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História Faith - L'amour est belle


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 13 - L'amour est belle


13 de Maio de 1764

Mo sweet Faith

Não vai acreditar com o um personagem que me deparei hoje, enquanto trabalhava. É chinês e seu nome soa como palavrão em Gaélico de modo que tivemos que muda-lo Willoughby, para que ele não se meta mais em confusões que sua aparente tara por pés o coloca.

Eu estou bem, comendo duas vezes ao dia é suficiente para mim, para que saiba. Como vai você Cristian e os outros?

Mande meus comprimentos aos seus tios.

 

18 de maio de 1764

Querido pai

Lembre-me de não ir vê-lo quando esse chinês estiver com o senhor.

Todos lhe mandam lembranças e votos de saúde estamos todos bem. Cristian vive brincando com Angus de Maggie, talvez por isso não preste atenção nas aulas. Os dois se tornaram bons amigos apesar de as vezes Angus não entender o que Cristian diz vice versa.

 Ian que pegou uma coceira terrível no pé e está em carne viva. Creio que ele ficará bem logo tia Jenny passou um remédio muito estranho nos pés dele. Fiquei até com pena, mas ele merece por ser teimoso (Não mereço, isso são palavras dela) devia ouvir quando dizemos para não andar descalço.

Sinto sua falta.

Faith.

 

30 de Maio de 1764

Mo sweet Faith

 Sinto muito por não ter demorado a enviar-lhe uma resposta, mas estive preso e sabe bem que não permitem que os presos enviem cartas. Não se preocupe eu já estou livre e não fecharam a gráfica dessa vez. Tenha fé no seu velho. Tenho sete vidas.

Também sinto sua falta.

 

03 de Abril de 1764

Querido papai.

Cristian manda comprimentos e tem uma vontade ridícula de saber como é uma prisão e eu lhe disse que quando ele crescer se tiver azar suficiente poderá ver com seus próprios olhos, sabe como são crianças (Tio, aqui é Ian. Faith pediu para que dissesse o quanto fiquei excitado com a perspectiva de conhecer uma cadeia, é mentira, mas sim adoraria conhecer seu trabalho quando vai me levar?).

Hoje comi um delicioso ensopado que a tia Jenny fez uma delícia. O senhor vai vir quando nos visitar?

Faith.

 

10 de Abril de 1764

Mo sweet Faith

Não sei ainda quando poderei ir, mas Fergus está indo levar alguns presentes, é aniversario de Marsali sua irmã adotiva.

Pelo amor de Deus já disse a ele e digo a você, não quero ouvir falar que vocês andaram brigando de novo, pois aproveito e mando os seus, com dezenove anos de atraso espero que goste.

P.s.: Também mandarei os de Cristian.

 

– Presentes pra mim – sorri.

– É o que diz na carta – Ian apontou.

– Sabe o que eu não sei ler – o lembrei.

– Foi modo de dizer – ele bufou e examinou o pé quase sarado.

Olhei para Cristian que rolava na grama fria eu suspirei, preferia que meu pai viesse, e ele me mandava presentes para compensar. E mandava por Fergus aquele animal.

– Porque não gosta de Fergus ele é tão legal?

– Fergus não é legal – discordei – non, é um delinquente e grosso e...

– Acho que está exagerando – ele disse – mas sinceramente é engraçado ler como se odeiam, então continuem eu não me importo.

Ian riu.

Eu revirei os olhos.

Ian idolatrava duas pessoas nessa vida. Uma, com razão, era meu pai e outro eu não entendia como era o detestável Fergus.

Ali todos pareciam gostar dele e dizia a lenda que minha mãe também gostava, mas eu não. Simplesmente não conseguia.

– Quantos anos tem Marsali – perguntei.

– Vai fazer treze e eu faço treze ano que vem.

              Ian cresceu muito desde que eu cheguei. Ele era do meu tamanho e agora me ultrapassava com facilidade e continuaria crescendo sua mãe disse, e logo seria um homem.

               Jamie era casado e Michael, bom ele parecia mais concentrado no trabalho pelo que eu podia perceber. Kitty e Maggie também eram casadas e tinham filhos, mas isso não me impediu de fazer uma boa relação com elas apesar de ser mais distante do que era com Janet e Ian os mais jovens e os únicos que tinham tempo para mim e de fato nos tornamos bons amigos, mas como era Ian que me ajudava a escrever e ler as cartas do meu pai eu lhe tinha mais simpatia.

 

– As francesas gostam de se depilar – havia dito as minhas primas.

Eu não me lembrava exatamente como o assunto havia surgido, mas Kitty e Maggie riram incrédulas.

– É verdade, as moças da corte, solteiras, casadas lá é costume.

– E os homens aprovam isso? – Maggie se negava a acreditar.

– Ouvi dizer que gostam – fiz uma careta com péssimas lembranças que tratei de afastar – Por que vocês não fazem um teste, eu sei fazer a cera.

– O que acha Maggie – Kitty lhe perguntou com um olhar de desafio.

– Não pode estar falando sério pelo amor de Deus! – ela parecia mais do que escandalizada.

– Que mal há? – perguntei – tão mal seu marido reagiria.

– Não, mas provavelmente me ache louca, não sei se estou pronta para esse tipo de modernidade.

– Eu quero! – Kitty disse animada – me diga como se faz Faith.

– Acho que é melhor fazê-lo agora que começa a esquentar, no inverno pode ser incomodo já que le chat fica pouco agasalhada.

– Você acabou de chamar a.... – Kitty riu – chamou de gata?

– Acho bonitinho, já ouvi chamarem de nomes bem piores nem queiram saber – dei de ombros – Mas não precisam tirar tudo se não quiserem.

             No final das contas as duas fizeram a depilação, Maggie um pouco mais temerosa. No dia seguinte Kitty veio me procurar primeiro, sendo bem vaga nos detalhes, mas seu marido pelo visto havia adorado e me fez jurar que não contasse a ninguém.

              Maggie veio à tarde, com o rosto afogueado engasgou nas palavras. A princípio seu marido havia estranhado e falado do excêntrico costume, mas havia sido um sucesso e ela também pediu sigilo.

Imaginei que não deveria dizer a tia Jenny se Maggie quase havia se acovardado com a “Modernidade” veja lá ela.    

 

              Eu me esforçava ajudando a tia Jenny nas tarefas de casa, o medo que tinha dela foi sumindo aos poucos sendo substituído por carinho.

            E tentava ignorar o fato de que muitos acreditavam que eu era uma perdida, o que eu poderia fazer?

Pouco a pouco eu começava a compreender mais o gaélico, mas não tinha esperança nenhuma de aprende-lo como o inglês. Eu ainda preferia o francês e não faltava quem falasse do meu sotaque.

Como se o deles não fosse engraçado.

– O que mais aprendeu Cristian – perguntei a ele certa vez em inglês gemeu.

– Pode falar um pouco mais devagar? – ele pediu em francês.

– Não menino, você tem que prestar atenção para aprender melhor – falei em inglês.

– Oui... yes mom – ele se corrigiu.

Good boy – beijei sua testa.

– Maman – ele voltou ao francês – aquilo é fogo?

Fire mon petit homme.

– Estou falando sério it is fire! – ele apontou e eu vi a fumaça.

Mon Dieu! – exclamei – Cristian avise o Tio Ian, Jamie, Michael, quer quem que você encontre pelo caminho.

– E você? – ele perguntou.

– Vou tentar ajudar – corri segurando minhas saias e percebi que era o deposito onde armazenavam os alimentos que estava pegando fogo.

As pessoas iam e viam tentando salvar o que podiam das chamas e eu corri para lá para tentar ajudar e me seguraram.

– O que pensa que está fazendo mocinha? – um senhor bem mais velho me segurou.

– Quero ajudar – falei era obvio.

– É melhor não se meter para que não se machuque – ele aconselhou.

– Por que?

– Porque é uma mulher e não...

– E o senhor é um pouco velho demais não acha?

 O deixei engasgado e entrei para ajudar. Era mais fácil que aquela peça antiguidade tivesse um ataque o morresse só respirando a fumaça do que eu me machucasse ali. Estava fazendo um calor dos diabos lá dentro e quanto eu peguei uma das caixas estava pior ainda, mas não desisti.

             Continuei a fazer isso até Michael e Jamie chegarem e me tirarem quase aos berros dali. Não que eles estivessem com raiva de mim, não. Eles estavam com medo que eu me machucasse e me mandaram para casa sem aceitar objeções, fui para lá me sentindo como Ian, quando tia Jenny lhe negava algo que ele queria muito.

 

– Por que entrou lá? – tio Ian me perguntou – e como teve coragem de gritar com o velho Murray.

– Eu não queria gritar com o grand-père, mas o que ele acha que poderia fazer que eu não faria? Foi mais forte do que eu.  Eu só queria ajudar – falei como se fosse a centésima vez – e sim eu sabia que era perigoso, mas isso não impedia nin... aí!

Eu gemi enquanto tia Jenny cuidava das bolhas das minhas mãos.

– Agora, aguente tudo sem dar um pio – ela falou baixo – seu pai nunca gritava quando levava surras.

– Eu não sou o meu pai – gemi mais uma vez e mordi os lábios.

– Eu também poderia ter ajudado – Cristian disse com os olhos brilhando.

– Você não é grande o suficiente – falei.

– E quando vou ser? – ele perguntou.

– Talvez quando tiver a idade e a altura de Ian.

Ele fez uma careta e se sentou no chão voltando de novo os olhos a sua lição de inglês.

– E você pequena Faith é melhor se manter segura pois seu pai virá reclamar conosco se você se machucar.

 – Ele não faria isso, vocês cuidam muito bem de mim – sorri.

Tia Jenny ficou me olhando por um tempo e murmurou alguma coisa em gaélico, e eu captei a palavra mãe e não precisei pensar muito para saber no que ela estava pensando.

Não me meti em maiores confusões desde aquele dia.

            Porém naquela tarde eu havia saído sozinha para buscar uma erva boa para dor de barriga. Tia Jenny havia me dito onde encontra-la para acalmar o estomago de meu filho. Ele já havia tomado um pouco de chá, mas como havia acabado eu quis pegar mais para prevenir.

              Não sabia porque quando estava caminhando sozinha sempre tinha a impressão que estava sendo seguida, não apenas naquele dia, mas em outras ocasiões. Até pensei em dizer isso ao meu pai, mas para que preocupa-lo se era apenas meu instinto de autodefesa que estava funcionando sem necessidade, pois eu sabia que estava segura em Lallybroch.

  Eu estava na estrada quando vi Fergus chegando trazendo alguns embrulhos na garupa do cavalo.

– Lady Faith – ele disse respeitosamente.

– Que bicho te mordeu para me tratar bem assim? – perguntei curiosa.

– Milorde disse que se não a tratasse com o respeito que merece iria arrancar minhas... – ele se interrompeu – orelhas. – ele completou divertido – Mas também lhe ameaçou caso não fizesse o mesmo.

Eu ri.

– Ele disse algo na última carta que mandou – lembrei.

Ele desceu do cavalo para caminhar ao meu lado.

– Não deveria estar sozinha na beira da estrada é perigoso.

– Eu sei me defender – disse tranquilamente – porque não me mostra os presentes que meu pai me mandou.

– Não foi apenas para você – ele me lembrou.

– Eu sei – disse ríspida – será que pode me mostrar S'il vous plaît?

– Oui mademoiselle.

Ele tirou um fardo do cavalo, e pegou o bilhete.

– Posso ler para a senhorita.

Oui monsieur Claudel.

Ele fez uma careta.

Mo sweet Faith. Estes são os primeiros presentes que lhe mando e espero fervorosamente que tenha acertado – Fergus leu imitando o sotaque do meu pai – espero que goste do vestido, da fita, da faca e do colar. Para Cristian mando um par de sapatos e uma calça, para ocasiões especiais.

Eu sorri rasgando o meu embrulho o vestido era azul, a fita era verde, a faca era bem afiada e o colar era de âmbar.

Seu formado era oval e na extremidade mais afilada havia uma pequeno orifício onde passava o cordão fino e marrom.

– Adorei – pulei animada – coloque pra mim? – pedi então murchei – pardon Fergus eu não...

– Não se preocupe, coloque isso aposto que vai ficar bonito em você como ficaria em milady.

             Olhei desconfiada com o galanteio, mas o ignorei amarrando o cordão em volta do pescoço, enquanto o âmbar caia delicadamente um pouco a cima da curva dos meus seios.

Era lindo.

Suprirei.

– Meu aniversário está chegando e eu sinto como seu não fosse uma data muito querida – perguntei averiguando.

– Realmente não foi – ele disse com os olhos perdidos no passado – Coisas terríveis aconteceram aquele dia e talvez eu devesse me desculpar com você também.

– Se desculpar comigo?

– Eu devia ter ficado quieto onde milorde mandou, se eu tivesse feito aquilo aquele homem não teria...

Seus olhos pareceram ficar ainda mais escuros.

– De todas as coisas que poderia me pedir desculpas – balancei a cabeça negativamente – Par Dieu isso não, você era apenas uma criança e aquele homem que fez tanto mal a papai e mamãe com certeza deve estar ardendo no inferno.

 – Eu era uma criança e talvez por isso eu tenha me culpado tanto.

– Não vale a pena revirar o passado agora – segurei seu braço – olhe bem para mim como estou? Estou bem não é, foi o que eu disse a papai.

– Está bem – ele concordou – e bonita, deve ficar ainda mais com esse vestido.

– Para alguém que disse que eu não fazia seu tipo está sendo bem elogioso – apontei.

– Eu disse que não fazia meu tipo não que não era bonita.

– Ah, então eu sou bonita?

Aquilo me interessou.

– Claro que é ninguém nunca lhe disse isso? – ele falou distraidamente colocando um cacho que me escapava atrás de minha orelha

– Meu pai e Cristian disseram, mas eles não contam – meus olhos não saíram dos seus.

– Não mesmo – ele concordou afagando meu rosto com as costas da mão – Mas eu conto, sou um homem e não sou seu parente.

– Sim deve contar – murmurei.

              Eu não sabia como a situação havia chegado aquele ponto, quando dei por mim ele estava com o braço enlaçado em minha cintura e com os lábios macios colados nos meus. Infelizmente tão rápido como ele havia vindo se foi me deixando um pouco tonta.

Foi o suficiente, foi meu primeiro beijo de verdade.

– Mon Dieu! Me perdoe – ele pediu parecendo apavorado.

– Porque? – perguntei achando graça da expressão desesperada dele.

– Milorde irá me matar.

Eu ri.

– Ele não precisa saber.

– Minha... minha namorada irá me matar.

Bom aquilo era um problema.

 Meu rosto esquentou como uma fornalha.

– Ela também não precisa saber – juntei o que me sobrava de coragem para dizer pois minha dignidade estava no fundo do posso.

– E você vai me perdoar?

– Foi só um beijo, no calor do momento não tem nada demais – eu ri.

– Tem certeza?

 – Claro – peguei os presentes – agora imagino que vá levar os presentes de Marsali?

– Sim – ele murmurou ficando mais vermelho do que eu.

– Até mais Fergus estou indo para casa.

              Só quando percebi que ele havia ido deixei as lágrimas caírem. Banquei a ridícula. Afinal desde de quando eu havia começado a gostar dele? Quando ele me estendeu a mão no navio e disse que eu poderia ficar. Ele havia sido gentil, mas eu estraguei tudo quando o roubei e ele quando disse que eu não fazia seu tipo. É claro que aquelas palavras torraram minha baixa autoestima. Um homem como Fergus nunca olharia para mim e por mais que em uma canto remoto da minha mente eu tivesse me dito que éramos iguais, vivemos o pior do pior em Paris e ele era o que mais se aproximaria de um príncipe para mim, mas não era.

         Beijei Fergus gostei de beija-lo e estava envergonhada pois era um tonta negando a mim mesma que não gostava dele se na primeira oportunidade havia me jogado em cima dele e só agora ele dizia que tinha namorada!

Eu deveria cavar uma cova e me enterrar.

 


Notas Finais


Até a próxima o/


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