História Family business - With John

ALGUMAS SEMANAS DEPOIS

- Meu deus, eu preciso de torta. Agora. - falava no telefone com Bobby. - De BLUEBERRY. - quase gritei.

- O que você tem? - ele perguntou preocupado com aquela voz rouca de pai.

- Fome. De torta.

- Parece o Dean falando...

- Porque não vem jantar conosco hoje? É sexta. - pedi indo em direção a geladeira. - Teremos uma maldita torta de blueberry. Você devia vir.

- Tudo bem... - falou meio receoso. - Tem certeza que não tem um monstro vivendo em você? Acho melhor verificar. - riu um pouco e se despediu. Nesse momento a ficha caiu. Meu deus, ela caiu do décimo andar, direto na minha cabeça. Os números começando a correr, fiz um milhão de contas em 1 segundo. Foi tudo tão rápido, parecia que eu tava vivendo um sonho, a parte bidimensional dele, onde tudo acontece mais rápido que o normal.

- Atrasada. Eu to atrasada. Puta merda. - peguei a chave do carro e corri até uma farmácia. Comprei 5 testes. 5. Tudo bem fazer planos, me imaginar grávida, mas realmente estar grávida, é totalmente diferente. É aterrorizante. Eu pirei. - O primeiro. Vamos...vamos manter a calma. - Fiz o primeiro teste. Fiz logo o segundo, o terceiro, o quarto e o quinto. "Aguarde alguns minutos" - Quantos minutos? Quantos? - o tempo não tava passando. Parecia ter parado so pra me irritar. Comecei a suar frio. O banheiro da farmácia não tinha espaço nem pra minha ansiedade.

Positivo. Positivo. Positivo. Positivo. Positivo.

Saí do banheiro e não sei explicar como cheguei no estacionamento, liguei o carro e de repente já estava na estrada.

- Certo. Grávida. Preciso me acalmar. Preciso parar de falar sozinha.- parei o carro, ia acabar provocando um acidente. - "Eva...você já enfrentou tanta coisa mais assustadora que isso...é apenas uma criança." - essa voz ecoando na minha cabeça, eu não sabia se era minha ou não. O celular na mão, também sem noção de como ele tinha parado ali.

- Alô - a voz grave do outro lado - Eva?

- Sam.

- Oi...ta acontecendo alguma coisa? - conseguia imaginar o rosto contraído dele.

- Sim. - demorei alguns minutos, ele parecia compreender isso, continuava do outro lado, respirando, esperando que eu tivesse coragem suficiente pra falar. - Eu tô grávida. - ouvi a respiração dele parar por uns segundos, assim como a minha.

- Você...você tem certeza? 

- Tenho. - minha boca estava mais do que seca.

- E você ainda não contou pra ele, estou certo? - conseguia sentir a felicidade brotando na voz dele. Foi um alívio. Eu precisava que alguém ficasse feliz com isso. Que me fizesse repetir essa reação. Eu sei que Dean queria um filho, eu sei que ele pediu isso mas eu simplesmente enlouqueci. Eu...eu não sei explicar. Tive medo. Sempre quis ter filhos, mas tê-los de verdade é totalmente diferente, é algo muito grande, gerar outra pessoa. Sério, a beleza dos bebês é feita a base de preocupação. No meu caso, 70% preocupação.

- Não...- fui voltando a ser Eva aos poucos. - Eu precisava dizer isso a mais alguém antes de...antes de contar pra ele.

- Eu entendo. - falou sereno. - Mas, já posso ficar feliz com isso? 

- Sim - sorri. Na verdade, eu ri. Um riso diferente, de alívio, de vontade, de gratidão. Ouvi o do Sam também. Ouvi ele contando a Jess. - Vai jantar com a gente hoje. O Bobby também vai.

- Eu iria mesmo que não tivesse me convidado. - falou rindo.

- Preciso voltar a dirigir.

- Certo, até mais tarde então. - sempre tão compreensivo.

- Sam? - chamei antes que ele desligasse.

- Hm? - era tão parecido com o irmão quando fazia isso.

- Obrigada. - ele ficou em silêncio, acho que até eu senti o peso daquele agradecimento.

- Você sabe que pode contar comigo. Pra sempre.

- Sei sim - respirei fundo. - Mas vamos desligar antes que isso fique emocional demais. Espero vocês pra jantar. 

- Até mais. - ele ainda tinha o riso na voz quando desligou.
Agora era comigo. Sozinha. Quer dizer, eu e John.