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História Fairy Tail: Apocalipse Mortal - Vingança.


Escrita por: Magic_Kitty

Notas do Autor


Tivemos uma demora por falta de sono e bloqueio criativo, mas aqui está o capítulo que acaba de sair do forno!

Boa leitura

Capítulo 3 - Vingança.


Sono Polifásico. Foi a primeira coisa que precisei adaptar na minha vida de sobrevivente. Em vez de longas horas de sono seguidas, vários cochilos durante o dia para reabastecer a energia. Geralmente durando entre vinte e trinta minutos. Num mundo onde tudo quer te matar, quanto menos tempo inconsciente melhor. Acordei na cobertura abandonada do prédio que já esperava a cerca de dois dias, os músculos das costas rígidos pela posição. O sol estava alto, deveria ser perto de uma da tarde e ainda não havia movimento no galpão que eu observava com a ajuda de binóculos.

Estava cansada de sonhar com aquilo, com as lembranças do que me fazem estar a dois dias e meio vigiando um mesmo lugar, analisando cada buraco capaz de servir de ponto de vigília, cada armadilha possível, cada rota de fuga. E estava cansada da frustração de esperar. Troquei os meus binóculos pela mira aguçada e sombria da Barret M82 que descansava imponente no parapeito semi demolido do lugar, observando as estradas enquanto enfiava um talo de rabanete cru goela abaixo e bebia um pouco de água. Fora alguns mortos que caminhavam sem rumo pelo asfalto sujo, não havia mais nenhum sinal de movimento.

– Qual é...

Soltei um suspiro e adentrei a estrutura demolida do que deveria ser a conexão do prédio com a cobertura, onde havia me instalado. Estudei o meu mapa outra vez, este estava completamente rabiscado, mas as marcações não eram somente minhas. Deslizei o dedo pelas letras tortas escritas pelo meu pai, de quem pertencia antes. Sim... não importa o quanto eu releia as informações gravadas por mim, esse era o lugar. Mas estavam atrasados. Quanto mais tempo demoravam, pior era o meu estado.

Levantei a blusa preta e xinguei coisas horríveis no processo. Dentre as pequenas cicatrizes aqui e ali, havia um emaranhado de nós costurados por mim mesma perto do umbigo. Menos de cinco centímetros para a direita e esse umbigo bonitinho seria rasgado ao meio, e eu não tenho certeza se seria capaz de costurar. A pele nos pontos estava vermelha, a pele ao redor do machucado ganhava uma cor amarelada e estava sensível ao toque. Eu sentia meu corpo quente, mesmo tomando remédios para tentar controlar as infecções. Um vacilo, um segundo de atenção perdidos, e eu quase fui encontrá-la sem nem mesmo cumprir com a minha palavra.

Pelas marcações no mapa, tem um dos postos do meu pai a alguns quilômetros ao leste onde eu poderia encontrar suprimentos e abrigo para tratar esse meu problema. Mas, eu não podia ir. Não podia desperdiçar a chance única que tinha conseguido no grupo de batedores que quase abriram minha barriga em combate. Ele estaria aqui, deveria já estar. Era um dos pontos de avaliação de mercadoria... e eu faria com que fosse a última vez que ele negociasse. Passei um pano úmido pela pele da barriga enquanto segurava a respiração e engoli os últimos comprimidos restantes do frasco, enquanto só podia esperar que tudo saísse como o planejado.

Olhei para o vidro sujo que separava aquele lugar da escadaria do prédio, observando meu reflexo opaco. Os cabelos desgrenhados presos na trança frouxa, a roupa ainda suja de sangue e com rasgos, o rosto malicento com as bochechas pontudas... sim, eu já vi dias muito melhores. Abri a bolsa jogada na mesa e puxei o magnífico traje de assassina da minha mãe, a malha preta fria nos meus dedos calejados trazia a sensação diretamente pra minha alma. Levei o tecido até o nariz e inspirei o odor suado que ainda estava vivo, trazendo lembranças de sua dona, e me demorei ali, sentindo as pontadas crescentes na região do meu machucado que atrapalhavam meus sentidos. Tirei as roupas que usava e coloquei aquele traje, que se adequava tão bem ao meu corpo como se tivesse sido projetado para mim, sentindo a tenção do pequeno gatilho nas luvas, que soltaria suas lâminas escondidas assim que o movimento correto fosse executado, a máscara negra do pescoço que se estendia até a base do nariz, o capuz pesado... tudo era familiar, e ao mesmo tempo estranho. O peso das armas escondidas parecia desaparecer, como um manto mágico... sedento por sangue e vingança.

E se tudo fosse como o planejado... eu saciaria o seu desejo. Ainda hoje.

~*~

O sol já estava descendo. Pela sua distância do horizonte, eu poderia dizer que teríamos mais uma ou duas horas de luz antes do breu consumir a Terra. Foi nesse horário que meus ouvidos aguçados pelo silêncio mórbido da cidade captou os sons de motores. Quase como uma injeção direta em seus sentidos turvos, graças a febre que teimava em não abaixar, agarrei a mira da barrett e mirei para a estrada, mesmo que já pudesse vez os traços de luz dos faróis de longe. Eles haviam chegado.

Observei os carros passarem, cerca de quinze homens armados dispararem contra mortos que apareciam aqui e ali, como se munição fosse algo que encontrariam em cada esquina, e dando urros animados como se não precisassem se esconder das coisas que eram piores que aqueles caminhantes canibais lerdos. Pararam no galpão, e com a mira eu observei puxarem três pessoas que estavam amarradas e com sacos de tecido na cabeça. Dois grandes, e um muito mais baixo. Suas novas mercadorias. Travei meu maxilar, sentindo um pulsar de dor insistente na barriga quando levantei abandonando a Barrett. Por mais que fosse uma arma letal e eficiente a longa distância, que me faria acabar com os homens colocados em guarda no galpão... ainda era barulhenta, e pela proximidade que eu tinha do alvo, ele seria alertado antes mesmo que eu acabasse com seus vigias.

Tinha ser tudo perfeito.

Ergui a máscara preta e puxei o capuz sobre a cabeça. Seria pelo modo tradicional... e naquela selva de concreto, eu ensinaria para eles quem era o verdadeiro predador. E qual era a sensação de ser uma presa.

Quando comecei a saltar de obstáculo em obstáculo, de prédio em prédio, cobrindo a distância entre mim e o primeiro alvo desavisado, senti aquele frio debaixo da pele, dentro das minhas veias, desacelerando o ritmo cardíaco e deixando minhas mãos firmes. E quando aquela besta assassina sonolenta dentro de mim despertou... eu deixei que saísse de sua jaula.

~*~

Ao alcançar o galpão, precisei esfregar as mãos nas coxas para limpar o sangue que as deixava escorregadias pois serão incômodas durante a escalada. Cheguei ao topo suando frio, sentindo aquelas pontadas na barriga atingirem níveis assustadores de dor graças ao esforço dos movimentos angulados e precisos, mas me forcei e deixá-los de lado. Minha sede de sangue era muito maior do que qualquer dor.

Observei a cena dentro do galpão por uma parte demolida do teto que eu já tinha conhecimento graças ao mapeamento da região que fiz no minuto em que tinha chegado aqui, dois dias antes. As três pessoas que eu tinha visto antes estavam no chão, e agora se revelavam ser dois homens e uma mulher. O primeiro, com cabelos negros como nanquim e bagunçados, tinha o nariz arroxeado e sangrento, numa posição nada agradável aos olhos. Estava jogado no chão e não parecia ter intenções de revidar. O segundo estava sentado com as mãos presas atrás do corpo, apoiado numa parede. O rosto estava machucado e sangrento, o cabelo... ruivo que parecia rosa, provavelmente pela má iluminação, preso nos dedos de seu agressor enquanto ele parecia esperar por uma resposta. A garota ainda tinha o rosto coberto por um saco, e não parecia se mover.

– Eu to esperando. – grunhiu aquele que lhe segurava os cabelos.

Aproveitei a distração para escorregar silenciosamente pela viga de sustentação do teto do galpão, os olhos fixos no homem. Não aquele amarrado... mas aquele que lhe socava. Senti minhas mãos tencionarem sobre as facas ensanguentadas que eu segurava, aquela sensação gelada escorrendo por minha coluna enquanto aquele desejo mórbido gritava em meus ouvidos, fazendo a dor em minha barriga ser colocada em segundo plano.

Era ele. Bem ali. Sem notar quem estava alguns metros acima da sua cabeça. Sem perceber o quanto cada pedacinho de mim rugia faminto por ver seu sangue derramado.

– Fale, seu filho da puta! –ele rugiu, dando outro soco diretamente no rosto do homem sentado.

Mas, para a minha surpresa, o cara sentado ergueu os olhos... para mim. E sorriu com os dentes cobertos de sangue. Eu me deixei perder um segundo de concentração para me perguntar como ele havia me notado, pois tinha certeza de ter sido perfeitamente discreta. Seu agressor não ficou feliz em ver seu sorriso, o que resultou no recomeço de uma série de golpes.

Aproveitei a deixa para me movimentar pelas vigas de aço do teto e escorregar silenciosamente para o chão. A primeira vítima foi aquele que estava parado próximo a um pilar, observando tranquilamente a cena de espancamento de seu companheiro. Cobri sua boca enquanto rasguei sua garganta em um corte limpo, o segurando enquanto tinha espasmos e deitando sutilmente seu corpo no chão. Mais cinco. Apenas mais cinco e então...

Senti aquela sensação no sangue de novo. Eu poderia iniciar aquilo com armas de fogo, sendo mais rápida. Mas, naquela ocasião em específico... eram as lâminas que cantariam. Tinham de ser as lâminas.

Os outros três que também se dispuseram nos cantos do galpão, provavelmente para montar vigília, mas dispersos dos meus movimentos graças ao show de brutalidade acontecendo contra aqueles capturados, tiveram um fim tão silencioso quanto o primeiro. Restavam apenas mais dois, que infelizmente estava sentados juntos, perto do meu verdadeiro alvo, se divertindo com a cena.

– Eu só vou perguntar mais uma vez, garoto. – ameaçou – Onde está? Se me entregar a localização, eu deixo vocês irem. Estou me sentindo caridoso hoje.

E quando o ruivo-rosado, que agora estava estatelado no chão, pareceu correr os olhos pelo galpão e sorrir cuspindo sangue em seu agressor... eu percebi o que ele estava fazendo. Chamando a atenção, criando brechas. Eu poderia ter sorrido por seu ato suicida, se a visão da minha presa tão próxima não fizesse minha visão desfocar de ódio. Os dois sentados estavam tão distraídos em rir da cena que sequer sentiram minha presença atrás deles. E quando chegassem ao inferno, iriam ficar se perguntando como morreram. As duas lâminas de minhas mãos, enfiadas juntas em ambas as nucas.

Diferente dos cinemas, não se morre instantaneamente ao ser esfaqueado no pescoço. As pessoas se convulsionam e se debatem, agonizando antes do fim. E foi com essas agonias que meu alvo finalmente largou seu saco de pancadas para perceber o que acontecia ao seu redor. Ele me encarou, e seus olhos se arregalaram em pânico e descrença.

– I-impossível! Eu tenho certeza que você... você foi morta! É impossível!

Quando ele, de mãos vazias por seu show de espancamento, tentou alcançar as armas da mesa, o cara abaixo dele enfiou a perna entre seus pés, lhe fazendo cair de boca no chão. Eu me aproximei sem pressa, embora tudo em mim estivesse enlouquecendo para que fosse logo ao objetivo. O homem se virou, arrastando-se para longe.

– Como você ainda está viva?! – ele gritou.

– Se está gritando para tentar chamar atenção de seus lacaios... é perda de tempo. Mas, vai encontrar com eles... em breve.

Mesmo que, ao colocar aquele traje, eu pudesse me passar facilmente por minha mãe caso não notassem a diferença na cor dos olhos, o timbre da minha voz me entregou, pois o homem franziu as sobrancelhas.

– Quem é você?!

Eu deixei cair propositalmente uma lâmina no chão, perto do homem que estava sendo surrado. Não por gentileza, mas por recompensa. Não lhe deveria por ter chamado a atenção. Quando minha vítima fez menção de levantar, eu atirei a faca restante em sua coxa, lhe fazendo gritar e agarrar sua perna. Peguei um pedaço de ferro da pilha de escombros e acertei diretamente em seu rosto, fazendo sangue manchar o chão e outro grito ser emitido.

– Quando você mata uma loba, mas poupa o filhote – sussurrei entre seus gritos – você nunca estará realmente seguro.

Nada parecia ser brutal o suficiente. Nem mesmo quando esmaguei a ponta de seus pés com a barra de ferro, nem quando peguei a machadinha de seu companheiro morto e arranquei suas mãos dedo por dedo. Nem quando desfigurei seu rosto com um pedaço de cano de ferro ou quando cortei suavemente sua garganta e lhe vi agonizar tentando fechar o corte com o toco dos braços (que precisei amarrar para evitar que sangrasse até a morte cedo demais), engasgando no próprio sangue. Todo o meu corpo estava imerso naquela sensação fria e mórbida enquanto eu aplicava com brutalidade e de maneira errônea as técnicas de tortura ensinadas por minha mãe, para que se fosse devidamente vingada. Eu sabia que se fosse ela no meu lugar, aquele lixo humano não teria morrido por tão cedo. Ela saberia fazer ele durar por dias de dor intensa. Infelizmente, eu nunca seria boa como ela.

Entorpecida por aquela sensação, perdi o momento em que o moreno amarrado vomitava as próprias tripas pela cena sangrenta que eu fazia, e também o momento que o homem que tinha sido agredido mais ferozmente libertou os próprios punhos e calcanhares das cordas. Eu estava tonta, e agora que a frieza em minha pele diminuía, eu podia sentir a dor aguçada do ferimento em minha barriga. Minha visão se tornando turva a cada respiração.

– Quem é você? – perguntou o rosado.

– Não é da sua conta. – respondi arrancando a faca de lâmina negra opaca com corações entalhados, que ainda estava fincada na perna do homem – Não vim aqui por vocês.

– ... Certamente não.

Mas, quando me levantei e embainhei a faca, tudo ao meu redor começou a girar violentamente, me fazendo perder o equilíbrio e cambalear até a mesa. Merda. Não era hora nem lugar pra isso. E haviam quilômetros que eu ainda precisava percorrer até o próximo posto.

– Você está bem? – quando o rosado fez menção de se aproximar, ergui a arma apoiada na mesa em sua direção, lhe fazendo parar no lugar.

– Nem mais um passo. – avisei, minha voz se tornando falha – Não abuse da minha... boa... vontade...

Então meu corpo cedeu. Lutei para recobrar a consciência, mas foi uma causa perdida. Desabei no chão do lugar, sendo beijada pela escuridão enquanto meus sentidos me abandonavam.

 


Notas Finais


Ara ara ~

Olha quem voltou? Meu Jesus, eu tô numa crise de insônia tão fodida esses dias que nem sei como descrever. E claro: Isso afeta pra caralho todo o resto de coisas que eu preciso fazer na minha vidinha!

O que acharam do capítulo? Nosso príncipe rosa está na área, e não poderíamos ter mais mistérios!

Um beijo muito sonolento, e inté <3


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