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História Fairy Tail A Celestial Hunter Story - Capítulo 8 - Aflição e União


Escrita por: Nashizita

Notas do Autor


Boa noite galera!
Tudo bom com vocês? Espero que sim!
Estou muito animada, consegui escrever e terminar um dos capítulos que eu mais estava ansiosa pra postar!
Estou muito orgulhosa dele e espero muito que vocês também gostem!
Desculpe qualquer ortográfico que tenha, terminei o capítulo agora pouco!
Boa leitura!

Capítulo 8 - Capítulo 8 - Aflição e União


Gray conhece e é amigo de Erza desde que ela entrou na guilda.

É claro que no começo, eles brigavam muito. Mas depois de alguns poucos meses, eles aprenderam a se respeitarem e se tornaram bons amigos. Para o moreno, a cavaleira sempre foi uma pessoa forte e determinada, nunca demonstrava medo ou insegurança, era sempre confiante e muito segura em suas decisões.

Erza Scarlet nunca manifestou fragilidade e vulnerabilidade desde que ele passou a conhecê-la melhor.

Contudo, aquela era a primeira vez em que ele a viu com tanta medo, raiva, insegurança, vulnerável, indecisa… Toda aquela pose forte e determinada sumiu em questão de minutos.

E Gray sabia exatamente qual era o motivo pra isso.

— Aqui Natsu! Me ajuda! — Falou erguendo a ponta de um grande tronco que estava bloqueando o caminho deles.

— Okay! — Natsu foi para o outro lado e juntos, ergueram o tronco para que Erza passasse com o corpo mole e quente de Lucy.

Em quase todo o caminho, a loira gemia e chorava de dor, se contorcendo nos braços da ruiva, chegando até mesmo a implorar que seus amigos a deixassem para trás para morrer. Ela não estava aguentando aquela dor, parecia que iria rasgar seu interior, queimando fortemente suas entranhas. Sua cabeça doía e ela não enxergava mais nada no olho direito.

— Me… Me deixem… E-eu q-quero mo-morrer… Aaahh… — Pedia chorando, mal tendo forças para sair do conforto que eram os braços de Erza.

Erza para no meio do caminho, se ajoelhando no chão para ajeitar melhor o corpo da garota. Ela havia retirado sua armadura para que pudesse carregá-la com mais agilidade e para que Lucy não sentisse tanta dor.

— Não vamos te deixar aqui. Vamos te levar até a Porlyusica e ela vai te ajudar. Você vai ficar boa, Lucy. — Afirmou a ruiva já se levantando com a loira em seus braços novamente, voltando a correr com ela. — Apenas aguente firme, logo chegaremos.

Lucy queria protestar, mas conhecia bem a personalidade determinada de Erza e sabia que não a deixaria desistir da própria vida. Ela também não queria morrer, mas aquela dor, aquela queimação… Estava sendo demais para aguentar e ela realmente sentia que a cada segundo estava mais perto da morte.

“Eu não vou conseguir… Eu não vou aguentar…”, pensava ela, deixando as lágrimas escorrerem por sua bochecha. A lágrima do olho estava levemente avermelhada.

— Eu sei que tá doendo muito, mas não desista Lucy. — Fala Erza, como se tivesse acabado de ler os pensamentos da loira. — Eu vou fazer de tudo para que você não sinta mais essa dor, eu prometo!

A resposta de Lucy foi apenas um leve aceno, passando o braço direito sobre o ombro de Erza, apertando a mão em seus cabelos. Pode ter sido um movimento simples, mas a dor que sentiu era horrível, deixando um leve gemido de dor escapar por seus lábios.

Erza sentiu os fios sendo apertados com força e percebeu que a loira queria se sentir segura de alguma maneira. Querendo passar essa segurança para a garota, a ruiva aperta seu corpo um pouco mais contra si e deposita um beijo em sua testa, dizendo em seguida:

— Você vai ficar bem, amor. Eu prometo.

“Amor? Eu gosto de ouvir isso.”, pensou a loira.

Poucos minutos mais tarde, Gray e Natsu encontram a casa da velha curandeira, se virando rapidamente para a cavaleira.

— Erza! Nós encontramos a casa!

Uma pontada de alívio percorre o corpo de Erza, enquanto a apressava os passos até a casa da senhora.

— Vão vocês na frente bater na porta! Digam que é uma emergência e que não podemos esperar!

Eles assentem e correm tão rápido quanto correram no Exame Classe S.

A casa de Porlyusica era praticamente uma árvore extremamente grande e larga, com uma porta de madeira comum. Os enfeites eram da própria natureza, com flores, plantas e cipós entrelaçados entre os galhos grossos e finos. Tinha um pequeno caminho de terra com flores e algumas frutinhas enfeitando seus lados e que levava até a entrada.

E era nesse caminho que Natsu e Gray passaram ao chegarem, praticamente dando murros na porta de madeira.

— Hey! Porlyusica-san! Abra a porta, por favor! Temos uma emergência! — Pediu Gray.

— HEY! Abre logo a droga da porta, sua velhota! Nossa amiga tá morrendo! — Gritou Natsu.

A próxima coisa que aconteceu foi a porta se abrindo, revelando uma senhora com uma expressão nem um pouco feliz. Ela tinha cabelos em um tom rosa claro presos em um coque por dois grandes alfinetes dourados com formato de lua, olhos carmins, trajada com uma blusa verde escura de gola branca e um laço preto ao redor do colarinho, uma saia comprida da cor vinho, sapatos pretos e uma capa vermelho escuro comprido, com um bordado branco e um detalhe um tanto exuberante na gola, onde se projetava presas de marfim adornando ao seu redor.

Porlyusica olhou para os garotos barulhentos e arruaceiros com certo desprezo, uma pequena veia saltava de sua testa.

— Mas será que vocês, malditos garotos do Makarov, não conseguem me deixar em paz?! — Gritou ela, já querendo fechar a porta. — Vão embora daqui! Eu odeio humanos!

A reação dela já era esperada pelos garotos, então eles apenas seguraram a porta, impedindo que ela a fechasse.

— Por favor! Nos ajude Sra. Porlyusica! — Pede Gray fazendo força.

— Sim! A Lucy é uma grande amiga nossa e está muito machucada! — Acrescentou Natsu. — Ela precisa de você!

— Aprendam a se virarem, suas pestes! Não posso ficar remendando vocês sempre que quebram alguma parte do corpo!

— Por favor! — Pedem os dois ao mesmo tempo.

Ela soltou um suspiro, estava prestes a pegar sua vassoura para bater na cabeça daqueles garotos arruaceiros quando viu Erza se aproximando com uma garota loira em seus braços. Ao ver a aflição no rosto da cavaleira e as veias negras começando a aparecer no braço esquerdo de Lucy, queimaduras em suas mãos e pontos do rosto, percebeu que os tais ferimentos não eram como um simples arranhão no joelho ou um dedão quebrado.

Ela podia sentir a energia negativa emanando da garota, podia sentir seu poder mágico diminuindo a cada segundo que passava.

Aquilo era magia negra.

— Traga ela pra dentro! Rápido! — Diz abrindo a porta, com os três magos logo atrás.

Ela vai até o quarto, tira as cobertas e ordena que Erza a coloque deitada em cima. A velha curandeira de aproxima, tocando na testa, abrindo os olhos da menina e vendo a extensão das manchas negras em seus braços e corpo. Constatou que ela também estava com uma febre alta.

“Não tenho dúvidas disso! É magia negra! E está roubando o ether e a vida dessa garota!”

— Você! — Apontou para Gray. — Use sua magia para diminuir a febre dela! Anda moleque!

Gray rapidamente se aproximou de Lucy e liberou um pouco da sua magia para ajudar sua amiga.

— Agora você e o seu gato esquisito! — Ela aponta para Natsu e Happy, que esteve o tempo todo sobre o ombro do rosado. — Vá chamar aquele idiota que vocês chamam de “Mestre” e traga a bunda daquele velho caduco para cá! Vou precisar dele!

— Deixa com gente! Certo Happy?

— Aye!

E Natsu saiu rapidamente com Happy em direção a guilda.

— E Erza, você vai me ajudar com as poções. Precisamos retardar o veneno antes de removê-lo ou a amiga de vocês morrerá durante o processo.

Erza rapidamente foi em direção a estante de poções da curandeira, que ficava no canto direito da sala, pegando os frascos que a senhora precisaria. Ela vai fazer o impossível para não deixar Lucy morrer.

— E como a senhora vai tirar o veneno do sangue dela? — Perguntou a ruiva, não escondendo sua preocupação.

Porlyusica olhou para Erza e depois para Lucy, que se contorcia menos agora graças a magia de Gray.

— Extraindo o próprio ether dela e colocando novas partículas. — Tanto Erza quanto Gray ficaram confusos e a senhora notou que eles não entenderam o que ela quis dizer. — Não é um procedimento simples, o veneno ataca o ether e como o ether é algo conectado ao nosso corpo, o veneno o afeta também, e é por isso que ela está tendo essa reação. — Explicou ela. — Se não reagirmos rápido, nada mais será possível fazer e ela morrerá de uma forte Síndrome de Deficiência Mágica.

Um ar de pânico passou pelo rosto de Erza, o que a fez tremer levemente as mãos que seguravam os frascos. Aquela conversa que ela teve com Lucy na noite da Estrela surgiu em sua mente.

— Ela ficou muito doente, ela estava com Síndrome de Deficiência Mágica e acabou falecendo disso... — Lucy estava chorando novamente. — Se eu pudesse escolher um desejo para a Estrela, eu escolheria ter ela aqui comigo. Mas eu sei que isso é impossível... Mas é o que eu desejaria. — Sua voz saiu baixa e esganiçada. — É errado pensar assim? É errado ter um desejo impossível?

Erza sabia o quanto uma informação dessas poderia afetar o psicológico da loira, ainda mais no estado crítico em que ela se encontrava, praticamente se encaminhando em sua direção.

“Não! Eu não vou deixar a minha Lucy ter essa porcaria! E com certeza não vou permitir que ela morra disso também! Farei até mesmo o impossível para que isso não aconteça!”

Trocando o pânico por determinação, Erza entrega todas as poções que Porlyusica vai pedindo, observando Lucy deitada, ofegante e se mexendo de vez em quando e notou que as veias negras agora se espalharam por suas pernas. a infecção está se alastrando.

Gray ainda usava sua magia para deixar ao redor da amiga mais frio para que sua febre diminuísse. Por um tempo, estava dando certo, mas o moreno notou que seu corpo emitia um leve brilho dourado.

— Mas o quê…? — Ele nunca tinha visto algo assim antes. — Lucy?

Ao ouvir seu nome, a loira abre os olhos e olha diretamente para Gray, que se assusta ao ver cores diferentes e não o habitual castanho claro.

— Seus olhos… Estão um verde e um vermelho… O que está…?

Sua fala é interrompida quando Lucy estica sua mão e, sem querer, uma rajada de luz dourada sai por seus dedos, atingindo Gray e o jogando há três metros de distância. Ele não se feriu por algum milagre, mas sentia muita dor em suas costas e no seu estômago. Nem mesmo um soco flamejante de Natsu o fez sentir uma dor assim.

“O que foi isso? Que força foi essa?”

— Moleque, o que você fez?! — Gritou Porlyusica colocando uma mão sobre a testa de Lucy. — Não… Não foi o garoto, foi a própria infecção… Está forçando seu corpo a gastar seu ether mágico.

De repente, Porlyusica é interrompida ao sentir sua mão começar a queimar. Ela retira rapidamente, vendo aquele brilho dourado aumentando. A própria magia Celestial também queria ajudá-la, mas estava a prejudicando mais.

— Ela não pode usar magia ou vai apenas piorar seu estado. — Diz a curandeira olhando para Erza e Gray. — Como falei, o veneno contamina o ether mágico e este está querendo que ela use mais magia e isso está fazendo o processo de envenenamento acelerar. Se Lucy não se controlar e nem conter sua magia, ela morrerá em menos tempo do que o previsto.

Os olhares de medo transparecem nos rostos de Gray e Erza, principalmente na ruiva que apertava as mãos com força.

Tudo o que ela queria era tirar aquela agonia de Lucy.

— E o que podemos fazer então? — Indaga o moreno, colocando uma mão sobre o ombro da amiga, imaginando o que ela estava sentindo naquele momento.

— Eu preciso que Makarov venha até aqui, fedelho. — Responde a velha pegando um dos frascos que havia feito com a ajuda de Erza. — Mandei aquele nanico com o gato turquesa, mas está demorando demais. Vão vocês dois atrás deles!

Gray concorda com um aceno e puxa Erza pelo ombro para acompanhá-lo, mas a mesma não se mexe do lugar. Ela fica encarando Lucy deitada com dores, desejando fortemente querer tirar aquela agonia dela.

— Eu não vou. — Responde a cavaleira decidida. — Eu não vou deixar a Lucy sozinha, eu vou ficar ao lado dela!

Gray já esperava uma reação desse tipo, então apenas assentiu e caminhou para fora da casa a passos rápidos para encontrar Natsu, Happy e o Mestre.

Já Porlyusica não estava com paciência para nenhuma pirraça vinda de um dos magos de Makarov, mesmo ela tendo vindo de uma das jovens que gosta um pouco mais do que o restante.

— Vá logo menina! Não temos tempo a perder! — Diz a velha pegando uma seringa encantada pra injetar no braço de Lucy. — Se Makarov não chegar a tempo, eu não sei se conseguirei repor o ether limpo no lugar do contaminado que vou retirar dela.

— Espera… Vai usar o ether mágico do Mestre? É por isso que precisa dele?

— Makarov é mais experiente e tem um excelente controle do ether mágico. Enquanto eu estiver retirando o contaminado, ele estará repondo. — Explicava pegando o braço de Lucy para injetar uma poção calmante, mas a loira se mexia e se contorcia, afastando o braço da curandeira. — Mas nesse ritmo e com ela se mexendo assim, só piora a própria situação. — Ela segura o braço de Lucy com força no lugar e preparava pra injetar a agulha quando a garota puxa o braço mais uma vez, o que irrita Porlyusica. — Ora essa, garota tola! Fique parada! Por acaso você quer morrer?!

Erza dá dois passos pra frente, colocando a mão esquerda sobre o ombro direito da senhora.

— Não grita com ela! A Lucy está sentindo muita dor e não quer sentir mais! — Pede a ruiva se segurando para não fazer nenhuma loucura.

— Acha que eu não sei disso, Erza?! O processo de retirar ether é doloroso e ela precisa estar calma e controlada, e essa poção vai ajudá-la a fazer isso!

As palavras pareciam zumbidos nos ouvidos de Lucy, que não tinha noção alguma de onde estava e nem do que estava acontecendo. Ela sabia que tinha sido envenenada e que seus amigos estavam se esforçando para tirar o veneno dela o mais rápido que conseguia. Ela havia ouvido algo sobre a guilda, Levy, Porlyusica-san…

“Estou na guilda… Ou na casa da Porlyusica-san? Onde eu estou?”, pensava ela agoniada e assustada, apertando as mãos com medo. “Por que tem pessoas gritando? Minha cabeça tá doendo e eu só quero dormir… Por que não me deixam dormir? O que está acontecendo comigo?! Erza, cadê você? Por favor, me ajuda!”

— Er-Erza… — Gemia o nome da ruiva. Apesar de ainda não estar enxergando quase nada, seus olhos estavam abertos e olhava desesperadamente para todos os lados, procurando sua ruiva favorita. Ela estica a mão, a procurando, querendo sentir o calor e o toque de sua mão. — N-Não me deixe sozinha… Não quero ficar sozinha… Não quero morrer sozinha…

Sentindo seu coração doer, Erza se aproximou, ignorando os chamados da velha, se sentou ao lado da garota que tanto amava, segurou sua mão queimada e depositou um beijo carinhoso na mesma. Ela aproxima seu rosto do ouvido da loira e sussurra pra ela:

— Eu estou aqui, Lucy. Eu não vou te deixar sozinha. Não tenha medo.

Ao escutar a voz baixa e rouca de Erza, a maga celestial se sentiu um pouco mais calma e deu até mesmo um longo suspiro. Sua magia ainda estava ativa, mas ela gastava menos ether agora, o que fez a velha curandeira ficar surpresa com aquilo.

— Como fez isso? — Indagou a adoslecente ruiva. — Como foi capaz de fazê-la ficar tão calma assim?

Erza olhou para a senhora, ainda segurando firme a mão da sua garota, refletindo se deveria ou não confessar os reais sentimentos que nutria pela loira.

— Ela é importante para mim e eu prometi a ela que ela vai ficar boa novamente.

— Ficou louca, Erza?! — Gritou Porlyusica indignada. — Onde já se viu prometer alguma coisa desse tipo? E se eu não conseguir salvar a vida dela? E se ela tiver consequências irreversíveis? Por acaso você pensou em alguma dessas possibilidades?

Erza tinha plena consciência do que prometera e sabia que haviam possibilidades de Lucy não sobreviver (algo que ela fazia questão de manter longe da sua mente o tempo todo), mas ela queria passar segurança e esperança para a loira. Era tão errado assim? No fundo, ela acreditava que a loira sairia dessa situação, de alguma forma sentia isso.

— Ela precisava de esperança e eu sei que ela vai ficar bem! Eu acredito nisso! Eu sinto isso! — Responde com determinação.

— Crença e fatos são coisas completamente diferentes! — Retruca a curandeira. Ela compreendia o que Erza havia feito, mas não queria que ela carregasse um peso na consciência se caso não conseguisse salvar a loira. Ela sabia que Erza havia sofrido muito antes de entrar na guilda (nem ela e nem Makarov tinham ou sabiam em detalhes de todo o ocorrido).

Na época, o velho Mestre havia levado a ruiva até ela para que curasse seu olho mutilado e o substituísse por um artificial feito de lacrima. O procedimento foi trabalhoso e apesar do resultado não ter sido 100% perfeito, a menina ficou extremamente agradecida por conseguir pelo menos enxergar com ambos os olhos.

Porlyusica havia feito um milagre naquele dia.

Porém, agora se encontrava em uma situação completamente diferente.

Além das queimaduras em suas mãos e rosto, sua paciente também sofria de um forte envenenamento que contaminava o seu ether mágico, que a forçava a gastá-lo sem controle algum. Por mais que o veneno seja direcionado para as partículas mágicas, seu corpo também era afetado. Lucy já não enxergava mais, seus glóbulos brancos tinham manchas negras, seus braços, pernas e pescoço tinham veias negras expostas… E a dor… A menina gemia de dor a quase todo momento.

Era uma visão terrível de se ver e Porlyusica queria acabar com a agonia da menina, mesmo não enxergando muitas chances de sucesso.

— Eu acredito que a Lucy vai ficar bem! Ela tem que ficar! Precisa ajudá-la! — Insistia Erza em desespero.

— E acha que não estou fazendo isso, garota?! — Indaga de forma ríspida. — Diferente do que fez, eu não saio prometendo algo que posso não conseguir realizar e se Makarov não chegar a tempo, a certeza de eu não conseguir salvá-la é maior ainda!

Erza sentia forte aquelas palavras e olhou para Lucy, que agora olhava para o teto da casa da curandeira. Ela estalou os dedos na frente de seu rosto, mas não houve nenhuma reação. Seu coração doía com a visão que tinha da loira e não segurou quando uma lágrima escorreu por seu olho esquerdo.

“Não temos mais tempo! Se queremos salvá-la, eu terei que fazer esse sacrifício.”, pensou Erza analisando rapidamente todos os prós e contras do que faria.

— Use o meu ether! — Diz com determinação, segurando a mão de Lucy entre as suas.

Porlyusica a olhou descrente.

O que Erza estava pensando? Ela sabia o quanto a cavaleira era forte, poderosa e determinada, mas nem mesmo ela poderia aguentar aquilo. Ela se desgastaria mais rápido e poderia ficar extremamente doente de Síndrome de Deficiência Mágica.

— Eu não posso permitir que faça isso, Erza. É arriscado demais.

— A senhora mesma disse que a cada segundo que demoramos, as chances de salvá-la ficam cada vez menores! Se é assim, então use meu ether mágico! Eu compartilho com ela!

— O problema é que tem a possibilidade de você não aguentar esse procedimento! Você poderá ficar doente ou até mesmo morrer se compartilhar demais seu ether pra ela! — Explicou a senhora.

— Eu não ligo! Se eu tiver que morrer pra ela ficar bem, que assim seja! — Retrucou mais determinada. — Eu não vou deixá-la morrer!

Porlyusica se levanta abruptamente, ainda sem acreditar nas palavras da menina.

— Erza Scarlet! Deixe de ser tola, garota idiota! Sei que Lucy deve ser uma amiga bem próxima a você, mas se sacrificar assim por ela?! Você perdeu o juízo?! Por que quer tanto assim fazer de tudo para salvá-la?!

Erza apertou os dentes, se controlando para não cerrar as mãos, mas não se segurou ao confessar o motivo para estar querendo fazer isso:

— PORQUE EU AMO ELA!!! — Gritou em desespero encarando a velha. — Eu amo a Lucy! Amo muito! Eu não quero morrer, mas também não posso viver sem ela! Eu morro se ela morrer e se pra ela viver será preciso que eu morra, então saiba que eu não vou me importar de fazer esse sacrifício! Por ela, eu faço qualquer coisa! Então, por favor! Me ajude a salvá-la! Me ajude a salvar a garota que eu amo!

Porlyusica claramente não estava esperando algo assim vindo de Erza e o olhar determinado que ela presenciava na ruiva… Ela só conseguia se lembrar de apenas uma única pessoa que tinha esse mesmo olhar…

“Ela realmente se inspira em você, Makarov imbecil!”, pensou ela andando até sua estante com frascos de poções. Apesar de ser contra seus próprios princípios, ela decide fazer uma loucura.

— Se você quer fazer isso, então eu não tenho escolha.

Erza não entendeu o que a senhora estava querendo dizer, mas sua atenção se direcionou a Lucy ao senti-la se mexendo um pouco.

— Lucy? — A chamou preocupada.

— Erza? — Ela abriu seus olhos ao ouvir seu nome. Ela não enxergava, mas direcionou seu rosto na direção da voz, apertando a mão que estava sendo segurada pela ruiva. — Você está aqui, certo? É o calor da sua mão que tô sentindo, não é?

Erza não conseguiu não sorrir com isso e, apenas para comprovar de que era ela mesmo, deu um beijo na mão da loira.

— Sim, sou eu. Eu estou aqui com você.

— Então eu não quero que você morra! — Diz exasperada, assustando a cavaleira. — Eu não quero viver sabendo que você morreu para me salvar… Eu não quero isso… Eu me recuso a viver em um mundo onde você não está! — Dizia se esforçando para se sentar na cama, mesmo sentindo dores no corpo e joga os braços ao redor do pescoço de Erza, a abraçando. — Se o que eu ouvi você falando é verdade, então não me deixe! Não me deixe sozinha! Eu quero ficar com você! — Sua voz estava embargada, as lágrimas avermelhadas escorriam por seu rosto.

Erza se surpreende com aquilo e sente seu coração vacilar uma batida com o que Lucy proferiu.

Aquilo estava mesmo acontecendo? Lucy estava retribuindo seus sentimentos à ela?

“Devo estar sonhando, não é possível…”, pensou a ruiva, retirando sua armadura para o seu espaço mágico e passando os braços ao redor da cintura da loira, encostando seu rosto contra o ombro dela.

— Lucy, o que você está tentando me dizer? — Era uma questão idiota quando estava bem evidente o que a loira tentando dizer.

“Eu preciso ter certeza!”, pensaram juntas.

Um pouco antes de completar 13 anos, Lucy já começava a ter mais e mais noção do que sentia pela ruiva. Seu coração batia rápido sempre que estava ao seu lado, ficava nervosa sempre que estava com ela, se sentia segura quando estavam abraçadas dormindo juntas (Elas gostavam muito de dormirem juntas e faziam isso pelo menos duas vezes na semana). Adorava fazer várias coisas com ela, como tomar chá e comer bolo de morango, treinar suas magias, realizar missões, passear com ela nos festivais anuais de Magnólia...

Não era apenas admiração e companheirismo amigável…

Ela realmente gostava muito de Erza, muito mais do que apenas como uma boa amiga ou melhor amiga.

Lucy amava Erza e já sabia disso há um tempinho.

Ela só não tinha certeza se a sua ruiva realmente sentia o mesmo e quando ouviu aquelas palavras ditas pela cavaleira, nada mais precisava ser esclarecido.

A não ser...

— Eu sinto mesmo que você sente por mim, Erza! Eu também amo você! Amo muito!

Como simples palavras poderiam fazer tanto a diferença na vida de duas magas adolescentes?

Erza não se lembra quando foi a última vez que sentiu tamanha felicidade como naqueles poucos minutos.

“Ela me ama? Sim! Foi o que ela disse! Ela me ama! Ela me ama!”

— Você me ama mesmo? — A pergunta estava apenas rondando sua mente, mas sua língua a traiu.

Lucy sorriu, aproximando um pouco mais seu corpo contra o da ruiva e apertando mais seus braços ao redor do seu pescoço.

— Sim, eu amo, Erza. — Segura algumas mexas do cabelo avermelhado da cavaleira. — Eu amo você.

Erza tomou cuidado ao abraçar um pouco mais forte a cintura da loira, deu um longo suspiro de alívio e abriu um sorriso bobo nos lábios.

— Eu também amo você, Lucy.

Por poucos segundos, aquele momento foi o mais lindo para as duas garotas.

Só que a realidade foi rápida o bastante em acabar com o momento delas.

Ainda abraçadas, de repente, a loira começa a sufocar e isso rapidamente chama a atenção de Erza, que desfaz o abraço e olhava assustada para Lucy, que tentava respirar com dificuldade.

— Lucy? Lucy! Lucy, o que está acontecendo? — Pergunta preocupada, a segurando pelos braços.

Lucy leva uma mão ao peito, uma dor dilacerando crescia e parecia sufocá-la cada vez mais e mais. Ela balança a cabeça de um lado para o outro, com lágrimas escorrendo por seus olhos, o pânico aparecendo em suas feições joviais.

— Meu peito… T-tá doendo… — A voz rouca e baixa. — Não consigo… Não respiro…

Olhos castanhos escuros se arregalaram de medo.

— O quê?! Não! Não, não, não, não, não, não! — Erza entra em desespero, trazendo a loira para o seu colo, não sabendo o que fazer. — Lucy! Lucy, respira por favor! Fica comigo! Eu tô aqui, por favor, fica comigo! — Dizia chorando, embalando a loira nos braços. — Porlyusica-san! Por favor! Rápido!

A curandeira rapidamente se aproxima das duas meninas e uma angústia surge em suas feições, enquanto se virava e voltava para as novas poções e o feitiço que preparava.

— Erza, desabotoe a camisa dela! Depressa!

Sem questionar e se sentindo constrangida, a ruiva faz o que a senhora pede e se assusta com a quantidade de veias negras sobre o peito de Lucy, bem próximas ao seu coração.

— Por Mavis… — Ela sentiu seu coração doer com a visão, a aflição no semblante da loira só lhe dizia que ela havia piorado. — Lucy…

— Eu não quero morrer, Erza… Eu não quero morrer… — Pedia aos prantos, se sufocando cada vez mais.

— Hey! Não, não chora! Lucy! — Erza ajeita seu corpo em seus braços e faz com que seu rosto fique virado para o seu. — Lucy… Lucy, eu sei que ainda não tá me vendo, mas escute a minha voz, okay? Só se concentre na minha voz. Eu tô aqui com você, eu tô aqui do seu lado e eu não vou sair daqui, eu não vou te deixar sozinha… Okay? Tá me ouvindo?

A resposta de Lucy foi um aceno, tateando uma das mãos até encontrar o rosto da sua ruiva favorita e consegue sentir entre seus dedos as lágrimas que escorriam do olho esquerdo de Erza.

— Mi-minha… Erza…

— Sim, isso mesmo! — Diz com um sorriso triste e bobo, dando um beijo na mão dela. — Eu sou sua Erza e você é minha Lucy, a minha princesa. — Deu-lhe mais um beijo. — Você vai ficar boa, eu sei que dói, mas aguenta mais um pouquinho, okay?

É nesse momento que Porlyusica se aproxima com quatro objetos: Uma fita branca, uma seringa com um líquido verde claro, uma varinha mágica e uma garrafa.

— Erza, segure a mão de Lucy e estique a sua e a dela para mim. — A maga faz o que a senhora pede e ela amarra a fita ao redor de seus pulsos. Os esquerdos, pra ser mais exata. — Não solte a mão dela, não importa o que aconteça. — Ela acena em concordância. Porlyusica pega a seringa e segura o outro braço de Lucy. Ela encara Erza com firmeza. — Você tem certeza de que está preparada para isso, Erza?

— Absoluta! — Responde com firmeza, apertando a mão que estava presa com a fita.

— Está bem. Então, esteja preparada, pois quando eu injetar isso nela, a fita encantada começará a transferir seu ether pra ela, você precisa ter o controle do fluxo, se não você ficará doente e poderá morrer.

— Entendido. Mas e essa varinha e a garrafa?

— Usarei a varinha para forçar a saída do ether contaminado através do braço de Lucy e ele vai cair dentro dessa garrafa. Quero estudá-lo e ver se posso criar uma cura mais eficaz do que esse procedimento caso algum de vocês fique envenenado.

“Forçar pelo braço?”, pensou Erza olhando para Lucy, já entendendo o que a velha queria dizer com o vai ser muito doloroso. “Oh, Lucy… Seja forte, amor!”, pensou ela acenando para a senhora.

— Fiquem preparadas! — E com isso, ela injeta o líquido na veia de Lucy.

Natsu e Happy haviam chegado rápido a guilda e informado ao Mestre o que havia acontecido com Lucy e que precisavam da ajuda dele.

Makarov não queria perder tempo e rapidamente se preparou para ir com o garoto e seu gato até a casa da velha curandeira.

Contudo, ele não estava esperando uma visita inesperada e sem aviso prévio dos guardas do Conselho Mágico que queriam urgentemente conversar com o Mestre da Fairy Tail em particular.

Por mais que preferisse infinitas vezes estar lá com Lucy, Makarov sabe que não pode ignorar a visita daquelas pessoas, já que a guilda dependia deles para permanecer ativa e legalizada, pois muitos magos precisavam da renda que ganhavam com as missões que realizavam pela corporação.

Cerca de dez minutos depois, Gray chegava e já seguia para o escritório do Mestre quando sentiu uma mão em seu ombro.

— Não pode ir lá, Gray. — Diz Natsu olhando para o rival, que se sente confuso com aquilo. — Chegou uma galera do Conselho e pediu uma reunião urgente com o Mestre.

— Ah, droga… — Murmurou o moreno, se sentando em uma das mesas ali perto, passando as mãos por seus cabelos rebeldes. — Você conseguiu contar pra ele o que houve?

— Eu e o Happy contamos, ele já tá sabendo de tudo e já estava pronto pra sair com a gente quando esses caras engomadinhos chegaram. Ele foi obrigado a aceitar a reunião.

Gray deu um suspiro em descrença.

Com tantos dias e horas para esses caras aparecerem, por que justo hoje? Justo em um dia em que sua amiga precisava da ajuda do Mestre.

“Maldito Conselho Mágico!”, pensou ele cerrando os punhos.

— Gray, não me ouviu cara? — Diz Natsu chamando atenção do mago de gelo.

— Hã? O que?

— Eu perguntei como estava a Lucy quando você saiu. Ela melhorou?

Outro suspiro saiu por seus lábios antes de responder.

— Ela não estava nada bem… O veneno a forçou usar magia e ela resmungava com muita dor… Eu não sei, cara…

Nesse momento, Lisanna e Levy se aproximam dos garotos. Ela acabam escutando a conversa sobre Lucy e imediatamente se levantaram e foram até eles.

— O que houve com a Lu-chan? — Perguntou a azulada. — Vocês comentaram algo sobre veneno… Ela foi envenenada? — Os meninos assentiram. — Quem está cuidando dela?

— Levamos ela na casa da Porlyusica. — Responde Gray. — Quando eu saí de lá, ela tinha piorado um pouco.

— M-mas ela vai ficar bem, certo? — Indaga Lisanna tentando transmitir confiança. — Lucy é forte, ela vai aguentar firme.

— S-sim! Lu-chan vai conseguir! Temos certeza disso! — Diz Levy concordando com a albina.

Um tempo depois, os guardas do Conselho Mágico deixavam a guilda, enquanto Makarov esperava que eles sumissem de sua vista. Ele precisava correr, uma de suas filhas estava em perigo e precisava de sua ajuda.

“Não posso mais perder tempo!”, pensou ele caminhando até o grupo de jovens que era composto por Natsu com Happy, Gray, Lisanna, Levy e agora por Elfman, Mira e Cana. Esses três últimos ouviram o que aconteceu com Lucy e não puderam não se preocuparem também, a loira era uma amiga muito importante para eles.

— Garotos… — Chama o Mestre se aproximando. — Eu vou até a casa da Porlyusica. Vocês fiquem aqui, Macao vai ficar no comando até eu voltar.

— Queremos ir junto, Mestre! — Diz Mira com firmeza. — Lucy é minha amiga e eu quero estar lá ao lado dela!

— Todos nós queremos! — Acrescenta Cana apontando para si mesmo e aos amigos.

Makarov abre um sorriso feliz e ao mesmo tempo triste. Ele sentia muito orgulho dos seus jovens magos e no forte laço de amizade que eles tinham um pelo outro.

— Eu tenho certeza de que Lucy ficaria muito feliz com todos vocês ao seu lado transmitindo apoio. — Começou ele. — Mas pelo que me foi passado, a situação dela é grave e no momento, aglomeração não será algo positivo pra sua recuperação. Então, meus filhos, eu peço que vocês fiquem aqui na guilda. Eu voltarei mais tarde com notícias, sejam elas boas ou ruins. Estejam preparados para qualquer uma delas.

E com isso, Mestre Makarov deixa a guilda às pressas, seguindo o caminho habitual para ir até a casa de Porlyusica.

Durante o caminho, ele pede a proteção da Primeira Mestre para Lucy e que ela consiga sair dessa situação terrível que ela se encontrava.

“Mavis… Proteja e salve nossa menina! Lucy, que a força da nossa Primeira Mestre esteja com você!”

Assim que avistou a casa da velha curandeira, a primeira coisa que Makarov ouviu foi um grito alto vindo da casa. Ele tratou de apertar os passos e assim que abriu a porta, a visão que teve o deixou assustado.

Lucy estava com partes do seu corpo cheia de linhas negras e gritava, se contorcendo de dor, enquanto era contida por Erza que a abraçava com força e dizia algumas coisas em seu ouvido para acalmá-la. E Porlyusica usava uma varinha mágica em um líquido preto viscoso que saia de um pequeno corte do braço da loira e caia dentro de uma garrafa.

— Mas o que está acontecendo aqui? — Se pronuncia o Mestre, chamando a atenção da senhora e da ruiva.

— E agora que você decide chegar, seu velho imbecil?! — Grita a curandeira forçando mais a varinha, causando mais dor em Lucy.

— TÁ QUEIMANDO! TÁ QUEIMANDO! — Berrava a garota aos prantos. — FAÇA PARAR! FAÇA PARAR!

Erza se sentia péssima com o que estava fazendo, mas sabia que era para a garota melhorar, então apenas apertou sua mão presa com a fita e a abraçou com mais força. Ela conseguia sentir seu ether mágico sendo transferido para a loira em seus braços, só precisava se concentrar em controlá-lo para não transferir mais do que o necessário.

Mas não estava sendo a tarefa mais fácil do mundo, ela só sentia seu coração doer a cada berro de desespero e dor de Lucy.

— Vai passar… Já vai passar… Aguenta mais um pouco, Lucy. Eu tô aqui com você, eu não vou te deixar sozinha… — Diz baixinho, respirando pesadamente, o suor lhe escorrendo pela testa com o esforço que fazia e lágrimas pelo olho esquerdo.

“Vamos, Erza! Seja forte pela Lucy! Nada de fechar os olhos agora! Sua garota precisa de você!”, pensava ela motivando a si mesma.

— Por que permitiu que Erza fizesse a transferência?! E se ela não aguentasse, sua velha louca?! — Perguntou Makarov preocupado com as duas garotas.

— Acha que eu não tentei impedir?! Erza é tão teimosa quanto você, Makarov! E insistiu fortemente para que fosse ela a transferir o ether mágico para a garota. — Responde afastando a varinha para verificar a situação de Erza e ficou aliviada ao constatar que ela continuava sem febre. — Mas estou surpresa com o controle que ela está tendo. Deve ser a força do amor que elas sentem uma pela outra.

Aquela revelação pegou Makarov de surpresa, que olhou para as garotas e não pôde esconder um sorriso. Ele sempre soube dos sentimentos que elas sentiam uma pela outra e estava torcendo para que elas pelo menos se confessassem. Ele só queria ter testemunhado o momento.

“Finalmente, não é mesmo? Erza? Lucy?”

— E como elas estão?

— O veneno está custando um pouco para sair sozinho, por isso que estou usando a varinha. Mas no ritmo que estamos indo, em poucos minutos, ela estará curada da toxina. Depois é só tratar as queimaduras. — Explicou ela. — Já Erza, eu verifico a cada cinco minutos para ver se ela não está com febre ou com qualquer outro sintoma de doença. Felizmente, apenas o cansaço é a única coisa que demonstrou até agora. Descanso será essencial para as duas, o que quer dizer que elas terão que ficar uns bons dias sem realizar missões da Fairy Tail..

— Eu compreendo. Vou me certificar de que elas estejam bem de saúde antes de autorizar qualquer saída.

Com o passar do tempo, aos poucos, as veias negras vão diminuindo, Lucy já havia parado de gritar há um tempinho, sua voz estava bem dolorida e ela não tinha mais fôlego. Mas ela não se segurou nos soluços e praticamente encharcou a camisa bege de Erza com suas lágrimas (agora sem vestígios de sangue), algo que a ruiva não se importou em deixar, afinal elas passaram por uma situação complicada com poucas chances de sucesso.

A sorte sorriu para elas nesse dia.

“Se foi sorte ou não, eu não me importo, pois pra mim, o que importa é que você está fora de perigo, Lucy.”, pensou a ruiva com um sorriso, encarando a loira que agora estava adormecida em seus braços.

Era a visão mais linda do mundo para a maga de cabelos avermelhados.

— Erza? — A chamou abrindo os olhos lentamente. Sua visão estava um pouco turva, mas assim que ganhou foco, a primeira coisa que Lucy viu foi um sorriso enfeitando as feições cansadas da sua cavaleira. Ela também sorriu aliviada por poder enxergar novamente, levando a mão até seu rosto e acariciando com carinho. — Eu consigo te ver… Eu posso te ver de novo…

Erza alargou mais o sorriso, aproximando seu rosto do de Lucy, encostando suas testas. Ela queria muito beijá-la. Porém se segurou, pois queria que o primeiro beijo com sua loira favorita fosse em um momento especial para ambas.

“Primeiro, temos que nos recuperar. Depois, vemos o que fazer. Mas se dependesse de mim, eu gostaria de namor...”

— No que está pensando? — Perguntou Lucy com um sorriso.

— Ah, não é nada demais, eu só… — Erza não queria dizer o que estava pensando, não queria assustar a garota com essa ideia louca que pairou sua mente. Mas o olhar e o sorriso de Lucy não permitiram que ela escondesse seu pensamento. — Bem, eu não sei exatamente como te dizer isso e tenho um pouco de medo da sua reação, sabe? — Ela estava com o rosto tão vermelho quanto o próprio cabelo.

— E por que não tenta me contar? Assim eu posso lhe mostrar a minha reação. — Diz sorrindo, apertando sua mão com a dela. — Não tenha medo.

Erza fechou os olhos, respirou fundo, se preparando para o que estava querendo falar.

Mas antes que ela pudesse proferir qualquer palavra, Porlyusica e Makarov se aproximam das meninas. A velha curandeira examina o braço de Lucy, assim como o resto de seu corpo e seus olhos, as manchas e as veias negras haviam sumido completamente, apenas seu nível de ether mágico estava um pouco abaixo do recomendado, mas um bom descanso fará ela se sentir melhor. Aproveitou e passou uma essência de ervas curativas nas mãos e nos pontos do rosto onde havia queimaduras. Pode enfaixar apenas apenas as mãos e lhe falou que elas precisarão ser trocadas a cada 4 horas durante 3 dias e lhes entregaram um kit de bandagens e um frasco com a essência de ervas.

Já Erza, apresentou apenas cansaço devido ao esforço e concentração em transferir o ether para Lucy e também de segurar a garota durante o procedimento de extração. Sua temperatura corporal subiu um pouco, mas não chegou a ter febre, e como Lucy, seu nível de ether mágico também estava um pouco baixo.

— Parece que vocês duas já estão melhores. — Diz a senhora, retirando a fita mágica de seus pulsos. — Já podem ir pra casa, descansem por pelo menos duas semanas sem realizar missões. Comam coisas saudáveis, como frutas e legumes pra ajudá-las a repor o ether mágico que perderam. E é só isso.

Elas assentiram, se levantando da pequena cama que estavam. Erza ajudou Lucy a se levantar e passou um dos braços dela sobre seus ombros e passou um dos seus ao redor da sua cintura para sustentar seu corpo.

— Se apoie em mim, eu vou te levar até sua casa.

— Ora, Erza. — Diz o Mestre se aproximando das meninas. — Isso não será necessário. — E com isso, o velho ativa sua magia, um círculo mágico nas cores branco e dourado surgiu ao seu redor e seu corpo começou a crescer, seus braços e mãos ficaram maiores e mais grossos, assim como suas pernas e seus pés, e seu corpo. Ele se certificou de não crescer o bastante para não destruir o teto da casa da velha curandeira. — Muito bem, vamos Erza. Lucy.  — Usando suas enormes mãos, Makarov pegou cada e as colocou sentadas em seus ombros, apoiando suas costas. — Porlyusica, eu não tenho como agradecer seus esforços por ter salvado as vidas dessas meninas.

Porlyusica ouvia tudo atentamente, enquanto abria a porta para o Mestre e as duas magas.

— Na verdade, eu tenho algo em mente como agradecimento, Makarov.

— Jura? O que seria?

Tomando um grande fôlego, a velha senhora proferiu bem alto e claro:

— Sumam da minha vista e não venham mais até minha casa! Eu odeio os humanos! — Resmungou a última frase, batendo a porta com força.

Lucy e Erza se encaravam um tanto quanto paralisadas, enquanto Makarov apenas ria e caminhava em direção a cidade de Magnólia.

Ele sabia que algum de seus filhos apareceria lá para pedirem alguma coisa a ela em algum momento.

Foi só quando chegaram à cidade que os três perceberam que o sol já estava se pondo. As duas garotas praticamente passaram o dia inteiro na casa de Porlyusica, não era à toa que elas estavam bem cansadas e com um pouco de fome também.

— Lucy, eu vou te deixar em sua casa primeiro e depois eu levo você para Fairy Hills, okay Erza?

— Claro! Por mim tudo bem, Mestre.

— E para você, Lucy?

Durante todo o caminho, a maga celestial permaneceu em silêncio, absorta em seus próprios pensamentos. Os acontecimentos ocorridos mais cedo nesse dia passavam por sua mente como se fosse uma visão de lacrima sendo rebobinado e repassado mais de uma vez.

O ataque daqueles dois magos… O veneno… Erza lhe prometendo várias vezes que ficaria tudo bem… A declaração em plenos pulmões que a ruiva fez ao dizer que a amava…

Seu coração paralisou ao ouvir aquilo… Erza a ama? Há quanto tempo ela tinha esse sentimento guardado? E quando ela pretendia contar? Com certeza não era do jeito que foi mais cedo, enquanto Lucy estava a poucos passos de conhecer o Criador.

“Será que ela teria me contado em algum momento se nada disso tivesse acontecido?”, perguntou a si mesma sentindo o coração apertar. “E se eu tivesse morrido? Como Erza se sentiria se nunca tivesse dito nada?”

— Lucy? Chegamos, minha filha.

O chamado do Mestre despertou a loira de seus pensamentos, enquanto ele a colocava devagar no chão, bem em frente ao seu apartamento.

Era um alívio já estar em casa, mas Lucy sentia seu peito fervilhando, uma agonia crescente, um medo tomar seu coração.

“Por que estou sentindo isso?”

— Consegue ficar bem sozinha, filha? — Indagou Makarov preocupado. — Você passou por muita coisa hoje…

— Eu vou ficar bem, Mestre. — Garante Lucy com um sorriso. — Eu só preciso descansar bastante e estarei pronta para sair e fazer missões!

Makarov solta uma gargalhada alta.

— É assim que uma maga da Fairy Tail deve falar! — Ele abre um enorme sorriso, bagunçando levemente os cabelos loiros da jovem. — Trate de descansar bem durante esses dias.

Lucy abriu um sorriso tímido, enquanto ajeitava os fios bagunçados, pegando a chave do apartamento do seu bolso para abrir a porta.

— Pode deixar, Mestre.

— Ótimo! — Ele vira o rosto para a ruiva em seu ombro. — Vamos Erza?

— Vamos.

Assim que Makarov se virou, aquele pesar passou a doer mais no coração de Lucy e ela rapidamente virou seus olhos na direção do Mestre e de Erza. Seu olhar se fixou na ruiva, que também vira seu rosto pra trás, seu semblante era de aflição e tristeza.

Será que ela também estava sentindo aquele peso no peito?

“Eu não quero…”, pensa Lucy

“Eu não quero…”, pensa Erza

“Ficar longe dela!”, pensam elas ao mesmo tempo.

— Mestre, espera! — Grita Lucy largando a chave na fechadura e correndo até o gigante e a cavaleira. — Deixa a Erza ficar aqui na minha casa!

Makarov parou de repente, encarando Lucy com a sobrancelha levemente erguida e um olhar sério, que fazia a loira estremecer dos pés à cabeça.

Será que o pedido não foi uma boa ideia?

“Acho que ele quer que nós duas nos recuperemos separadas.”, pensou ela triste e soltando um suspiro. Estava pronta para se virar e voltar para casa quando ouviu um par de botas batendo no chão. Lucy ergue seus os olhos e encontra a ruiva sorridente que tanto amava, sentindo um calor gostoso percorrendo sua mão.

— Mestre, eu gostaria de ficar com Lucy. Quero me certificar de que ela vai descansar e se recuperar bem do veneno.

Makarov fitava as duas jovens com uma expressão um tanto séria. Ele podia ser velho, mas não era nada bobo, sabia o quanto as duas gostavam uma da outra, só achava que era cedo demais para esse nível de intimidade.

“Talvez eu esteja apenas me precipitando…”, pensou ele.

— Você tem certeza, Erza? — Ela assente em resposta. — Então, tudo bem. Pode ficar na casa da Lucy. Mas tenham juízo, hein meninas! — Diz com uma pequena risadinha no final.

E com isso, ele se virou e caminhou de volta para a guilda, desfazendo sua forma gigante.

“Só não sejam como Laxus e Freed… Tem noite que eles não descansam…”, pensou ele, rezando para que as garotas não fossem tão libidinosas quanto seu neto.

Lucy e Erza demoraram alguns segundos para entenderem o que Makarov quis dizer com “Tenham juízo”, e ficaram com os rostos super corados.

— M-mas… O-o… Q-quem o Mestre pensa que é? — Diz a loira extremamente constrangida, enquanto abria a porta do apartamento.

— Ele é o Mestre. Ele sabe das coisas.

Lucy não sabia como reagir diante da resposta da ruiva, mas não deixou de pensar na possibilidade de que talvez Erza e Mestre já tenham conversado esse tipo de… Assunto um com o outro.

“Talvez ela tenha ido tirar algumas dúvidas com ele…”, pensou ela, trancando a porta do apartamento e tirando seus tênis. Erza faz o mesmo com suas botas.

Ambas caminham em direção a cama da loira, com esta se jogando, soltando um longo suspiro e cobrindo os olhos com o antebraço, enquanto a ruiva apenas se sentava na ponta e olhava para a garota.

— Está tudo bem? — Indaga passando a mão sobre os fios loiros da maga celestial.

— Sim, só estou um pouco cansada mesmo… — Respondeu retirando o braço e olhando para Erza.

“Ela é tão linda…”, pensou e abriu um sorriso bobo.

— O que foi? — Pergunta Erza curiosa ainda acariciando os cabelos de Lucy.

— Nada, eu só… — Ela se senta, sem desviar seus olhos dos olhos de Erza, colocando uma mecha do seu cabelo avermelhado atrás da orelha. — Só estava pensando o quanto você é… Linda, sabe?

Erza sentiu o sangue correr para suas bochechas, a deixando bem corada e abre um sorriso um tanto sem graça diante do elogio. Lucy já havia lhe feito elogios antes, mas agora que ambas sabiam dos sentimentos de uma pela outra e vice e versa, a ruiva não tinha como esconder o quanto estava se sentindo tão feliz.

Ela queria beijar Lucy, como ela desejava isso. Ela lia tantos livros onde descrevia o sabor de um beijo e ela só queria saber qual seria o sabor do beijo da loira.

— Erza? Você está bem? — Indagou preocupada, colocando as costas da mão enfaixada em sua testa. — Hey, você ficou paralisada porque eu te chamei de linda?

— Ah… Então… E-eu… Sabe como é, não é? — A cavaleira se atrapalha toda com as palavras, virando seu rosto para esconder a vermelhidão.

Lucy riu com a timidez que Erza agora demonstrava e achou que era a cena mais fofa que ela viu em toda a sua vida. Ela se levanta da cama, segura o rosto da ruiva entre as mãos e fixa seu olhar ao dela. Parecia que as cores de seus olhos se fundiam e uma atração inexplicável fez seus corpos se aproximarem e nenhuma delas tentou impedir.

Por que deveriam? Elas estavam sentindo desejo e era evidente no olhar que uma dava para a outra.

Sem controlar seus instintos, Lucy se senta sobre o colo de Erza, que imediatamente passa seus braços ao redor de sua cintura apertando a loira contra seu corpo, seus olhares brilhantes ainda conectados, os corações batendo forte e rápido em seus peitos, parecia que as batidas estavam sincronizadas.

“Eu devo…?”, pensaram elas ao mesmo tempo, aproximando seus rostos, suas testas se tocando, sentiam a respiração quente uma da outra. As mãos de Lucy ainda repousavam sobre as bochechas da cavaleira. Os braços de Erza ficam firmes na cintura da loira.

Elas queriam falar, mas as palavras pareciam inúteis agora, ou contrário dos gestos e das carícias tímidas… Quem começava o que, era a maior dúvida delas.

— Lucy… — Sussurrou Erza. — Eu realmente gosto muito de você. Tipo, muito mesmo… Eu amo você, princesa…

Lucy a olha com um sorriso bobo, desliza uma das mãos para o pescoço da ruiva e faz um carinho em sua nuca com as pontas dos dedos, enviando um leve arrepio pela espinha de Erza.

— Erza… — Sussurrou também. — Eu também gosto muito de você. Eu amo você, Erza...

Elas fecham seus olhos, respiram fundo ao mesmo tempo, param de usar a mente e deixam que seus instintos a guiem.

Seus rostos estavam a poucos centímetros um do outro com seus narizes se tocando e essa metragem ficava cada vez menor até que nada mais restava.

O primeiro pensamento que ambas tiveram foi:

“É úmido e macio”

A princípio, elas não se mexeram, apenas sentiram o leve toque de seus lábios em um pequeno beijinho, um selinho. Parecia não ser nada demais, mas a explosão de emoção que elas sentiram naquele simples beijo era indescritível, eram tantos sentimentos misturados que nem Erza e nem Lucy sabiam mais o que estava sentindo. Com exceção dos órgãos pulsantes em seus peitos, batendo tão forte e tão rápido que ambas tiveram a impressão de que poderiam infartar.

Ao se separarem, elas se olharam e se assustaram ao ver algo inesperado nos rostos corados uma da outra…

Lágrimas.

Mas por que elas estavam chorando? Essa era a questão.

Elas abriram a boca para falarem, mas nenhum som saiu. Novamente as palavras parecem inúteis, mas seus gestos faziam esse trabalho. Erguendo uma mão cada, elas limpam as lágrimas uma da outra, apreciando o calor e o carinho fornecidos. Seus olhares continuaram conectados quando sorrisos bobos enfeitaram seus lábios.

— Você tem um sorriso tão lindo… — Falou Erza sem pensar.

Lucy sente o rosto ficar mais vermelho com o elogio e a única coisa que vem a sua mente como agradecimento é passar os braços ao redor do pescoço de Erza e desferir inúmeros beijinhos carinhosos em sua bochecha.

A ruiva sorri com o gesto e apenas a abraça mais apertado contra si. Parecia que estava tendo o sonho mais lindo de todos.

— Se isso é um sonho… Por favor, não me acordem… — Sussurra Erza.

— Isso não é um sonho… — Diz Lucy desfazendo o abraço para fita-la. — Isso é real e eu posso provar que não é um sonho.

— Ah, é? Como fará isso? — Perguntou com a sobrancelha levemente erguida, já prevendo o que sua garota iria fazer.

E como era esperado, a resposta de Lucy foi colar seus lábios aos de Erza, iniciando um novo beijo, um pouco mais urgente, mais quente e molhado. Dessa vez elas moveram seus lábios, entrando em sincronia uma com a outra, acariciava as maçãs do rosto uma da outra.

Não durou muito mais do que um minuto, mas as deixaram um pouco sem fôlego.

— Graças a Mavis isso é a realidade. — Diz Erza arrancando uma risada baixa de Lucy.

— Faço de suas palavras as minhas, pois é bem melhor do que os sonhos.

Aquele comentário faz com que a ruiva lhe olhe com um pouco de curiosidade.

— Você já sonhou comigo, Lucy?

— Já sim! Sonho quase todas as noites com você e passei a sonhar mais depois que… — A fala da loira parou ali, pois a lembrança que veio a sua mente não era nem um pouco agradável para ela e nem para a garota na qual estava sentada no colo.

Erza notou a mudança repentina em Lucy e nem precisou perguntar qual era o problema, pois sabia o quanto aquilo a perturbava de vez em quando.

— Hey, não pensa nele, okay? Ele está preso e nunca mais veremos ele. Eu prometo que não vou deixar nada acontecer com você.

A loira abre um sorriso tímido, voltando a abraçar sua ruiva bem apertada.

— Você é mesmo a minha cavaleira de armadura.

— Sabia que eu gosto muito quando você diz que sou sua cavaleira?

— E eu quando você me chama de princesa?

Elas se encaram por alguns segundos, com sorrisos abobados enfeitando seus rostos avermelhados.

— Acho que… Eu devo me levantar e… — Falava, enquanto olhava para Erza. — Tomar um banho… Eu não estou bem apresentável agora, sabe?

— Pra mim, você está ótima do jeito que está.

— Você só está falando assim pra me agradar.

— Farei qualquer coisa pra te ver sorrindo. — Responde dando um beijo carinhoso na bochecha de Lucy.

— Eu fico muito feliz em ouvir isso, mas eu quero tomar um banho. — Dizia mexendo em uma mechinha do cabelo de Erza. — Eu tô toda suja de poeira, suor e sangue, e eu não quero dormir ao seu lado assim.

Erza assentiu, deixando a loira se levantar do seu colo e seguir para o cômodo do lado direito, onde era o banheiro. Ela se levanta também e vai para o cômodo que fica do lado esquerdo, onde fica a cozinha, para colocar uma caneca de água para ferver pra fazer um pouco de chá.

Enquanto esperava a água, Erza ficou refletindo tudo o que aconteceu, tudo o que sentiu: Raiva, desespero, medo, pânico, felicidade, carinho, , cuidado, amor… Esse último a fez sorrir bobamente, enquanto tocava os dedos nos próprios lábios, relembrando o beijo que deu em Lucy.

Como tinha sonhado e desejado que isso se realizasse e agora que finalmente aconteceu, ela ainda não conseguia acreditar, rezava silenciosamente para que nada daquilo fosse um sonho.

“Que isso não seja um sonho, Deus.”, pensou fechando os olhos.

Mas os abriu assim que sentiu duas mãos sobre seus ombros e um aroma doce de creme de frutas vermelhas.

— Erza?

— Oii Lucy. — A cumprimentou com um sorriso, segurando as duas mãos com carinho.

Apesar de adorar demais o toque da ruiva, Lucy não pode evitar o leve resmungo que saiu de sua garganta e o estremecimento, Erza logo soube que era por causa das queimaduras.

— Desculpa, machuquei você? — Questiona preocupada.

— Não, não. Está um pouco dolorida mesmo… Doeu também pra tomar banho.

— Vem cá, deixa eu colocar uma nova bandagem. — Falou levando a loira de volta para a sala. Elas se sentam na cama uma de frente para a outra, enquanto Erza pegava novas bandagens e a essência. Passa um pouco da pasta verde sobre as queimaduras das mãos e nos pontos do rosto que eram o queixo, perto da orelha esquerda, um pouco acima do olho direito e no canto acima da testa.

Lucy estremeceu um pouco com a leve ardência, mas logo sentiu o alívio e o frescor do remédio, era sinal de que estava funcionando. Em seguida, pegou as bandagens e enfaixou as mãos da loira cuidadosamente, e assim que terminou, deu um beijo em cada mão.

— Pra ajudar a sarar mais rápido. — Diz Erza em um tom brincalhão, arrancando uma risada baixa de Lucy.

O som do chiado chamou a atenção das duas meninas, que se levantam ao mesmo tempo, mas a loira coloca a mão sobre o ombro da ruiva.

— Pode deixar que eu termino o chá.

— Lucy, suas mãos… — Começou ela preocupada.

— Eu vou ficar bem, okay? — A interrompe com um pequeno sorriso. — Você já fez muito por mim hoje e precisa descansar tanto quanto eu. Talvez até mais… Afinal, você transferiu um pouco do seu ether pra mim… — Sua expressão alegre foi tomada por uma triste.

— Hey, não fale assim. Nós duas precisamos, Lucy e eu não me arrependo de ter feito isso. Foi uma escolha minha. — Acrescenta rapidamente, não querendo que a loira se sentisse culpada pela decisão que tomou. — Eu não podia perder você… Eu não conseguiria viver sabendo que o mundo agora tinha perdido uma pessoa importante.

Lucy não tinha como não sorrir e nem como não se emocionar com as palavras de Erza, sentiu seu coração se aquecer e a disparar em seu peito. Não se conteve em abraçá-la, apertando as mãos na camisa de Erza, que retribuiu o carinho da sua garota.

— Eu faria qualquer coisa por você. Nunca se esqueça disso, okay? — Sente a loira acenando que sim. — Enquanto você termina o chá, eu vou tomar um banho. Qualquer coisa, pode gritar, okay? Eu venho correndo resgatar minha princesa.

— Okay. — Ela sorriu corando um pouco quando foi chamada de “princesa”.

Enquanto Erza seguia para o banheiro, Lucy terminava o chá de morango que fazia sempre que a ruiva estava em sua casa. Normalmente, a loira gostava de cozinhar alguma coisa para ela também, mas por causa dos acontecimentos de mais cedo, decide apenas pegar alguns cookies com gotas de chocolate para comer com Erza e prepara a pequena mesinha de sua sala.

A cavaleira sai do banho já vestida com trajes para dormir, se aproximando da pequena mesa e se sentando ao lado de Lucy, que já lhe servia uma xícara de chá.

— Desculpa não ter cozinhado nada, sei que costumo fazer isso quando você vem dormir aqui comigo.

— Está tudo bem, Lucy.

— Amanhã eu cozinho alguma coisa pra nós duas, pode ser?

— Claro! Contanto que me deixe ajudá-la.

— Sua ajuda será muito bem vinda!

Elas sorriem uma para a outra, enquanto saboreava o chá com os cookies em silêncio, aproveitando a presença uma da outra.

Após terminarem, elas limpam os utensílios que usaram, escovam seus dentes e se preparam para irem dormir. Enquanto arrumava a cama, Lucy ficou pensando no que faria agora…

Será que ela devia começar algo com Erza, já que ambas disseram uma para a outra o que sentem?

“É o que as pessoas que se gostam fazem, certo?”

Será que Erza já tem algo em mente também?

O que Lucy deveria fazer?

Pedir a Erza em namoro? Ou deveria esperar o pedido vim dela primeiro?

“O que eu devo fazer?”

— Lucy?

Os pensamentos de Lucy somem ao escutar Erza chamando seu nome. Ela olha para a ruiva e não esconde a leve expressão de indecisão que tinha.

Erza percebe a expressão da loira e solta um suspiro, ela devia ter imaginado que Lucy provavelmente iria se sentir um pouco confusa com tudo indo rápido. O seu maior medo era de ser rejeitada pela loira que tanto amava. Ela sentia que não iria aguentar se isso acontecesse.

Ela não forçaria e nem obrigaria Lucy a ficar com ela, jamais faria isso. Mesmo que elas não estivessem juntas como queria, Erza gostaria de manter sua amizade com a maga celestial, era tão importante quanto o amor que sentia por ela.

— Olha, eu posso dormir na poltrona ou até mesmo no chão se isso for te deixar mais confortável e mais a vontade… Ou se achar melhor, posso ir pra minha casa…

— Não!!! — Gritou exasperada, assustando a si mesma e a ruiva com o tom. — Não é o que você está pensando!

Dormir naquela minúscula poltrona? No chão frio e duro? Ir embora no meio da noite, enquanto sentia os ventos gelados batendo no rosto?

Não era isso que Lucy queria, ela queria ficar com Erza, queria de verdade! Só não sabia se era ela ou a ruiva que devia tomar a decisão.

— É só que eu… Eu nunca me senti assim por pessoa, não sei se eu devo tomar a iniciativa de alguma coisa… Eu só tenho certeza de uma coisa! — Dizia encarando Erza com seriedade. — Eu quero ficar com você! Eu quero estar com você! Eu me sinto segura e feliz ao seu lado! Eu realmente amo você, Erza Scarlet! Meu coração não reage desse jeito com outra pessoa, apenas com você! — Dizia enquanto caminhava até a ruiva, segurando firme sua mão. — Eu só estou um pouco perdida no que fazer, não sei como devo me comportar e nem o que você pensa sobre isso… Se quer ficar comigo apenas por…

Erza interrompe a fala de Lucy ao colar seus lábios aos dela. Não foi um beijo abrupto, foi suave e apenas um leve encostar de lábios, um selinho por parte da ruiva. Elas se separam depois de alguns segundos, seus olhares se conectaram profundamente.

— Lucy, eu quero deixar uma coisa clara para você. — Começa ela com uma expressão séria. — Eu realmente quero ficar com você, mas apenas se você estiver à vontade pra isso. Eu acredito nos sentimentos que você tem por mim, mas eu jamais vou forçá-la a algo que não queira ou que não esteja pronta. Você é especial demais pra mim e a última coisa que eu quero é te magoar de alguma maneira, eu morro de medo disso, pra ser sincera. Por isso eu quero fazer tudo do jeito certo, entende?

Lucy absorve todas as palavras de Erza, abrindo um sorriso em agradecimento e compreensão. Ainda segurando a mão da sua cavaleira, ela caminha em direção da cama, se deitando na mesma e a puxando para se deitar ao seu lado. Elas se deitam bem próximas, com os rostos virados uma de frente para a outra, sentindo as respirações quentes tocando seus rostos. Erza acaricia a bochecha, sentindo o calor da pele clara de Lucy contra a sua, deslizando os dedos de forma tão delicada que sentia que a sua garota poderia despedaçar ao menor contato.

— Eu não sou de porcelana. — Sussurra Lucy em um tom brincalhão, aproximando mais seu corpo contra o de Erza. — Não precisa ter medo de me tocar.

— Eu não tenho, eu apenas gosto de tocar em você assim.

— Você sempre me tratou assim, com carinho e atenção… Sempre está presente ao meu lado, enxugando as minhas lágrimas ou tratando algum ferimento meu… — Dizia apertando firme a mão de Erza. — Há quanto tempo… Você gosta de mim assim?

Essa era uma pergunta que Erza não estava esperando, mas ela já tinha uma resposta em mente.

— Eu comecei a querer me aproximar de você quando entrou na guilda e depois do incidente com o lobo, mais ainda. No começo pensei que era só amizade, mas depois daquela missão que enfrentamos o Thiago, eu percebi o quanto eu gosto de você e o quanto quero estar com você. — Dizia a olhando em seus olhos castanhos claros. — Eu só não sabia se você sentia o mesmo por mim.

Lucy não esconde o espanto ao saber que Erza nutria amor por ela todo esse tempo, se sentia uma idiota por nunca ter percebido antes e mais ainda por ter demorado tanto pra descobrir o que realmente sentia pela ruiva.

— Me desculpa por ter demorado tanto assim pra notar… — Diz envergonhada. — Eu sou meio lerda algumas vezes e se eu tivesse prestado mais atenção, eu…

— Shii… — Erza toca seus lábios com o indicador, a interrompendo. — Está tudo bem, Lucy. Não precisa ficar chateada com isso, eu esperaria por você o tempo que fosse necessário ou o suficiente pra criar coragem e confessar o que eu sentia.

— Sério? Você teria esperado todo esse tempo por mim? — A resposta foi um aceno. — Puxa… Você é mesmo incrível e eu me sinto sortuda por ter alguém que me ame assim.

— E eu mais ainda por saber que você também me ama. Eu sonhei com isso por tanto tempo… — Diz colocando uma mecha do cabelo de Lucy atrás de sua orelha. — Ensaiei esse momento tantas vezes que agora eu não sei como fazer.

— Por que não segue seu coração? — Sugere a loira com um sorriso.

Seguir seu coração…

O coração de Erza batia tão rápido que imaginou que Lucy poderia estar escutando.

“Vamos lá, Erza! Não seja covarde agora!”, incentivou a si mesma.

— Lucy… Minha princesa… Meu anjo… — Falava em um tom baixo, apenas para a sua garota. — Não sei se você está ouvindo, mas meu coração tá batendo tão rápido… E tão forte… Ele está dizendo que é a você que ele pertence… Que você precisa cuidar dele com carinho e amor… E eu sei que você fará isso, pois você é leal, é corajosa, é uma amiga maravilhosa, uma maga incrível, e tem um sorriso tão belo que é capaz de iluminar o que você desejar… Então, eu te faço a seguinte pergunta… — Erza respira fundo. — Você aceita essa simples maga de armadura como sua namorada?

A essa altura, Lucy já estava emocionada e não segurou as lágrimas a cada palavra proferida por Erza. Seu coração parecia uma locomotiva, era tanto sentimento junto e ao mesmo tempo que ela se perguntava como ainda não tinha infartado.

— Erza... Depois de tudo o que passamos juntas, não apenas as coisas ruins e tensas, mas as coisas boas e divertidas também, eu só tenho uma resposta pra sua pergunta… — Ela toma um fôlego. — Erza Scarlet, minha cavaleira de armadura mais linda do mundo, você está fazendo meu coração palpitar, eu sinto que vou chorar mais e eu não vou enrolar, vou dizer de uma vez! — Outro fôlego. — Eu aceito sim ser sua namorada.

Sorrisos enfeitam seus semblantes.

Felicidade…

Realização…

Alegria…

Paixão…

Amor…

Eram tantos sentimentos bonitos misturados dentro dos órgãos pulsantes das duas garotas que elas não hesitaram ao encostar seus lábios novamente.

O beijo era apenas um simples selinho no início, mas aos poucos seus lábios se moviam em sincronia um com o outro, ficando mais intenso e mais molhado. Em algum momento, Lucy cedeu passagem para a língua de Erza, que se segurou para não invadir sua boca com força, não queria assustar sua agora namorada com tamanha violência assim. Ela se esgueirava com calma, explorando cada cantinho, saboreando aquele gosto único mesclado com a pasta de menta que usaram minutos atrás... O sabor da boca de Lucy.

Lucy também aproveitou e introduziu sua língua dentro da boca de Erza. Diferente da ruiva, ela se sentia um pouco mais tímida, tocava um canto ou outro com a pontinha, mas adorou entrelaçar sua língua com a namorada. O gosto de Erza era menta e morango mesclado com seu próprio sabor natural, era viciante.

Se o ar não fosse tão necessário, elas teriam ficado se beijando por muito mais tempo, mas seus pulmões tinham outros planos.

Ao se separarem lentamente, um leve fio de saliva conectava suas bocas até se partir. Elas se olham, com as bochechas coradas e sorrisos bobos nas faces.

— Desculpa… — Dizem ao mesmo tempo um pouco sem jeito com a situação.

— Eu nunca tinha beijado outra pessoa antes. — Confessa Lucy. — Eu só tinha lido como era um beijo, mas a sensação é muito, muito boa!

Erza ri da timidez de sua garota, dando um beijo na sua bochecha.

— Eu também nunca tinha beijado uma pessoa antes e estou amando esse momento entre nós duas. — Ela ergue uma mão e acaricia o rosto da namorada. — Na verdade, sempre amei passar qualquer tempo que fosse com você.

— Sério?

— Claro! Eu adoro quando você me chama pra vim dormir na sua casa, quando cozinha comidas novas, tomamos chá de morango, quando dividimos um pedaço de bolo de morango ou uma enorme taça de milk-shake. Quando fazemos missões juntas ou passeamos na cidade durante os festivais… Em resumo, eu amo passar o tempo com você.

— Puxa… Eu me sinto uma idiota por ter demorado tanto para…

— Shii… — Erza a interrompe suavemente, aproximando seu rosto do dela. — Já falei que está tudo bem, não precisa se preocupar com isso, okay?

Lucy não pode conter o sorriso em agradecimento e se jogou nos braços de Erza, a abraçando o mais apertado que conseguia.

— Eu te amo, Erza!

Erza retribui o abraço carinhoso da loira, acariciando seus cabelos loiros.

— Eu te amo, Lucy!

Elas se olham e trocam mais um beijo afetuoso até o momento que Lucy dava sinais de cansaço.

— Vem, vamos dormir. Principalmente você. — Diz beijando sua testa suavemente. — Amanhã podemos passar o dia juntas, se você quiser.

— Sim, por favor! — Responde a loira se aconchegando ao lado do corpo de Erza, que a abraça de forma protetora. — Quero passar o dia com a minha namorada.

— Assim como eu quero passar com a minha.

Elas sorriem uma para a outra até fecharem os olhos ao mesmo tempo.

— Boa noite Erza, durma bem!

— Boa noite Lucy, descanse bem, meu anjo.

Em poucos minutos, toda a exaustão daquele dia toma conta do corpo das duas garotas e elas deixam que Morfeu as leve para o mundo dos sonhos.

Apesar que nenhum sonho jamais será melhor do que a nova realidade e do futuro que elas construirão juntas.


Notas Finais


O que acharam?
Estou muito feliz com o resultado e sei o quanto estavam esperando por esse momento!
Espero mesmo de coração que tenham gostado!
Por favor, deixem seus comentários! É de graça e deixa esta autora feliz!
Não sei se vocês tem conta no wattpad, mas eu posto essa fanfic lá também. Vou deixar o link no final da nota, caso queiram acompanhar por lá também!
Até o próximo capítulo!
Beijos!

https://www.wattpad.com/story/217362344-fairy-tail-a-celestial-hunter-story


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