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História Fall - Consequências


Escrita por: cki

Notas do Autor


Oie gente, tudo bem?
Obrigada pelos comentários no último capítulo, vcs não sabem o quanto fico feliz! E tem mais um pra hoje :) espero que gostem!

Capítulo 7 - Consequências


Fanfic / Fanfiction Fall - Consequências

24 DE NOVEMBRO DE 1998

Draco estava exausto. Tivera uma noite horrível, calculando um total de duas horas e meia de sono. Sua mente estava trabalhando a todo vapor, sem conseguir entender o que estava dando errado na Poção da Paz, o que havia no baú escondido no armário de Narcisa, por que sua torta de abóbora estava tão amarga e por que a cada 10 pensamentos, 7 tinham o nome dela. O cheiro dela, os olhos dela, a voz dela... Ela.

Draco havia passado os últimos meses tentando se habituar com as estranhezas do novo mundo bruxo, mas jamais imaginaria que seria de uma forma tão... Intensa. Talvez Hermione não fosse tão ruim assim, talvez por ela ser tão inteligente e engraçada, o sangue não importasse tanto assim. “Mas que merda está acontecendo comigo?”, Draco praguejou ao levantar da cama.

Depois do acontecido na última semana, ele se recusou a ir à Floreios e Borrões e acabar se encontrando com ela. Não saberia como agir. Estava com medo do que pudesse acontecer, do que pudesse fazer estando perto dela. Chegou tão perto, por Merlin, estava a centímetros dela, e um lampejo de sanidade o fez se afastar. Podia sentir o coração dela tão acelerado quanto o seu pela proximidade inesperada, o cheiro de menta e chocolate. “Nunca mais vou fazer isso, devo estar enlouquecendo!” foi o que ele pensou.

Olhando seu reflexo no espelho do banheiro ficou ligeiramente assustado, as olheiras profundas e escuras estavam extremamente aparentes pelas noites mal dormidas por conta dos pesadelos que lhe assombravam quando finalmente conseguia cair no sono. Dera todo seu estoque de Poção do sono sem sonhos para Narcisa na última sexta-feira, um dia depois da “noite da torta”, como ele gostava de chamar, deixando os frascos frente a porta que ela não abria desde aquele episódio. Narcisa havia pedido que ele procurasse pela poção no Beco Diagonal, mas Draco jamais diria para a mãe o real motivo de sua recusa a ir ao centro comercial, então ofereceu a ela todo seu estoque, em troca de não haverem mais perguntas. Imagina só, “não estou saindo da mansão porque não quero encontrar Hermione Granger. Sim, a heroína sangue-ruim. É, nos vemos quase todos os dias há pelo menos duas semanas. Ah, e não consigo para de pensar nela desde o último dia que a vi e quase nos beijamos. Isso, beijamos”.

Depois de um banho rápido, Draco tentou novamente chamar a mãe para o café. Diferente do dia anterior que ameaçou lançar um Crucio caso ele não saísse da porta do quarto dela imediatamente., ela recusou educadamente, mas o chamou para entrar.

- Entre Draco, meu filho. – Draco entrou cauteloso, contando os passos até a cama da mãe, que ainda permanecia deitada.

- Mãe, não quer mesmo descer para tomar café? – Ele perguntou mais uma vez esperançoso.

- Não querido, obrigada. Mas apreciaria sua companhia por alguns minutos, se você não se importar.

- Não faz ideia do quanto este pedido me deixa feliz, mãe! – Draco viu um sorriso genuíno, porém triste na face de Narcisa.

- Então, me conta. O que tem feito? Como está o mundo lá fora?

- Bem, não como era antes, isso com certeza. Nascidos trouxas e mestiços em cargos altos, publicando estudos sobre os benefícios de invenções trouxas para o nosso mundo, elfos livres, leis para que trabalhem em condições dignas, recebem salários, dá pra imaginar essa loucura? – Draco tinha o semblante de incredulidade, como uma criança fazendo birra. O que fez Narcisa abrir um sorriso.  

- Está sorrindo para essas notícias tristes?

- Não. Estou sorrindo para você. – Narcisa tocou na mão do filho. – Sinto sua falta, Draco.

- Eu estou bem aqui, mãe. Sempre estarei aqui com você, lembra? – Draco beijou gentilmente a mão magra de Narcisa. – Venha para fora comigo.

- Draco...

- Vamos mãe, só um pouco. Podemos cozinhar juntos como daquela vez, eu já errei umas 10 vezes na torta de abóbora e não faço ideia do que pode ser. – Ele tentou.

Narcisa tombou ligeiramente a cabeça para o lado, olhando o filho com curiosidade, franzindo as sobrancelhas.

- Por que tem se empenhado tanto em fazer tortinhas de abóbora?

Draco hesitou por um momento. Na superfície ele sempre dizia para si mesmo que era simplesmente não aceitar errar em algo tão estúpido, mas o fundo tinha outra versão.

- Está me escondendo alguma coisa? – Narcisa perguntou.

- Claro que não mãe, eu não esconderia nada de você. – Draco tirou cuidadosamente de alcance a mão dele que Narcisa segurava.

- Draco, eu te conheço o suficiente para saber que tem algo errado. – Narcisa se tornava aos poucos mais incisiva.

- Não tem nada de errado, eu só queria fazer algo que você pudesse comer de verdade.

- Não se atreva a jogar isso em mim, Draco Lucius Malfoy. Agora me conte neste exato momento o que está escondendo de mim! – Narcisa fazia força para sentar-se na cama.

- Nada! – Draco se levantou num impulso, virando de costas para a mãe.

- Olhe para mim! – Narcisa aumentou o tom – Não minta para sua mãe!

- Eu? Mentir? Escondendo? – Draco cuspia as palavras, sentia que perderia o controle a qualquer momento, havia fogo em seus olhos direcionados a Narcisa – É você quem tem um baú esquisito dentro do armário, e fala que eu sou quem escondo coisas.

Draco não sabia que era possível, mas Narcisa empalideceu. Num sopro de voz, continuou:

- Esteve mexendo nas minhas coisas? Quem você pensa que é? – O tom era raivoso, apesar de baixo.

- Eu sou seu filho! Sou a única coisa que te resta nessa vida miserável, e exijo que você me fale agora o que está tão bem guardado lá! – Draco soltou as palavras sem medir as consequências e como elas poderiam atingir a Narcisa.

- Você não está em posição de exigir nada, Draco! Agora saia do meu quarto! – Narcisa ordenou apontando para a porta.

- Não, não vou sair enquanto não me disser o que tem lá dentro!

- Isso não é da sua conta!

Draco num impulso de raiva foi até o armário, jogando joias, sapatos, roupas, e o que mais encontrasse pela frente que o impedisse de encontrar o baú.

- O que pensa que está fazendo? – Narcisa gritou. Levantando-se em seguida, buscando apoio nas paredes. Estava muito fraca para manter-se de pé.

Draco continuou jogando tudo que encontrava, até que pousou seus olhos na pequena e misteriosa caixa. Narcisa ao ver que as mãos do filho agora possuíam o objeto, partiu para cima dele, desferindo tapas e socos nas costas de Draco.

- Pare, Draco! Isto não é seu, guarde! Saia daqui! Não! – As palavras saiam um pouco desconexas. Apesar de aparentemente muito debilitada, Narcisa encontrou forças para agarrar-se ao corpo de Draco, que tentava se desvencilhar dos braços da mãe. Quando ele finalmente conseguiu, saiu em disparada pela porta.

Narcisa se desesperou, saiu correndo em trajes que antes julgaria inadequados, a camisola grande e suja do uso diário esvoaçava com o vento que batia no corpo da mulher enquanto ela perseguia o filho no corredor. Draco desceu a grande escadaria com pressa, seu plano era trancar-se na biblioteca e só sair de lá depois que conseguisse abrir e desvendar que segredo estaria ali trancado, mesmo que tivesse de colocar a casa abaixo.

Não olhou para trás.

Quando Draco colocou os pés no grande hall de entrada, no segundo passo ouviu um grito, seguido de barulhos que pesavam nos seus pés.

Perto dos seus calcanhares ele viu.

Um emaranhado de fios loiros manchados em vermelho.

27 DE NOVEMBRO DE 1998

Mais uma manhã que passava lentamente. Toda aquela semana, na verdade, havia passado arrastada para Hermione, mas ela com certeza negaria caso perguntassem se ela estava realmente contando no calendário a última vez que encontrou Malfoy.

Ela olhava a cada 5 minutos para as pedras que revestiam a porta, e o coração palpitava ao menor ruído lá fora que a fizesse pensar que Malfoy poderia estar ali, chegando, a minutos de encontrá-la. Não podia simplesmente mandar uma coruja à Mansão Malfoy, tampouco perguntar por ele em qualquer lugar que fosse. “Talvez ele já tenha encontrado tudo o que precisa aqui”, ela pensou, “ou talvez tenha sido minha imaginação por estar tão sozinha”.

Hermione ponderou pesadamente sobre a opção de estar perdendo aos poucos a lucidez para a solidão, mas os sentidos de uma bruxa tão brilhante quanto ela não poderiam enganá-la tão facilmente, poderiam? Seria possível ser enganada pela sensação do toque dele, da proximidade, o som das risadas misturadas, até do calor que emanava do corpo dele. Foram essas lembranças, e aquele velho sentimento de vazio que a invadiram e fizeram seus olhos marejarem, e antes que pudesse conter, as lágrimas já rolavam livres pelo rosto cansado. Estava exausta. De tudo. Fugir, enganar, se esconder, não ter com quem compartilhar seus medos, suas vontades, suas alegrias e tristezas. Depositou sua vida nas mãos da melhor amiga, não era justo Ginny ter que carregar esse carga, ela também merecia a liberdade.

Hermione chorou até sentir a cabeça doer e o estômago reclamar de fome. Draco não apareceu por mais um dia, e ela foi embora decidida a nunca mais voltar à Sala Oculta. Talvez tempo demais lá dentro também estivessem ajudando a causar as alucinações, ela imaginou.

Antes de voltar para seu chalé em Hogsmeade, Hermione não pôde deixar de passar pela Gemialidades Weasley. O beco estava vazio, então não corria o risco de acabar esbarrando em ninguém, revelando a capa da invisibilidade. Ela queria apenas olhar pela vitrine, talvez encontrasse Rony seguindo a vida e isso lhe traria a calma que tanto faltava, e neste momento sentiu uma pontada de esperança de que poderia voltar a viver normalmente.

Mas ele não estava lá.

Só conseguiu ver George, com o olhar cabisbaixo, brincando com um ou outro item das grandes prateleiras. Ele parecia preocupado. A loja tinha ainda um grupo pequeno de três adolescentes tentando convencer um quarto menino a comer um caramelo incha-língua.

Hermione entrou pelos fundos da loja, verificando se estava sozinha antes de se desfazer da capa de invisibilidade. Ouviu o barulho da campainha na porta constatando que os jovens já haviam partido. Hermione se aproximou devagar de George que olhava para o movimento no beco encostado no batente da porta.

- George? – Ela chamou.

Ele virou rápido e assustado, mas logo um sorriso tomou lugar em seu rosto ao ver a amiga.

- Hermione! O que está fazendo aqui? Como entrou? Rony não te viu, não é?

- Não! Ele não está por aqui, não é? – Ela olhou para os lados e atrás de si mais uma vez para ter certeza.

- Não, eu já não o vejo há uns dois dias. – George confessou preocupado.

- Me desculpe entrar assim George, eu vim pelos fundos, olhei primeiro para caso eu visse Rony, mas como não o vi...

- Não precisa se desculpar Hermione, é sempre bom ver um rosto amigo! Sentimos a sua falta. – Ele disse sincero, abraçando a mulher. Era consideravelmente mais alto, de forma que seu queixo acabava por descansar no topo da cabeça dela.

Hermione se permitiu fechar os olhos naquele abraço.

- Eu também sinto muito a falta de todos vocês. Mas Ginny me disse que...

- E o que quer que ela tenha dito está coberta de razão. – George a cortou, se afastando finalmente do abraço.

- Eu sei, mas... – Ela hesitou por um momento. George notou os olhos marejados de Hermione.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu no dia do seu aniversário. Rony não tinha o direito. – Ele secou uma lágrima que escorreu dos olhos dela – Nós estamos bem. Meu irmão tem que aprender a lidar com tudo isso, e nós estamos fazendo tudo que temos ao nosso alcance. Ele não vai te machucar mais.

- Como ele está?

George suspirou. Não poderia mentir para Hermione, mesmo com todos os seus anos de truques e brincadeiras.

- Ele está atordoado, Hermione. Mal o reconhecemos mais. Não está cumprindo com suas obrigações no Ministério e, como você pode ver, aqui na loja também não... ele até... – George parou por um segundo, pensando se deveria dar a informação à Hermione.

- Ele o que, George?

- Bem, você conversou com a Ginny, não é? Ela te contou que pensaram em até mesmo tirá-lo do Ministério?

- Sim, ela mencionou algo do tipo.

- Bem... Ele não só está faltando aos seus serviços como Auror como também... – Ele pausou novamente, passando as mãos nervosamente pelos cabelos.

- Por Merlin George, diga de uma vez! – Hermione começava a ficar nervosa.

- Ele colocou uma equipe de busca de Aurores recém-chegados no Ministério para te encontrar.

Hermione tampou a boca em surpresa, os olhos arregalados e assustados.

- Mas a Betty, secretária de Rony, você se lembra dela? – George colocou a mão nas costas de Hermione, a direcionando para o escritório, Hermione assentiu e então ele continuou - Ela desconfiou do que pudesse estar acontecendo, ouvindo conversas na sala do Ron, e contou para o Harry. Ele mesmo interrogou o Auror que Betty mencionou estar com Rony naquele dia, e ele confessou. – George abriu a porta da sala, dando espaço para que Hermione entrasse a sua frente. Num baixo tom de voz, como num sussurro para que ninguém os ouvisse, ele continuou - Harry teve um reunião com Shacklebolt e por muito pouco Ron não foi demitido, Hermione. Ele prometeu tomar providencias, e estamos contando com isso.

Hermione estava sem palavras. Sentou-se na cadeira que George indicou a ela, vendo-o sentar-se na poltrona a sua frente, separados por uma mesa em madeira verde musgo.

- Eu não fazia ideia de que isto estivesse neste ponto.

- Por isso você precisa continuar escondida Hermione, para sua segurança. E nós vamos fazendo o possível do lado de cá. Ginny é a única que sabe onde você está, e é melhor deixarmos assim.

Hermione assentiu devagar. George olhou fraternal para a amiga, em um misto de preocupação e compaixão. Conseguia ver nos olhos dela o quanto se sentia sozinha, ele conhecia a sensação desde que Fred havia morrido.

- Escreva para nós, Hermione. Não guarde aí dentro, vai machucar muito mais.

*

Draco estava mais uma vez sentado na poltrona branca da sala de espera do St. Mungus. O olhar perdido nos degraus distantes que levavam aos leitos. Fixado. Mal piscava. Esperando alguma novidade sobre o estado de saúde de Narcisa.

Ela caiu da escada. Estava muito fraca para correr atrás do filho, e não conseguiu se sustentar tempo suficiente em pé. Simplesmente caiu. Draco tinha náuseas ao lembrar da cena que viu aos seus pés, mas o flashes da manhã do dia 24 apareciam toda vez que ele fechava os olhos: cabelos, sangue, lágrimas, o grito de horror, as mãos trêmulas, a mãe desacordada em seu colo. O pavor foi tanto que Draco por um minuto havia se esquecido de tudo e qualquer coisa que já havia lido em livros de medibruxaria.

Foi desperto dos seus pensamentos quando uma mão pousou em seu ombro, chamando sua atenção. Draco levantou prontamente, arrumando o paletó negro e amassado pelas horas sentado. Era Cygnus Bennett, o medibruxo que socorreu Narcisa e agora era responsável por ela no hospital. Era um homem alto, de cabelos pretos e encaracolados, os olhos escuros, com alguns bons 10 anos a mais que Draco.

- Como ela está? – Draco perguntou ansioso.

- Está dormindo agora Sr. Malfoy, pode se acalmar – Bennett sentou-se na poltrona ao lado da que Draco estava, convidando-o a fazer o mesmo – Sr. Malfoy, a queda da sua mãe, como eu lhe havia dito, não é o maior dos problemas. Ela teve uma ferida aberta próximo a cabeça, é verdade, mas como o Sr. rapidamente conjurou o Morbomora, a perda de sangue não foi fatal como pareceu. O que me preocupa na Sra. Malfoy é o estado debilitado em que ela se encontra. – Ele ponderou.

Draco ouvia tudo com a cabeça baixa. Bennett continuou:

- Como consequência da má alimentação e dos hábitos nada saudáveis, não só a quantidade de vitaminas, mas todas as informações que obtivemos a partir do seu sangue estavam extremamente alteradas.

- O que isto significa? – Draco falou finalmente, ainda de cabeça baixa.

- Vamos mantê-la aqui, até que seus resultados melhorem. Ministrando o que for de nosso alcance e também fazendo o possível para que ela se alimente.

- Posso vê-la?

- Hoje não, Sr. Malfoy. Ela ainda apresenta muita agitação quando mencionamos seu nome, e fala coisas que não conseguimos decifrar – Draco assentiu para o medibruxo, que levantou se despedindo. – Volte amanhã, Sr. Malfoy, vá para sua casa, descanse.

Draco recostou na poltrona mais uma vez antes de se levantar. Ao chegar na mansão, não conseguia comer, não conseguia dormir. O baú de madeira continuava no mesmo lugar que Draco deixou antes de socorrer Narcisa. Com um copo de Whisky de Fogo na mão, Draco andou até o objeto, o apanhou do chão, e sem mais do que 5 segundos o olhando, subiu as escadas em direção ao quarto de Narcisa. Com um aceno de varinha arrumou toda a bagunça que havia ficado desde a briga, e pousou a pequena caixa na cama.

Saiu sem olhar para trás.

30 DE NOVEMBRO DE 1998

- Ginny? Está aqui?

- Estou na cozinha. Hermione nos mandou outra carta.

Harry Potter tinha agora uma vida mais tranquila. Sua namorada o visitava de vez em quando, e ele planejava pedir sua mão em casamento no próximo ano. Mesmo sendo Auror, corria consideravelmente menos riscos de morte do que durante todos estes anos de vida. Encontrou Ginny e a abraçou carinhosamente por trás, depositando um beijo na curva do pescoço, que a fez sentir cócegas pela barba por fazer no namorado.

- Ela ainda tem novidades para contar? – Harry disse brincalhão. Estavam se correspondendo com mais frequência nos últimos dias. Depois da conversa com George, Hermione teve a brilhante ideia de colocar um feitiço similar ao do mapa do maroto nas cartas que enviava aos amigos, a diferença é que o pergaminho se desfazia em fumaça depois de revelado e lido seu conteúdo em voz alta.

- Bem, ela ficou mais de 20 dias sem conversar com o melhor amigo, e eu a visitei apenas uma vez depois que se mudou, então sim, ainda temos novidades para compartilhar! – Ginny disse, depois de dar um biscoito para sua coruja, e virar-se de frente para o moreno.

Ambos deram um sorriso sincero para o outro. Harry beijou os lábios da namorada com carinho, segurando firme em sua cintura, como se tivesse medo que ela escapasse. Ginny suspirou nos lábios dele.

- Mas podemos ler mais tarde, não é? – Ela disse maliciosa, e antes que Harry pudesse dizer algo, ela continuou – Mas, primeiro, o Sr. Potter tem que tomar banho e se arrumar para jantar, está quase pronto.

Entre resmungos do moreno e risadas da ruiva, ele subiu as escadas da sua casa em Godric’s Hollow direto para o banheiro.

Ela terminava de colocar a mesa, quando apanhou o pergaminho enviado pela amiga, com sua varinha murmurou o feitiço Revelare.

“Queridos Harry e Ginny.

Não canso de escrever o quanto estou contente por podermos nos comunicar com mais frequência. Não sei como não pensei neste feitiço antes! Estou feliz, Harry, que as coisas no Ministério estejam indo bem com você, e espero podermos comemorar esta tão sonhada promoção que eu sinto que está chegando!

Ginny, estou fazendo um jardim em volta do chalé. Está difícil pelo tempo frio, mas isto pelo menos me ocupa a mente quando não estou estudando. Por favor me ajude a entrar em contato com Neville, eu sei o quanto ele é bom em Herbologia e pode me ajudar a plantar algumas...”

Ginny parou abruptamente ao ouvir o estalo do piso de madeira sua frente. Dirigindo seu olhar para onde veio o barulho, ela viu o rosto contorcido em raiva de Rony. A ruiva abaixou a carta imediatamente, sentindo o coração pular com o susto. O quanto Rony ouvira da carta de Hermione? Ele sabia que era dela?

- Merlin, Rony, você me assustou! – Ela colocou a mão no peito, a respiração descompassada.

- É ela, não é? – Ele disse simplesmente.

- O que? De Q-quem está falando?

- Na carta, Ginny. É Hermione. – Rony não perguntou, tinha certeza que era da sua Hermione.

- Não, é... Luna. Ela está experimentando novos-

- Não minta para mim! – Rony a interrompeu. – Há quanto tempo está escondendo cartas dela? Por que não me falou? Você sabe onde ela está!

- Ronald eu não sei, pela última vez. – Ela disse se afastando conforme ele se aproximava – Não é Hermione.

- Me entregue a carta.

- Não! Isso é ridículo, Rony! – Ela colocou o pergaminho atrás de si, para protegê-lo. Não havia terminado de ler, então o papel não se desfez da sua mão, o que tornava tudo pior.

- ME DÊ A CARTA!

Harry desceu as escadas apressado, após ouvir as vozes alteradas na parte de baixo da casa.

- Ron – ele disse.

- Você... é meu melhor amigo Harry, e está escondendo minha namorada de mim! – O ruivo estava fora de si, falava com a voz embargada.

- Ela não é-

- SIM, ELA É! – Ronald interrompeu Harry.

- Eu já falei para ele que esta carta é da Luna. E não sabemos onde Hermione está. – A mulher interferiu, aproximando-se do namorado, que já segurava sua varinha atrás de si.

- MENTIROSOS! – Rony gritou sacando a varinha, no mesmo momento em que Harry e Ginny também lançaram as suas.

- Ron, você precisa deixar isso para trás. – Ela tentou mais uma vez. Rony estava com lágrimas rolando pelo rosto e amargura na voz. A ruiva estava definitivamente assustada, sua voz saía trêmula. Nunca vira o irmão tão agressivo.

Rony lançou um feitiço estuporante em Ginny que conseguiu se defender.

- Nunca! – O ruivo bradou.

Rony lançava feitiços de ataque em direção ao melhor amigo e irmã, que apenas se defendiam e tentavam desarmá-lo, sem sucesso. Rony continha ódio em cada passo, derrubando porta-retratos, quebrando janelas, ao passo que chegavam à sala.

- Ronald, pare com isso, somos seus amigos! Queremos te ajudar! – Harry falava enquanto se defendia de outra azaração.

- Tonsum Talus! – Rony lançou o feitiço.

- Deflexio! – Ginny puxou Harry pelo corredor estreito em direção as escadas. Subiram com pressa, quando a ruiva soltou um grito ao sentir sua perna sendo puxada e arrastada escada abaixo, perdendo sua varinha no trajeto – Corre Harry! – Ela gritou.

O moreno se virou e viu o melhor amigo mirando sua varinha contra a própria irmã.

- Expelliarmus!

Harry se aproximou de ambos, colocando Ginny atrás de si.

- Chame George – Harry disse para a namorada, antes de ver esta recuperando sua varinha e aparatando em seguida.

- Está enlouquecendo Ron! – Harry gritou.

O ruivo escondeu o rosto com as mãos, começando a chorar descontroladamente. Harry mantinha a varinha apontada para o amigo, mas ao vê-lo tão desolado, se aproximou lentamente para um abraço. Eram amigos desde os 11 anos de idade, nunca o vira tão descontrolado, ele precisava de ajuda. Ao perceber a aproximação, Rony levantou o rosto lentamente e desferiu um soco com a mão direita no rosto de Harry, que caiu com a força e surpresa. O ruivo subiu por cima do amigo, continuando com outro soco, enquanto Harry tentava se defender, acertando a costela de Rony, que se curvou com a dor, dando a oportunidade do moreno o empurrar e levantar-se.

Ron se pôs de pé novamente, atacando também a costela do amigo com o corpo, empurrando-o até a parede próxima a escada. Harry tentava se desvencilhar com socos nas costas do ruivo, que conseguiu jogá-lo no chão novamente. Harry foi mais rápido, conseguindo se sentar, afastando Ron com um chute no rosto. Ambos sangravam e as respirações ofegantes, quando Harry avistou a sua varinha que havia caído, alcançando-a em seguida.

- Petrificus Totalus!

*

- O que houve? – Hermione abraçou forte a melhor amiga que estava aos prantos. Ela mesma também estava com o rosto molhado pelas lágrimas.

- Oh, Hermione, foi horrível! – A ruiva disse, cobrindo os olhos com as mãos trêmulas. Me desculpe por te preocupar, mas você precisava saber!

- Me conte, Ginny. – Hermione tinha um olhar preocupado para a amiga.

- Rony apareceu de repente na casa do Harry. Eu estava lá na cozinha lendo sua carta quando simplesmente o vi!  Ele começou a gritar, eu e Harry tentamos disfarçar, dizendo que a carta era da Luna, que não sabíamos onde você estava, mas...

A ruiva voltou a chorar, sendo consolada pelo apoio de Hermione, que a acompanhou para se sentar em uma das poltronas de espera do St. Mungus.

- Nós duelamos. Em um momento, Rony me puxou e me ameaçou com a varinha. Harry o impediu e pediu para que eu fosse chamar George. Quando aparatei n’A Toca o procurei por todos os lugares, mas ele não estava lá. Mamãe e papai insistiam que ele logo chegaria para o jantar, e me perguntavam o motivo da minha pressa, o que estava acontecendo, e eu não consegui explicar tudo a eles, estava tão nervosa! – Ela pausou para tomar folego e tomar um pouco de água que Hermione havia conjurado. – Então George chegou, e eu simplesmente o segurei e aparatamos novamente. Quando chegamos, Rony estava petrificado no chão, todo machucado, e Harry pior!

Hermione tinha uma expressão de dor e imensa tristeza. Não podia evitar o sentimento de culpa. Não sabia o que dizer para a amiga, como consolá-la sendo que ela própria estava inconsolável.

- Eles estão bem. Irão passar a noite aqui. – George se aproximou das duas – Em alas separadas, é claro. – Ele tinha um sorriso zombeteiro, mas Hermione ainda podia ver os olhos mergulhados em apreensão.

- Será que eu posso ver o Harry? – Hermione perguntou – Quero dizer, se você quiser ir Ginny...

- Não, Hermione, pode ir! Vocês precisam conversar, e eu acabei de vê-lo.

Hermione levantou tocando gentilmente o ombro da amiga e dando um sorriso frouxo para George antes de se retirar. A luz no local estava baixa, já que o relógio se aproximava da meia noite, e os pacientes que não estavam dormindo já se preparavam para tanto. Hermione seguiu subindo o primeiro lance de escada, com alguns medibruxos e curandeiros visitando os últimos pacientes, alcançando o segundo andar, já vazio. Quando virou a sua esquerda em direção à porta que dava acesso ao corredor em que estava o quarto de Harry, ouviu um lamento com um alto suspiro, vindos atrás de si.

Atenta, já apanhou sua varinha e se aproximou cautelosamente do canto escuro próximo ao banheiro masculino daquele andar.

- Lumos!

Não estava preparada para o que encontrou ali, tão desamparado e perdido quanto uma criança. Tão humano quanto ela.

- Malfoy?


Notas Finais


Nos vemos no próximo!


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