casa se quiser. Tem vários quartos para dormir. - ele riu e Cah o acompanhou, tomando a coragem necessária para se despedir do brasileiro e finalizar o dia incrível que tiveram.

- Obrigada por tudo, David. - Cah deu um beijo na trave na boca do zagueiro, tendo a cena passado desapercebida pelos Emboabas que travavam uma discussão calorosa sobre a tal repórter Larel.

- Sempre que precisar e quando também não. Sabe como me achar, né? - ele piscou para a garota que sentiu as bochechas ficarem vermelha com a forma sedutora em que o jogador a encarou.

- Usarei essa informação com bastante juízo. - Cah piscou de forma brincalhona para o amigo e passou suas mãos por debaixo de seus braços, o envolvendo num abraço forte. David abriu um sorriso extremamente feliz pelo abraço, tratou de apertá-la de forma firme contra seu corpo. Ambos ficaram em silêncio, sem terem qualquer coragem de afastar os corpos. Quase totalmente alheios a briga ferverosa que acontecia a poucos metros deles foram surpreendidos quando Cah foi atingida de forma inesperada por um chinelo nas suas costas, despertando os dois do mundo particular que tinham se isolado. Ao encarem o lançador do objeto deram de cara com Tainá que tinha os braços cruzados e uma expressão furiosa.

- Eu estou travando uma discussão importante com o Oscar, precisando de apoio e vocês resolveram se fundir na porta da minha casa? - a Emboaba estava extremamente nervosa e os amigos perceberam que se não tomassem as rédeas da situação em breve aconteceria uma morte, sendo elas ou do casamento ou de Oscar, ou de ambos.

- Tatá, calma, vamos tomar um chá e você me conta o que houve. - Camila disse serena, já estava acostumada com os ataques de ciúmes da melhor amiga. Ela mesmo já tinha sido vítima deles incontáveis vezes. Eram 7 anos de amizade executando aquele procedendo básico de primeiros socorros para acalmar Tainá em meio a uma crise intensa de ciúme.

- Não quero ter calma! Quero voar no pescoço dele e dessa reporterzinha que fica ligando e mandando mensagem para ele. - a amiga respondeu num tom agressivo e Cah pediu com o olhar para Oscar não aparecer tão cedo na frente delas até que fosse seguro a vida dele. E graças a conexão que os dois haviam criados como irmãos durante os anos de amizade o garoto compreendeu o recado e tratou de bolar uma estratégia para conseguir sair vivo da frente do campo de visão da esposa.

- Quer jogar?- David se ofereceu em solidarização ao amigo que confirmou com a cabeça de forma positiva, sem se atrever a dar nenhum pio que tirasse mais a paciência da esposa. David apertou a mão de Cah que tinha ficado entrelaçada a dele, e deu um olhar para ela informando que iria ajudar o amigo. Tainá observou os craques com o olhar dando respiração impacientes, Cah que também os acompanhou alerta a qualquer sinal da amiga em avançar pelas costas do melhor amigo, respirou aliviada quando ambos sumiram inteiros do seu campo de visão. E de forma cautelosa tomou a liderança para o caminho da cozinha, Tatá compreendeu o recado silencioso da amiga e a acompanhou dando passada duras e barulhentas durante o percurso.

- Me conte o que aconteceu...- Cah colocou uma das mãos no meio das costas da amiga e a conduziu a sentar em uma das cadeiras da bancada central do recinto. Ao acomodar a Emboba foi em direção ao armário das canecas, pegou duas com estilizações distintas, e foi procurar a chaleira enquanto ouvia a amiga tentando nivelar a respiração, dando bufadas raivosas. O silêncio era tanto que ela quase conseguia captar os pensamentos revoltados da garota sentada.

- Essa repórter vadia está ligando para ele e trocando mensagens de formas atiradas e ele pensa que eu sou boba... Ah, mas ele não vai mesmo dar essa entrevista. - Tainá fechou os punhos, começou a falar de forma alta e brava. Em meio uma palavra e outra batia com força com as mãos sobre a bancada. E por mais preocupada que Cah estivesse com os futuros hematomas na mão da Emboaba, ela sabia que era quase pedir para apanhar se segurasse sua mão para acalmá-la. Por isso continuou a canalizar sua atenção em sua missão de fazer um chá. Pegou a chaleira no armário ao lado do das canecas, colocou a água quente da pia e sem pressa alguma andou até o fogão automático e moderno e colocou para ferver.

- Tatá, fica calma. Desse jeito você vai passar mal. - Cah disse com cautela, se encostou na bancada, assegurando que estava a uma distância segura da amiga.

- Mal vai passar essa piranha quando encontrar a minha mão na cara dela. - a raiva que tinha sido causada pelo ciúme era tão nítida no olhar da amiga que Cah reconsiderou a possibilidade de compartilhar com ela as novas novidades do caso da sua gravidez do Conrado com o intuito de distraíla da tal reporter e das mensagens que ela tinha mandado para Caio.

- Ei, ei para com isso vai. Se controla. - Cah reparou a água fervendo e após colocar dois saches de camomila nas xícaras preencheu os recipientes com o líquido fervendo e pegou uma de cada vez e as posicionou sobre a bancada para que pudesse conversar olho no olho com Tainá - Você sabe que o Oscar te ama.

- Eu não suporto, e ele sabe que eu não suporto essas jornalistas com o número pessoal dele. Tem assessor pra que? - a Emboaba batia com o punho fechado com a mão perigosamente perto da xícara. Para evitar um desastre Cah afastou com cuidado a caneca branca de perto da amiga e segurou o riso para não demonstrar como achava engraçado a forma em que Tainá saia do sério quando alguma repórter saidinha tentava invadir seu território. Toda vez era a mesma história, alguma repórter abusada dava em cima de Caio, Tatá presenciava ou descobria, jurava de morte a atrevida, quase fazia picadinhos de Oscar, mas no final eles faziam as pazes entre quatro paredes e no dia seguinte a paz voltava a reinar.

- O importante é que ele te ama. - Cah deu o primeiro gole do chá e a amiga respirou fundo, e pela primeira vez desde que lera as mensagens parou para refletir sobre as palavras da amiga - Quem sabe você não canaliza essa raiva para o que vou te contar agora...

- Hum, tente canalizar minha raiva. - a Emboaba disse em um tom incrédulo, levou a caneca até a boca e encarou a amiga de uma forma mais amigável.

- Na verdade eu tenho varias coisas pra te contar. - Cah disse dando um sorriso e Tatá colocou a mão na cabeça.

- É verdade! - Taina disse concordando, e pouco a pouco a sua raiva começou a se transformar em curiosidade. Lembrou-se que a amiga tinha passado a tarde com David Luiz e ela ainda não tinha informação nenhuma sobre - Pra onde vocês foram?

- Brighton. E foi muito legal! - Cah não percebeu, mas um sorriso extremamente derretido desenhou seus lábios e Tainá Emboaba, a cupido oficial do casal, não deixou o detalhe passar despercebido.

- E pelo visto você adorou...- cutucou a amiga e Cah corou um pouco com a colocação. Suas bochechas ruborizaram e seu coração bateu num ritmo ansioso como há muito não batia quando conversava sobre um garoto. A futura mamãe levou a xícara de chá até a boca para enrolar em sua resposta. Fechou os olhos e sentiu o conteúdo aquecer sua garganta. Abriu os olhos e focou no liquido como se pudesse ler seu futuro. A verdade era que nem ela mesmo conseguia entender o que sentia por David naquele momento. Sua cabeça e seu coração agiam como uma garota de quinze anos tendo sua primeira paquerinha, e ela realmente tinha amado a tarde ao lado do garoto. Cada beijo, cada toque, cada palavra não sairiam tão cedo da sua memória. Para ser sincera consigo mesmo, ela não queria que aquele dia não saísse nunca de sua mente.

- Sim. Foi um dia agradável e surpreendente. Porém, o Conrado me ligou. - Cah voltou a encarar a amiga e a flagrou enrolando os olhos ao tocar no nome do ex amigo. Tainá era a primeira Anti- Conrado Grandino do mundo, se houve um fã clube de haters, ela sera a presidente fundadora do mesmo. Ela nunca tinha entendido como Cah podia ter o perdoado depois de tudo que ele aprontou, Tatá não conseguia nem sequer encarar o garoto por muito tempo sem querer lhe dar um tapa na cara.

- O que tem esse traste? - Tainá ralhou e Camila fez uma careta demonstrando que não sabia como colocar em palavras. Naquele segundo a Emboaba sentiu a relutância da amiga em externalizar a informação, e teve certeza que não iria gostar nem um pouco do que iria ouvir.

- Ele me disse que está vindo pra Londres passar uns dias...e quando eu digo vindo é em menos de 72 horas. - Tatá arregalou seus olhos e engoliu o chá de forma violenta.

- Que, por que? Com que direito? - a garota cuspia as palavras de forma agressiva e a mais velha tentava não desmoronar na frente da amiga. Se Tatá percebesse sua ansiedade e medo de encontrar o pai de seu bebê iria ficar o triplo de nervosa, e isso não seria aconselhável para a sobrevivência do estado intacto da casa.

- Inesperado, não? E ele pediu para que eu passasse os dias com ele no hotel. - Cah falou tão rápido que Tainá levou alguns segundos para juntar o sentido das palavras juntas.

- Que? Você disse não, né? - a Emboaba encarou a amiga de forma firme e pode ver em seu olhar vacilante que não gostaria da resposta - Não acredito, Camila Fiuza Lancelotti!

- Calma, antes que você dê algum sermão eu não falei nem que sim e nem que não. Eu estou pensando. Estou confusa. - Cah despejou o desabafo e Tainá respirou fundo percebendo que estava canalizando a raiva da jornalista para o que a amiga estava lhe contando. Segurou a mão da garota a sua frente, e obrigou-se a se imaginar no lugar da futura mãe quase adolescente. Tentou compreender o quão difícil deveria ser para ela ter de equilibrar toda a rotina nova, em uma cidade diferente e ainda ter de lidar com o estresse e ansiedade de descobrir que seria mãe de seu ex namorado.

- Menos mal. Ainda tenho tempo de fazer planos com o Oscar e o David para não te deixar aceitar. - a Emboaba deu um sorriso fofo e Cah riu sentindo que no fundo do seu coração torcia para que os três arrumassem desculpas convincentes de verdade para ela fugir da proposta de se hospedar no hotel com o futuro pai do seu filho.

- Sim, ainda tem. - Cah encarou a mais novo de forma incentivador e resolveu dar fim ao assunto ao perceber que a amiga já estava mais calma e os chás tinham chego ao fim - Vou subir. - ela disse de forma firme e antes que Tainá falasse qualquer coisa se direcionou até seu quarto.

Tainá começou a ter o cérebro invadido por ideias diversas sobre como ela poderia ajudar Cah a fugir da presença do ex. Ela conhecia Camila Lancelotti o suficientemente bem para saber que por mais que a garota quisesse ela não teria forças os suficiente naquele momento para ignorar a presença de Conrado, caso o músico tivesse mesmo a caminho de Londres. Decidiu que precisaria de reforços e caminhou até a sala mentalizando o conselho da melhor amiga de que o importante era que Oscar a amava. Desceu da cadeira, e caminhou de forma tranqüila até a sala de televisão, na qual David e Oscar travavam uma calorosa e quase silenciosa batalha de zumbis no vídeo game. Se não fosse pelos barulhos de tiros, os jogadores do time inglês passariam despercebidos. Tanto o zagueiro como o meio-campista policiavam-se para não fazer barulhos que poderiam redobrar a ira da dona da casa. A garota soltou um riso nasalado ao ver o comportamento dos marmanjos, e limpou a garganta anunciando a sua entrada no local. O dedo de Oscar deu pause no segundo seguinte, e de forma sincronizada ele e David olharam na direção da Miss Emboaba receosos com o olhar que iriam ser recebidos. Tatá alcançou os olhos dos dois de forma serena e Oscar respirou aliviado pela primeira vez, anotou mentalmente que precisava agradecer a Camila pelo milagre que ela tinha aplicado sobre sua mulher.

- Nós três precisamos conversar. - a brasileira falou num tom autoritário, e acomodou-se no sofá ao lado do marido.

- Resolveu me dar a custódia integral do Oscar e vai manda-lo morar lá em casa? - David piscou e Tatá ofereceu o dedo do meio da mão esquerda para o amigo.

- Ei, nem pense em colocar a Camila para dormir no meu lugar da cama. - Oscar olhou decido para Tatá que deu um risinho desconcertado.

- Fiquem quieto e me escute, okay? - a mulher morena com traços indígenas delicados ordenou ao marido e amigo, que apenas concordaram com a cabeça - Conrado está vindo para a Inglaterra dentro de dois dias e nós precisamos fazer com que ele fique afastado da Cah o máximo possível.

- Você também já sabe da novidade? - David fechou a cara de forma automática ao ouvir o nome do ex namorado de Camila. Era impressionante como nem o conhecia, mas não tinha empatia nenhuma pelo garoto. Pelo ao contrário quanto mais observava ele transformar a vida de Camila Lancelotti numa confusão sem fim, mais vontade de bater no músico tinha. Tinha medo da sua reação ao encontra-lo, por mais centrado e ajuizado que fosse, não tinha total controle de suas ações e reações quando o assunto era a sua miúda.

- Não acredito! - Oscar trincou os dentes. Ele nunca tinha gostado do músico, desde a primeira vez que tinha o visto sabia que o garoto não faria a sua irmã de consideração feliz.

[Flashback On - Junho de 2006]

Ao descer do ônibus que tinha pego em Campinas na rodoviária Tietê na capital paulista, Oscar sentia a ansiedade dominar seu corpo. A garganta estava extremamente seca, e ele não conseguia conter a vontade incontrolável de ter Tatá em seus braços. Nem acreditou quando encontrou a garota o esperando na porta do desembarque, agradeceu por ter ido só com uma mochila, e deu passos largos em direção a namorada. Abriu os braços convidando a adolescente a jogar-se no meio deles, a abraçou com tamanha força, e pediu silenciosamente para que ela nunca mais saísse de perto dele. Todo o lance de namoro a distância estava fazendo-o dar valor a todo e qualquer segundo que pudesse ter ao lado da namorada. Nunca imaginou o quão difícil era manter a mente e o corpo sãos em um namoro a distância. Completamente imerso ao abraço e sem se importar com os olhares sob eles, Oscar deu um selinho demorado nos lábios da namorada. Ele queria beija-la de cinco em cinco segundos para compensar todos o mês dias que tinham ficado sem se ver.

- Eu te amo. - ele sussurrou contra os lábios dela, fazendo Tatá corresponder com um sorriso apaixonado.

- Eu também te amo! - a morena sorriu e sentiu que todo o seu corpo explodia de felicidade em poder ter o garoto ao seu lado depois de tanto tempo, segurou a sua mão e o encarou de forma entusiasta - Vem, quero que você conheça meus novos amigos! - Tainá puxou Oscar em direção ao casal de novos amigos que os observava. Cah e Conrado estava apenas alguns passos atrás deles, abraçados com as mãos um na cintura do outro, observando o reencontro de Tatá e seu tão comentado namorado.

E por mais que ainda não tivesse trocado uma palavra com o jogador, Cah sentia que o conhecia há muito tempo por causa de todos os dias em que precederam a sua chegada e que Tainá só conseguia pensar em como seria reencontrá-lo.

Como uma adolescente recém apaixonada ela não se sentia incomodada com a forma em como a nova vizinha e a amiga a enchia de histórias e informações de Oscar.

Ao parar em frente ao casal, Cah abriu um sorriso enorme para o garoto, enquanto Conrado, que estava cheio de sono, apenas lhe ofereceu um sorriso sem mostrar os dentes.

- Caio, quero você conheça a Camila, minha vizinha que eu te falei, e o namorado dela. - a mais nova do grupo apontou para cada um ao se referir a eles. Cah deu um passo a frente e cumprimentou o garoto com um beijo no rosto. Caio observou o casal a sua frente de forma atenta, e não soube dizer mas desde aquele primeiro contato achou Conrado Grandino um tanto quanto esquisito. Os alargadores e o estilo emo do garoto não causaram uma boa impressão ao jogador que naquela época tinha apenas Campinas e Americana como noção de mundo. Observou o sorriso doce da namorada do rockeiro emo e diferente do que aconteceu com o garoto sentiu que ele e a menina iriam se dar bem. Aliás, eles precisariam se dar bem.

- Oi Oscar! Prazer, eu sou a Camila! - a garota disse doce e ele retribuiu o sorriso de forma tímida, sem saber muito como agir. A sua timidez sempre o atacava em momentos como esse.

- Prazer, eu sou o Conrado. - o músico estendeu a mão e forma cordial, e Oscar cumprimentou de forma rápida. Acenou com a cabeça e Tainá alheia a qualquer estranhamento que tinha acontecido entre Oscar e Conrado bateu palmas de forma animada.

- Agora podemos ir para o carro e sair daqui! Ninguém merece ficar na rodoviária, vamos? - Oscar afirmou de forma positiva com a cabeça, e Conrado voltou sua mão para a cintura de Camila. Ele tinha óculos escuros no rosto e sentia sua cabeça tremer a cada respiração sua. Ele e Camila tinham saído na noite interior com um grupo de amigos dele, e como de costume ele bebeu mais do que o recomendável para saúde e estava sendo presenteado com uma magnifica ressaca. Se não fosse pela insistência da namorada e pela consideração com Tainá ele teria negado o pedido de buscar o namoradinho antipático da amiga na rodoviária.

- Você está com fome, Oscar? - Cah perguntou educada, e o jogador que olhava a namorada de uma forma romântica virou para a mais nova conhecida e negou com a cabeça de forma tímida enquanto ouvia seu estômago gritar para ele parar de ser mentiroso e colocar algo para dentro o mais rápido possível.

- Você deve estar com muita fome! Nós podemos parar em alguma padoca, Con? - Tainá chamou a atenção do amigo que andava distraído ao lado da namorado, tentando não morrer com todo o barulho amplificado que a rodoviária do Tietê reproduzia em sua cabeça.

- Hum, okay. - foi tudo que o garoto conseguiu falar, e Cah olhou em direção ao namorado e percebeu que todo o corpo do garoto implorava para chegar em casa e dormir um pouco.

- Tem uma lá perto de casa que é uma delícia, o que acham? - Camila sugeriu em um tom doce, e todos os três concordam com a cabeça.

- Tudo bem, o que vocês acharem melhor. - o jogador disse doce e devolveu o sorriso simpático de Cah.

- A Tatá disse que você joga pelo Ponte Preta, Oscar, quer seguir a carreira profissionalmente? - a garota iniciou um assunto para que não ficasse nenhum silêncio estranho entre o quarteto. Tainá observou o esforço da amiga e sentiu-se extremamente feliz ao perceber que sua primeira e mais nova melhor amiga que tinha feito em São Paulo fazia questão de agradá-la.

- Com certeza. Não consigo me imaginar fazendo outra coisa da vida. - apesar do tom acanhado, Oscar respondeu observando dentro dos olhos da garota. E agradeceu por ela e Tainá estarem conduzindo o papo, já que ele não sabia como fazer bem a função por causa de sua timidez e o garoto emo que namorava Cah não demonstrava fazer questão nenhuma de socializar.

- Nós precisamos assistir um jogo dele! - Tatá disse eufórica e Cah concordou com a mesma efusividade. Ao chegarem no Civic de Conrado, Oscar reparou que foi Cah quem abriru a porta de trás para ele e Tainá se acomodarem no veículo. Ao entrar no carro sentiu um cheiro forte de cigarro atingir seu nariz e embrulhou seu estômago. Além de esquisito o garoto emo ainda era fumante, ele realmente teria de conversar com Tainá sobre as amizades que ela tinha feito em São Paulo.

Conrado estacionou o carro na garagem do prédio de Camila e a garota sugeriu que o namorado fosse para sua casa dormir em seu quarto, e sem pensar duas vezes o músico aceitou a oferta. Sua cabeça iria estourar a qualquer momento, e seu estômago estava extremamente sensível, tudo que ele precisava era de boas horas de sono para curar a sua ressaca, ou ajudar a amenizar os estragos da mesma.

Tainá pareceu não se incomodar com a escolha do amigo, mas Oscar achou de extrema falta de educação ele deixar a namorada sozinha com a visita que tinha acabado de chegar de viagem e com a melhor amiga. Mas no final percebeu que o café da manhã na padaria ao lado de sua namorada e da mais nova colega, que futuramente se tornaria como uma irmã pra ele, tinha sido bem melhor sem a presença da figura esquisita e intimidadora do músico. O próprio Oscar surpreendeu consigo mesmo com o tanto que ele se soltou depois que ficaram apenas os três, o papo entre ele e Camila fluía de uma forma incrível. Não pode deixar de notar que entre a nova vizinha e a sua namorada também ocorria uma conexão mágica e naquele café da manhã mesmo sentiu dentro de si a certeza de que Cah Lancelotti tinha chego para ficar de vez na vida do casal. Não soube explicar como Tainá que sempre fora tão possessiva em relação a ele e suas amizades tinha adorado e incentivado os laços de irmandade que surgiram de forma tão natural entre Oscar Emboaba e Camila Lancelotti. E por mais que Cah dissesse que Conrado estava de ressaca e não estava em um de seus melhores momentos para socializar naquela manhã, não houve uma só vez em que teve de socializar com o músico que conseguiu enxergar o que a amiga encontrava nele de tão legal ou especial. Em sua cabeça o cara era uma músico egocêntrico, mimado, cheio de manias fúteis, e não acrescentava em nada para a vida da namorada. Pelo ao contrário levava a garota de quinze anos para o meio de sexo, drogas e rock and roll que ele desaprovava e torcia pelo dia em que Cah iria conseguir entender que sua vida seria bem melhor sem a influência do namoradinho quase bad boy.

[ Flashback off]

- Nós podíamos armar para ele ser preso, tenho certeza que esse noiadinho anda com maconha na mochila. - Oscar cuspiu a acusação de forma ríspida, e Tatá e David não controlaram o acesso de riso que tiveram com a colocação do amigo.

- Ele não seria tão louco, é sério nós precisamos fazer algo! - Tainá fez uma careta sofrida ao imaginar a presença do garoto em Londres. Ela não suportava a ideia de ter que ficar frente a frente com o cara que um dia tinha sido seu melhor amigo, mas tinha traído Camila da forma mais suja, e ela diferente da futura mãe do filho do músico, não perdoava nenhum tipo de traição feita com ela ou com alguma pessoa amada sua.

- Por mais que eu queira fazer algo nós precisamos ser racionais, pessoal. Ele é o pai do filho dela, eles precisam conversar. E estando ele no Brasil ou aqui não vai mudar o que vai ter que acontecer. A Cah é uma garota responsável e vai saber escolher o que é o melhor para ela. Não que não possamos mostrar que existem alternativas diferentes da dele, mas no final do dia é ela quem vai ter de lidar com a sua consciência e coração. E não adianta nada nós queremos afastar ele do caminho dela, nós só estaríamos agindo da mesma forma em que ele fez todo o relacionamento deles. - David tinha o olhar sereno sobre os amigos, Tainá e Oscar encaravam o zagueiro com olhos semi-arregalados com a maneira em como David, o maior interessado em afastar o músico da vida de Camila, era o mais sensato naquele momento.

- Infelizmente ele tem razão. - Oscar virou em direção a mulher e com um bico infantil desenhado nos lábios confirmou com a cabeça a sua decisão e segurou de forma firma a mão da mulher que soltava respirações altas.

- Às vezes eu te odeio! - a voz de Tainá fez-se se ouvir em um tom de concordância bem rebelde.

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Camila não sabia definir se tinha sido sorte ou azar David e Oscar estarem viajando no dia em Conrado tinha chego em Londres. Ela lufou seu ar de forma lenta e profunda no segundo em que seus olhos fintaram o sorriso de Conrado, aquele sorriso que havia a conquistado no ano de 2006. Lembrou-se da sensação que teve ao vê-lo pela primeira vez no Festival de Atlântica em Porto Alegre, tinha ido ajudar e assistir o show da banda de seu primo-irmão Lucas. Conrado e sua banda também haviam tocado e quando se encontraram no camarim em comum das bandas Cah sentiu seu coração acelerar e ela ficou sem ar, totalmente impressionada com a beleza do amigo em que seu primo conversava animadamente. Ao observá-lo andar com um sorriso sincero até ela se sentiu um pouco da Camila de 15 anos que se apaixonara perdidamente pelo sorriso de Conrado Grandino assumir o comando do seu cérebro. Era tão seguro e gracioso que era impossível não olhar para sua boca. Quando percebeu que não sabia como iria reagir, a cada passo do garoto em sua direção ela ficava ainda mais nervosa. Reparou que ele tinha deixado a barba crescer, e que vestiu a toca preta da Obey que ela adorava quando ele usava. Ele realmente tinha escolhido cada peça de seu look a dedo, com o único intuito de deixar a mãe de seu filho sem ar. O objetivo do garoto tinha sido atingido já que Cah não conseguia processar nenhum pensamento de forma sensata ou completa. Dentro da sua cabeça a Camila de 15 anos perguntava com uma voz mental e aguda como o músico conseguia ter o dom de ficar mais bonito a cada dia que passava. A verdade é que por mais chateada ou decepcionada que pudesse ficar com o baixista, ela nunca poderia ser hipócrita o suficiente para negar que Conrado não era o resumo de tudo que chamava atenção dela em um garoto. O pai de seu filho era lindo e quando ele jogava aquele sorriso pra cima dela ficava difícil pensar, porém era o perfume dele que dava a cartada final em suas sensações e corpo. Sentia qualquer resquício de racionalidade se esvair de si sob a influência do aroma masculino do músico. Ah, como aquele perfume era viciante. Conrado percebeu que assim como ele, Cah estava desnorteada e sem perder tempo algum a abraçou forte. Os seus olhos marejaram ao sentir os braços da garota retribuindo com intensidade. Como ele sonhou com aquele abraço, em sentir a sua pequena novamente contra o seu corpo. Lembrou de todas às vezes em que se sentiu inseguro depois da partida garota para Londres e teve a certeza que nunca mais conseguiria ter a oportunidade de tê-la em seus braços uma vez mais. Sem pensar direito e por costume (e desejo) ele encostou seus lábios contra o dela em um selinho saudoso, louco para conseguir maior contato entre suas bocas. E foi ali naquele toque cheio de desculpas e saudades que Camila percebeu o quanto estava com saudades do ex. Seu coração disparou em batidas frenéticas, suas pernas amoleceram de uma forma surreal, e se não fosse pelos braços do garoto a sustentando ela teria caído direto no chão naquele mesmo segundo em que a corrente elétrica percorreu todo o seu corpo em consequência do breve toque de sua boca na de seu ex namorado.

- Não estou acreditando que é você na minha frente. - Con encostou a ponta do nariz no da menina causando outro choquinho elétrico no corpo de ambos. Tinha em seus lábios um sorriso abobado, e seus braços mantiveram-se firmes nas costas da mesma.

- Nem eu. Eu realmente achei que a qualquer momento você iria dizer que era brincadeira. - Cah confessou com as bochechas rosadas e o músico colocou uma mão sobre a maçã do rosto da meninas e iniciou um carinho sem pressa.

- Você tá linda! - ele deu mais um selinho em Cah que o correspondeu apertando o abraço. Sem pensar duas vezes e no ímpeto de um impulso Cah sugou o lábio de Conrado de forma provocativa para instigá-lo a transformar o selinho em um beijo de língua, seu corpo foi atingido por uma saudade avassaladora e uma vontade repentina do beijo do garoto.

- Me beija. - ela disse contra os lábios dele, o corpo de Conrado arrepiou inteiro e sem demorar nenhum segundo se quer invadiu a boca da sua pequena, o chocar das línguas causou arrepios e calafrios gostosos no corpo de ambos. Prolongaram o beijo até a hora em que o fôlego os permitiu continuar. A saudade e a tensão sexual que cada um causava no outro era quase palpável. E a dúvida que perturbou e agitou o sono de Cah durante os três dias anteriores sumiu no instante em que o beijo iniciou. Sim, ela iria passar alguns dias com o "ex" no hotel e daria essa última chance para ele provar que queria que tudo desse certo entre os dois.


Notas Finais


E aííí, lindezas, como foi o feriado?
Eu corri e consegui atualizar hoje!!
Espero que vocês não estejam querendo a cabeça da Camila hahahah.
Um grande beijo e até segunda!

Quer spoiler, me perguntar coisas sobre a história entre contato em:

ask.fm/canaldacaputo


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