História Facetas do amor - Manjar dos Deuses

Anteros desce as escadas, um cheiro doce empesteia o ar, ele percebe vir da cozinha onde Cora mexia algumas panelas distraída, Anteros se senta a mesa, ele nunca havia comido comidas humanas antes e estava curioso, é claro que no reino dos deuses havia comida, mas apenas frutas e vinho, cora se vira e da um grito sufocado quase caindo no chão.

— Oh, que susto, Anteros você quase me mata do coração — Anteros não achava isso possível, mas não quis comentar — Você pode chamar o James para mim? O almoço está pronto.

— Eu irei — Anteros volta a subir as escadas e desta vez vira a esquerda em direção ao Quarto de James

Ele repara agora em uma foto no corredor de cora, James e possivelmente seu pai, Anteros imagina como seria ter nascido naquele lugar, ele desvia o olhar e vai até a porta do quarto, James estava deitado com o braço por cima do rosto, seus cabelos negros um pouco bagunçado caia em cascata no colchão, ele deitado ali fazia Anteros ter vontade de ficar apenas observando, os humanos pareciam mais frágeis ainda enquanto dormiam, ele se encosta na parede e fica alí observando, James tira o braço da frente do rosto e ao olhar para o lado e ver grandes olhos azuis o observando ele quase cai da cama.

— O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO? PORRA! — Anteros se assusta, ele fica sem resposta para aquilo— QUE SUSTO!

— Desculpe — James olha confuso, Anteros queria entender o que tinha feito de errado, os humanos eram tão cheios de emoções que o deixavam confuso — Eu não entendo, você me observou dormindo no hospital, por quê eu não posso fazer o mesmo?

— É completamentente diferente... eu estava de olho para ver se você estava bem, porque você estava machucado. — Ele respira fundo, Anteros se encolhia um pouco com o tom raivoso de James — Isso daqui é apenas... assustador e muito bizarro.

Anteros ainda não entendia, os humanos com certeza eram muito complicados para ele entender, ele não queria que a primeira pessoa que o ajudou não gostasse dele, isso dificultaria muito as coisas, mas parecia que James não era um dos seus maiores fãs 

— ...Sua mãe... chamou para comer. — Anteros diz e sai rapidamente do quarto, ele volta para a cozinha e se senta abaixando a cabeça, em poucos segundos Anteros ouve sons de passos na escada, James chega na cozinha e fica o mais longe possível de Anteros

— Hoje eu fiz um prato especial para comemorar a chegada do Anteros — Cora sorria, Anteros gostava de ver sorrisos, sempre melhorava seu dia — Lasanha de abobrinha

— ... — Ele se senta sem dizer nada, seus olhos rolam ao ver a travessa

James só olha uma vez para Anteros que sorri tentando passar a calma que ele próprio sentia ao ver um sorriso, James vira o olhar, ele não parecia ser muito uma pessoa aberta para conversar, mas Anteros não o achava uma pessoa ruim, James tinha ficado com ele enquanto estava desacordado afinal, cora coloca uma travessa com uma massa borbulhante na mesa, Anteros não sabia o que era aquilo, mas estava curioso para descobrir, ele pega um pedaço e da uma colherada, era a melhor coisa que ele tinha comido na sua vida, a massa derretia suavemente na sua boca, ele come o pedaço em poucos minutos, aquilo era incrivelmente saboroso.

— Essa é a coisa mais gostosa que eu comi em milênios. — Cora e James olham confusos com as escolha de palavras de Anteros, mas ignoram pensando ser uma expressão de algum lugar do país

Anteros come mais um pedaço daquele presente divino, ele aumenta sua lista de coisas que precisam ter no mundo dos deuses, Cora ri ao ver a empolgação do garoto que se deliciava a cada colherada da sua comida, fazia tempo que ninguém comia com tanta voracidade.

— Anteros, o doutor disse para mim que você precisava criar uma rotina comum, para ajudar as suas memorias, então eu liguei para diretora da escola aqui perto e expliquei a situação e ela disse que você pode assistir as aulas a partir dessa semana. — Anteros não entendia nada que ela estava falando, então resolveu concordar com a cabeça fingindo compreender tudo, Cora não pareceu desconfiar — Mas já que você não tem documentos não é um aluno da escola, esta mais para um observador.

— Obrigado... eh parece.... legal. — Anteros torce para que estivesse certo na sua resposta, e como ela sorriu ele se sentiu aliviado, James não parecia nem um pouco feliz, talvez ele não quisesse ter que dividir sua vida com um garoto que quase morreu na sua frente é uma possibilidade.

Anteros conhecia o conceito de escola, a Era greco romana foi um marco dos deuses, foi uma época onde suas magias eram tão fortes que eles podiam ver a terra e também se materializarem, eles não iam de verdade na terra, só sua imagem ia, mas todo o conhecimento da humanidade que ele tinha foi adquirido naquele tempo, Anteros tem flashes dos deuses entregando as dadivas a ele, Anteros tinha esquecido completamente e se sente em pânico.

— Tinha uma bolsinha comigo, quando eu... eu preciso daquela bolsa. — Cora vê o desespero nos olhos de Anteros, ele tinha lembrado de alguma coisa, isso era um avanço — Cadê ela? Eu... eu...

— Eu... peguei... tá tudo aqui. — James tira a pequena bolsa de pingentes sem entender muito bem qual era a importância dela — Por quê você tem isso?

— ...Amuletos... da sorte — Ao falar de sorte Anteros lembra de Luciliana ele pega o pequeno pingente com um trevo cravado e começa a esfrega-lo na sua pele, sentindo o frio do metal

Seria bom Anteros ir para essa escola, lá ele poderia conhecer outras pessoas para fazê-las se apaixonar, ele conseguiu juntar os casais mais diferentes do mundo então poderia juntar alguns agora, seria como romeu e julieta só que sem a parte da morte se possível, Anteros precisava ir logo, ele sentia a magia diminuindo e se tornando selvagem dentro dele, ele sente suas costas coçarem onde a tatuagem escurecerá.