História Family Friends Our Love - Uma Elena Diferente

Uma Elena Diferente

Pov. Paul

Elena, Elena ... --a garota não parava de correr.

Paulie --retornou rapidamente, segurando as pontas do vestido, seus lábios sorriam, seus olhos fechados.

Beijo, me deixe apenas... --me aproximei dela, colocando minhas mãos em seus cabelos soltos embalados pelo vento forte.

-ELENA? ELENA! --apenas um sonho, um sonho ruim.

- Meu nome é George --dizia Harrison, levantando-se da cama, esfregando os olhos.

- Então foi um... Um...

- Pesadelo ou sonho, acordei com seus gritos, chamando por Elena.

- Sim! Elena... Um sono longo.

- Fui até a cozinha depois que você dormiu e estava se remexendo aí, chamando por ela a noite toda.

- Até a cozinha? Tinha caído no sono, eu dormi depois que você.

- Mentira, mentira --gargalhou - Eu ainda senti fome. Lanchinho na madrugada, quem nunca?

- Eu nunca --tentei sorrir - Que horas são?

- Bom dia rapazes --dizia papai, já arrumado.

- Vai sair? --perguntei.

- Sim, tenho que levá-los a escola --sorriu.

- NÃO --gritei - De hoje em diante, quero ir de condução.

- Deixa seu pai levar a gente, Macca --dizia George.

- Vergonha de seu pai? Está ficando mocinho e quer independência? --gargalhou.

- Sim, exatamente. Estou com 15 anos de idade praticamente, devo me desprender dessa coisa de superproteção --a última palavra eu falei fazendo uma careta. Amo meu pai me levando de carro, mas se Elena está indo de condução, provavelmente iremos ir juntos.

- Tudo bem filho --papai sorriu - Desçam e tomem um café reforçado. Vou trabalhar.

- Bom trabalho, pai --sorri.

- Até mais, Sr.McCartney.

Papai saiu de cena e encarei George. Bom amigo que é, me conhece  por inteiro, começou a dizer:

- Essa história de criar independência, é furada e pretexto para...

- Sim --sorri - Iremos todo dia pegar o ônibus com Elena, não é bom?

- É... Pode ser --sorriu.

Pov. Elena

     Lorena, acordou animadíssima, cantarolando o quanto John era idiota. Soa estranho e é bem assim que me sinto ouvindo suas lorotas. Descemos, após de nos arrumarmos e durante o café:

- Lorena, tenho que pegar condução...

- Eu não, o Jim vem me buscar --piscou, mordinscando um biscoito.

- Jim sempre vem nos buscar as 6:50 e agora são quase 7h.

- Ele pode se atrasar...

- Ingleses são pontuais --sorri

- Muito --arfou.

Passaram-se 5 minutos. Nada de Jim. Escovei meus dentes, arrumei meu cabelo mais uma vez e coloquei a bolsa no ombro:

- Jim não vai vir, vem comigo.

- Argh, eu amo andar de carro com Jim e o Paul é muito engraçado...

- Paul, engraçado? É um idiota isso sim --arfei.

- Estressada --mostrou a língua para mim.

A condução, passou no ponto perto da nossa casa. Saímos correndo para conseguir entrar e o motorista, me vendo sorrir:

- Sempre com um sorrisão, senhorita --me encarou, enquanto Lorena pagava nossas passagens.

- Como você é chato, para de elogiar meu sorrisão --arfei, dando uma gargalhada.

- É muito lindo mesmo.

A voz de fundo, era conhecida. Encarei os assentos e identifiquei : Paul, ao lado de George. Lorena saiu em disparada, então a acompanhei, pegando o troco com o motorista. 

- Amiguinhos --Lorena abraçou os dois - Elena, senta aqui com a gente.

- Eu? Sentar ao lado do Paul? --o encarei - Não.

- Senta do meu lado, sua bobalhona --Lorena bateu ao lado do assento vazio dela.

- São bons estes lugares do fundo --George sorriu - E aí Elena, como foi a festa pra você?

- Como foi? --Paul arregalou os olhos, esperando resposta 

- Foi ótima --pigarreei - Ringo é um cavalheiro.

- A festa foi animada por minha causa --sorriu Lorena, satisfeita.

- Não --George arfou - A festa acabou por sua causa.

- Que seja --Lore cruzou os braços.

- Curtiu a festa, Paul? --Lorena o cutucou com o braço.

- Sim, curti muito --gargalhou - As nove meninas... --deu uma risadinha para George.

- Tudo umas avulsas --arfei, encarando o teto da condução.

- Avulsas porém garotas --revidou o olhar.

- Você é um idiota, McCartney. Devo te dar uns tapas, você está pedindo --mostrei os punhos.

- Argh --Lorena fez uma careta - Calem essas bocas, juntem as duas de vocês e dêem um beijão logo, parem de se fazer de doce um pro outro.

- Não quero nada com Paul --o encarei, cruzando os braços.

- Mentira... --George sussurou.

- ARGH GEORGE --bati no braço dele.

- Alguém dá um chazinho pra essa garota? Ela está bem nervosa --sorriu Paul, me encarando com seu olhar mais que perfeito.

- Podem trazer o chá, vou jogá-lo na sua cara --rebati, encarando-o.

- Conversinha legal... --Lorena encarou o teto.

- Super animada, não é Lore? --George sorriu e bateu na mão de Lorena, concordando.

Um silêncio tomou conta. Paul ajeitava os cabelos, sorrindo de um jeito que me fazia bambear. Um jeitinho dele, o sorriso era o mesmo porém a pessoa não era a mesma. Isso tumultuava as coisas.

- Estou bonito, George? --Paul sorriu, passando a mão nos cabelos.

- Prefiro a Pattie e um sanduíche --disse George.

- Está gatinho, cunhado --Lorena sorriu.

- Cunhado? --a encarei - Você não tem um cunhado.

- Anh --Paul baixou a cabeça.

Depois de algum tempo, todos descemos. Lorena me empurrou e saiu correndo e caí nos braços de Paul:

- Me larga! --o empurrei.

- Você caiu, Elena. --sorriu, mexendo nos meus cabelos.

- Paul, não sorri desse jeito --baixei a cabeça - Por favor.

- Porque --disse, se aproximando do meu rosto.

- Paulie seu idiota mais lindo do mundo --coloquei as mãos nos seus cabelos - Você é perfeito.

- Não sou mais perfeito --gargalhou - Não sei se mereço esses seus carinhos.

- Me solta agora, estamos na frente da escola e ainda estou com raiva de você --disse, dando um soquinho no seu braço.

- Tudo bem, não vou interromper esse seu teatrinho.

- Teatrinho? Argh...

Deixei Paul ali sozinho, nisso, alguém tapou meus olhos:

- Adivinha quem é...

- Richard Starkey --sorri, segurando suas mãos -Bom dia, amigo!

- Bom dia Elena! --exclamou - Está ótima. Dormiu bem?

- Dormi --sorri - Alguma novidade para contar?

- Sonhei com você.

- Sonhou com quem? --pigarrei

- Digo, sonhei com sua figura, ops... Sonhei com você, era um sonho legal.

- Ahm... --fitei o chão.

Ringo é um garoto incrível e tê-lo como um amigo é uma dádiva. Seus carinhos e conversas, sempre tão agradáveis me fazem sentir bem. Ele me ama e eu não o amo. Apenas o vejo como um amigo querido e mais nada, tenho medo de ter iludido seus sentimentos com o beijo forjado, ontem. Falar em ontem, beijei Paul, brevemente na festa. Hoje, mal chego na escola - mal desço da condução e Lorena me empurra para Paul, seus braços me envolveram, seu rosto se aproximou do meu e senti outro beijo nascer - beijo que acabou ficando na teoria.

- Elena, quer um disco do Jerry Lee Lewis?

- Q-quero --sorri - Eu disse, eu quero.

- Parecia distante... Pensando na prova de hoje?

- Prova? --arregalei os olhos - Que prova, Ringo?

- Prova em dupla. Pena não poder fazer com você --baixou a cabeça - Prova de Química.

- Argh --fiz uma careta - Sério? Tenho que avisar Lorena.

- Elena, calma aí....

Ringo correu atrás de mim e enquanto isso eu corria mais que ele, apurada, teria de dar a notícia para minha irmã. Lorena estava deitada espreguiçosamente no banco, com os pés cruzados e mascando um chiclete, olhando um pôster de um filme:

- Lorena, tem prova! --falei, ofegante.

- E? --arqueou as sombrancelhas, voltando a encarar o pôster de filme, aparentava ser Elvis.

- Elena , você tem habilidade de lebre --disse Ringo, apoiando-se nos joelhos - Lorena, encarte de filme?

- Roubei da bolsa de John quando dei um cascudo na cabeça dele agorinha, é um filme do Elvis , Jailhouse Rock . Quem manda ele deixar a bolsa aberta.. --gargalhou - Vamos ir? --me encarou.

- Lore... --fitei o chão, cansada - Tem prova. Pode se desligar desse mundinho Lennon agora?

- Mundinho Lennon? --arfou - Ah, vá catar coquinhos.

- Oi Lorena --disse Ringo, acanhado.

- Oi águia --piscou.

- Águia? --gargalhou - É um lindo pássaro mesmo.

- Pronto, o sinal bateu --eu disse, ouvindo o sinal - Eu e Ringo vamos entrando. Venha logo, temos Química neste período e prova.

- Pode deixar --sorriu, mascando o chiclete.

Pov. Lorena

Uau um filme do Elvis, que belezura. Amo o Elvis, tão lindo e tão apaixonante.. O John não chega nem aos pés de Elvis e quer se achar o bad boy, francamente. Melhor guardar este encarte antes que me roubem - o dono do encarte roube.

- Sua ladra --resmungou John, se aproximando de mim - Devolve meu encarte --estendeu a mão.

- Que encarte, Lennon? --arfei - Vou saber de encarte. Coleciona papéis? --gargalhei.

- Sua fingida, vai me dar o encarte --disse John, me empurrando contra o banco.

- NÃO VOU DAR NADA --gritei.

- Hm... --disse George com um sorriso malicioso, ao lado de Pattie.

- VAI SE CATAR GEORGE --gritei devolta - John, sai de cima de mim, não estou com encarte nenhum.

- Me dê a sua bolsa! --John puxou meu braço, na tentativa de puxar a alça - Eu amo o Elvis, me dá isso... 

- Me deixa... --o empurrei, caindo no chão.

Comecei a correr violentamente e John estava apurado atrás de mim, com passos largos e pesados. John me segurou pela cintura, por trás, me fazendo tropicar para frente:

- Me devolve... 

- Não! --sorri - É meu.

- Vou lhe sacodir todinha até me devolver.

John me ergueu, me colocando nos seus ombros. Minha cabeça ficou para baixo e eu batia nas suas costas, enquanto o garoto corria rumo à sala de aula:

- ME COLOCA NO CHÃO, PESTE!

- NÃO ! --ele gargalhava - Vai ficar tonta.

- Argh John --rangi os dentes - Socorro!

Chegando na sala de aula, todos já com suas duplas, John comigo nos ombros e eu, me debatendo feito uma formiga tonta. O silêncio da sala, quebrado. A aula, e gargalhadas. Elena, sorrindo e escondendo o rosto. 

- P-professor Theodor, diga à esta retardada que eu não vou soltá-la até ela me devolver o encarte do Elvis --esbravejou John, me sacodindo.

- Tem prova agora, meus jovens --sorriu Theodor - Lorena, devolva o encarte. Ficará com zero por um encarte?

- É do Elvis, não é um encarte qualquer. Elvis é vida --botei a língua.

- Então lute pela a sua, os dois, rápido, entrando para fazer a prova --dizia Theodor.

- Vai se danar, John --dei um impulso, fazendo John cambalear e dar uma cambalhota e saí, engatinhando, depois me ergui e como uma doida, corria pelo o corredor.

- VOLTA AQUI SUA MALUCA... MEU ENCARTE... --gritava John, os passos rápidos e pesados novamente.

- ME DEIXA, SEU BOBO --meus cabelos voavam no vento do meu corpo, impulsionado pelos passos rápidos.

- VOLTEM AQUI, SEUS MALUQUINHOS --gritava Theodor, atrás de nós.

- Vem aqui, sim --John me alcançou, puxando meus cabelos.

- Socorro! --comecei a bater os pés - Está agredindo uma dama.

- Dama? Você? Faz me rir --gargalhou - Me devolve --dizia John, puxando meus cabelos.

- Vocês... Tem... Prova.. --dizia Theodor, ofegante - Voltem para a sala, agora.

- Argh --mostrei a lingua para John, já soltando meus cabelos.

- Salva pelo gongo Theodor --piscou para mim.

- Sem essas gracinhas, aula --empurrou Theodor.

Pov. John

Lorena é uma bomba, uma garota com muita personalidade, praticamente eu em versão saia. Roubou meu encarte, vou dar um jeito de conseguir, tenho que ir ver este filme.

- Sentem-se --disse Theodor - Dupla, vocês.

- Ah! --eu e Lorena reclamamos em coro.

Arrastei minha classe, unindo com a dela. Theodor colocou a prova no centro das duas mesas unidas e nos encaramos. Desvirei a folha e fiz uma careta:

- Ah, não sei nada disso.

- Só sabe o que quer... --arfou - Como por exemplo, Judith.

- Esqueçe ela, eu já esqueci --sorri - Vamos fazer esta prova?

- Você sabe alguma coisa?

- Nadinha --fiz uma carinha meiga - E você é garota, deve saber.

- Não --gargalhou - E agora?

- Que tal ilustrar essa prova careta com músicas e desenhos?

- Ótima ideia, vamos desenhar.

Abri meu estojo, pegando um lápis e Lorena, com uma caneta azul em mãos, contornava meus desenhos e nossas mãos, se encontravam. Meus olhos estavam fixados nos dela e os dela, tão ferozes e independentes, agora meigos e comovidos. 

Terminamos uns desenhinhos e umas letras de músicas...Então completamos juntos atrás da folha a melodia Smoke Gets In Your Eyes dos The Platters. Lorena piscou para mim e fez um carinho em meus lábios, com sua mão:

- Gosta muito desta música?

- Ganhei um disco com ela, quer ouvir um dia desses, na minha casa?

- Pode ser --respondeu timidamente - E Mimi?

- Mimi vai mimir... --gargalhei - Coloco um sonífero e prontinho.

- Johnny --acariciou meu rosto - Gosto tanto de você...

- Eu sei, também me amo --beijei meus braços - Mas amo mais você --beijei sua mão.

O sinal tocou. Entregamos a prova e retornamos para nossa mesa. Os demais, recolheram numa pilha e Elena entregou todos. 

- Vá para se lugar, temos aula com a Vera --Lore fez uma careta.

- Tudo bem --sorri - Sua ladra de encartes.

- E ladra de corações --completou.

Puxei minha classe para trás, ficando perto de Paul e George. As garotas, pareciam somente ter olhos para Macca, aquilo foi estranho, ele sempre foi o centro das atenções assim como eu, porém o olhar das meninas era esperançoso, as meninas sabiam que talvez teriam chances com o novo McCartney:

- Então, foram bem na prova? --George perguntou - Fomos bem, não é McCartney?

- Muito bem --Paul sorriu, animado - E você John, têm confiança no resultado?

- Não --gargalhei - Eu e Lorena enchemos a prova de desenhos e letras de música. 

- Seus loucos --arfou George - Theodor vai zerar, é uma prova importante.

- Dane-se --dei de ombros - E então, Macca? As meninas não tiram os olhos de você...

- Constrangedor isso --baixou a cabeça - Se fosse por algo bom, mas não...

- Você ficou com algumas meninas desta sala e amiguinhas destas garotas... É um ídolo delas --sorri.

- É bom ser um ídolo pelas coisas boas não pelas imprudências. Eu fumei, bebi.. --Paul arfou - Fui um belo de um bad boy.

- James Dean cara... Os tempos mudaram --bati em suas costas - Hoje à noite Lorena passará na minha casa...

- Pra quê? --George pigarreou.

- Apenas pra dar uma volta, apesar de ser desse jeito todo, eu a respeito e muito --falei em tom sério - Vamos dar umas caminhadas pelas ruas, depois ela vai até meu quarto, colocaremos uma vitrola e um bom disco, dançaremos...

- Não dá o braço a torcer, porém é apaixonado por Lorena --Paul sorriu, satisfeito.

- Apaixonado não... --baixei a cabeça - Não sei. E George, é apaixonado?

- John, a Pattie pode escutar... --George rangiu os dentes - Sinto um apego forte por Boyd.

- E eu, por Elena... --Paul baixou a cabeça.

- Escuta aqui Macca, a Elena é uma grande metida a certinha. Amo ela de paixão, é uma ótima garota porém quando eu tinha sua idade eu aproveitava horrores, sabe... Saudade dos meus 14 anos --olhei para o teto, nostálgico.

- Eu tenho praticamente 15 --arfou Paul - Parece o senhor experiente falando, tem apenas 16 anos na cara e acha que sabe tudo.

- Sei mesmo, você com 16 anos, duvido que irá saber tudo que sei --sorri, maliciosamente - Enfim, tenho praticamente 17 então.

- E eu tenho 14 mesmo --George se encolheu.

- Uma criancinha com um grande apetite --apertei as bochechas de Harrison.

- Sai, John --gargalhou George.

Pov. Elena

Ainda bem, a prova terminada, tinha me saído bem com Brenda. Minha amiga, olhou minha expressão perdida, eu não conseguia parar de encarar Paul, tão lindo e um pouco rebelde, eu o amo mais que tudo.

- Elena... Tem programação para hoje à tarde?

- Ahm? --sai de transe - Não, estou livre --sorri - Por?

- Um filmão do Elvis, ele é um pão --sorriu - Vamos?

- Bem que Lorena me contou... --coloquei a mão no queixo - Se for do Elvis, como resistir? Ele é perfeito --suspirei, encarando Paul.

- Está encarando McCartney? Agora ele é da linhagem de Lennon, um garoto lindo e inalcançável.

- Inalcançável? Eu fiquei com ele, fui a primeira dele --arfei - Ora, não venham com essas de lindo e inalcançável.

- Sortuda --sorriu - E ao mesmo tempo azarenta, deixar um brotinho desses escapar.

- Garotos jovens sempre escapam.

- Então, vamos ir olhar Jailhouse Rock ? Precisamos ir urgentemente.

- Vou sim, Lorena com certeza irá também. 

- Ótimo --Brenda sorriu, virando-se para seu caderno.

Tivemos uma longa e chata aula com Vera. O relógio atrasava e as horas não passavam. Paul conversava entusiasmadamente com Jane, ela recortava figurinhas e colocava na capa do caderno dele... Lorena e John, se encaravam e mandavam beijinhos no ar um para o outro. George e Pattie estudavam direitinho e Harrison sempre colocava a mecha loira de Boyd atrás de sua orelha. Brenda, puxava assunto comigo enquanto mordia o lápis, mastigava, dizendo assim. O que me dava arrepios era o olhar de Paul, intenso e repentino, a cada instante e quando dava brecha, lá estava o seu olhar.

Pov. Paul

A aula, uma chatice. As meninas me encaram como se eu fosse um rei, uma majestade, estou imensamente envergonhado. Jane, mexendo nos meus cadernos, colando suas figurinhas nas capas e no interior deles:

- Está melhor assim, um toque Asher nos cadernos do Paul.

- Um toque garota nos meus cadernos --gargalhei - Chega de colar...

- Uou... --disse Jane, segurando uma folha solta e amassada, perdida no caderno - Uma letra de música? 

- N-não --arranquei de suas mãos - É apenas um poeminha bobo.

- Gosta de poemas, Paulie?

- Sim, quem não gosta? --sorri, enquanto disfarçadamente dobrava a folha por baixo da mesa e colocava na bolsa.

- Diz um versinho pra mim então...

- Ok --pigarrei - Jane, quando te vejo meu coração dá pane.

- Verdade? Dá pane? Oh que amorzinho --beijou minha bochecha - Meu coração sempre dá pane quando te vê, exceto ontem, beijando aquela montuera de garotas sem sal.

- Estão comentando isso pela escola?

- Aqui a fofoca rola solta e se tratando do inalcançável Macca... 

- Inalcançável Macca? --repeti as palavras dela num tom de surpresa.

- Antes você era visto como um menino bonitinho porém ninguém tinha chances... As meninas, após os boatos dos beijaços na festa do Clóvis, estão doidinhas para te tascar um também. Bando de perdidas --arfou.

- É... Perdidas --baixei a cabeça.

- Sou louquinha para te beijar denovo --Jane puxou meus cabelos - Fiquei tão encantada pelo seu beijo, vai me beijar denovo?

- Jane, isso são modos? --me esquivei - Pede um beijo assim, do nada?

- Beijou as garotas do nada...

- Era uma festa. Tudo que acontece lá permanece lá.

- Até parece --arfou.

- Jane, vamos ver um filme hoje? --perguntei - Jailhouse Rock , do rei!

- Sim sim e sim --me beijou, um beijo perto da boca - Vou sim. 

A aula terminou e vinha o intervalo à seguir. Todos saíram da sala, permanecendo apenas Jane e Elena no mesmo ambiente que eu. Klark, me encarou, pegando alguns pertences e então Jane gritou:

- Ei Elena, veja mais uma vez...

Jane me puxou pela gravata e me deu um beijo melecado e inesperado. Não pude ver a reação de Elena, o beijo por si só estava sendo bizarro, quiçá eu ficar de olhos abertos, seria a completa aberração. Escutei passos rápidos siando da sala e quanto Jane me soltou e acariciou meus cabelos, passei os olhos nas classes e Elena, tinha ido. Um coração partido. Uma atitude idiota. Perdendo meu amor pouco a pouco.

- Foi bom?

- F-foi péssimo --arfei - Pensa que sou um boneco, fica me beijando como beija seus posters....

- Nossa Macca --Jane choramingou - Obrigada por partir meu coração.

- Esquece isso, foi legal sim --menti - Só não concordo afrontar Elena. Nem estamos mais juntos, pra quê instigar a ira dela?

- Porque é bom --sorriu, me abraçando - Porque eu gosto e além do mais, vamos no cinema e será perfeito. 

- Tá bom --sorri.

Pov. Lorena

Segui pulando até o refeitório, me servi com batatinhas, achocolatado, biscoitinhos amanteigados e hambúrguer. Uma mão na minha cintura - ou melhor, duas - Me fizeram quase derrubar a bandeja.

- AHH --gritei, firmando as mãos na bandeja.

- Sou eu, amorzinho --John beijou meu pescoço - Está com fome?

- Sempre --sorri - E você?

- É, digamos que quero tudo isso também. Mentira, quero só estas batatinhas.

- Já disseram o quanto é idiota?

- Muitas vezes --disse John, com as batatinhas nas mãos - Só que vindo de você, soa como elogio.

- Idiota --franzi o cenho, sorrindo logo após.

- Obrigada... --piscou.

Nos dirigimos para uma mesa do refeitório. John engolia as batatinhas e eu mastigava com vontade o hamburguer, dando alguns goles no achocolatado. Então ele disse:

- Cinema hoje?

- Claro --sorri - O meu encarte.

- Seu nada, você roubou ele das minhas coisas. Poderia te processar.

- Processa --desafiei.

- Muito trabalho pra isso --sorriu - Quero lhe dizer, iremos no cinema a tarde.

- Sim, sei disso --disse, terminando com o hamburguer.

- É, mas não sabe que irá na minha casa à noite...

- Ir na sua casa? Não, ainda mais a noite... Dizem que um tal de John Lennon é muito saidinho... --sorri.

- Prometo amarrar as mãos --sorriu, apertando so olhos de maneira fofa.

- E a boca?

- Estará grudada na sua, então sem problemas.

- Seu idiota --joguei um cereal nele.

- Obrigada --disse, juntando o pequeno cereal da mesa e engolindo-o.

John é idiota. Lindo. Irônico. Chato. E meu. Nunca pensei encontrar alguém suportável com minha loucura - compátivel com ela. John é meu melhor presente, meu amor, meu bobo mais lindo do mundo.

- Como vou sair de casa? Que horas isso seria?

- Umas 22h da noite. Passo na sua casa, assovio, promete não cair no sono?

- Claro --sorri - Mas, pra quê tão tarde?

- Quero apenas sair com você, prometo ser respeitador, faço votos aqui provando ser íntegro e...

- Não --fiz uma careta - A noite é dos jovens, vamos curtir.

- Espertinha --sorriu - Tudo certo?

- Certíssimo. 

- E quanto à Elena?

- Deixo um bilhete em cima da cama explicando minha ausência, ela é de chiar porém não vai me dedurar.

- Beleza --sorri.

- E sua tia Mimi?

- Já expliquei, estará mimindo --gargalhei - Vou dar um calmante pra ela.

- John, não é certo...

- É sim. 

- Ah John... Tá bom então --estiquei meu braço, John apertou minha mão de leve.

- Tudo certo, minha lindinha --beijou meu nariz.

Pov. Ringo

Encontrar Elena no intervalo era sempre motivo de alegria. Seu abraço apertado juntamente com seu sorriso livre, me faziam ficar sem ar. É uma pena não estar com McCartney, sei o quando ela o ama e o quando ele está bancando um idiota, sendo o que não é:

- Elena --a abracei - Parece trêmula.

- Apenas Paul beijando a Jane --sorriu - Nada demais.

- Este garoto ligou e não sabe mais parar? 

- Sei lá --arfou - Vamos comer alguma coisa?

- Sim...

Fomos juntos, de braços dados, para o refeitório. Avistamos Jane e Paul sentados em uma mesa, dividindo hamburguer. Elena se curvou e apertou meu braço:

- É muita imagem ruim num dia só.

- Ficará bem e saberá superar.

- Espero --sorriu, timidamente.

Escolhemos cuidadosamente nossos lanches e fomos com a bandeja rumo à uma mesa. Elena, para minha surpresa, puxou assunto:

- O filme será ótimo...

- Será mesmo --sorri - Gosta de balas de canela?

- Amo! --exclamou.

- Vou levar umas.

- Tem uma loja de doces ao lado...

- Sim, mas as minhas são melhores.

- Tudo bem --sorriu - Ringo, será que o pessoal vai ir no cinema também?

- John provavelmente vai com Lorena, os dois amam Elvis.

- Verdade... Podemos ir de casal.

- Ir de casal? --abri um imenso sorriso - Podemos sim.

- É...

Pov. John

O sinal tinha tocado a uns 5 segundos. Lorena colocou o braço por cima de meu ombro e um garoto, ouvi dizer alguma coisa bem petulante:

- Com um avião desses, procura barquinho... Se eu fosse o John, pegava essa garota na hora --disse uma voz masculina desconhecida.

Me virei e Lorena me encarou, um pouco corada e envergonhada. A voz era de Lorran, um garoto metido da turma ao lado. Cheguei nele e já puxei a gravata:

- Como é que é? Repete...

- Esse avião... Lorena, vem comigo, te faço esquecer o Lennon rapidinho.

- O quê? --Lorena gargalhou.

Não deu outra, fechei a mão e dei um soco no rosto do sujeito. Lorena tentava me segurar, porém supliquei para ficar de fora disso. 

- Respeita a Lorena...

- Ela não se dá ao respeito... É claro que vai ficar comigo.

- Com você? Nunca te vi mais feio na vida --Lorena arfou e eu pisquei pra ela.

- Aviãozinho...

Empurrei o garoto e dei uns chutes nele. Ele reagiu, me empurrando contra uma mesa aleatória do refeitório. Paul e Jane se juntaram, tentando separar:

- Chega, cara... --Paul disse, me segurando pelo tórax - Cara, vaza daqui --disse, encarando o sujeito.

- Beleza... E Loreninha, já sabe. --piscou para Lorena e em seguida se retirou.

- Sei nada --Lorena fez um gesto feio para o garoto.

- John, chega de confusão. Casal encrenca vocês dois --John franziu o cenho, enganchado em Asher.

- Casal formosura --disse Lorena, beijando meu rosto.

- Aí não --puxei seu rosto e dando um beijo cinematográfico.

- Parem de se pegar --Jane reclamou.

- Deixa eles, vamos para a sala Jane

~ narradora~

As horas passaram. Barulhos de canetas e de pés inquietos batendo o chão, ritmizavam o tédio da juventude. Aulas eram estressantes para uma juventude dos anos 50. Preferiam Drive In's, Cinema, beijos, lanchonetes, sorveterias e qualquer point de encontro para a turma, isso os movia.

Finalmente a aula deu-se por encerrada. Sem saber, todos iriam se encontrar no cinema. Destino, sarcasmo do mesmo? Sim, ironia desta vida. Elena encontraria Paul com Jane e o mesmo, não ficaria nada contente vendo sua amada aos beijos com Ringo Beijos? Isso mesmo.

A juventude é por si só uma fase efervescente. Cheia de paixões e cheira à bala de menta. Imagine a juventude dos anos 50, embalada por um bom Rock And Roll , sacolejada e remexida com os vestidos rodados das moças e o gel fixador no cabelo e topete ´´Alá Elvis´´ dos rapazes. Esta foi a década. Década de sonhos, do cinema e de casalsinhos jovens.