História Faceless : The Diary of Anthony White - Anthony's Diary - Part 2

Anthony's Diary - Part 2

Eis aqui a segunda vez que escrevo nesse diário. Hoje acordei com uma dor infernal, sentia que minha cabeça iria explodir. Com certeza foi por causa da garrafa que me acertou...
Sonhei novamente com o homem alto, ele parecia estar me perseguindo numa floresta. Esse foi o pior pesadelo que tive.
Era mais um dia de aula, então tive que me aprontar para passar o dia no lugar que mais detesto. Não pelas aulas e professores, mas por causa de algumas pessoas... Havia pego minha bolsa e minha câmera, a qual coloquei pendurada no pescoço pela alça. Tentei sair despercebido, mas fui barrado pelo Peter. Foi a primeira vez que ele acordou cedo, até mesmo antes da minha mãe.

"Não passe do horário de voltar para casa, ouviu bem, garoto?"

Foram as únicas palavras que ele disse. Apenas concordei com a cabeça e passei por ele, seguindo meu caminho. Eu estava com... medo?...
Caminhei até a parada de costume e me surpreendi ao ver a Kim sentada. Não por isso, mas pelo fato dela ter chegado primeiro. Apesar da conversa no dia anterior, eu fiquei com receio de começar um diálogo, então apenas me sentei.

"Bom dia... Acho que esqueci de me apresentar..."

Ela disse se aproximando.

"Me chamo Kimb..."

Ela tentou falar, mas eu a interrompi antes que terminasse.

"Eu sei quem você é..."

Essa foi definitivamente a pior coisa que eu fiz, e com certeza ela deve ter ficado assustada pela expressão. Eu sou muito estranho e realmente pareço um "stalker"...

"Mesmo? Achava que ninguém soubesse, ou pelo menos grande parte dos alunos"

Kim disse um pouco tímida... ou constrangida, não consegui distinguir muito bem...
Antes que eu pudesse responder, o ônibus chegou e subimos. Dessa vez, sentamos juntos.

"Sou Anthony White"

Retomei o diálogo ao dizer meu nome e ela se surpreendeu novamente.

"Temos sobrenomes opostos, isso... Parece engraçado"

Kim riu. Ela parecia mais a vontade.

Conversamos mais um pouco sobre assuntos meio aleatórios ou vagos e fiquei me perguntando como ela teve coragem de conversar comigo. Eu diria que o restante do dia foi perfeito, mas não foi isso que aconteceu...
Depois de um longo e tedioso tempo com as aulas de matemática (eu não presto atenção, acho que sou retardado demais para essa matéria), o sinal tocou para o intervalo. Não sabia se deveria esperar a Kim, então simplesmente saí da sala e caminhei até o refeitório. Porém, parei de andar ao sentir um leve puxão atrás de mim pela minha blusa. O primeiro pensamento que veio à minha cabeça foi "Richard vai me bater", mas não era ele. Na verdade, era a Kimberly, e logo passou a me acompanhar. Ela realmente queria ser minha amiga?...

Após pegarmos nossa refeição, decidimos procurar uma mesa, mas, no caminho, Richard agarrou e puxou meu cabelo, não com muita força, mas forçou os ferimentos causados pelos cacos da garrafa. Ao sentir a dor, acabei derrubando minha bandeja ao chão, chamando a atenção de algumas pessoas próximas.

"Presta mais atenção por onde anda, olha a sujeira que você fez"

Ouvi ele falar enquanto segurava a risada.

"Você que causou tudo isso"

Kim o respondeu enquanto eu sentia o sangue quente cair da minha cabeça.

"Está defendendo ele agora?"

Richard perguntou e percebi que ela ficou com um pouco de medo de responder. Antes que a discussão continuasse, corri até o banheiro masculino sentindo minha cabeça arder. Rapidamente liguei a torneira e molhei todo o meu cabelo. Não queria que soubessem sobre isso...
Eu fiquei dentro de uma das cabines do banheiro por um tempo, até ouvir alguém bater na porta. Parecia ser o professor de química. O nome dele é Victor Petersen.

"Anthony, está tudo bem? Kimberly disse que você correu para cá e parecia estar sangrando"

Ele batia na porta sem parar, mas eu não respondi até ele ir embora. Provavelmente o professor deve ter notificado a diretora, pois ninguém da diretoria me procurou com alguma punição por não assistir a aula...
Ao ouvir o sinal tocar para o término das aulas, decidi finalmente sair e pegar minha bolsa na sala. Mas Kim já estava me esperando na frente do banheiro com a mesma em mãos.

"Peguei sua bolsa"

Ela falou me entregando e eu a peguei em silêncio. Permaneci assim até pegarmos o ônibus. Então, quebramos o gelo e voltamos a conversar.

"Desculpa por te fazer passar pela aquela situação humilhante..."

Falei após um suspiro de alívio.

"Não precisa se desculpar. Você está bem? Eu vi sangue cair da sua cabeça..."

Ela perguntou se voltando para mim.

"Estou, eu... Bati minha cabeça hoje cedo, o puxão deve ter forçado..."

Me recusei a falar a verdade. A verdade que meu padrasto é um vagabundo agressivo.

"Vou ter que descer agora, hoje vou passar na casa da minha tia"

Kim explicou já se levantando.

"Quer que eu te acompanhe?"

Eu acabei perguntando, mesmo estando bastante constrangido.

"Tem certeza? É um pouco distante..."

Ela falou com um pouco de receio, mas eu concordei com a cabeça. Sabia que poderia chegar tarde em casa, mas não queria que a Kim fosse sozinha... E eu o fiz. Deixei ela na frente da casa da suposta tia e voltei a pé para casa. Pelo menos eu havia ganho um abraço, e a Kim ficou meio constrangida após se dar conta do que tinha feito.
Apesar disso, me lembrei do aviso do Peter e passei a correr o mais rápido que pude. O céu já escurecia. Corri até ficar ofegante e sem fôlego, mas consegui chegar. Infelizmente, atrasado... Tentei entrar sem fazer barulho, mas fui recebido com um soco bem forte no ombro, o que me fez cair no chão de dor.

"Eu avisei para não chegar atrasado, mas você fica vagabundeando por aí!"

Ele gritou e chutou minhas pernas. Eu apenas arrastei no chão, me afastando dele. Peter apenas desvoou a atenção quando minha mãe interferiu e o manteve longe. Em meio a discussão, ouvi ele dizer algo como "Eu que pago a escola dessa garoto e as contas dessa maldita casa"... Embora eu quisesse defender minha mãe, era verdade... Então subi para o meu quarto e me tranquei...
Peter tem a posse da herança dos pais, por isso não trabalha. Ele paga nossas contas... Isso é deprimente... Mas minha mãe disse que iria fazer tudo para me dar uma vida melhor...
Essa é uma vida sustentável?...

[...]