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História Faith - Me dê um pouco de fé


Escrita por: Teishin-chan

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 18 - Me dê um pouco de fé


              Quando Jamie lhe falou que Faith estava viva, Claire se negou a acreditar. Ele estava falando aquilo apenas para que ela voltasse com ele, e lhe parecia muito cruel que depois de tanto tempo ele usasse sua primeira filha para fazer com que ela o ouvisse. Isso foi o que pensou, porém ele não estava com aquela mascara calma que costumava usar para que nunca se soubesse o que ele sabia ou pensava. Ele estava parecendo louco, à beira do desespero.

– Não pode ser verdade – falou enquanto cavalgavam de volta.

– Eu não poderia mentir sobre isso, eu lhe disse que tinha uma boa e uma má notícia.

– E porque não me contou logo?!

– Primeiro por medo e segundo essa não é o tipo de coisa que se diz assim do nada.

– Não é – concordou secamente – mas eu tinha o direito de saber como...

– Saberia! Se não fosse Laoghaire! Ela atirou em mim e acabou acertando Faith!

O cavalo não estava correndo o suficiente.

             Faith estava viva, e havia implorado ao pai que a trouxesse de volta. Claire ainda estava sob efeito do torpor e a incredulidade.

            Da última vez que viu Faith, ela era muito pequena, sem sobrancelhas, pouco cabelo, sem unhas e...

 Estava morta.

Claro que estava morta. Não foi o que todos disseram? Não a sentiu respirar tão pouco seu coração. Como uma criança naquele estado sobreviveria?

Quando chegaram em Lallybroch foram recebidos pelo choro histérico de uma criança, que gritava pela mãe.

Ma mère morreu! Ma mère est morte!

– Faith – Jamie disse em um fio de voz ao seu lado e correu na sua frente.

Claire ao contrário dele, não podia se mover com a rapidez necessária, suas pernas viraram chumbo.

Ela era real. Pensou enquanto subia as escadas.

Encontrou no corredor o que parecia um cortejo fúnebre de rostos pálidos e tensos.

Jamie havia se ajoelhado no chão de frente para um garotinho de uns sete anos o consolando.

– Fique calmo mo Chridhe ela irá ficar bem – ele lhe garantia limpando as lagrimas que saiam de seus olhos verdes.

– E se não ficar vovô?

Vovô?

– Tenha fé – ele disse.

– Que bom que voltou Tia – Ian disse com a voz tremula – Faith está... – ele se interrompeu olhando para o menino – ...está mal.

 Não esperou mais, entrou no quarto e a viu.

              Jenny estava curvada sobre ela tentando estancar o sangue que corria pelo ferimento do tiro em suas costas. Haviam lhe colocado de lado, pois aparentemente o tiro entrou pelas cotas e saiu próximo ao peito.

              Estremeceu, mesmo que suas feridas fossem chocantes não deixou de olhar a pessoa em si.

               Faith, só tinha olhos para ela. Continuava a ter pouca sobrancelha, mas seus cabelos agora eram cheios cacheados como os seus e ruivos como os do o pai, sua pele porém tinha tonalidade diferente dos dele sua pele era como a sua.

– Faith.

             Foi Jamie quem falou entrando, se sentou na cama pegando a mão da moça e beijando sua testa suada. Murmurou algumas palavras em gaélico, mas ela não reagiu.

– Ela desmaiou a pouco – Jenny disse num fio de voz parecendo quase tão pálida quanto Faith – Não sei mais o que fazer, Cristian achou que...

Dez dedos nos pés, dez dedos nas mãos.

Engoliu em seco.

– Claire! – Jamie gritou – Faça alguma coisa pelo amor de Deus!

Chorar, foi o que fez primeiro. e depois procurou em suas coisas os materiais que necessitaria para cuidar dela.

– Pode ir Jenny, eu... Eu vou cuidar da minha filha.

Jenny saiu transtornada.

              E ela começou a trabalhar. A bala havia atravessado o corpo de baixo para cima, e a maneira como ela respirava a fez temer que tivesse lhe atingido o pulmão. Talvez pudesse ter lhe atingido a coluna também, pensou mortificada. Outro ponto crítico era que ela havia perdido muito sangue e parecia tão fraca.

              Enquanto trabalhava não pode deixar de reparar com tristeza a quantidade de cicatrizes que ela tinha no corpo. Não sabia se estava pronta para saber como elas haviam sido feitas, mas esperava que dessa vez ela também escapasse apenas com cicatrizes para se lembrar de como havia sobrevivido mais uma vez.

 Estancou o sangue e tirou o embolo com a penicilina.

– O que é isso? – Jamie perguntou falando pela primeira vez.

– É para que ela não tenha febre – tirou o pano que cobria suas nádegas, a limpou bem e aplicou, e recolocou o pano na pele que já estava quente.

– E... Ela vai sobreviver? – Jamie perguntou estrangulado.

– Eu não sei, depende se o tiro atingiu algum ponto vital, eu precisaria de um maldito raio x, mas eu....

Se interrompeu e caiu no chão desesperada. Faith iria morrer e ela não poderia fazer nada.

– Ela ainda está viva – Jamie disse ferozmente a ajudando a se sentar na cama ao lado de Faith e logo indo para o outro lado para que ela ficasse entre ambos os pais – e ela vai lutar até o último minuto porque ela é uma Fraser.

             Queria acreditar nele, mas ela tinha uma constituição frágil, não era como Brianna que parecia uma amazona.

Faith era pequena quando bebê e continuava pequena.

 Ela era um milagre.

Olhou para Jamie, queria saber de tudo como havia a encontrado como isso... Então, só então, percebeu que ele também estava ferido.

– O seu braço.

– Não se preocupe comigo cuide apenas da nossa filha.

– Não sei se estou realmente preocupada por você – disse magoada – Mas agora não há nada que eu possa fazer por ela além de esperar.

Ele olhou para Faith hesitante e saiu de perto dela tirando a camisa com certa dificuldade.

Estava inchado e sujo de sangue seco. Limpou a ferida silenciosamente então pegou outro embolo.

– Vai me dar isso também?

– É necessário não reclame.

– Não estou reclamando, não poderia....

              Ela respirou fundo. Não queria pensar em Laoghaire agora, mas se algo acontecesse com Faith a mataria com suas próprias mãos.

– Como? – perguntou finalmente olhando de seus olhos para a filha.

– Não foi Faith que enterraram no jardim do hospital de Dês Agnes, Faith sobreviveu por um milagre vivendo precariamente nas ruas de Paris, sem nome, sem passado nem nada, Só soube quem era quando ganhou aquela cicatriz.

Ele apontou o horrível corte que ela levava do lado do corpo.

– Viu aquele garotinho lá fora que a chamava de mamãe? – perguntou e ela assentiu – foi porque ela o salvou que tudo isso aconteceu, foi por causa dele que a levaram para o Hospital Dês Agnes, Faith o adotou, e lá uma das freiras lembrou-se de nós e começou a investigar. Quando Faith soube veio imediatamente para Escócia entrou clandestinamente no navio de Fergus, logo dele e lá se criou uma forte antipatia entre os dois – ele disse irônico – Fergus não a perdoou por ter roubado em seus narizes e ela passou os próximos dias fugindo dele e procurando pistas sobre mim em Edimburgo. Ela também procurou o senhor Malcolm sabe, para seu azar eu estava preso.

– Mas ela sabia que você era...

– Ela não sabia, achou que como eu conhecia muitas pessoas poderia conhecer o seu pai.

– Vocês se desencontraram – adivinhou – E como voltaram a se encontrar?

– Quando eu sai da prisão eu quis dar uma volta ao ar livre e foi quando Cristian correu até mim implorando que salva-se sua mãe. Eles haviam dormido na rua e um homem os havia atacado. Faith sabe se defender, ela soca como ninguém – sua voz queimava de orgulho – Mas ela fica em desvantagem no escuro, não enxerga bem.

– Ela não enxerga bem – disse preocupada.

– Ela vê bem de dia, não enxerga bem as letras, mas a noite... – ele suspirou – foi uma sequela de seu nascimento prematuro, ela também adoece com certa facilidade, mas dos males o menor ela está viva! Foi isso que eu pensei. Tirei aquele homem de cima dela e a levei para um galpão nas docas. Cristian estava apavorado porque ela não acordava logo, mas quando ela acordou ele caiu no sono e foi quando começamos a conversar. Ainda estava escuro e eu não podia vê-la bem. Ela me contou que procurava seu pai, mas tinha receio que estivesse morto ou que por ter lutado em Culloden pudesse se meter ou mete-lo em problemas. Eu garanti que a ajudaria a encontra-lo vivo ou morto. Ela tremia quando me entregou o papel com o nome de seus pais. Eu abri a janela para ler o nome e quando vi que era o meu olhei para ela e isso eu não vou esquecer.

              Em algum momento daquela conversa suas mãos se entrelaçaram sem que percebessem e agora quando Jamie apertava sua mão Claire sentia como se fosse chorar de novo.

– O sol havia acabado de nascer e iluminava seu cabelo o deixando como fogo vivo e seus olhos cor de âmbar que achei que estava olhando para você.

Claire olhou para a garota surpresa, achou que ela tinha os olhos do pai como Brianna e ela tinha olhos como os seus.

– Ela também se assustou quando me viu e eu lhe informei que era James Fraser. E por mais que meus olhos me mostrassem a verdade não consegui acreditar, e quando me convenci depois do choque foi como renascer. Nossa Faith estava viva, era como se Deus estivesse me dando outra chance de me redimir com você, com ela – ele olhou para ela respirando com dificuldade na cama e seus olhos foram tomados por melancolia – desde então Faith tem sido como uma brisa fresca no verão mais quente em minha vida. Não estou dizendo que tudo entre nós foi um mar de rosas, nossa primeira briga foi um mês depois aqui.

             Era linda a maneira que ele falava da filha, todo o carinho que empregava em cada frase e ficou curiosa.

– Por que brigaram?

– Porque queria deixa-la aqui, segura, não queria que ela tivesse uma vida turbulenta em Edimburgo. No entanto ela não queria me deixar. Esbravejou disse que eu devia parar de bancar o herói e deixasse que ela cuidasse de mim – ele fez um muxoxo de desaprovação – Tinha que ver como se parecia com você. Ela perdeu a discussão, mas me perdoou, ela é compreensiva se deixar a raiva esfriar antes de atacar.

– E o que disse a ela sobre mim? – perguntou ansiosa.

– Tudo.

– Tudo?

– Absolutamente tudo.

– E ela acreditou?

– Sim, e ela a ama Claire. Faith queria te conhecer, eu lhe disse que se quisesse atravessar as pedras para te procurar tinha minha aprovação. Eu obviamente não queria que ela fosse, mas não podia tirar esse direito dela.

– Ela não quis ir – adivinhou de novo.

– Não, disse que você não sentiria a falta dela já que achava que ela estava morta, que você tinha um filho onde quer que estivesse e eu estava sozinho.

Claire sentiu uma grande pontada de ciúmes, mas quem poderia culpar os dois?

– Vocês são muito amigos não são?

– Sim, conto tudo a ela, ou quase tudo – deu de ombros – Nunca tive coragem de contar o que aconteceu com Black Jack Randall, mas foi para protege-la dessa minha dor. Faz tanto tempo, que não tem porque atormenta-la com isso. Exceto por isso e alguns Fatos do passado Faith é a pessoa que mais me conhece no presente momento.

              Claire não sabia o que pensar, Faith e Jamie haviam construído uma solida relação pai e filha, cada um cuidando das feridas do outros, enquanto ela nunca havia ouvido sua voz, visto seu sorriso e só poderia esperar que a filha abrisse os olhos e que não morresse antes de que pudesse conhece-la.

– Jamie por que? – disse com os olhos transbordantes – Se tivesse me dito antes eu não teria ido embora nem que dissesse que amava Laoghaire.

– Claire, quando você me mostrou as fotos de Brianna eu fiquei muito feliz, eu não esperava por você nem por ela, mas você estava lá e saber que ela existia que meu sacrifício... Sacrifício não, porque faria tudo de novo com prazer só em saber que vocês estariam bem e seguras. Mas ao contrário de você eu não tinha fotos para mostrar num pedaço de papel e sim uma pessoa de carne e osso que você acreditava que estava morta a anos.

– Acha que eu não teria ficado feliz? Que eu não...

– Eu só queria que quando soubesse estivesse perto o suficiente para abraça-la como eu fiz, e naquele momento você sabe, era difícil um momento de paz...

– Sim era e agora?

Ele deu de ombros infeliz.

E uma batida soou na porta, logo um rostinho choroso apareceu.

– Eu posso entrar – o menino implorou.

– Venha garoto venha aqui – Jamie estendeu o braço e o menino correu para abraça-lo e olhou por cima do ombro para Faith.

– Minha mãe vai ficar bem não vai? – disse com o sotaque francês que ela havia percebido antes.

– Claro que vai – Jamie sussurrou afagando os negros cabelos do menino – sua avó cuidou muito bem dela, agora teremos que esperar.

O menino, olhou para ela um pouco tímido, mas saiu dos braços de Jamie e foi abraça-la.

              Quando o olhou de frente viu como era uma criança bonita, cabelos negros pele rosada com o nariz e as bochechas levemente salpicada de sardas e... Santo deus se parecia realmente com Faith, e a um Fraser com aqueles olhinhos de gato.

Olhou para Jamie que suspirou. Quem iria entender as coincidências que a vida armava. Foi invadida por uma onda de ternura e afagou as costas do menino.

– Ela me disse uma vez, – Cristian murmurou baixinho – que não tinha nada pra me oferecer além dela mesma, ela salvou minha vida e eu a quero, quero muito e quero que ela esteja bem – ele ergueu os olhinhos verdes lacrimejantes.

Claire sentiu que lagrimas enchiam seus olhos mais uma vez.

– Eu também a quero muito, e sei que ela ficará bem meu amor. Eu tenho fé.

 


Notas Finais


Até a próxima o/


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