1. Spirit Fanfics >
  2. Eyes, Nose, Lips >
  3. É exatamente o que estamos pensando.

História Eyes, Nose, Lips - É exatamente o que estamos pensando.


Escrita por: killjoys

Notas do Autor


Uma semana? Bom, acho que foi por aí que demorei pra vir atualizar vocês, não foi de todo tão doloroso, não é? Terminei o capítulo ontem e já comecei a escrever o novo. Vocês não vão ficar esperando minhas desculpas por muito tempo. Espero que gostem do capítulo e se preparem porque a fase de Lips está chegando. ♡♡

Capítulo 20 - É exatamente o que estamos pensando.


— Mãe, não é o que a senhora está pensando. – Omma suspirou alto, soltando um choramingo. Ela apoiou as mãos nos joelhos, balançando a cabeça em negação várias e várias vezes. Foram longos segundos olhando para a mais velha depois que sai de cima do meu namorado e ambos ficamos um do lado do outro, remoendo nossa culpa.

— Eu ‘tava torcendo pra você não falar isso... É claro que é a droga do que estou pensando, Kim Hanbin! — Ela se exaltou, jogando sua bolsa pro lado e seguiu marchando pra cozinha. Suspirei fundo e decidi que aquela era a hora certa pra conversar. Virei-me ficando frente a frente com Jiwon e segurei seus ombros, aproximando-me para deixar um selinho em sua boca, pedindo humilde e calado que ele fosse embora; assim que a poeira baixasse, o chamaria para conversamos todos juntos.

Tudo bem que aquela era uma boa oportunidade pra ter ele e a minha mãe no mesmo lugar, mas ela estava chateada, era capaz de, se visse a cara de Bobby novamente, jogasse toda a nossa louça branca nele.

— Vai ficar tudo bem? — Ele perguntou e eu concordei num meneio da cabeça, sorrindo fraco logo após. O beijei mais uma vez, porém um tanto mais demorado, podendo enroscar minhas mãos em sua cintura e o abraçando forte. Como se fosse a última vez. — Não vai ficar tudo bem, né?

— Shiu, não pense negativo, hyung. Esse momento iria acontecer uma hora ou outra, eu só o estava adiando demais. Ligo pra você quando puder, okay? — Concordou e enfim nos soltamos. — Te amo.

— Também te amo, vou ficar esperando sua ligação. — E foi embora, abri a porta pra si e tranquei tudo dessa vez. Mordi o lábio inferior e rumei a passos lentos até certo cômodo da casa.

E lá estava Kim Minjae, segurando um copo de vidro com água, o conteúdo já pouco ali, provavelmente por ela ter tomado boa parte. Encostada ao mármore da pia, eu pude ver o peito de minha mãe subir e descer com uma velocidade cronometrada, como se ela tivesse tentando controlar tudo dentro de si; e eu nem me atrevia a julgá-la. Seus olhos fitavam o chão e tinha a leve impressão de que a pessoa certa a começar aquele diálogo era eu. Lá vamos nós.

— Omma? — Chamei-a e com o silêncio dela, decidi continuar. — O que exatamente a senhora pensou ao me ver com Bobby hyung?

— Vocês já agiam assim quando o trouxe aqui pela primeira vez? — Não respondeu diretamente a minha pergunta, contudo, a dela mostrou perfeitamente o que pensava. Peguei uma das cadeiras e me sentei; aquela conversa seria longa e cansativa.

— O que a senhora quer dizer com “agir assim”, hum?

— Você está me testando, Kim Hanbin?! Estou dizendo no sentido de ficar junto, abraçar e beijar com paixão, que merda! — Disse tão repentinamente que até se surpreendeu com as próprias palavras. Soltou o ar preso nos pulmões e tratou de colocar o copo fora de seu alcance. — Vocês dois são como o Jinhwannie e aquele garoto?

Éramos como Jinhwan e Junhoe? Meu melhor amigo e seu ex-namorado não se desgrudavam nunca, por onde quer que fossem, era a mão de um no braço do outro. Dividiam lanches e bebidas entre si, dividiam assuntos banais e até confidências entre si... Dividiam beijos e carícias. Foram raras as vezes que vi aquele casal discutir por um assunto sério antes do – possível – término e todas elas foram muito bem resolvidas com boas palavras e paciência; o senhor Kim de todas as graças estava estudando para se tornar um advogado, afinal de contas.

Será que o meu relacionamento com Jiwon hyung era igualzinho ao que meu amigo teve com o garoto dançarino? Será que éramos o espelho do casal vinte?

— Não, omma. — E ela me fitou curiosa. Sorri ameno. — Nós somos Hanbin e Jiwon.

O silêncio reinou entre nós por um bom tempo, a matriarca me olhava com uma mistura estranha que não soube decifrar e eu... Fiquei esperando ela me dizer alguma coisa. Achando que não sairíamos daquela pausa, mamãe saiu da cozinha, chamando-me no murmúrio quase mudo para que eu lhe acompanhasse. Não precisamos andar muita coisa, ela abriu a porta da frente e sentou desleixada na grama do nosso pequeno jardim, nem se importando se sujaria o vestido.

Sentei ao lado dela, curvei minhas pernas e abracei os joelhos. O sol estava quente como sempre, porém, as nuvens eram grandes o suficiente para tampar parte daquela luminosidade toda. Ao encostar minha têmpora no joelho, com a mão livre agarrei o colar com o pingente dourado que jazia dentro da camisa. O apertei contra mim, ainda na espera.

— Você gosta dele.

Não foi uma pergunta. Não tinha um chamado interrogativo. Então concordei. Concordei com veemência. Porque eu amava o meu hyung.

— Por favor, omma, não me faça ter que afastá-lo de mim. Eu temi tanto que a senhora iria abominar essa estória, que iria acabar com tudo o que tivemos em tão pouco tempo... Por isso não te contei nada e não, quando o conheceu, éramos apenas amigos, mas meu coração palpitava tão forte quando eu estava com ele... Eu ainda me sinto assim. Ter o Jiwon na minha vida é como me apaixonar todos os dias, todos os dias pelo mesmo cara.

Desde o dia que o conheci, quando ele trombou em mim e derrubou tudo o que eu levava. Foi assim desde que ele me deu seu boné vermelho e indiretamente disse que gostava dele em mim. Foi assim quando me mandou mensagem, quando agarrou minha mão na frente de Sandara noona... Foi assim quando lhe beijei pela primeira vez.

E eu contei tudo a Minjae omma, tudo, sobre a mentira do namoro para entrar na biblioteca até sobre a armação do nosso primeiro encontro. Ela ficou impressionada com tantas coisas que aconteceram em questões de três, quase quatro meses. O tempo parecia passar tão rápido, todavia, nesse meio se desenrolava n e n coisas.

E chegamos onde deveríamos – ou não queríamos seriamente – chegar. Naquela hora, foi mamãe que puxou a conversa.

— Então, três meses são muitos dias e nossa sociedade está tão moderna... Com certeza você sabe mais da vida do que eu quando estava na sua idade...

— Bom, é verdade que estamos muito avançados, mas não quer dizer que eu tenha que saber de tudo, mãe. O que eu deveria saber?

— Não é o que você deveria saber, Hanbin. Por mim você nem precisaria ter conhecimento disso, é o meu eterno bebê...

— Omma?!

— Você e esse rapaz já fizeram sexo, Hanbin? — Bingo. Talvez aquela tenha sido a primeira pergunta a invadir a mente da mais velha quando anunciei “Kim Jiwon é parte da nossa condição namorados”. Ponderei. Olhei pros meus pés e depois pra rua que até que estava movimentada, passando muitos carros e motos. Pigarrei e antes que eu soltasse a primeira afirmação, ela voltou a falar. — Olha, pro seu silêncio quer dizer que aconteceu e ‘tá tudo bem, não posso fazer nada para reverter isso e mesmo que já tenha passado, você ainda está com ele é porque foi bom. Se foi bom, isso quer dizer que ele não te machucou, muito menos tentou algo que você não aprovasse. Então está tudo perfeitamente feito na minha cabeça, vocês transaram e, merda, você vai fazer vinte anos e vai deixar de ser o meu pequeno Binnie...

— Ah, omma!

— É, ‘tá tudo bem pra mim, meu amor. Não vou te incriminar por algo que não tem cabimento. Se você gosta dele e ele gosta de você, okay, ponto final. Iria ser pior pra mim te ver triste estando com uma garota.

E eu congelei. Kim Minjae estava novamente mostrando que era uma boa mãe, que apoiava seu filho até o limite. Tia Kimmy me ensinou que nas questões do amor não se fazia críticas e acho que ela passou essas palavras para minha querida Minjae. Apostava novamente todos os meus wons que omma deu muitas passadinhas na casa de sua irmã para debater sobre o assunto “Junhwan”.

Se estava tudo bem para ela, estava tudo bem pra mim também.

— A senhora ainda quer que eu...

— Quero.

— Nós... — Mais uma vez fui interrompido, porém, foi pelo meu telefone tocando. Provavelmente Jiwon ligando.

Bunny calling...

E não era ele mesmo ligando?! Fazia mais ou menos uma hora que mamãe e eu conversávamos e já deveria está preocupado. Pedi para atender e logo o tinha na linha. Perguntou mais uma vez se estava tudo bem e clamou pela minha ajuda; os gêmeos estavam com ele – por milagre, ele mesmo disse, Hyeri apareceu no apartamento toda curiosa questionando-lhe sobre Mino, mas deixou os meninos – e junto na bagagem viera Donghyuk também, ele precisava estudar para uma possível reposição dos testes e a vinda dos três pestinhas podia atrapalhá-lo. Nada mais justo que eu fosse lá distrair as crianças enquanto ele se esforçava novamente para tirar um 1000.

— Era Jiwon-ssi ligando?

— Sim, ele precisa de ajuda para estudar e era exatamente isso que estávamos fazendo quando a senhora chegou em casa. Aconteceu de ser logo numa cena constrangedora como aquela. — Ela sorriu amena e eu voltei a falar. — Afinal, o que a senhora faz em casa tão cedo? Oh, não que eu esteja reclamando! É porque nunca mais tinha lhe visto a tarde desde que mudou seu turno.

— Um dos donos passou mal e o restante da presidência nos liberou até uma melhora do senhor Yoon.

— Ah, certo... Omma gostaria de vir comigo? Provavelmente Bobby hyung não tenha paciência para estudar a tarde toda, assim a senhora poderá o conhecer melhor.

Eu pensei na mesma hora que ela negaria, que diria está cansada do trabalho, cheia das revelações, sequer preparada para “trombar” com Bobby novamente, mas um Kim sempre podia surpreender ainda mais.

— Okay, seria uma boa.

{bb}

Chegamos em frente a porta do apartamento, o porteiro foi avisado da minha vinda e tratou minha mãe como uma perfeita rainha. Agora sim era um fato pra si que aquele senhor amava conhecer gente nova.

Mamãe parecia inquieta, seu pé batia constantemente no tapete de bem-vindo e isso se dava por enfim saber de tudo o que se passava e agora estava prestes a conhecer o namorado de seu filho. Não tentei fazer qualquer coisa para acalmá-la; era algo do momento.

E ela veria pela primeira vez um contato íntimo entre Bobby e eu se não fosse pela boa visão do mais velho. Bati na porta e Jiwon veio afoito abrir, quase pulando no meu pescoço e me atacando com beijos, sorte que antes de consumar o ato ele viu dona Minjae ao meu lado e tentou disfarçar ao máximo as ações.

— Olá, senhora Kim.

— Olá, rapazinho Jiwon. — E nada mais foi falado. O corredor estava vazio e isso dificultava bastante aquela situação. Bobby mordia o lábio inferior, minha mãe não parava de encará-lo e eu tentava ficar alheio a tudo, viajando pro mundo da lua. Deus ainda parecia gostar de mim e mandou a melhor salvação que eu podia querer: Kim Donghyuk.

— Hanbin hyung, finalmente chegou! — O moreninho exclamou, empurrando Jiwon da passagem e pulando nos meus braços. Mamãe me fitou estranho, talvez estivesse se perguntando por que todo mundo daquela casa queria me agarrar. Peguei o garoto no colo e o girei como o belo bobo por crianças eu era. Donghyuk ria gostosamente e sua ação enfim melhorou o silêncio.

Melhorou pois a risada do Kim chamou atenção de mais gente lá dentro, trazendo-os para cumprimentar dona Minjae com mais e mais surpresas; bem, do tudo que eu havia contado, só esqueci da parte que meu hyung era “pai” de três garotos ainda em fase de crescimento e traquinagens.

— Hanbin hyung! — Yunhyeong e Chanwoo chegaram falando ao mesmo tempo, olhando um para o outro, achando graça da fala de gêmeos.

— Quem é essa, hyung? — E o Song prosseguiu, curioso, chamando mais atenção de Minjae omma.

— Ah, essa é a minha omma, Yunnie. Ela se chama Kim Minjae. — Apresentei, vendo ele se aproximar da maior, estendendo sua mãozinha. Ela aproximou a sua também, acho que mais por educação já que ainda não entendia aquelas crianças ali e ele a pegou com cuidado, puxando pra si e beijando as costas dela; um perfeito cavalheiro. Donghyuk revirou os olhos no meu colo.

— É um prazer conhecer a mãe do meu hyung preferido. Sou Song Yunhyeong, ao seu dispor.

— Onde você aprendeu a falar assim, diabinho?! — O Kim mais velho perguntou retórico, pegando o Song pela cintura e o sustentando no ar como um boneco. — Vamos entrar, por favor. — E eu me perguntei internamente: Onde você aprendeu a falar assim, diabinho?!

{bb}

O relógio marcava quase 17h e Bobby já estava de saco cheio de responder aquelas inúmeras questões. Hanbin praticamente o amarrou na mesa da cozinha e não o deixou sair dali até que pudesse recitar todo livro pra si no fim do dia. Isso o deixou alheio a tudo que acontecia no restante dos cômodos da casa. Só podia escutar algumas risadas e as brigas entre o trio infantil. Porém, até que isso sessou por um tempo, fazendo o Kim estranhar e se “soltar” da cadeira, indo bisbilhotar o que acontecia na sala.

A televisão estava ligada e todos estavam reunidos no tapete e sofá, no entanto, nem todos pareciam dormir profundamente como o seu namorado. Somente a mãe dele olhava para o aparelho, vendo uma maratona de Bob Esponja na Nickelodeon.

Será que ela gostava do desenho ou só estava ali porque não tinha nada pra fazer?

— A senhora não quer mudar de canal, dona Kim? — Ela olhou para o segundo dono da casa e ponderou, acabou negando com um aceno da cabeça. — E comida e bebida?

— Hum, o que você tem aí? — Seria essa a deixa para uma aproximação entre sogra e genro? Jiwon pediu para que ela lhe acompanhasse até a cozinha, seu lugar de estudo.

— A mãe dos meninos deixou alguns lanches aqui, mas acho que o meu hyung ainda tem guardado suas comidas saudáveis.

— Então, eles não são seus filhos?

— Oh, Hanbin não te contou. Não, eu não sou o pai deles. Meu responsável namorava a mãe de dois deles, os mais parecidos. O hyung é enfermeiro e Jung Hyeri, publicitária, ambos são muito ocupados e como o horário dos garotos bate com o da faculdade, me prontifiquei de ficar com eles enquanto os adultos estão trabalhando. Donghyuk é amiguinho de colégio e sua mãe pegou o embalo; cuidava dos três quase em todas as tardes, mas desde que Mino e Hyeri deram um tempo, vejo-os bem pouco. — Disse tudo de uma vez, apenas olhando para as reações da mais velha que balançava a cabeça em afirmação a cada ponto final.

— Certo. E Hanbinnie já sabia deles quando vocês começaram a... Sair?

— Sim. Se a ommoni quiser saber, ele teve a sua mesma reação. Perguntou se eles eram meus filhos e tudo mais. — Sorriu ao lembrar do fato e Minjae acabou que o acompanhando. — Já faz um tempinho que estamos nos falando e se conhecendo, senhora Kim. Só agora viemos tentar um relacionamento sério, então eu peço desculpas pelo o que viu hoje mais cedo, não sabia que a senhora estava para vir em casa e também queria dizer que não somos assim a maior parte do tempo; não tenho o menor intuito de nos fazer um casal inapropriado.

Kim Minjae aceitou as desculpas e o aviso de bom grado, feliz pelas palavras do garoto de fios encaracolados. Elas pareciam ser sinceras e pelo que seu filho disse, Jiwon a trataria da melhor forma possível porque ele não era um rapaz ruim. A única que a incomodou o estômago fora justamente aquela “casal” que ela não sabia encaixar numa frase que Hanbin e outro garoto fosse o significado dela; era demais acreditar que sua única e amada criança era gay.

— Então eles serão meus netos?

— Desculpe, o que disse? — Bobby a fitou, incrédulo. O que ela estava insinuando?

— Disse que, se você não é uma garota, mas já tem pelo menos dois meninos com você, significa que ambos serão agora meus netos. Estou certa do que digo?

— Não sei, a senhora aceita que o Hanbin fique comigo? — Arriscou, vendo ela abaixar a visão, encarando o chão da cozinha.

— Não aceito. — E por um instante o Kim mais novo murchou. — Mas se ele gosta tanto assim de você como me mostrou hoje antes de virmos, então quem sou eu para impedir algo assim? Fui criada encima do modelo de vida conservador, rapaz Jiwon, mas isso não me fez ignorante a ponto de deixar as questões do amor para último plano.

“Eu tenho um irmã viúva de marido e filha, uma melhor amiga com um filho gay e, tenho um filho que optou por amar um garoto igualmente... Tenho quase certeza que você é o primeiro garoto dele em tudo e... Ele gostou de passar por todas essas experiências, pois era você ao lado. Continue cuidando dele como faria se estivesse apaixonado por qualquer outro menino que assim eu verei se posso ‘aceitar’ as condições. Por agora, eu só quero que meu filho esteja feliz e saudável.”

E Kim Jiwon prometeu tudo e mais um pouco, todavia, não afirmou sobre Yunhyeong e Chanwoo; a guarda das crianças era apresentada primeiramente a um dos pais e em derradeiro quesito, aos amigos próximos da família.

E isso era questão para ser resolvida entre Minho e Hyeri. Se é que eles voltariam a falar um com o outro novamente.

{bb}

— Você está quieto, Jinhwan. — Ao ouvir seu nome, o rapaz deixou seu estado de transe, olhando para aquele a sua frente. Taeyang estava lindo, os fios cor de rosa penteados pra trás no intuito de parecer mais sério e sua roupa não passava despercebida. Pra falar a verdade, aquele homem por inteiro não passava despercebido. Naquele instante Jinhwan se perguntou: o que ele havia visto em si?

Sorriu sem graça e voltou a espetar o frango com o garfo. Taeyang não usava nenhum tipo de utensílio coreano, seu estilo de vida já estava tão americanizado que o menor se sentiu jantando com um estrangeiro.

— Desculpa. É que não estou acostumado a comer esse tipo de comida, o mais perto que chego é a pizza, a macarronada... Sou um coreano que ama suas raízes.

— Oh, eu é que peço perdão. Não sabia o que você gostava de comer, por isso apostei nas minhas refeições na Califórnia. Podemos sair para comer em algum restaurante aqui perto... Ou longe, não sei, você é meu convidado. — Ele parecia um cavalheiro, mexendo nos fios rosa, mostrando que estava preocupado para que tudo saísse nos conformes. E Jinhwan se arrependeu por ter “reclamado” da comida; ele era, realmente, um convidado e Taeyang só estava querendo lhe agradar.

— Não, não, nós vamos comer aqui e vamos comer da sua comida. Esqueça o que eu disse, é que costumo ser um tanto rabugento no primeiro encontro. — E Taeyang riu anasalado, Jinhwan era uma figura. — Podemos tomar alguma coisa antes do jantar?

— Com certeza, você toma vinho? — O menor assentiu, deixando o mais velho aliviado. Uma ele tinha acertado. — Ótimo, podemos tomar algumas taças enquanto te mostro a casa. Acho que você vai gostar bastante da minha estante de troféus.

— Troféus?! Hum, o que um cara como o hyung fazia antes de se tornar um arquiteto? — Perguntou, aceitando de bom grado a primeira taça parcialmente cheia do líquido escuro.

— Eu fazia dança de rua, quase cheguei a me formar em dança. — Merda. Se Jinhwan não tivesse segurado o vinho na boca, ele voaria pela sala toda. Merda e merda. Taeyang era meio que “graduado” em dança e o mais novo não podia está mais fodido. Olhar para aquela estante cheia de troféus fez o seu estômago embrulhar. Merda, merda e merda. Junhoe estava para se formar em dança e ao fitar aquele monte de canecas gigantes, ele só conseguia ver seu ex-namorado (?) sorrindo lindamente, os erguendo como se fossem seus.

— Quantas garrafas de vinho você comprou pra hoje, Taeyang hyung?

— Três, mas acho que exagerei.

— Não, está ótimo. A terceira é minha... Ela toda. — E engoliu o conteúdo da taça numa golada só. Era melhor já começar a se embriagar de uma vez.

E eles continuaram na bebedeira até mais ou menos dez horas da noite. O mais velho trouxe alguns petiscos e Jinhwan ficou os beliscando enquanto sorvia o vinho, taça após taça. Sequer tocaram no macarrão americano, muito menos tiveram algo voltado para casais. Fora praticamente um encontro casual de amigos que não se viam há muito tempo e agora colocavam a conversa em dia; Taeyang falando sobre sua vida visitando casas luxuosas para ajustá-las ao gosto dos donos e o outro Kim, os estudos árduos com leis penais e a futura profissão de advogado.

Era o que Jinhwan esperava daquele primeiro encontro formal. Mesmo que já tivesse passado dias e mais dias que o episódio do término sem pé e cabeça havia acontecido, o pequeno não conseguia esquecer. O que teve com o garoto dançarino não foi efêmero, longe de toda a definição de tal palavra, Junhoe e ele foram algo sério demais para jogar no baú e seguir o caminho da vida. Jinhwan queria poder esquecer, mas parecia impossível.

Tão impossível que a noite terminou antes mesmo do relógio marcar meia-noite. Taeyang, meio alterado pela bebida alcoólica, estendeu ao mais novo um cobertor da cor daqueles que forravam a sua enorme cama de casal e lhe deu toda a liberdade para transitar pela casa, caso quisesse ir ao banheiro, comer ou beber. Eles assistiram televisão por uns vinte minutos até o dono do casarão avisar que estava sonolento e precisava acordar bem para o outro dia; o trabalho lhe esperava.

Seu cabelo róseo caiu para o lado quando se aproximou do menor, afastando o lençol e se embrenhando ali. Antes de dormir, ele deixou em Jinhwan um longo e quente beijo, com direito a passar suas mãos pelo quadril alheio e puxá-lo para o seu calor. O estudante de direito nada fez além de corresponder ao ósculo, porém, seus tronco e membros se mantiveram na defensiva, parados e obedientes ao seu cérebro.

A ideia de avançar as coisas com aquele cara mais velho não era mais tão convidativa para Jinhwan. Por isso apenas findou o beijo e lhe desejou boa noite, virando seu corpo, agraciando-o somente com o abraçar por trás.

2h01min da madrugada e Taeyang ressonava baixinho em seu ouvido, contudo, aquilo não era o suficiente para acalmar o outro; ainda se mantinha acordado, com os olhos abertos e fitando a claridade que a lua dava pela janela aberta.

Foi quando o celular tocou e seu corpo tencionou por inteiro. Apenas um ser tinha a frequência de lhe ligar por aqueles horários, e após alguns acontecimentos, tornou-se dono daquele toque.

Around era baixa, se o cômodo não estivesse em completo silêncio o pequeno nem iria ouvi-la de primeira. Ele atendeu, ele precisava atender.

Alô, Jinhwan? Caso tenha deletado o meu número, é o Junhoe. — O pequeno suspirou pesado. É claro que sabia que era Junhoe, o seu Junhoe. Por mais que ele tivesse sim deletado aquele número, sabia de cor a sequência, além de que a voz era facilmente reconhecida por quem tanto a ama. O Kim não soube exatamente o que falar, fora uma ligação tão repentina... O que ele queria?

— Ah, er, oi, June. Precisa de alguma coisa?

Não, eu... Eu só queria lhe desejar boa noite, meu amor. — Droga, aquilo havia sido demais pra si. June não tira o direito de ligar no fim da noite, quando estava no meio – ou nos derradeiros minutos – de seu encontro com Taeyang, desejando-lhe boa noite.

Assim como ele fazia toda santa noite desde que começaram a namorar, seja por mensagens, ligações ou pessoalmente. Ele sempre lhe desejava uma boa noite de sono, e com aquelas palavras, Jinhwan dormia feliz.

Talvez o pequeno reagiria normalmente se as últimas duas palavras não tivessem aparecido naquela frase. Meu amor... Então queria dizer que o Koo ainda o amava?

— Boa noite, Jun. Sonhe com os anjos... Eu... Eu... — Não conseguia dizer, o orgulho era maior que sua força de vontade.

Eu também te amo, hyung.

{bb}

Lá para as 3h da madrugada, Song Minho chegou em seu apartamento. Visivelmente cansado e com sono, ele logo tratou de pegar um cobertor em seu quarto para cobrir Jiwon num sofá e dar um beijo em cada uma das duas testas ali; a do seu amigo Kim e na de Yunhyeong. Donghyuk dormia na cama de Bobby em meio a alguns mangás e Chanwoo se embrenhava nos lençóis do Song enfermeiro.

Ele desligou a televisão e jogou o jaleco para qualquer lado – se preocuparia com a bagunça mais tarde, quando tivesse bem descansado e novo em folha. Iria para o seu quarto, se juntar ao pequeno Jung, mas a campainha tocou, deixando-o intrigado; o que alguém além do porteiro ou do síndico iria fazer ali batendo em sua porta? Surpreendeu-se quando viu.

— Desculpe o horário, senhor Song, mas foi o mais propício que achei para uma conversa entre nós. Creio que não me conheça pessoalmente... Me chamo Song Hyunuk, sou o pai de Yunhyeong e Chanwoo. — E Mino achou interessante aquela vinda. Hyunuk era uma versão mais velha dos garotos, com os lábios cheios do irmão mais velho e as bochechas gordinhas de Chan.

Ele logo perdeu o sono, ainda cansado, mas podia receber a visita na pequena varanda após a cozinha; esperou que ele também curtisse um cigarro ou uma garrafa de soju.


Notas Finais


Olá, eu queria fazer umas perguntas pra vocês. Acham que os capítulos estão grandes demais? Tipo, que o ideal seria não passar das 3k? E o rumo da história? Estão gostando dela? Preciso saber a opinião de todos.
Sobre esse finalzinho, sabe o que te espera, Laila? *cof, cof* Lá vem aquele namsong maroto *cof, cof*
Amo todos. ♡♡♡


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...