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História Family Complex - Reunião de Família


Escrita por: Ruviq

Notas do Autor


Chegay! Olá, leitores! Sim. Eu sei que você está lendo isso. ¬¬

Enfim, mais um capítulo tirado das minhas noites sem sono. Fico feliz de dizer que valeu a pena. (risos)

Bom, espero que apreciem a narrativa e a estória. Boa leitura!

Capítulo 2 - Reunião de Família


―O quê?

Perguntei só para checar se o que eu ouvi batia com que eu havia escutado.

―Foi o que eu disse. Ela é filha da Jessica. Fomos informados pela polícia da cidade de Orlando hoje de manhã, e o paradeiro dela se encontra desaparecido. Até agora ninguém perto da vizinhança onde ela vivia sabem onde ela possa estar inclusive o marido.

O filho da mãe que prometeu cuidar da minha irmã também está envolvido com o desaparecimento? A raiva começou a repercutir pelo meu corpo, mas não quis demonstrar isso na frente da Christine. Ela talvez pudesse até surtar com isso só de pensar que ele poderia ter sequestrado a Jessica ou algo do tipo. É algo que eu não quero arriscar falar sobre, muito menos pensar.

―Vamos. Nossos pais estão na cozinha comentando sobre isso.

Chegando à cozinha que era um espaço um pouco pequeno e delimitado por um balcão, estavam minha mãe e meu pai, ambos em uma idade idosa sentados sob a cadeira. Além deles, estavam meus avós Beatrice e Gerald também sentados ao lado dos meus pais.

Meu irmão Thomas que tinha respectivamente 20 anos foi o primeiro a me receber com um forte aperto de mãos no meio de uma atmosfera pesada entre os parentes ali presentes.

―Olá, parceiro. Há quanto tempo.

―Eu que o diga. ―retribuo o aperto de mãos.

Faz um ano desde que eu não via meu irmão favorito. Parece que foi ontem que ele foi se alistar e eu nunca mais o vi até então. Bom, pelo ele está com o corpo em ótima forma por conta dos treinamentos físicos do exército. Comparado há uns dois anos atrás, Thomas era praticamente pele e osso. Eu nem me lembro, quase. Talvez eu exagerei um pouco a respeito da sua antiga forma.

Passando os cumprimentos para o próximo, fui até o encontro dos meus pais que estavam discutindo algo em silêncio. Foi só eu tocar nos ombros da minha mãe que ela olhou para mim com certa felicidade e me abraçou com carência. Eu fiz o mesmo.

―Que bom que você veio.

―A senhora está bem? ―pergunto acariciando seu rosto quase enrugado.

―Estou, mas... Sua irmã... ―ela olhou para os lados, evitando que uma lágrima rola-se pelo seu rosto delicado.

Ela estava mais preocupada do que eu imaginava. Mais do que óbvio. Ela é uma mãe como qualquer outra que se preocupa muito com a saúde e o bem-estar dos seus filhos.

―Eu sei... ―murmurei.

Olhei para o meu pai de relance e ele fez um sinal com o polegar sem dizer nada, apenas sorriu em ver seu filho abraçando a sua mãe. Eu assenti com a cabeça dizendo que eu estava bem. Levei minha mãe até a sua cadeira para que pudesse se sentar. Já eu, fiquei em pé com uma mão apoiada no balcão e com a outra na cintura.

―Oi vó Beatrice. Oi vô Richard.

―Olá. ―retrucaram em uníssono, alegres com a minha presença naquele instante.

―E então... ―começo a discussão. ―A polícia tem alguma pista de onde ela possa estar?

―Receio que não, senão já teriam nos avisado assim que recebemos a ligação sobre o desaparecimento dela. ―disse mamãe.

Um breve silêncio tomou todos naquele local de pura tensão.

―Sabe que eu acho... ―os olhos se voltaram para a voz rabugenta do vovô. ―Isso tudo deve ser culpa daquele sujeitinho. Ele deve ter sequestrado a minha neta e sabe lá Deus o que ele fez com ela. Pela primeira vez que o vi ele, ele meio que tinha um olhar e um jeito psicótico.

Ora, ora. Uma pessoa que concorda com o meu raciocínio sem eu ter mencionado. Vovô podia ser meio lerdo às vezes, mas era um homem de 79 anos com um bom cérebro. Dali, velho!

―Pera aí um instante. Você está querendo dizer que esse casamento foi uma farsa por parte dele apenas para sequestrar ela? ―perguntou minha irmã caçula.

―Claro.

―Então pra quê levar ela para morar em Orlando em primeiro lugar? Não bastava só sequestrar ela e pronto?

―Hmm. Tem razão, querida. Desculpe por criar um caso.

É. O clima aqui estava uma loucura. Eu mal conseguia respirar direito. O rapaz chamado Nicolai tinha mesmo um jeito estranho. O modo como tratava meus pais, avôs e irmãos eram algo de outro mundo. Sinceramente o cara ultrapassava as barreiras da bondade para falar a verdade como pagar as despesas da família, fazer compras e até então me ajudar a pagar a casa em que eu morava. O diabo parecia estar rindo bem na minha frente, mas eu não conseguia vê-lo exatamente. Maldita vida miserável que só me acontece coisas ruins.

Enquanto discutiam sobre o paradeiro de ambos, do nada sinto algo agarrar envolto da minha perna. Senti um arrepio atravessar como uma corrente elétrica pelo meu corpo todo. Olhei para baixo com certa dúvida e adivinhem: era a garotinha que eu não tinha nenhuma intimidade pra falar o certo. Ela parecia estar querendo algo, talvez. Eu tinha ―digamos― uma experiência nisso porque eu já havia cuidado dos meus irmãos quando ainda usavam fraldas. Quando começam a se agarrar a alguém é porque alguma coisa queria.

Espera aí! Por que eu?! Logo eu? Pô!

―Ei... Tudo bem aí embaixo? ―murmuro.

Mexi minha perna e era um pouco engraçado vê-la toda corada tentando se segurar firme enquanto eu simulava um terremoto. Eu parei por um instante e ela me olhou com os dentes cerrados enquanto saltitava um pouquinho e com os olhos azuis quase lacrimejando. Eu precisei me agachar para poder ouvi-la. Aproximei meu ouvido até a sua boca que sussurrou secretamente:

―Eu preciso ir ao banheiro.

Olhei para ela.

―Ué? Então vai. O banheiro é por aquele corredor, mocinha. Última porta a esquerda.

Ela se enrolou todinha insatisfeita. Será que...

―Eu... Eu tô com medo... De ir sozinha... ―disse envergonhada, palavra por palavra.

Sabia. Não que eu tenho algo contra, mas eu precisava ouvir detalhe por detalhe da discussão que ocorria na cozinha. Fui chamar pelo Thomas, mas ele estava muito concentrado em suas ideias que acabei optando por não. Ninguém da minha família notou ao meu chamado. Voltei os meus olhos para a garota e suspirei.

―Vem. Vou levar você até o banheiro.

Ela sorriu abertamente. Sai na frente, e de repente aquela sensação contornou todo o meu corpo. Suas mãozinhas foram de encontro com o meu, segurando-se firmemente. Eu não podia negar, mas as mãos dela tinha uma delicadeza única ao toque. Era mais suave que a neve. Fiquei meio sem graça quando eu pensava a respeito. Uma garota que mal conheço já mostrava sinais de intimidade comigo. O que eu tenho de tão maneiro que ela achou legal? Fui fazer tais perguntas a ela, mas acabei deixando de lado. Não é uma pergunta que se deve fazer a uma criança de fato.

Com o cavalheirismo a mostra, abri a porta do banheiro e acendi a luz. O local estava limpo e tinha um cheiro agradável de desinfetante. Eu apenas continuei a fitando, me apoiando sobre a porta com os braços cruzados.

―Manda ver. ―digo sem muitas expectativas.

Ela me olhou com certo nojo, mas não sei se era exatamente isso. Ela inspirou o ar. Parecia que estava tomando coragem a falar algo. O que seria para deixar ela tão nervosa e vermelha assim tão de repente?

―T-Tio Douglas! Dê licença! ―grita a garotinha.

―Hã?

Do nada ela fecha a porta com toda a sua força que foi de encontro com a minha fuça. Eu rosnei de dor. Comecei a me contorce igual uma cobra. Eu não podia dizer se estava sangrando, pois nenhum líquido vermelho e viscoso havia se manifestado até então. Bom, pra falar a verdade, eu bem que mereci isso, mas mesmo assim não deixei de resmungar:

―Que pirralha mais ingrata.

Esperei um pouquinho, com os meus pés batendo impaciente ao chão, várias vezes. Um minuto e meio haviam se passado. Certifiquei batendo na porta três vezes, super mal humorado.

―Oi? Você ainda tá viva aí, né?

Nenhuma resposta. Coloquei meu ouvido próximo à porta. Tudo que eu ouvia era ela cantando uma cantiga infantil enquanto lavava as mãos na pia. Ela abre a porta em seguida e voltou rapidamente a minha posição anterior, como se nada tivesse acontecido. Ela me fitou curiosa.

―Já. ―murmura.

―Já o quê? ―pergunto ainda com o nariz dolorido.

―Já terminei de urinar.

Olha. Ela era uma garota que tinha um jeito formal de falar sobre o conteúdo eliminado.

―Deixa disso. Fala logo que acabou de fazer xixi. É muito mais simples e prático. ―digo enquanto eu segurava a sua mãozinha.

―Vou contar pra vovó! ―gritou ela, me repreendendo quanto a tal palavra íntima.

Ei apenas ri. Não cheguei a gargalhar, mas era como seu eu tivesse gargalhando por dentro. Era hilário ver que isso a deixava constrangida.

 

 

 

Assim que chegamos ao local da reunião de família, a garota se separou de mim e foi até a mamãe que a olhou com um olhar de afeto.

―Vovó. Vovó.

―Oi amor. O que foi? Onde você estava? ―disse mamãe, acariciando seus cabelos curtos e loiros.

―Fui ao banheiro. Tio Douglas me levou.

―Ora. É mesmo? ―mamãe parou por um instante e me olhou com um sorriso de gratidão no rosto que me deixou meio sem graça. ―Ele é super legal, né?

Sim. Eu sou.

Sorri em meus pensamentos.

―Sim. Ele é meio bobão, mas é um cara muito legal.

A partir do momento em que essas palavras foram ditas ao vivo, todos pararam de falar e olharam para a garota com os olhos arregalados. Já no meu caso, eu havia entrado em um estado de êxtase.

―Pera aí. O que foi que você disse? ―minha irmã fez a perguntar com um sorriso no rosto.

―Ele é bobão, mas é legal. ―ela repete como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Os olhos se voltaram contra mim. Eram como se estivessem me fuzilando com aqueles olhares cheios de riso e concordância.

―Olha. ―começou minha irmã. ―Vou ter que concordar com você, hein.

Os risos saíram baixinhos aqui e ali.

―Bom, pelo menos ele é uma pessoa responsável e protetor.

Só meu irmão para me resgatar na mais profunda escuridão. Nunca pensei que eu fosse dizer isso, mas, eu te amo maninho.

―Err... Thomas, você poderia levar nossa convidada para o quarto?

Meu irmão não respondeu. Apenas fez que sim com a cabeça enquanto levava a garota para o quarto dos meus pais. Eu assisti em silêncio ela desaparecer pelo corredor.

―Douglas? Querido.

―Ah. ―me desperto do transe. ―Sim, mãe?

―Bom, enquanto você não estava aqui, estávamos discutindo em relação da moradia da garota já que a mãe está desaparecida.

―E? ―fiz uma careta esperando uma resposta.

―Bom, eu, seu pai, seus avós e irmãos concordámos que você se responsabilizara por ela a partir de agora.

Tá. Até aqui me senti tranquilo e estável, mas logo caiu a ficha.

―O quê?! ―me espantei coma minha própria voz elevada. ―Ficaram malucos? Por que eu? ―sussurro com um olhar arregalado.

―Você não mora sozinho? Vai ser perfeito para ela morar lá até que a polícia encontre a sua irmã.

Eu estava na beira de um abismo. Tudo que eu precisava para cair era de um empurrãozinho. Tentei achar outra solução para o problema.

―Por que ela não fica aqui?

―Pensamos nisso diversas vezes querido, mas não temos cama para que ela possa dormir. ―disse a vovó.

―Vocês tem dinheiro. É só compra uma e já era. Fim de papo. Problema resolvido.

―Isso é verdade, mas o problema é: onde iremos colocar uma cama só para ela? Não temos espaço. ―comentou papai.

Droga. Fiquei alegre antes da hora.

―Como fica o meu trabalho? Eu tenho compromissos também, sabia? Não tem como eu ficar cuidando dela 24 horas por dia.

―Não se preocupe, estamos preparando os documentos dela para matricula-la em uma escola integral. ―ver minha irmã falando isso é bem bizarro.

Eu suspirei como nunca fiz antes. Bom, o lado bom da coisa é que ela vai ficar na escola pelo tempo integral então acho que vai ser bem melhor pra mim e pra ela creio eu. Não entendo muito sobre isso. Não quero nem pensar sobre isso no momento, senão vou acabar ficando velho antes da hora. 

Thomas e a garota surgem pelo corredor e eles pareciam alegres, pois ambos estavam sorrindo um para o outro. A menor vem em disparada pra cima de mim e notei que ela escondia algo atrás das costas. Ela ergue a mão com o rosto meio corado e me entrega uma folha em branco com algo desenhado e muito bem colorido nela. Eu não sou muito chegado à arte, eu apenas deduzi que era eu e ela de mãos dadas.

―Deixe me adivinhar: esse sou eu e essa é você? ―apontei.

―Uhum. ―sorriu ela.

Droga. Por um momento senti meu rosto arder apenas encarando aquele desenho que ela havia feito.

―U-Uau. Está perfeito. ―gaguejei e entreguei a folha a ela.

―Pode ficar. Eu fiz pra você.

Senti uma tensão enorme que logo passou. Eu suspirei e sorri agradecido. Talvez não seja uma má ideia conviver com ela até que as coisas se acertem. Eu me agachei e passei levemente minha mão áspera sobre a cabeça dela, sorrindo.

―Ei... Err... Você quer ir morar comigo? ―pergunto.

A expressão facial dela passou de boquiaberta para alegre sem dizer nada. Bom, vou encarar isso como um sim. Afinal de contas, já estava decidido.

 

 

 

Meu pai e meus irmãos ajudavam a levar duas bagagens de mão até a entrada para mim enquanto minha mãe me explicava algumas coisas a mais.

―Bom, nessas bagagens estão todas as coisas dela: roupas, pijamas, toalhas, kit higiênico, tudo.

Eu estava bastante exausto tanto mentalmente quanto fisicamente. Deixei escapar um longo bocejo.

―Douglas. Você está me ouvindo, filho? ―disse minha mãe preocupada atoa.

―Sim, mãe. É claro. ―murmuro.

Algo me veio à mente. É algo que não fui informado desde que cheguei aqui pela manhã.

―Qual é nome dela, mãe?

―Ah... Sobre isso...

Ela falava muito intervaladamente, além de estar com uma expressão corada. Quando isso acontecia...

―Ela não tem nome...

Tu tá de palhaçada comigo, velha?!

―Bom, creio que sua irmã tinha dado um nome pra ela, mas assim que ela veio pra cá, tudo que recebemos foram coisas pessoais dela que estão na bagagem. Não temos nenhum documento dela com os dados pessoais. Até então, não sabemos o nome dela, muito menos a idade.

―Agora você quer que EU dê um nome pra ela? É isso?

―Exatamente. ―ela esbanja um sorriso natural.

Eu esfreguei minha mão no rosto por puro estresse. Ver minha família empurrando toda a responsabilidade para cima das minhas costas me fazia desistir, mas para o bem da garota, eu iria cuidar dela. Eu prometi para eles e irei até o fim com isso até que a minha irmã apareça. Eu só queria que ela desse as caras agora.

Assim que a garota se despediu de todos ali presentes, ela segurou firmemente na ponta da minha blusa com mangas. Peguei as duas malas que não eram tão pesadas quanto eu pensava que fosse, e partir com ela rua abaixo atrás de mim que acenava com as suas mãozinhas para família que se distanciava. Consegui ouvir alguém gritar e creio que era a minha irmã. Óbvio.

―Juízo, hein! Qualquer coisa ligue pra nós! Não se esqueçam de nos visitar!

Quanto drama. Minha casa é apenas seis quarteirões daqui, mulher.

―Não se preocupe! Iremos visitar, sim! ―grito de volta sem desfocar minha visão da rua naquela tarde ensolarada.

Minha vida nos seus 30 anos estava apenas começando, e espero não tropeçar feio sobre ela. Só quero que tudo ocorra muito bem. 


Notas Finais


Sinto pena do Douglas, viu? (risos)

Bom, até o próximo caps!
Kissus. :3


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