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História Fae - Segunda Temporada - Capítulo 2


Escrita por: scarlet-lp

Notas do Autor


Boa Noite!

Conforme prometido, trazendo mais um capítulo de Fae - Segunda Temporada.
Agradeço os comentários e os favoritos e espero que gostem deste cap!

Meus parabéns ~Anynn, eu te desejo toda a felicidade do mundo!

Recomendo para a leitura a música: Some de Soyu feat Junggigo ( a letra tem um sentimento similar...ao do couple e ela é gostosinha ^^ ) Link nas notas finais caso queira~

Boa Leitura!




Anotações: Betado em 05.02.17

Capítulo 2 - Capítulo 2


Fanfic / Fanfiction Fae - Segunda Temporada - Capítulo 2

O resto do dia e a maior parte da noite parecia passar voando,embora não fosse muito tarde ainda. Kyungsoo observava à distância o fae que amava. Minseok parecia muito concentrado lendo um livro grosso e volumoso.

Da árvore em que o meio-fae estava, tinha uma visão muito boa de Observarium, a biblioteca transparente de Promisillian. Se sentia bastante aliviado naquele minuto, simplesmente por poder ver o mais velho só; não que o quisesse solitário, mas o fae costumava sempre estar acompanhado de alguém do conselho ou mesmo Yuwo, era raro ter a oportunidade de contemplá-lo sozinho. Quando era pequeno o mais velho costumava passar horas consigo, somente os dois, mas à medida que ele fora crescendo o tempo fora se reduzindo. Era assim que queria lembrar dele antes de ir, lindamente concentrado ao invés de ao lado de Jongdae e seus sorrisinhos piedosos ou mesmo tendo a si mesmo afastado pelas mãos perfeitas do fae.

 

— Você está há muito tempo aí, Kyungsoo? Aconteceu algo? — Luhan aparecera repentinamente o surpreendendo.

 

O coração do meio-fae quase visitara sua garganta tamanho o susto que tomou, mas mesmo tempo olhara rapidamente para o local onde o seu consorte estava, para se certificar que não chamara atenção para ali.

 

— Ops. Desculpe, não percebi que estava bancando o espião. Aliás o que há com os apaixonados, hein? Parece o Suho quando me assistia tomar banho. — Luhan falara rindo um pouco, porém sua mente fora um pouco distante no que imaginara e quase acrescentara a Kyungsoo que achara bem mais interessante quando o marido participava dos banhos.

 

—Tudo bem, eu ia te ver em breve mesmo. Eu estou aqui dizendo adeus ao Minseok, mesmo que à distância. — Respondeu de maneira leve, porém com um olhar que deixava entrever tristeza. Empreendia na voz mais coragem do que realmente tinha.

 

O fae de cabelos loiros quase revirara do galho e caíra para trás.

 

— Como assim? — O loiro arregalara os olhos após se ajeitar novamente onde havia se sentado precariamente.

 

Kyungsoo olhara fixamente para os olhos do loirinho. Luhan se tornara seu amigo. Era um dos poucos que não o via como uma criança de fato, mesmo Sunshine que sempre fora uma grande amiga de Yixing — e estendera a amizade para si —, sentia a necessidade de protegê-lo. O fae de cabelos dourados, entretanto, havia passado por uma situação como a sua, não igual, mas sabia o que era ter um consorte idiota. Se alguém poderia entender seus motivos profundos e talvez até lhe confirmar que fazia o certo, provavelmente seria aquele fae.

— Promete não contar a ninguém e selar um acordo de segredo por meio de magia? — Pediu de forma delicada, sem deixar de fitar Minseok vez ou outra. Agradecido por ter aprendido cedo a bloquear as visões que seu consorte tinha consigo; seria muito ruim se Minseok tentasse demovê-lo de ir. Se o irmão e Yixing, e depois Luhan reagiram de maneira surpresa, imaginava o que o mais velho não faria se o amasse. Suspirou por estar se deixando ser pessimista, não queria alimentar aquilo, era perigoso.

 

— Prometo. Embora isso me preocupe mais ainda. Tenho que jurar de que maneira? — Luhan indagou se preparando para selar o pacto.

 

Kyungsoo fitou o fae de cabelos rosas por alguns minutos, deveria pedir a Luhan que não contasse nada a ninguém, porém se sentia mal em fazer o marido de alguém esconder um segredo como esse do parceiro, ainda mais porque a flor apareceria no corpo de Luhan e isso sem dúvida Suho notaria.

 

— Eu quero que jure que não contará a Minseok nada do que eu lhe disser, não vou proibi-lo de contar a Suho e exceto à ele, mas se puder não o deixe contar a ele. Eu fiz até mesmo meu próprio irmão e Yixing jurarem tudo incondicionalmente. — Confessou. — Mas creio que você não tentaria contar ao Min. Acho que é o único que pode me entender um pouco.

 

— Sem problemas, Soo. Eu juro não contar ao seu consorte nada do que me disser. — Pegou a mão do moreno e então invocaram a magia fazendo com que a tulipa aparecesse. —, Agora me diga, qual o tamanho do problema para que estejas a utilizar pactos mágicos antigos como se não confiasse em ninguém. — Indagara após jurar antecipadamente ocultar fatos que sequer conhecia e viriam a seguir.

 

Kyungsoo se permitiu uma risadinha soprada.

 

— Eu confio em todos, mas dificilmente alguém confia em mim, ou que eu possa me cuidar, então antes que todos acabem sabendo de meu paradeiro ou de meus problemas pessoais eu recorri a isso. Eu estou indo para o mundo humano, Luhan, por um tempo, talvez até o tempo que falte para eu completar os vinte anos e ser considerado um adulto com duzentos e setenta ou algo assim. — Desabafou.

O outro apenas o encarou, esperando que ele completasse suas palavras, sabia que havia mais.

— Cansei de ver todos com quem me importo me protegendo. E ele — apontou para o fae um pouco distante deles —, me tratando como uma criança ao invés de um noivo adolescente. Talvez ele até queira romper, a julgar pelo tempo que anda com aquele cara, e não esteja querendo me dizer, não sei e cansei de esperar para saber.

 

Luhan sentira um frio no estômago. Ele realmente entendia aqueles sentimentos — não todos como por exemplo ser tratado como criança—, mas cinquenta anos de rejeição do próprio consorte deixa suas marcas em um fae. Imaginava que para um meio humano como Kyungsoo era igualmente doloroso em algum ponto. Fora o gênio do rapaz que era diferente do seu próprio em muitos pontos. Queria negar que Minseok tinha qualquer relação com outra pessoa, isso não fazia o gênero do conselheiro, ele era um fae muito correto, ajudou-o inclusive a se entender com Suho, todavia discutir com o rapaz após ele ter tomado sua decisão não parecia direito, estava feliz por ter feito a promessa mágica naquele instante.

— Você ficou inseguro, não foi? — Perguntou sem disfarçar o olhar compreensivo. ­— Minseok é tão idiota quando o Suho, ao que parece.

 

— Sim, eu admito. Eu tentei muito me aproximar... de todos os jeitos. — Afirmou lembrando-se das vezes em que tentara beijar ou abraçar o fae. Demonstrar qualquer afeto que pudesse ser interpretado com um noivo a buscar atenção de alguma maneira.

 

Luhan revirou os olhos só em imaginar o quanto o mais novo deveria estar confuso, ele tinha trezentos anos quando passara por tudo aquilo com Suho, a exatos onze anos atrás, o rapaz a sua frente entretanto, não era tão tímido quanto ele próprio fora, para apenas subestimar a si mesmo em silêncio e deixar o tempo passar. Kyungsoo  era persistente, teimoso e muito determinado, e se estava abandonando o jogo assim, algo muito ruim estava em sua mente.

 

— Quando você vai? — Perguntou admirando o rosto bonito do meio-fae que um dia fora uma criança muito franca.

— Daqui a pouco e ele não sabe e nem deve saber, ao menos até eu ter partido. Estou indo para crescer e me tornar alguém em quem se possa confiar e deixe de causar preocupação, e para ficar longe dele ou vou socar esse idiota por me trocar. — Revirou os olhos um pouco, rendendo-se a falta de confiança e o ciúme por uns instantes. .Sentia-se magoado por não ter mais a companhia do mais velho, mas preferia brincar sobre Minseok ter algo com Jongdae do que acreditar naquilo em silêncio.

 

— Não acho que seja assim, ele é decente, Soo. — Luhan finamente defendera o amigo, mas era inquietante e irritante que a situação houvesse chegado àquele ponto. Talvez ele mesmo batesse em Minseok no lugar do moreno diante de si. Há muito tempo não ficava chateado como estava.

 

O mais novo apenas assentiu com a cabeça. Não conseguia esquecer nada daquilo, estava de cabeça cheia e ainda teria que explicar a Sunshine. Seria uma longa noite.

 

* * *

 

— Eu vou com você! — A Sezart teimosamente afirmava.

 

— Eu preciso ficar só, noona. — Kyungsoo retrucava pacientemente.

 

Era quase meia noite e como prometido ele havia explicado tudo à fae, sabia que ela ficaria brava, sabia também que iria querer ir consigo ou chamar atenção do Minseok, o feitiço a impedia de executar a segunda coisa ao menos.

— Eu sei... — A mais velha suspirara derrotada. Mesmo que Kyungsoo não explicasse muito entendia perfeitamente o que ocorria, agradeceu com os olhos quando o menor somente a obrigou a prometer não contar-lhe o paradeiro porque não sabia se conseguiria se conter e não dizer fae conselheiro o quanto ele tinha sido irascível, por outro lado o moreno a sua frente confiara nela, não poderia ir contra a vontade dele.

 

— Vamos começar a magia, antes que eu chore. — A fae posicionou-se após dar a poção ao mais novo e preparou-se para lançar o feitiço de transmutação. Yixing e Sehun também estavam ali, ambos um tanto calados devido o nervosismo e sem emitir nenhuma palavra enquanto a discussão se seguia entre a fae e o mais novo.

Kyungsoo conhecia o mundo humano, vivera nele uma parte de seus dias, era bem mais do que muitos faes tinham em termo de conhecimento.

A luz então tomou o meio-fae e ele passou a sentir aquele calor estranho dentro de si e uma vontade de rir, notou então que sobrevoava e sabia que nesse momento mudaria de tamanho. Em breve estaria em outro lugar.

 

Mal ele cruzara o céu e, em Promisillian, começou a chover.

 

Não muito depois Kyungsoo pousava em uma cobertura, diante de uma espécie de jardim construído no terraço. Ainda estava um pouco desorientado, pois há muito tempo não fazia aquilo. A luminosidade deixava seu corpo devagar, a cada segundo menos brilhante, retinha suas memórias devido a poção que Sunshine lhe dera, para que as retivesse. Ao se levantar olhou em torno por alguns instantes apreciando o vento um tanto frio das noites primaveris em seu rosto, e a sensação estranha do chão duro — muito diferente da maciez da grama verdinha ou das pétalas de flores—, e então levantou-se devagar e se dirigiu lentamente ao parapeito do terraço.

Uma cidade iluminada se estendeu diante de seus olhos, era o décimo andar de um prédio, da cidade de Busan. Aquele era o único apartamento daquele andar, sentindo-se melhor pelo prédio não ser luxuoso como temia. Amanhã seria um outro dia, ele se matricularia em uma escola humana, não seria difícil se passar por alguém de dezessete anos, era apenas um a menos do que realmente tinha, tampouco fora difícil conseguir documentos que comprovassem sua existência, os faes eram muito bons nisso e ele de fato existira para os humanos em algum momento. Esperava que o convívio com pessoas de sua idade fosse um primeiro passo para aprender a lidar com responsabilidades diferentes. Talvez fizesse faculdade, não sabia quanto tempo ficaria ali.

 

Sentiu-se maravilhado ao tocar os pés nus no chão frio novamente.. Ali seria tudo muito diferente e embora sentisse medo de deixar Minseok sozinho, seu orgulho segurara dentro de si a vontade de chorar ou lamentar. Se seu consorte desistisse realmente de si e gostasse de outra pessoa, seria culpa unicamente dele, não sua.

Concentrou seus poderes em torno do apartamento e o protegeu, então criou uma barreira mais forte em sua mente. Isso manteria Minseok fora, ao menos de seus sonhos.

 

* * *

Luhan acordara naquele dia ainda aborrecido, não conseguia tirar a expressão de Kyungsoo da mente, talvez porque contar tudo a Suho fora difícil para ele mesmo, trazendo à tona muitos sentimentos antigos . O moreno com quem casara, mais uma vez acabara por confessar que o amava mais do que tudo desde aquele tempo e que se arrependia de todos os “nãos” dados para si. Fora ele também, quem garantira ao esposo que o conselheiro iria se arrepender muito de tudo que fizera para afastar Kyungsoo, ao saber que seu noivo fora embora. E provavelmente ficaria muito mal com a situação.

 

Até agora o fae de cabelos loiros estava buscando compaixão dentro de si para com o amigo de cabelos rosados, mas não achava. Nem se conformava de o conselheiro ter se deixado ficar tão próximo de outro fae a ponto de deixar Kyungsoo com sentimentos de derrota. Ele nunca vira aquele rapaz assim e fora um dos treinadores dele durante a educação mágica.

 

Não tratara o meio-fae como criança e decidira não intervir em algo que ele não gostaria. Estava decidido, contudo, a averiguar a verdade embora sua intuição dissesse para confiar em Minseok. Mas se fosse de outra maneira, ele mesmo diria a Kyungsoo para seguir em frente. Existia um limite que um fae poderia suportar e morria de medo que o irmão de Sehun sofresse a ponto de se tornar um feulifae, o mesmo medo que todos que sabiam daquela pequena fuga deveriam ter naquele dia.

Respirou fundo disposto a encerrar todos os segredos do amigo mais novo dentro do próprio coração, esperava poder esconder também a cara amarga que acabaria por ostentar para o lado de Minseok, isso não seria bom.

Adentrara o salão de torre cristal após o fim de uma reunião. Elas aconteciam muito cedo do dia, uma vez por semana ou quando algum conselheiro voltava de viagem. Aeobi e Yuwo haviam partido há poucos dias para visitar Growlland, onde o Rei tinha família, assim aquela reunião em particular fora assistida principalmente por Yixing e Suho atuando no lugar destes.

Não demorara a ver o conselheiro de cabelos cor de rosa a conversar com um grupo de faes. Dimitria ouvia atentamente uma história contada por Jongdae e Minseok estava ali também a prestar atenção nos comentários, bem como Rubi e o consorte dela, Yunho. Pela expressão do mais velho era claro que não sabia de nada— ainda —, Luhan queria estar por perto quando soubesse.

Encarou por um tempo Yixing como se lhe segredasse algo com os olhos e o príncipe imperceptivelmente afastara os dois dedos menores para lhe mostrar a tulipa, o loiro então imitou o gesto indicando estar a par da situação. Em breve contariam a Minseok sobre a partida do menor.

 

* * *

 

— Como assim ele foi embora? — Minseok se exaltara já bastante nervoso. Perguntara por Kyungsoo após a reunião, precisava conversar com ele e se desculpar pelo ocorrido no dia anterior, por não conseguir se explicar corretamente e tentar mostrar ao noivo que o amava, que não era indiferente como parecia, só hesitante, talvez até tentar melhorar aquilo e deixar de ser tão inflexível.

— Ele decidiu passar um tempo fora, é isso. — Yixing verbalizara com cuidado buscando com os olhos por Sunshine, ela fora a menos restringida por feitiço, e a única que não corria um risco grande de sofrer os efeitos dele por falar demais. Ele não se surpreendera pelo fato de a Sezart ter mais liberdade, afinal se Kyungsoo viesse a precisar de ajuda era a única que poderia ajudá-lo rapidamente, mesmo que isso frustrasse Sehun.

— Por que ninguém me explica isso direito? Meu noivo sumiu, não me disse nada e ninguém parece preocupado com ele! — Terminou a frase já murmurando.

— Eu confio nele, por isso não estou preocupado. — Luhan dissera tomando a palavra pela primeira vez. — , E honestamente se você estivesse preocupado com ele teria passado mais tempo com ele ao invés de ficar p­or aí com... — O mais velho tivera os lábios tapados pelas mãos delicadas de Sunshine e a mesma lhe dissera ao seu ouvido. — Deixe ele comigo, eu tenho menos restrições que você e sei exatamente como esbravejar quando é necessário. – A fae concluiu. Ela almejava que Minseok chegasse a algumas conclusões sozinho.

O conselheiro de cabelos cor de rosa estava confuso, sabia que tinha sido muito ruim a conversa do dia anterior, o olhar de Kyungsoo parecia muito determinado, mas derretera como ouro no calor dos sentimentos, tornou-se ouro líquido em um ponto e o sorriso infantil fora também triste, demorou para entender o sentimento daquele sorriso porque nunca tinha visto o mais novo verdadeiramente triste até então. Ele havia ido embora, não havia falado consigo. Literalmente o abandonara para trás.

— Vocês não vão me contar onde ele está, não é? — O fae perguntara em um tom que oscilava entre o aborrecido e o triste.

— Não. — Todos os presentes disseram em uníssono.

Yixing aproximou-se devagar de Minseok, abaixando-se pois o fae havia praticamente se sentado no chão tão incrédulo estava.

— Olha, foi a escolha dele, vai ter que pensar muito bem nas coisas que o fizeram tomar essa decisão pois mesmo que quiséssemos não poderíamos te contar. — E por fim afastou o dedo mínimo do anular mostrando a pequena tulipa ali. — Estamos juramentados magicamente de dizer qualquer coisa que seja. — O príncipe prosseguira cuidadosamente omitindo os níveis de restrições diferentes que Luhan e Sunshine possuíam.

 

— Ele pensou em tudo... — Disse com a voz ainda mais abatida. — Conheço meu Soo, seja o que for, foi demais para ele. Eu deveria saber, quando notei que ele só... desistiu... — Falava de forma confusa como se estivesse em transe. Lembrava-se perfeitamente do mais novo não persistir consigo no dia anterior.

 

Suho olhou rapidamente para o marido, se sentia angustiado, era o único que não tinha ali um pacto mágico direto com Kyungsoo, mas jamais poderia falar algo senão Luhan nunca o perdoaria, sentia todavia certa solidariedade, mesmo que fossem casos diferentes. O fae  loiro, no entanto, apenas negara com a cabeça e ele sabia que isso era algo do tipo: “Mantenha-se quieto, amor”.

 

* * *

 

Fora maravilhoso acordar naquele dia, a cama era tremendamente macia e o moreno rolava de um lado para o outro do colchão. Em sua casa no reino era bom, flutuava, mas tinha algo na substância dos objetos que o fascinava.

No mundo humano era realmente muito diferente do mundo fae, mais do que Kyungsoo se lembrava inclusive. Custara muito a dormir pensando em casa e em seu coração levemente despedaçado. Rejeição doía ainda e corria suas veias como um veneno, ele não sabia porque fora diferente dessa vez, sendo que tantas outras vezes o mais velho lhe dissera não. Pelo visto realmente não gostava de ouvir “não”, pensou dando um sorrisinho triste.

 

Com alguma coragem levantou-se para finalmente vasculhar o pequeno apartamento, coisa que não fizera por conta do extremo cansado que lhe abatera, principalmente o emocional. Chorar lhe irritava e ele não conseguira evitar daquela vez, odiava se sentir frágil então rapidamente engolira as lágrimas ao notar que tomavam o espaço de sua pele imaculada  naquele momento.

Abrira o armário notando diversas roupas utilizadas no mundo humano, poderia distinguir bem a textura de jeans e camisetas confortáveis e tocou o tecido tentando lembrar a sensação. Estava ainda com as roupas bem mais leves, utilizadas no reino e  completamente inadequadas para usar ali, reuniu coragem enquanto executava o ato de trocar de roupa se sentindo outra pessoa ao encarar-se no espelho. Por um tempo seria Oh Kyungsoo, um jovem de falsos dezessete anos, aluno transferido e que morava sozinho.

 

— Eu vou conseguir! — Sorriu para si mesmo. O rapaz sabia que poderia fazer aquilo, superar, amadurecer e não ser o garotinho que amava Minseok — talvez fosse até a hora de ser o homem que ia esquecê-lo—, se não lhe restasse esperanças ao fim do seu tempo ali. O casamento de sua mãe não dera certo, o de Sehun dera. Aparentemente o amor de consorte era questão de sorte. Respirou fundo e saiu pela porta segurando a mochila preparada para si com os documentos.

 

Fora relativamente fácil se matricular, se apresentou como órfão emancipado e vindo de um país estrangeiro, assim não lhe pediram por nenhum responsável por si. Andara muito durante o dia, não somente atrás de um emprego de meio período como também tentando se localizar. Escolhera não ir para Seul afinal seria o primeiro local que lhe procurariam, e ficou feliz ao saber que o apartamento de Yixing era em uma cidade menor. O dialeto ali era variado, mas nada problemático para alguém que magicamente poderia se comunicar em qualquer língua. Presente de sua parte fae.

 

Por um tempo apenas andara pelas ruas, fascinado com a vida das pessoas e suas rotinas, algumas correndo apressados em seu dia a dia, alheias ao mundo.

Uma das coisas mais difíceis de estar só ali, era o tempo extra para pensar. Pensar sobretudo em coisas que não queria. Ainda não haveria matéria para estudar em casa então teria o restante do dia livre. Entrou no mercado um bocado animado, agora teria que comer coisas bem diferentes de sua dieta fae e agradeceu mentalmente por ter sido preparado para aquilo de antemão, escolheu cuidadosamente os vegetais e os demais ingredientes, pegando também vários pacotes de lamen. Curioso escolhera outras iguarias que gostava do mundo humano e que tinha oportunidade de comer apenas algumas vezes como sorvete e chocolate.

A todo tempo se lembrava prudentemente que não poderia sair voando no local, fato que o deixou irritado ao notar certos produtos em prateleiras altas demais. Perdeu-se um pouco procurando temperos e então uma voz atrás de si lhe chamou atenção, um desconhecido com um rosto um tanto delicado falava consigo.

 

— Oi. Você precisa de ajuda? — O rapaz lhe dissera simpático. O moreno pensou em negar, mas estava sem vontade de continuar a caçar as coisas só e talvez o estranho pudesse ajudá-lo a calar os próprios pensamentos.

 

— Hmm... Eu estava procurando os temperos para fazer kimchi e também pimenta... — Respondeu meio inseguro, era o primeiro humano com quem falava em onze anos.

— Ahh! Você está no corredor errado. Esse aqui é para temperos ocidentais. — O rapaz respondera apontando a placa que mostrava ser o “corredor de importados”. — Eu me chamo Baekhyun, a propósito. O vi saindo da diretoria da academia Seoncho-Gu. — O rapaz falara disparadamente.

Kyungsoo o estudou por alguns segundos e por fim sorriu.

— Eu estarei entrando para o terceiro nível de lá. — Respondeu a curiosidade alheia, enquanto caminhava com o estranho para o corredor certo.

— Wow. Sério? Ano bem tenso, não é? Com o CSAT vindo por aí. Eu estou nervoso. — O garoto continuou.

— CSAT? — Kyungsoo indagou ao rapaz a sua frente o fitando com mais cuidado desta vez, ele era bonito, tinha olhos pequenos e era levemente maior que si, não mais que alguns centímetros talvez. Tinha também uma voz agradável.

— O vestibular daqui, você não parece muito inteirado das coisas... — Brincou um pouco ganhando de Kyungsoo um arquear de sobrancelha. Sinceramente o moreno não estava inclinado a dar informações sobre si mesmo no mundo humano, mas haviam respostas seguras a fornecer sem entregar sua origem, não que alguém pudesse imaginá-la.

— Eu vivi quase toda minha vida do estrangeiro. Me mudei aos sete anos da Coréia, só voltei essa semana então realmente não sei muito. — Respondeu em um tom que esperava ser adequado. Era difícil não poder ser menos cuidadoso.

O mais novo assentiu compreensivo.

— Talvez fiquemos na mesma turma, aliás você não disse seu nome. — Baekhyun observou. Nem sabia bem porque se aproximara daquele rapaz, ele simplesmente lhe havia chamado atenção naquele mesmo dia, andando em um colégio sem usar uniforme, de cara imaginou que fosse um novo estudante e estava feliz de ter acertado.

— Talvez... E eu me chamo Oh Kyungsoo. — Deu de ombros sorrindo, ainda um pouco sem jeito. Não era de ficar tímido, mas não sabia realmente como agir.

— Bem eu vou indo agora, as pessoas com quem moro me pediram para comprar macarrão. Te vejo amanhã, Oh Kyungsoo! — E assim o rapaz disparara a correr deixando o moreno sozinho no corredor.

 

— Garoto estranho. — Comentou consigo em voz alta.

 

* * *

 

Fazia um mês desde que Kyungsoo “sumira” e Minseok se sentia a cada dia desanimar mais. Era impossível que ninguém pudesse ajudá-lo. Admitia que o noivo havia sido esperto ao arquitetar aquilo, era como se tivesse preparado tudo para fugir de si de antemão e então estivesse apenas esperando um motivo. Algo que Minseok daria ou não.

O conselheiro fechou os olhos sentindo um gosto amargo na boca, ele sabia que era um idiota e sentia a mesma palavra constantemente atirada pelos olhos de seus amigos, todos pareciam tremendamente aborrecidos consigo, em silêncio. Diabos ele mesmo estava mortalmente aborrecido consigo!

Por sinal, quase todos...

— Ah, você está aí? Pensei que iria mais tarde assistir à apresentação de teatro, está muito bonita esse ano. — Jongdae começara a falar sem notar o humor negro do conselheiro.

 

— Eu não vou a lugar algum, Jongdae, preciso pensar onde encontrar o meu Soo.— Respondera de maneira impaciente.

O rapaz se sentara a seu lado e o encarara com a expressão um tanto enigmática.

— Para quê? Ele partiu porque quis, Minseok! Nem ao menos lhe deu uma explicação, também há o fator idade, ele está em direito de fazer seu treinamento em qualquer parte e você tem responsabilidades aqui que eu sempre pensei que ele não compreendia. —Disse de maneira pouco calculada.

O fae de olhos verdes gostava muito do amigo, aliás sempre gostou dele desde que eram mais novos. Fora embora há dois anos ao notar que o mais velho tinha grande apreço por aquela criança a quem chamada de noivo, pensando em se afastar de uma situação ruim.  Ao voltar os notara mais afastados e então sem que percebesse ele e Minseok já estava próximo demais e Kyungsoo cada vez mais distante. Sabia o que outros faes pensavam e embora soubesse ser errado não negar que havia algo entre eles, não conseguia fazê-lo. Ele desejava em seu interior que houvesse.

— Eu não dou a mínima para a idade dele, Jongdae. Desde que ele tinha uns 15 anos humanos eu não consigo ligar pra isso. Por isso me tornei tão rígido porque não conseguia mais ter sentimentos adequados e faltavam cinco anos para gente poder casar. Eu errei no caminho, cara, e agora ele pensa sabe-se lá o quê. — Respondeu exasperado. — As minhas obrigações não me interessam nada sem ele comigo. Eu vivi anos de obrigações e missões, desejando que o tempo passasse mais rápido, para passar todos os restantes com ele.

 

— Honestamente eu os acho inadequados... tá... tá eu conheço a questão de consortes, mas em que vocês se encaixam? — Indagou novamente ainda um pouco perdido, esperava que o fae ficasse agitado, mas nunca imaginou ver um dia Minseok descontrolado ou deprimido, em mil anos nunca vira nada assim.

 

— A magia dos consortes não me importa tampouco, mesmo se fosse um amor real eu teria me encantado por ele em algum momento. Se ele fosse somente humano eu teria me encantado por ele. Quando ele não passava de um bebê ele já me tinha nas mãos, eu sabia que a personalidade dele seria cativante. É difícil de explicar, mas desde que ele nasceu, sempre foi e sempre seria somente ele! — Disse com a voz em um tom ainda mais desanimado.

 

— Desisto! Você está sendo teimoso, o melhor para você seria encontrar um parceiro maduro que o compreenda, alguém que possa estar ao teu lado. Pensei que enxergasse dessa maneira. — Jongdae rebateu.

 

— Eu parecia tão indiferente assim a ele para pensares isso? — O mais velho perguntou um pouco chocado.

 

— Bem, algo como um... irmão mais velho? Você parecia... super protetor com ele... algo assim... — Continuou se sentindo um tanto insatisfeito com o rumo da conversa. — Mas era só…

 

— Ok. Acho que eu entendi tudo, Jongdae. Essa é mais uma das minhas burrices, me pergunto por quanto tempo... Deixa, estou tagarelando agora. Eu vou para outro lugar, quero ficar só. — Anunciou simplesmente, completando em pensamento “por quanto tempo Kyungsoo sentiu-se assim?” e então partiu voando, deixando o outro fae bastante desconcertado.

 

— Você pensou que ele te correspondia, não é? — Sunshine se aproximara do conselheiro de cabelos castanhos. Não pretendera ouvir nada daquilo, apenas buscava Minseok a fim de saber o quão perto ele estava da verdade. Entretanto acabara ouvindo parte do diálogo travado entre os conselheiros. Os olhos verde água de Jongdae a encararam rapidamente.

 

— Talvez... — Admitiu constrangido. — O garoto só... parece errado para ele. — Justificou-se sentindo o olhar penetrante da Sezart sobre si.

— Olha, eu sei que você não acredita muito na magia dos consortes, mas já vi o suficiente para saber que é algo forte, e desses dois então... — Deixou a frase incompleta, sendo tomada pelas lembranças do desespero do conselheiro a anos atrás quando sentira o menor em perigo. —Infelizmente o Minseok tomou um caminho complicado e eu não tenho nem ideia no que isso vai dar, mas é desonesto você estar no meio deles, ele nunca vai amar você. — Reclamou sentindo-se um pouco como o rei costumava ser, ao dizer duras verdades com a voz amena.

 

Jongdae não respondera, não estava pronto para aceitar aquilo ainda. Partiu dali rapidamente não querendo continuar a conversa com a fae.


Sunshine apenas negou com a cabeça algumas vezes, se sentia como a onze anos atrás. No meio do caos sentimental de outras pessoas. Pessoas que amava.


Notas Finais


E então? O que esse tolo do Minseok deve fazer? Chateados com Jongdae?
Todo mundo vai dar trabalho para a Sunshine mesmo? hauahuhauhauhau

Some: https://www.youtube.com/watch?v=j2NghJuQrRo


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