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História (fallen) angel - taeyoonseok - Zero O'clock


Escrita por: staysope

Notas do Autor


World feels like an empty stage
I wouldn't change a thing
So glad you're back again

♪♫.ılılıll|̲̅̅●̲̅̅|̲̅̅=̲̅̅|̲̅̅●̲̅̅|llılılı.♫♪

Capítulo 3 - Zero O'clock


Fanfic / Fanfiction (fallen) angel - taeyoonseok - Zero O'clock

Yoongi e eu nos conhecemos há catorze anos, três meses e onze dias. Muita coisa né? E desses catorze anos, namoramos há três anos, onze meses e vinte dias. Éramos dois pirralhos quando nos vimos pela vez, mas a conexão foi de outro mundo.

FLASHBACK

Era sábado de manhã, fazia sol, e me lembro vagamente de uma reportagem dizendo que seria o dia mais quente dos últimos anos. Mas eu nem liguei para isso, íamos ao zoológico! Eu, mamãe Wheein e mamãe Hye-jin! Os Jung, os imbatíveis. Justiceiros... os....

- Hoseok, filho – mamãe Hye-jin me chamou. Saí correndo segurando um boné nas mãos, um boné de estampa jeans claro.

- Sim senhora, senhora. – Bati continência ao olhar a mais velha com as mãos cheias de protetor solar. – Não senhora, senhora. – Me virei de costas, mas dei de frente com a outra mamãe. – Oras bolas.

Elas riram e naquele momento fui boneco de teste para protetor solar. Eu juro que me sentia um palhacinho, com a cara toda branca. Embora fosse necessário usar o protetor solar, eu não ligava para as ameaças de "vai ter insolação", mas sim para aquelas ameaças de "se não passar protetor não vamos ao zoológico".

Criança desmiolada, eu diria.

Juntos, andamos até o carro e durante todo o trajeto, ouvimos a música do tomate. É, a do tomate!¹

- Eu juro que se ouvir mais uma vez essa música vou me transformar em um tomate – Wheein murmura para sua esposa e eu ri ainda mais empolgado no banco de trás.

- Meosjaengi tomato. TOMATO! – Cantei alto balançando a cabeça de um lado para o outro.

- Certo, certo, tomatinho, acabou a diversão do carro, vamos ver os bichinhos. – Hye-Jin é quem diz agora, e eu estou totalmente de acordo em sair do carro, tanto que sou o primeiro.

Para não levar bronca, espero quietinho ao lado do carro ajeitando meu boné na cabeça. É, realmente estava muito calor. Junto com a minha camisa de listrinhas amarelas e uma bermuda branca, meus pés estavam sendo cobertos por sandálias de tira, as quais eu odiava, mas não reclamava, tinha algo para vestir e agradecia todos os dias.

Já dentro do zoológico, rugindo em direção ao tigre, e não recebendo nenhuma resposta, ou tentando chamar atenção de um panda, mas também sou totalmente ignorado, escuto:

- Ei, cuidado! – alguém diz depois de trombar em mim. Olho para frente, pronto para pedir desculpa, mas encontro com alguém menor que eu.

- Ops, foi mal aí em baixo. – Soltei uma risadinha.

- Aí em baixo nada, você nem é tão alto assim! – exclamou o baixinho. – E além do mais, eu devo ser mais velho que você.

O menininho branquelo continuava a resmungar.

- Pois eu duvido. – Digo e logo em seguida dou um estralo com a língua no céu da boca. – Quantos anos tem, Gasparzinho?

- Eu tenho oito. E você?

- S-sete! – resmunguei baixo

- RÁ! – ele aponta o dedinho ossudo em meu nariz e ri em seguida. – Me chame de hyung. Yoongi Hyung.

- Mas nem é tanta diferença assim!!!!! – resmungo fazendo um bico leve nos lábios.

Ouço uma outra voz se aproximar, sendo essa de uma mulher mais velha.

- Yoonie querido, o que eu disse sobre apontar para as pessoas?

Era a mãe do Yoongi Hyung. Ela era linda. Tanto quanto as minhas mães. Falando nelas, lá vinha elas se aproximando. Ambas segurando algodão doce.

- Mamãe eu posso ter um algodão doce? -ouvi Gasparzinho sussurrar para a mãe dele. E logo ouvi a mulher responder.

- Sinto muito filho, mas lembra que a mamãe disse só ter dinheiro para a entrada. Prometo te deixar comer um caramelo em casa.

Bom, eu tinha um algodão doce. Que era maior que a minha cabeça! Eu podia muito bem dividir com o meu mais novo hyung.

- Ei hyung, o meu é grandão, eu posso dividir com você! – e assim eu o puxo para se sentar na grama comigo. Pude perceber os suspiros encantados das três mulheres ali que se punham a fofocar.

- Mas ei, você sequer me disse o seu nome.

- Eu sou Hoseok

- Interessante, maneiro, fenomenel.

- Eu tenho quase certeza que é fenomenal, hyung. – Soltei um risinho, corrigindo o garoto.

- Desculpa, é que esse algodão doce 'tá muito gostoso.

Passamos a tarde todos juntos. Eu havia feito um novo amigo e isso era incrível. Nossas mães trocaram contato e prometeram que voltaríamos a nos reunir no final da outra semana.

FLASHBACK

Como pode-se imaginar, Yoongi e eu nunca mais nos desgrudamos. Descobrimos ter várias coisas em comum. E, também, várias diferenças. Mas era divertido descobrir cada coisinha nova sobre ele.

Aos dez anos, nos envolvemos em uma briga feia, nossa primeira briga. Por conta de um estilingue. É... Yoongi tinha total razão de ter ficado bravo aquele dia, mas eu juro, juro ter sido um acidente. Eu acertei a orelha dele com uma pedrinha. E quanto mais eu explicava a ele que a orelha dele entrou no caminho, mais eu me apertava.

Para ele me desculpar tive que deixá-lo me dar um tapão na nuca.

E ardeu.

Ardeu muito.

Eu quis socar ele.

Mas ele era mais rápido na corrida.

Acabei desistindo e caímos na risada juntos.

Aos treze, ele arrumou uma namoradinha. Ela era bonitinha. Não durou muito. Primeiro que ele resmungava o tempo todo que ela queria abraços e ele, bom, o hyung nunca foi um menino de abraços. E segundo, porque o pai dessa namoradinha descobriu. Yoongi correu feito um doido.

Eu sempre estava na bagunça, mas sabia me livrar das coisas, era contar uma piadinha ou fazer "a sonsa" que tudo se resolvia, Yoonie já nem tanto. Ele parecia ter dois chifres pequenininhos pronto para nascerem em sua cabeça.

Sempre esperto, aprontava e jogava a culpa nos outros. Era por isso que eu agradecia por não estudar com ele. Ficamos sem nos ver durante um mês quando tínhamos quinze anos por ele ter aprontado uma.

E foi aos quinze também que a gente se beijou pela primeira vez.

Não foi um beijo, beijo sabe? Aqueles bonitos de cinema. Foi desastroso. Por isso eu prefiro contar sobre o nosso segundo beijo.

FLASHBACK.

Minhas mãos suavam frio enquanto eu tentava mexer no mouse do notebook, mas devido ao suor e tremor, eu mal conseguia levar a setinha para o lugar certo.

- Olhe pra mim. – Min Yoongi murmurou atrás de mim. Enquanto eu me encontrava sentado na cadeira, ele estava na pontinha da cama, um pouco inclinado para a frente. Usou suas mãos para virar minha cadeira. – Eu pedi pra olhar pra mim.

- Estou olhando. – Respondi com o tom tremulo e ele riu. Ele riu na minha cara, na cara de um menino desesperado?

- Eu confio em você. Eu tenho certeza de que se deu bem nesse teste.

E vocês agora devem estar se perguntando: que caralhos de teste o pigmeu Hoseok fez?

Eu não sei se vocês sabem, eu danço. Eu danço desde pequeno. Eu passo horas praticando. Danço para me sentir feliz, danço pra aliviar a tristeza, danço para me desfazer da raiva.

Minhas maiores motivações? As minhas mães. As duas sempre me deram todo apoio possível. Nunca me deixaram ficar abalado pelas críticas, afinal, sabe o quanto um menino pode ser julgado por fazer uma aula de balé?!

Há uns dois meses, fiz um teste para uma empresa. A Kim's Entertainment. Sim, sim, a do Namjoon. Encorajado pelos meus amigos, por minhas mães e pelos pais dos meus amigos. Disseram eles que foi uma apresentação linda. Eu não consegui ver o vídeo gravado por Yoongi. Toda vez que pensava em apertar o play, uma vergonha imensa me corroía por dentro e eu sentia que poderia explodir.

- Hoseok, eu estou falando com você. – O mais velho balançou as mãos em frente aos meus olhos me tirando do devaneio.

- Desculpe hyung, o que você estava dizendo?

- Estava ameaçando o Namjoon, se ele não te aceitar eu furo os pneus daquele carro blindado de Batman dele. – eu o olhei de cara feia. Ele riu e virou minha cadeira para a frente do computador. – Eu confio em você.

Yoongi segurou minha mão e guiou meu dedo ao mouse do notebook, arrastou minha mão lentamente, fazendo a seta deslizar até o arquivo enviado.

- No três. – Ele sussurrou pertinho do meu ouvido.

-Um...

-Dois... – ele sussurrou e me deixou para o último número.

- Três. – Clicamos juntos.

As letras começaram a surgir na tela e meus olhos acompanhavam cada linha escrita.

- Caro Jung Hoseok, é com muito prazer que viemos por meio deste, comunicar a sua aprovação no teste para novos dançarinos. -Minha voz falhou, mas Yoongi segurou meu ombro me encorajando a continuar. – Seja bem-vindo a família Kim's Entertainment.

Eu me levantei no fim da mensagem, erguendo os braços em um ato alegre e gritando animador. Me virei para ver meu amigo ali. Ele parecia tão feliz. Os seus olhos brilhavam, seus pulos eram animados. Ele até arriscou uma dancinha da vitória, mexendo o quadril de um lado para o outro e os braços de um jeito desajeitado.

Eu foquei no sorriso gengival. Um sorriso sincero e orgulhoso...

- Estou tão, mas tão feliz por você Jung. – Aos poucos ele deixou de dançar, mas seu sorriso ainda não cabia nos lábios. Ele me abraçou forte, após ter me puxado pela camisa como uma ordem de aproximação. Quase caímos no meio desse processo.

- Yoonie. – Eu o chamei em sussurro.

Assim, ele afrouxa o abraço, seus braços ainda estão ao redor da minha cintura. Ao erguer o olhar nossos lábios se esbarram. Eu recuo a minha cabeça um pouco mas percebo que ele permanece ali. Meu coração errou uma batida, eu o sinto descompassado e agora bate ainda mais forte.

- E-eu...eu passei?! – digo entre suspiro. A gente continuava com os rostos juntos, numa aproximação perigosa. Muito perigosa. Hyung concordou com a cabeça, isso fez com que nossos narizes se tocassem em uma espécie de "beijo esquimó".

- Meu sol agora vai brilhar ainda mais forte. Eu me orgulho de você. – Ele disse. Ele e sua mania de me chamar de "Sol".

Ergo minha mão, passando a pontinha dos dedos pela lateral de seu pescoço, escorregando para sua nuca onde acariciei os cabelos curtos. Seus olhos se fecharam em um risquinho mínimo, era lindo.

Seus dedos apertaram minha camisa na parte de trás. Era como se tudo estivesse em câmera lenta. Como se meu cérebro quisesse decorar cada momento, cada feição e detalhe. Aproximei meus lábios do alheio, selando o cantinho. Um selo demorado.

- Não se afasta. – A voz de Yoongi pareceu rouca. E foi assim que a minha perna pareceu fraca.

Entrelacei meus dedos em seus fios de cabelo e percebi o menor ficar um pouco mais alto pois se ergueu com os pés. Eu ri abafado antes de juntar nossos lábios em um beijo desejado. Eu havia esperado três anos para isso.

Nossas línguas se tocavam lentamente, e com – o que eu supus ser- uma paixão absurda. Yoongi soltava suspiros baixinhos, apertava minha cintura e com a mão livre, acariciava as minhas costas. Não foi aquele beijo desajeitado como da primeira vez.

Aquele beijo foi a chave para que nossos lábios nunca mais deixassem de se encontrar.

FLASHBACK

Eu não sei como Yoongi está se sentindo. Eu nunca senti algo assim, e não quero parecer insensível, mas eu não quero ter essa sensação. Então, tudo o que eu posso fazer nesse exato momento é compreender ele.

Existem em média, 450 sentimentos humanos e 27 emoções.

Mas Hoseok, qual é a diferença de sentimento e emoção?

A emoção em si, se refere à uma reação em base do instinto, como uma neutra resposta para os estímulos exteriores. Já os sentimentos, sabe, choro, gargalhada? Então, são os reflexos do que se sente na emoção.

São as emoções que dão origem ao sentimento.

Em meio disso tudo, eu não consigo encontrar uma palavra se quer para tentar descrever o quão 'agonizante' é ver meu namorado passando por aquilo.

E quem dirá ele conseguir uma palavra para descrever como se sente também.

Eu não quis ficar em cima dele depois do velório. Preferi o acompanhar de longe até sua casa.

Percebe-se que eu sou um péssimo espião e ele um belo de um observador. E me conhece muito bem. Ouso dizer que me conhece até mais do que eu mesmo.

Agora deitado em minha cama, encaro o teto, as estrelinhas que brilham no escuro preenchem o gesso.

- Eu queria saber o que fazer, Tae. – Resmungo baixo.

- Queríamos...- o anjo senta-se na beirada da cama e apoia a mão por cima da minha. É estranho pensar que eu posso sentir seu toque. Com o tempo aprendi a me acostumar com isso.

Calma olhinhos desesperados e de sobrancelhas cerradas, eu vou te explicar direitinho quem é Tae e como ele apareceu aqui.

Bom, Taehyung é meu anjo da guarda. Sim, eu posso vê-lo, senti-lo. E posso até mesmo falar com ele e receber uma resposta. Não eu não sou louco, não vejo coisas, e não ele não é uma coisa criada na minha cabeça.

Taehyung existe. É um homem lindo, de pele amendoada. Cabelos pretos e levemente, muito levemente encaracolado. Ele é alto. Bem mais alto que eu. E por mais que eu ache isso injusto ele já me explicou que somos pessoas diferentes. Não pessoas, pessoas. Ai, você me entende, não entende?

Tae me explicou que sempre esteve comigo, desde antes quando eu não conseguia o ver. Me explicou que ele é basicamente aquele anjinho que fica no ombro. Sabe aquele meme "eu fui rir, mas 'Deus' colocou a mão na minha cabeça e disse: pare!"? É basicamente isso que o Tae faz.

Não me deixar rir de meme na internet?

Não coisinha lerda. Ele me protege. De tudo mesmo sabe?!

Não me lembro bem quando eu o vi pela primeira vez, provavelmente eu era muito pequeno pra me lembrar disso. Desde então somos muito amigos. Uma pena ele não existir de carne e osso.

Mas o pior ainda é saber que ele SABE do que eu 'tô pensando.

A minha sorte é que ele da uma desaparecida. Me dá arrepios de pensar uma plateia no sexo.

Sei lá, eu e o Yoongi e um anjo sentado; "Nada não 'tô só me amostrando aqui pra vocês."

Sinistro.

Só eu posso ver ele. Já procuramos uma resposta pra isso. E a mais próxima que eu cheguei a acompanhar foi sobre ter mediunidade aberta. Pelo que ele consegue me explicar, ele vê todos os anjos da guarda dos outros.

Será que tem uma associação dos anjos anônimos? Vai saber né?!

Ele aparece, voa. Tem umas asas maneiras. São enormes. Mas ele raramente usa. -Acharam que eu tinha um Ryuk² é?! seus pirados. -

Foi algo que eu cogitei. Quando era menor fiquei um tempão procurando um death note. Tae me deu um caderno enrolado em fita isolante. Me enganou esse anjo caloteiro.

E foi assim que eu escrevi o nome da tia da cantina depois dela não ter me deixado repetir a merenda pela terceira vez. – Obs.: ela está vivona, com a saúde em dia até hoje.

Taehyung não bebe, não come, não sente frio, nem calor.

Mas isso aí vocês vão ter que perguntar pra ele. Já pensou, viver de bucho vazio?!

E para finalizar, sim, o Taehyung pode se afastar, só não pode ficar longe o bastante pra não conseguir ter controle de "segurar as ideias ruins de longe da minha cachola". E eu também posso ficar sem ver ele. Já que é o senhor Teteco que controla isso. Odeio quando a gente briga e resolve não aparecer por umas horas ou dias.

Anjo birrento.

- Você não pode mesmo falar com o anjo do Yoonie? – perguntei olhando para ele. O moreno negou com a cabeça.

- Eu já te expliquei que não posso tentar influenciar outras pessoas ou o anjo das outras pessoas. – Ele tornou a me dizer.

- Eu posso ir ver como ele está, se você me prometer que vai se deitar e dormir. – Eu ri. Concordei com a cabeça. Anjo espião ou anjo fofoqueiro?

- Eu prometo..., mas também não quero te meter em encrenca. Não sei como funciona esse negócio ai de contrato de anjo, se você tem que bater ponto, servir hora extra. – Torno a dizer e ele ri mais um pouco. Era essa nossa relação. Sempre tão risonhos.

- Amamos o Yoongi. Não será um problema para mim.

"Amamos o Yoongi". É pessoal, pelo que parece, nós temos os mesmos sentimentos por outras pessoas. Claro que ele não pode odiar mortalmente alguém, como eu -supostamente- odiei a tia da cantina. Mas, ele pode desgostar sim de alguém. Estranho explicar essa ligação emocional.

De início eu até sentia ciúmes e tentei me desvencilhar do anjo. Sabe, devolução? Mas percebi que não tem leilão disso. Ou eu não procurei direito na internet.

Ficou tudo bem no final aliás, era como se fossemos a mesma pessoa.

- Promete me acordar quando voltar? – perguntei, um tanto ansioso. Minha perna balançava.

- Shh, fecha os olhos. – Ele disse e senti os dedos suaves descendo da minha testa até a ponta do meu nariz. Era a maneira sinistramente fofa que Teteco tinha de me fazer dormir.

O final de semana passou. Yoongi recusou todas as minhas ligações. Não leu nenhuma das minhas mensagens. Mas eu procurei ao máximo mostrar a ele que só queria saber se ele estava bem.

[ligação rejeitada, sexta-feira 10:28]

Eu: Yoonie, você está bem? [10:30]

[ligação rejeitada, sexta-feira 15:02]

Eu: pelo menos eu sei que está com o celular.

 Amor eu estou aqui por você. [15:15]

Eu: espero que você tenha comido. Preciso ir para o trabalho,

quer que eu passe aí mais tarde? [17:26]

[sua chamada está sendo encaminhada para a caixa mensagens, sábado 08:40]

[sua chamada está sendo encaminhada para a caixa mensagens, sábado 20:00]

[sua chamada está sendo encaminhada para a caixa mensagens, sábado 22:26]

[sua chamada está sendo encaminhada para a caixa mensagens, domingo 16:07]

Eu: vida... [23:46]

Eu: eu posso estar sendo muito invasivo, 

mas eu estou começando a ficar preocupado. [23:50]

Eu: Quando for tudo novo³... [00:00]

Quem me segurou para não sair no meio da madrugada foi Taehyung. Não me deixou ir atrás dele.

- Você precisa acreditar em mim. Quando eu digo que ele está seguro... – ele dizia parado na minha frente.

A segunda-feira chegou, quase não consegui sair da cama. Recebi o maior sermão pois mexi no celular na mesa do café. Nem Jimin, nem Jungkook haviam falado com Yoongi nos últimos dias. Tentei ao máximo seguir as palavras de Taehyung.

Desço do carro, no estacionamento do campus. Meus braços estão repletos de bambolês. Não me pergunte. Foi pedido da professora. Aliás, se está se perguntando o que eu faço aqui, faculdade de dança. Meu último ano, graças as forças protetoras do universitário.

Caminhava equilibrando tudo nos braços enquanto atravessava o pátio frio, mas felizmente sem neve. Assisti a aula um pouco mais distraído. Taehyung ficava ali próximo a enorme janela, vendo a movimentação do jardim.

As horas passam e com ela a minha fome começa a surgir. Saio da sala, mãos livres dessa vez.

- Estou morto de fome. – Resmunguei, parecendo falar sozinho, mas na verdade, Teteco me ouvia e ria dos barulhos estranhos que a minha barriga fazia.

- Hoseok, Hoseok. – Jeon Jungkook é o dono da voz que se aproxima e me puxa pelo ombro. Ele ofega, parecia ter vindo correndo. – O Yoongi. Ele...

- Diz logo homem – me apressei, meus olhos arregalados o encaravam curioso.

- Ele está aqui.

E assim, fui arrastado corredor a fora até o pátio principal. Yoongi estava sentado na divisória do jardim e ria enquanto conversava com Félix, Chris e Jimin. Seu sorriso... era falso. Seu olhar para os outros... eram falsos. Eu sabia.

- Guinho? – pergunto me aproximando e faço uma leve reverencia aos três garotos parados ali.

- Oh meu amor. – Ele diz calmo. Se levanta e me abraça. Ele teve a iniciativa de um abraço.

Porra, eu não consigo achar que está tudo bem.

- Você...?

-Estou ótimo e com muita fome. Nós podemos almoçar naquela lanchonete aqui perto? – ele pergunta tirando a mochila.

Park Jimin me olha como se quisesse fazer uma telepatia sinistra.

- O garoto 'ta tentando te dizer pra responder o Yoongi logo. Anda. Para de tratar ele assim. – Taehyung meu telepata preferido. Na verdade, ele só sabe dar a real mesmo.

-Claro. Vamos. Tchau meninos. – Me despeço e passo um braço por cima do ombro do meu namorado.

- Eu consigo ouvir a sua barriga roncar daqui Jung, não comeu no café? – neguei com a cabeça, mas logo me inclinei selando sua bochecha. Ele riu leve e andamos juntos para o carro.

Antes de entrar tivemos a disputa de sempre, quem é que ia abrir a porta do carro pro outro. Ele sempre alegava saber entrar sozinho, mas dizia que queria ser romântico e abrir a porta para o motorista. Eu, ah. eu usava a mesma desculpa. No final cada um abria sua porta.

A primeira coisa que o loiro fez foi ligar o aquecedor e começar a se desagasalhar.

- Bem que eu vi que você 'tava gordinho. Toda essa roupa aí

- Você sabe que meus casacos são finos e eu preciso usar vários pra ficar mais quentinho.

O carro não saiu do lugar. Eu continuei sentado olhando para ele. E ele fazia de tudo para não me olhar. Parecia fugir de mim.

- Yoonie.

Ele continuou vendo se o cinto estava ajeitado, fingia arrumar a calça, colocava as mãos nas saídas de ar.

- Yoonie eu estou falando com você. – Ele me olhou.

- Hobi... eu estou bem. Eu precisei do final de semana para pôr a minha cabeça no lugar. Eu sei que é uma coisa louca. Mas a vida é assim, certo? É o ciclo. Todo mundo vai morrer uma hora, não é como se eu pudesse negar o destino das pessoas. – Ele diz calmo. Sua respiração nem altera. Parece ter aceitado isso. Ainda contínuo o olhando confuso. – Você me prefere rindo, tentando seguir em frente e passando um tempo com você ou me prefere atolado no luto, sem comer, sem conversar e me excluindo de todos?

Nego com a cabeça. Ele realmente está certo, eu fui mesmo um bobo superprotetor tentando fazer ele assumir que estava mal. Sorri em sua direção e sinto suas mãos, com um toque mais gélido alcançando minhas bochechas.

- Amo o seu sorriso de coração. – Ele me diz e assim sela a ponta do meu nariz. – Mas eu vou deixar de te amar se não me alimentar em trinta minutos, Hoseok.

A dualidade desse homem!

Como a pedido do amor da minha vida, eu tinha uma missão; alimentar meu dragão.

Taehyung estava calado no banco de trás. Seu semblante era estranho. Aquela sensação de que ele estava incomodado. Não sei bem explicar como ele olhava para o vazio.

Ai minha nossa, será que tem uma assombração no meu carro?

- Você está fazendo aquilo de novo, Hoseok. – Min me chama. Paro de encarar Taehyung e volto a olhar o loirinho sentado na minha frente devorando o seu Jjajjngmyun⁴- Aquilo de novo o que? – pergunto confuso.

- Olhando pro nada. Continua vendo esse tal de Taehyung?

Sim, ele meio que sabia. Saber não significa acreditar. Não que ele me julgasse, nada do tipo. Ele só pedia que eu não fizesse isso com ele já que ele se sentia assustado. Min Yoongi era um medroso de carteirinha. E foi eu quem dei a ele a carteirinha já que eu consigo ser mais medroso ainda.

- Não vai se repetir. Eai, quais os planos para as férias? – perguntei a ele. Talvez uma pergunta errada a se fazer.

- Não pensei ainda. Eu estava combinando com a minha ma... nada ainda.

Abri minha boca para dizer alguma coisa, mas nada saiu. Suspirei chateado comigo mesmo.

- Talvez eu pegue mais alguns alunos durante as férias, ganhar um dinheirinho a mais nunca é ruim né?! – ele diz tampando a boca enquanto comia. Concordo com a cabeça. Ainda incomodado com essa maneira. Yoongi não trocava um dia de sono pra um dinheiro extra nunca.

- E você? As sogrinhas vão te arrastar para uma viagem chique outra vez?

- Na verdade não. Elas estão muito ocupadas com o pré-tour.

- Então meu amorzinho vai ter a casa livre no começo do ano que vem, é isso?

E a nossa conversa tomou esse rumo. Depois de bem alimentados, insisti em levá-lo para casa. Nunca que nesse frio todo eu o deixaria ir andando. O trajeto não nos tomou muito tempo, o que nos fez terminar nossa conversa ali na calçada. Eu, escorado na porta do carro e ele a minha frente.

Minhas mãos seguravam sua cintura e ele continuava me olhando com um sorrisinho.

Aquele sorrisinho.

- Tem certeza de que não quer que eu passe a noite com você? – perguntei despejando mais alguns beijos em sua bochecha.

- Sim... eu preciso desse tempo sozinho com o meu pai, sabe?! – concordei com a cabeça quando ele diz. Uns barulhos de garrafas caindo desfazem o silencio.

- Tem certeza de que não quer que eu entre com você?

- Tenho. Ele só é desastrado quando vai tirar o lixo da cozinha. – Ele mente. Ele mente pra mim na cara dura.

Ele me impede de falar qualquer coisa quando junta nossos lábios em um beijo. Suas mãos ficam de forma delicada contra as minhas bochechas e eu continuo segurando sua cintura o impedindo de se distanciar.

Ele finaliza puxando meu lábio entredentes e suspira baixinho acariciando minha bochecha. Passo meus braços por sua cintura o abraçando forte de o tirar do chão antes de soltá-lo e deixá-lo entrar. 


Notas Finais


♪♫.ılılıll|̲̅̅●̲̅̅|̲̅̅=̲̅̅|̲̅̅●̲̅̅|llılılı.♫♪

I'll never forget you
They said we'd never make it
My sweet joy

referências:
¹- a música infantil coreana "The Tomato Song"
²- anime/mangá japonês: Death Note
³- Música 00:00 (Zero O'Clock) - BTS
⁴- Jjajjangmyuné um macarrão acompanhado de pasta de feijão preto e carne de porco

Oi meus nenecos, como passaram a semana?

Como prometido veio ai um cap narrado pelo Hobi, um pouquinho de como eles se conheceram e começaram a se relacionar. Alguns disseram no capítulo anterior que querem duas atualizações na semana. Então, nos veremos nas terças e quintas.

A playlist já está disponível no spotify, o link vai estar no meu perfil.

Peço que não julguem a maneira como o Yoongi está lidando com o Luto dele. Ele tem um motivo e mais em frente vamos descobrir melhor sobre. Não esqueçam de deixar um votinho.

Vejo vocês na quinta. <3


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