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História Fairy City - Stay Away


Escrita por: Barthoviche

Notas do Autor


Então, neste mini capitulo posso garantir que uma lagrima vai descer...
Tive o apoio de várias autoras para este capitulo, uma delas é a Sofie da FF!
Nunca estive numa depressão, mas tenho amigos que estiveram, tenho familiares que ainda estão e espero que isto ajude alguem.

Um ombro vale por uma vida!


Boa Leitura <3

Capítulo 40 - Stay Away


Fanfic / Fanfiction Fairy City - Stay Away

Não quero que me toquem...

Não quero falar convosco...

Porque, se a pessoa que eu mais amei,

Foi capaz de machucar-me assim,

O que vocês poderão fazer de pior?

 

Ano 251 da Nova Terra

Outono em Fairy City

Apartamento da Lucy

 

Lucy pouco se importava se todos explodissem amanhã.

Odiava os olhares que recebia quando saia de casa, tentando ao menos chegar na sala de aula. Eram olhares de pena! E ela odiava isso. Odiava ter de lembrar em cada olhar que, foi o noivo dela, um dos homens que mais amou na vida, o seu melhor amigo de infância tinha matado o seu pai, que era, literalmente, o homem da sua vida.

Então, não importava se os amigos tinha intenções boas, ela apenas não conseguia ver mais olhos, não queria que a tocassem com aquelas mãos que poderiam trai-la a qualquer momento... não queria confiar mais. Estava devastada.

Trinta dias, duas horas e quarenta e cinco minutos. Quarenta e seis.

Era o tempo que ela ficou trancafiada no quarto, saindo quando tinha a certeza de que nenhum humano estava por perto. Quando pensava em quantos sorrisos, quantos toques e quantas confissões tinha trocado com August, tudo o que fazia era contar também.

Quantas vezes ela esfregou a pele tentando apagar as memorias.

Quantas vezes ela acordou sobressaltada a procura do pai.

Quantas vezes Gray, Gajeel, Erza e Levy chamaram o seu nome.

Quantas vezes Wendy dormiu do lado de fora do seu quarto com contos de fadas na boca.

Quantas vezes Happy tocou a sua música favorita dentro do quarto.

E quantas vezes Natsu ameaçou destruir aquela porta.

E ela contou muito... Mas, não importava quantos segundos passassem, eles não aceitavam que ela estava bem como estava. Protegida de tudo. Não queria e nem precisava de ajuda. Porque estava tudo bem como estava. Mesmo que ela não saísse do quarto, mesmo que fossem apenas os androides que a tocavam, mesmo que ela acordasse aos berros; estava tudo bem!

“Eu estou bem!”, eram as palavras que ela gritava de volta.

Não fazia ideia de quantos quilos tinha perdido, a única coisa que podia comer sem esvaziar o estomago logo a seguir, eram coisas que não a lembravam de August, ou seja, suco de couve ou qualquer verdura que ela odiava antes.

Às vezes, a dor mental era tão forte, que chegava a ser física. Parecia estar nadando dentro de uma bola cheia de liquido ácido, que descia pela sua garganta e queimava. E, nessas vezes, esgotada de tanto engolir a dor em silencia, ela ficava em posição fetal – a melhor posição para se sobreviver a uma queda.

Preferia não andar pelo quarto, ou arriscar-se a ir para a casa-de-banho, onde o espelho grande refletia a sua fraqueza e as lagrimas saiam sem a sua permissão. Às vezes mordia a própria mão –como um cão que se castiga – e isso ajudava-a a concentrar-se numa outra coisa que não fossem as lembranças, mas a envergonhava logo em seguida.

Em cima da cômoda, alguns doces que Loki e Virgo se preocupavam em trazer e que mofavam ali mesmo. Ela lutou tanto para vencer a enorme tristeza no seu interior, e perdeu. Nem a vontade de estar com Natsu, com as amigas, conseguiu vencer a dor letárgica.

E Natsu...Oh! O incansável Natsu. Ele, depois de levar Wendy para cama no fim das histórias, era ele quem retomava o posto, contando sobre o seu dia, contando sobre o que havia melhorado na escola... falando e falando até o dia raiar, mesmo sabendo que ela nunca iria responder. Ele deixava bolos de chocolate na porta, esperando que ela caísse na tentação, mas Lucy sabia disso e não queria nenhum bolo porque estava tudo bem como estava.

 

 

 

 

 

O sol voltou a atingir a sua janela, adicionando mais um dia aos trinta que já iam e, de praxe, ela ouvir Natsu bocejar e alongar os músculos duros. E ela, que havia passado a noite em branco por causa de mais um pesadelo, estava na mesmo cama, com o mesmo cobertos rosa e os cabelos sujos.

Dormir no chão duro e frio não era delicioso para alguém que fazia tanto num só dia, mas ela preferia pensar que era por vontade própria, portanto, se ele bem quisesse, poderia começar a dormir no quarto dela; já que ela estava no quarto do seu pai.

— Luce, bom dia. — ele sussurrou através da porta.

E ela não disse nada.

A culpa por tê-lo assim prendia a sua garganta, apesar de tentar ser forte, sabia que era cruel fazer os amigos sofrerem tanto assim. Era maldoso deixá-los na ignorância. Mas Natsu era mais do que um amigo... E isso não vinha ao caso, porque ela conseguiria se desenrascar muito bem sem ele.

— Luce... — ele começou, hesitando um pouco antes de prosseguir — ...tu, de alguma forma, achas que posso ser o culpado por parte da tua dor?

— Não. — sussurrou. Ele podia ouvir, então não havia nenhum motivo para gastar mais energia tentando subir a voz.

— Então, por favor, deixa-me entrar.

Como resposta, ela puxou os joelhos para o peito, abraçando as pernas, como se isso a impedisse de ser fraca, como se fosse o seu casulo protetor. Era mais fácil fazer isso, algo quase impossível a um mês atrás. O peso perdido tronou as pernas e os braços mais delgados e assim ela podia tornar-se um emaranhado de braços e pernas com roupa.

— Luce, sabes que esta porta é papel para mim. — voltou a dizer o seu mantra de todos os dias — Eu quero muito ver-te. Apenas ver-te.

O sol banhava a sua cama e ela apertou os braços ainda mais, como se isso tornasse a porta mais forte. Sabia que ele podia abrir a porta, destruir a porta ou amolgar a maldita porta, mas ele não o faria se ela ordenasse o contrário.

— Desculpa... Eu não queria pressionar-te.

A voz dele era suave e dolorida. E a culpa sufocou-a outra vez, fazendo-a questionar o que mais poderia sentir se não culpa! Ah, sim! Ela sentia raiva, por Zeref e Augusta, tristeza e desapontamento pela mãe e por ela mesma. A vontade de sacar uma arma e perfurar cada acionista daquela empresa também.

— Luce, peço-te... não me afastes mais, por favor. Estou a tentar não empurrar as tuas barreiras, sei que precisas de espaço, mas dói ver-te com toda essa dor e não poder fazer nada por ti! Deixa-me ajudar!

— Estou bem. — rosnou para ele e, talvez, para si mesma. Se repetisse isso mais vezes, quem sabe o mundo não acreditasse e tudo ficaria bem mesmo?

— Eu sei que estas. — ele riu um pouco, mas logo ficou sério outra vez — Deixa-me entrar, nem que seja por um segundo sequer, apenas quero ver-te um pouco.

Antes que negasse, ela pensou um pouco.

Natsu mantinha as suas promessas, ele era leal as pessoas que eram de sua confiança, então, não havia problemas em deixa-lo entrar (e ele também queria torrar Zeref).

— Entra.

A porta abriu com o som dos pistões hidráulicos a serem acionados, finalmente movendo a placa de metal para que ele pudesse vê-la. E, se num segundo ele suspirou de alivio ao vê-la inteira, no outro ele apertou as sobrancelhas desaprovadoramente quando notou que ela tinha perdido todas as curvas cheias que a faziam ser suculenta.

Mas, Lucy era Lucy, cheia ou não, ele a amava.

— Luce.

Ela nem sequer ergueu os olhos para ele. Apenas abanou a cabeça, como se o respondesse, sem emoção alguma. O som dos seus passos aproximavam-se mais e mais dela, mas os olhos castanhos continuavam presos a janela do quarto. Natsu sentia como se estivesse aproximando de uma gata assustada, se ele vacilasse, ela poderia escapar.

Ele sentou-se bem longe dela, na bancada da janela, esperando entrar no seu campo de visão. Porém, os olhos dela apenas subiram mais, mantendo-o bem longe mesmo. Não iria pressiona-la mais do que isso; já era muito bom vê-la.

— Como te sentes?

— Bem. — respondeu quase sem voz, mas Natsu foi capaz de ouvir.

Aproveitou para analisa-la mais uma vez. Dentro daquele pijama que antes parecia uma roupa erótica no corpo curvilíneo, agora era apenas um pano sobre um cabide. Era como se a dor dela estivesse transfigurada no seu corpo. Pelo menos ela comia, mesmo que fossem apenas vegetais em suco, uma vez por dia, ainda assim era melhor do que nada.

O silêncio já estava além de desconfortável, quando Natsu resolveu falar:

— Podemos ir comer qualquer coisa no parque?

Heartfilia negou veementemente.

Ainda não estava à vontade para sair sob o olhar das pessoas: coitadinha da filha de Jude Heartfilia! E Natsu pareceu aceitar, porque cruzou as pernas e descansou as costas no arco da janela, espreitando do lado de fora. Pareceram horas, mas foram apenas alguns minutos que ele esperou para fazer a próxima pergunta.

E, quando achou que podia, voltou-se para a loira, apenas para encontrar os seus olhos banhados em lagrimas. E ela nem se atrevia a fazer contato ocular porque sabia que os olhos dele estariam cheios de preocupação, amor e coisas que ela não queria naquele momento. Porque ela estava bem!

Uma lagrima escapou.

— Lu-Luce... posso...posso tocar-te? — as mãos dele pareciam elétricas, os dedos enrolados dentro das palmas, evitando que levantassem e a tocassem para satisfazer a necessidade de estar com a sua mistress.

Antes que notasse, Lucy aceitou com um aceno.

Numa fração de segundo – não dando espaço para que ela voltasse atrás – Natsu já a tinha entre os braços, a mãos afagando as pequenas costas e sentindo as costelas sob a pele fina. Não a apertou tanto, mas Lucy encolheu-se no seu corpo, como se aquele abraço tivesse quebrado algo mais.

Em vez de estar repulsiva, Lucy sentiu-se relaxar no calor daqueles braços e, de alguma forma, o seu choro irrompeu como uma tempestade. Ela não chorou por todo aquele tempo, forçando-se a manter a força, como Laylah havia dito, como Jude fazia. Mas, nos braços dele, ela era apenas Lucy – não Lucy filha de Laylah, ou Lucy filha de Jude. Lucy enterrou o rosto nos peitorais fortes e chorou toda a sua tristeza, a sua culpa e os arrependimentos.

Natsu apertou-a mais, enterrando o rosto nos cabelos de ouro e deixando as suas próprias lagrimas desaparecerem entre os fios que tanto amava. Estava aliviado, deveras aliviado. Estava surpreso porque não sabia se tanto alivio o fosse fazer sorrir e chorar ao mesmo tempo.

Porque, felizmente, Lucy começava a libertar-se da dor.

— Quero queimar tudo de mau que estas a sentir.

— É impossível... — ela sussurrou — Mas vou ficar mais forte por causa disto. — tremeu um pouco quando soluçou outra vez.

— Quero tomar esta dor então, e ficar forte no teu lugar.

— Não quero que sofras assim.

— Mas eu quero sofrer por ti. — sibilou, fortalecendo a declaração de um mês atrás, dando a entender que a amava verdadeiramente e ainda a amava, apesar de estar suja, deplorável e fisicamente incapaz de se sustentar.

— Não duvido disso...

Foi então que ela notou que as coisas não estavam bem. Mas aceitava. Nem tudo era bem, nem tudo era mau, mesmo que machucasse, a realidade era essa: ela era forte. Tinha que lidar com a dor e, apesar de não estar nada bem, Lucy aceitava.

E dormiu ouvindo o coração dele bater...

Como o fogo crepitando numa lareira.


Notas Finais


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<Atirem flores!>


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