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História Fanboy - Fall


Escrita por: Prolyxa

Notas do Autor


ooolaar~~

depois de séculos aqui estou eu de novo com um capítulo de 22 fucking mil palavras, eu nem sei o que dizer porque me sinto completamente seca.
vou ao básico pra não enrolar: eu espero de verdade que gostem do capítulo porque escrevi com sangue, suor e amor. Ele também é meu presente de natal porque não sei se tenho mais alguma palavra sobrando pra escrever outra história agora kkkkk mas sério, a você que estiver lendo isso: é um presente meu a você, é especial e espero que ele possa te fazer feliz em algum momento.
no mais, peço perdão antecipadamente por qualquer erro escroto que encontrar aqui

boa leitura e feliz natal adiantado ♡

Capítulo 6 - Fall


 

O grupo de garotas saiu do palco e todo mundo sabia quem era a seguir: CBX.

Os fãs presentes no local foram à loucura imediatamente ao ouvir o nome do trio anunciado pelo apresentador. Eram gritos de animação, gritos de euforia e um misto de alívio por finalmente chegar a vez do tão esperado grupo. O nome dos meninos não parava de sair em cadência de cada boca que estava à espera daquele momento por quase toda a tarde. Não era surpresa alguma que a grande maioria das pessoas presentes naquele festival fossem eris; notava-se pelos lightsticks que começavam a se acender ainda que estivesse claro, também pelo modo como as meninas se aglomeravam ainda mais do limite permitido até o palco só para enxergar Jongdae, Minseok e Baekhyun com mais precisão.

Sehun, do outro lado da cidade, suspirou contra o travesseiro ao avistar tal cena pela stream que assistia no notebook. Queria estar lá também, no meio da multidão, do aperto, dos gritos, dos fãs. Queria ver CBX performar no palco como fazia antes, mas, ainda que fosse domingo e por suposto o seu dia de folga, havia acabado de chegar de uma longa e extensa reunião do conselho do colégio e não teria conseguido sair mais cedo para correr com sua moto até o outro lado da cidade, no lugar onde ocorria o festival, e assisti-los em meio a muvuca de gente enquanto se misturava com o fandom e gritava as letras das músicas; esse era o problema de ser um assalariado na vida adulta, porque prazeres como aquele de ir ver seu grupo favorito cantar ao vivo e dançar quando bem entendesse não eram mais bem-vindos à sua realidade quando precisava pensar o que era mais importante, como o aluguel e a internet pagos no final do mês com o emprego garantido cumprindo com seus deveres como professor subordinado aos caprichos da direção geral do colégio.

O rapaz fez um biquinho e se recostou um pouco mais no urso de pelúcia gigante às suas costas, a maciez da pelúcia lhe abraçando gentilmente.

Era um presente de Baekhyun. Um dos presentes, em verdade. E tinha o perfume dele, como se o cantor tivesse se esfregado todo ou ficado por um longo tempo agarrado ao urso até seu cheiro estar em cada pelo felpudo do brinquedo fofinho para que assim Sehun não se esquecesse do seu perfume um segundo sequer enquanto estivessem longe um do outro. Era a melhor companhia para dispor na cama e dormir nas noites frias ou solitárias depois de uma rotina estressante; Sehun fez muito disso ao chegar tarde das aulas no cursinho preparatório dos vestibulares, indo tomar um banho quente para cair no colchão com a pelúcia prensada em seus braços, o cheirinho de Baekhyun o acalentando em direção de um punhado de sonhos que o fariam se sentar bobo na beirada da cama na manhã seguinte e pensar no mais velho com um sorriso involuntário nos lábios secos, desejando que ele estivesse ali consigo para ficar debaixo das cobertas mais alguns minutos naquela brincadeira de beijos, risos, a mão de Baekhyun escorrendo para o seu traseiro e tudo terminando com Sehun subindo e descendo em seu colo.     

Como Baekhyun podia ser tão doce e atencioso? Sehun só havia comentado em uma mensagem que seu dia não estava sendo bom no colégio, que as coisas tinham dado um pouquinho de errado durante suas aulas e que sentia uma maldita saudade de um Baekhyun ocupado com as coisas do concerto e sua agenda pessoal; os dois não se viam pessoalmente já fazia bastante tempo desde o último encontro em que fizeram sexo violento tantas e tantas vezes que Sehun ainda tinha as marcas dos dedos de Baekhyun em seus quadris, chupões nos mamilos e na clavícula, esta que muito custava em esconder com as camisas sem botão aberto. No dia seguinte, quando chegou em casa do trabalho, recebeu o presente imenso junto de chocolates e um bilhetinho que, não pôde acreditar que aquela letra era mesmo de Baekhyun, fez Sehun prender o ar dentro dos pulmões, não acreditando na leitura que fizera das linhas finais do pequeno papel. Ele voltou para ler mais uma vez, que rendeu em uma segunda e uma terceira, virando uma quarta e todas as outras vezes possíveis ao ponto de ter decorado todas as vírgulas e pontos daquela mensagem rabiscada.  

 

  Ei, Sehun, as coisas vão ficar melhores, ok? Mesmo que não pareça agora, mas tenho certeza que vão. Não desanime, por favor! Enquanto isso, pode abrir um sorriso lindo? Aquele que eu gosto, sabe? De quando você está comigo, no meu colo. Gosto desse sorriso. E...

Também sinto saudade de você, meu amor.

‒ BBH

 

Amor.

Ele tinha escrito e chamado Sehun de amor.

A porra do meu amor.  

Sehun ficou olhando para aquela palavra por horas a fio, dizendo que havia algo de errado, que talvez aquela não fosse a letra de Baekhyun ‒ era a droga da letra bonita do Baekhyun na porcaria do bilhete decorado com coraçõezinhos e emojis! ‒ ou que ele havia escrito na correria e que não significava nada. Absolutamente nada. Era normal chamar alguém de amor. Sehun chamava seus amigos de amor com bastante frequência, principalmente Sooyoung, meu amor daqui, meu amor de lá. E sua sobrinha pequenininha, com cinco anos, que adorava se atracar nas suas pernas e pedir por beijinhos e muito colo do seu tio favorito no mundo? Sehun a chamava de amor em todos os idiomas possíveis, fosse japonês, mandarim, inglês, alemão, francês, e ela respondia em todos os idiomas que conseguia, fazendo seu tio e seu papai todo babão, Chanyeol, adorar ter uma filha poliglota naquela idade. Também havia seus alunos menores da turma do fundamental que não conseguiam pronunciar determinada palavra em inglês e Sehun os encorajava carinhosamente, tudo bem, meu amor, repete comigo, ok?

O rapaz chamava seu cachorro de amor, aquela bola de pelos gorducha e preguiçosa com muita facilidade em ignorá-lo quando queria. Se fosse colocar reparo, poderia estar chamando muitas outras coisas daquela forma porque era um termo velho, já gasto de uso para qualquer momento ou para qualquer pessoa, terminando por perder aquela mágica profundidade que havia quando alguém lhe chamava carinhosamente pelo termo. Sehun se obrigou acreditar que o jeitinho no qual Baekhyun o nomeara não tinha relevância nenhuma, que não deveria matutar a respeito; ele deveria chamar todos os seus fãs daquela forma, ele chamava, Sehun sabia disso.

Entretanto, o simples pensamento de Baekhyun abraçando sua cintura por trás, o queixo apoiado em seu ombro, sua risada gostosa batendo em seu pescoço, e o chamando de meu amor bem devagarinho, quase como uma provocação... Aquela fantasia custou a sair da sua cabeça.

Outros presentes vieram após esse acontecimento. E Sehun não fazia ideia de que Baekhyun era do tipo que comprava coisas aleatórias e mandava com a desculpa de “pensei em você” ou “fica bonitinho em você”. Mas Baekhyun era exatamente daquele tipo, sem tirar ou pôr. E Sehun podia se acostumar facilmente a ganhar bobagens dele ‒ na realidade, já estava acostumado e muito mimado a receber qualquer presentinho no meio do dia que o tornava mil vezes melhor em meio a rotina angustiante. Era um moletom, um cartão-postal, um gorro, pares de meias engraçados para usar com chinelos, camisas, perfumes, uma infinidade de lembranças carinhosas que variavam e iam se acumulando no apartamento do rapaz como se sempre fizessem parte dele. Era bom de uma forma que Sehun não conseguia explicar.

Sinceramente, o mero fato de Baekhyun pensar nele mesmo que não estivessem transando ou pelados na cama de bobeira era o suficiente para atordoar o jovem professor e fazê-lo questionar se talvez, se talvez e talvez, tudo aquilo entre ambos não estivesse sendo mais do que o estabelecido. Sehun custava a não pensar se os dois já não eram alguma coisa demais para o simples sexo sem compromisso. Afinal, ainda que a rotina impedisse, estavam sempre se falando ou mandando uma simples mensagem de tenha um bom dia ou ei, sinto saudade.

As ligações também aconteciam e Sehun não tinha certeza se ficava feliz por ser Byun Baekhyun do outro lado da linha, o cantor do seu grupo favorito por quem tinha um carinho especial, ou se era por ser apenas Baekhyun, o cara que beijava sua boca e contava piadas, imitava atores no telefone e fazia Sehun rir até sua barriga doer ou ficar cheio de uma sensação esquisita na boca do estômago, suas bochechas ardendo em vergonha e um prazer intenso quando ouvia Baekhyun murmurar rouco na ligação. Seu medo era de que aquela felicidade que experimentava em cada versão de Baekhyun que conhecia ficasse fora de controle dentro do seu coração perturbado.    

Sehun insistia que não deveria sonhar com aquilo, embora em algum cantinho de sua consciência existisse um pedaço minúsculo de esperança que teimava por abarrotar cada cantinho da sua cabeça de loucuras do e se.

E se o interesse de Baekhyun fosse além do sexo ao ponto de ele... e se ele gostasse de Sehun, quem sabe? E se Baekhyun quisesse ficar com o rapaz? Era algo tão impossível assim? Porque, sei lá, e se Sehun gostasse dele? Melhor: e se Sehun já gostasse de Baekhyun há muito tempo sem nem ter percebido? Não como fã, não como alguém que o admirava por seu trabalho incrível, mas e se Sehun gostasse dele como as pessoas costumam gostam de outras, pensando em passar o resto da vida juntos, em casar e fazer bebês? Caramba, Sehun imaginou um bebê de Baekhyun, com a sua boquinha rosada, as pintinhas no rosto e no corpo, a risadinha gostosa. Quer dizer, Sehun não podia ter bebês, só que... Por que ele estava pensando em ter bebês e como Baekhyun seria tão incrível como pai? Porra, e se o Oh também quisesse ficar com o cantor? Mas e se Baekhyun não gostasse dele? E se Baekhyun não quisesse algo sério? E se ele não pensasse em Sehun para coisa que não fosse foder? Sehun era bom nisso, em dar prazer aos outros, sabia que Baekhyun gostava de foder consigo e de gozar na sua boca, dentro dele, por todo o seu corpo, e de pegá-lo de jeito fosse de quatro ou de lado. No entanto, e se Sehun estivesse apaixonado e não fosse recíproco como sempre acontecia? Quais eram as chances daquilo terminar numa grande merda?

Os mundos eram tão opostos. Baekhyun era um cantor, tinha sua carreira promissora, seus fãs, a grande maioria deles tão problemáticos e possessivos, por que diabos ele cogitaria em se enfiar num escândalo àquela altura do sucesso onde tudo ia de vento em polpa só por causa de umas fodas maravilhosas? Ainda mais depois do que acontecera quando namorou uma cantora famosa tempo atrás e a recepção do público foi tão horrível e desastrosa, gerando ódio e um clamor que desejava os piores cenários aos dois namorados, que não demoraram em terminar diante das circunstâncias. Por que Baekhyun faria isso consigo mesmo? Era como se sabotar e pedir por retaliação gratuita. Não fazia o menor sentido sacrificar seu esforço e seu trabalho por alguém.

 Por outro lado, havia Oh Sehun que não passava de um professor e um fã em tempo integral. Ele se considerava sem graça, sem muitos atrativos ou pontos positivos. Não se achava especial. Não conseguia imaginar o dia em que alguém gostaria da sua pessoa; não acreditava que tinha algo que faria alguém se apaixonar e desejar ficar ao seu lado. Em sua cabeça, se isso chegasse a acontecer em algum momento no futuro, a pessoa se daria conta da idiotice e iria se arrepender e dar para trás, deixando Sehun na primeira oportunidade.

Na última vez que Sehun se deixou imaginar coisas com Baekhyun e se miserar em hipóteses, ficou entorpecido o dia inteiro, com um incômodo no peito e a respiração atrapalhada pela vontade de chorar que insistia encher seus olhos de lágrimas involuntárias ao se dar conta que só poderia dar certo em suas ilusões; aquilo não era bom e significava que estava sendo ridículo por uma segunda vez. Não queria repetir o que havia acontecido com Chanyeol. Não estava a fim de sofrer de novo e ter o coração que tinha conseguido dar um jeito todo quebrado. O mais assustador foi que Sehun chegou a ponderar que se fosse Baekhyun, que se fosse por ele e justamente por ser ele, não se importaria de sofrer novamente. Mas, ainda assim, desde então e por precaução, ficava longe dos próprios pensamentos. Tinha que se proteger ‒ mesmo sabendo que já era tarde demais.    

Os primeiros acordes da guitarra e da bateria em Hey Mama! soaram, chamando a atenção de Sehun para a stream que acompanhava a apresentação do trio pelo notebook. Em seguida, CBX subiu ao palco por uma fenda no chão e Baekhyun cantou as primeiras linhas da música daquele jeito marrento. Oh Sehun mordeu o lábio ao vê-lo, apertando o travesseiro com mais força contra o peito. Baekhyun estava vestido igualzinho à foto que enviara mais cedo, quando conversaram brevemente.

 

BBH (♥): como você não vai poder vir, um presentinho~

BBH (♥): [BBH (♥) anexou uma foto]

BBH (♥): vou cantar pra você hoje

 

Era uma selca. Talvez a selca mais linda da face da terra. E era todinha sua, de mais ninguém.

Nela, um Baekhyun olhava diretamente para a câmera com os olhos azuis de uma maldita lente de contato, uma maquiagem avermelhada esfumaçante nas pálpebras e contornando as bordas do seu olhar, um pouco de lápis preto na linha d’água, nos cílios inferiores mais ao canto. Sehun adorava quando Baekhyun fazia aquilo em seus olhos, ficava tão sexy e selvagem, à beira do provocativo, deixando sua expressão séria ao mesmo tempo que irresistível. A boca tinha aquele rosado enriquecido por um bom hidratante labial. Já o cabelo era outra coisa que fez Sehun perder a reta. Não estava mais naquele loiro brilhante, quase que branco.

Baekhyun havia mudado a cor do cabelo, havendo as raízes numa tonalidade escura e os fios que escorriam mais nas pontas em um tom confuso porém extremamente lindo. Dependendo da luz, o cabelo de Baekhyun parecia um loiro mais profundo; se olhado de longe, chegava a parecer marrom acinzentado e após uma busca pelo conhecimento do fandom que andava discutindo sobre o novo visual do cantor, ninguém sabia definir ao certo se era um ash blonde, ash brown ou ash grey. No final, Sehun concluiu que era um misto de tudo, como se Baekhyun tivesse feito luzes. Para terminar, uma argola simples adornava o lóbulo da sua orelha.

Baekhyun não sorria na foto, mas havia um brilho gostoso em seus olhos azuis que faziam parecer que ele queria sorrir de uma forma sacana.

Sehun perdeu alguns minutos admirando a imagem, o lábio inferior preso nos lábios.

 

Sehun: você é lindo demais, caramba.

Sehun: o homem mais lindo do mundo, é isto.

 

Baekhyun respondeu com um emoji de bochechas coradas e Sehun queria saber se ele tinha mesmo ficado envergonhado, se havia sido capaz de causar aquilo no mais velho, se Baekhyun ficava mexido com as coisas que dizia. Queria poder vê-lo de pertinho, pessoalmente, e tirar a prova.

 

BBH (♥): eu gosto quando diz que me acha bonito

BBH (♥): isso me deixa feliz

Sehun: Baekhyun, eu não te acho bonito

Sehun: você É fodidamente bonito

Sehun: e vou me certificar de te dizer isso mais vezes porque sua felicidade é importante pra mim

Sehun: inclusive, vou me certificar de falar que é gostoso também, porque meu deus

Sehun: como você pode ser tão gostoso?

Sehun: é até bom que não vou estar aí nesse festival porque os seguranças teriam que me segurar pra eu não te agarrar e te beijar todinho

BBH (♥): que moço assanhado

Sehun: por você eu sou u.u

BBH (♥): eu queria que estivesse aqui

BBH (♥): e não me importaria se me agarrasse e me beijasse

BBH (♥): eu tô com saudade, é sério

Sehun: eu também sinto saudade

Sehun: você tem algo na agenda depois disso?

BBH (♥): vou apenas sair pra comer com Minseok hyung, Jongdae e o manager, mas vou ficar livre pra descansar

BBH (♥): a gente pode se ver um pouquinho?

Sehun: vem pra casa

Sehun: tenho uma surpresa pra você

BBH (♥): o que é?

Sehun: que parte do surpresa você não entendeu, Baekhyun?

BBH (♥): que tom é esse, Oh Sehun?

Sehun: estou correndo o risco de ganhar uns tapas?

BBH (♥): perfeitamente

Sehun: estou sendo rude

BBH (♥): safado

Sehun: você gosta

BBH (♥): eu gosto muito

BBH (♥): preciso ir, temos que checar algumas coisas antes da apresentação

BBH (♥): vai estar assistindo, não é?

Sehun: não vou tirar os olhos de você

Sehun: e do Minseok e do Jongdae, rs

BBH (♥): olha

Sehun: vale eu dizer que é o meu favorito?

Sehun: te adoro

BBH (♥): seu bobo

BBH (♥): também te adoro

BBH (♥): falo com você em casa

 

Foi como um miniconcerto, tocando meia dúzia de músicas de alguns dos álbuns. Começou com a famosíssima Hey Mama!, depois com Vroom Vroom, e Sehun adorava essa música no geral, desde a letra, o modo como os meninos cantavam ‒ naquele dia, Baekhyun performou a música como se estivesse puto, mas puto de um jeito que o deixava atraente e sedutor com a forma que sua boca se movia nas linhas, seu olhar no público, sua dança tão impactante ‒ e, principalmente, Sehun adorava aquela dancinha sexy que faziam com os microfones em determinada parte da canção levando os fãs à loucura. Em seguida, foi a vez da doce Sweet Dreams, de Rhythm after Summer, chegando com Cherish, que Sehun imaginava facilmente na abertura de um anime shoujo (e era tão injusto ela não ter uma coreografia). Fecharam a apresentação com Blooming Day e Sehun não conseguiu ficar menos derretido ao ouvir Baekhyun cantar “Baby, can I be your boyfriend, can I?” enquanto realizava a sequência perfeita e sincronizada da coreo. O trio também falou um pouquinho entre as músicas, interagindo com o montante de fãs que se aglomeravam no festival para vê-los.

E como ele mesmo havia dito a Baekhyun na mensagem, em nenhum momento Sehun conseguiu desviar seus olhos do mais velho. Provavelmente voltaria depois para assistir fancams individuais de Minseok e Jongdae, indo surtar no Twitter por conta de algum feito dos outros dois integrantes do trio durante a performance, porque era do tipo que adorava a maneira que Minseok conseguia ser adorável e fascinante com suas expressões atraentes, tal como os sorrisos de Jongdae e sua dança que parecia ficar muito melhor e insuperável a cada dia. No entanto, a atenção completa de Sehun foi de Baekhyun ao assisti-lo cantar ao vivo e se remexer no palco de um lado a outro executando passos rápidos e de uma complexidade sem igual, lembrando-se de uma entrevista em que Baekhyun comentou que quando ingressou na empresa pela primeira vez, ensinaram a ele como a cantar, não como a dançar. Passou dias e mais dias, noites de treinamentos e tentativas atrás de tentativas para que pudesse mostrar sua utilidade no palco para além da música, com muitas bolhas nos pés e machucados que sangravam. Notava-se pelo modo apaixonado que dançava no palco que Baekhyun gostava de fazer aquilo, que seu corpo escondia um dançarino exímio naqueles ossos, que seus quadris eram feitos para rebolar.

Sehun ficava tão orgulhoso de Baekhyun, precisava admitir aquilo. Por conta de Chanyeol, tinha acompanhado seus passos desde o início, observando seu crescimento tanto como cantor tanto como pessoa no decorrer do tempo. Mesmo não gostando do Byun no começo por sentir ciúmes do modo como Chanyeol babava pelo outro, Sehun dizia com propriedade que Baekhyun era um idol insuperável, como uma pérola negra achada no fundo do mar; era precioso, raro. Ele aprendia as coisas com facilidade, conseguia envolver o público com facilidade. Seus sorrisos e sua voz eram fáceis de amar.

Não havia pessoa naquele mundo imune aos charmes de Byun Baekhyun.

E Sehun não era exceção.

As provas estavam espalhadas pelo seu apartamento, pelo cheiro que Baekhyun havia deixado nas camisas que furtava do seu guarda-roupa, no urso de pelúcia que tomava conta da sua cama, nas mensagens e ligações que antes eram tímidas e esporádicas e haviam se tornado mais frequentes e necessárias, como se o dia só pudesse ter sentido depois de saber que o outro estava bem, que tinha se alimentado, que “sim, eu vesti um casaco mais quente por causa do frio, feliz? Não vou ficar doente, eu prometo. Eu nunca fico doente, tá? Mas você não está se esforçando muito hoje, seu engraçadinho? Não machuque o quadril de novo e coma alguma coisa gostosa”. As marcas que Sehun carregava espalhadas por seu corpo eram as evidências que completavam o efeito de Baekhyun sobre si.

Sehun observava cada uma delas assim que foi ao banheiro tomar uma ducha e se preparar para a chegada de Baekhyun.

Nu, em frente ao espelho, suas bochechas se encontravam febris enquanto os dedos passeavam por sua pele e contornavam os resquícios da última vez que estivera com o cantor. Tocou o chupão em sua clavícula, descendo seu olhar para baixo.

Diziam que Sehun tinha um corpo bonito. Chanyeol vivia repetindo o mesmo para o cunhado, lembrando que ele deveria voltar à academia para que malhassem juntos e mantivessem a forma vigorosa, um jeito de ficarem mais próximos e inseparáveis como quando eram antes. Sehun demorou um tempo para gostar do que via no reflexo; não era frescura, apenas não se achava bonito, não se sentia seguro ou confiante sobre si mesmo. Se ele pensava dessa maneira, o que os outros não pensariam? Pensariam que ele era magro demais, ossudo demais, alto demais, sem expressão nenhuma, com um sorriso muito infantil, que era muito pálido, ou muito sem graça, nada inteligente. No entanto, quando estava com Baekhyun, conseguia se achar interessante, gostava do seu corpo. Gostava do seu traseiro gordo no colo do Byun, da sua barriga contra a boca dele, do tamanho do seu pênis indo fundo na garganta alheia, da sua altura que não incomodava Baekhyun; na verdade, ele parecia gostar tanto da sua altura que Sehun não resistia em se jogar em seus braços e ficar ali, como se fosse feito sob medida para acolhê-lo.

Baekhyun fazia Sehun se sentir bem, se sentir bonito, se sentir desejado, gostoso e feliz.

Sempre que estava na companhia de Baekhyun, Sehun era incrivelmente feliz. E ainda que não estivessem juntos, os sintomas permaneciam em doses que levavam o Oh a gostar da sua aparência, do seu jeito, do seu sorriso ‒ a gostar da sua pessoa por inteiro. Tinha consciência de que não deveria ser dependente do mais velho e da sensação boa que vinha dele, de que não deveria gostar de si mesmo por causa de Baekhyun. Deveria se amar porque era gostoso, bonito, inteligente, engraçado e uma pessoa que merecia ser amado de volta por todos esses fatores adoráveis. Entretanto, não havia nada de errado em ter aquele tipo de sentimento quando pensava em Baekhyun, não?

Sehun observou as outras marcas em seu corpo, aquela nos quadris advinda de um aperto de dedos, um chupão na barriga, outro em sua virilha bem próximo do hematoma que existia em sua coxa, uma mordidinha na banda da sua nádega. Sorriu com a imagem de si mesmo, lembrando-se que todas as manchas eram frutos dos beijos que Baekhyun fizera questão de largar por sua pele demoradamente por puro prazer. E Sehun gostava de cada uma e esperava que mais viessem naquela noite, porque podia ser um absurdo ou exagero da sua cabeça, talvez estupidez, mas elas passavam a impressão de pertencimento, de que Sehun era de alguém.

Os olhos do rapaz subiram no espelho mais uma vez e ele encarou a si próprio no reflexo, demorado, gostando da visão que encontrou lá. Havia um sorriso em seus lábios pequenos, os mamilos pontiagudos e excitados devido ao calor que ardia em toda a sua pele. Sehun não queria dar explicação ao modo como seu coração se comportava inquieto apenas com a ideia de que Baekhyun estava chegando para ficarem juntos.

Aquilo era um problema e o Oh estava cansado de fingir que ele não existia ou que não era antigo demais para ignorar.

Por mais que Sehun tentasse manter seus pensamentos distantes para se proteger e não inventar coisas ou imaginar coisas impossíveis que poderiam resultar em sofrimento quando mais tarde, estava ficando muito difícil de negar o que andava acontecendo bem diante dos seus olhos. Não era cego e não deveria bancar um, não quando era tão óbvio que doía.  

Pertencia a Byun Baekhyun mais do que deveria, mais do que o necessário. E gostava daquilo, de ser dele, de se sentir dele. Droga, quem queria enganar? Gostava de Baekhyun. Pra caralho. Daquele jeito, com sentimentos, ternura e tesão. Mas não, não era só isso. Era bem mais sério, mais pesado, profundo, intenso. Mais.

Estava apaixonado por Baekhyun e não tinha noção de quanto ‒ de quanto seu coração estava comprometido e de quanto seria o estrago. Apenas sabia que era muito. E que se não tomasse cuidado, poderia ser amor.

 

*

    

Baekhyun havia perdido a ligação da mãe, o que não era surpresa ou novidade.

Aquilo acontecia com muita frequência e não porque gostava ou fazia de propósito; nunca deixaria de atender seus pais, especialmente a sua mãe de quem mais sentia saudade. Afinal, não tinha nada de tão bom do que receber a ligação da sua genitora para ouvir a sua voz carinhosa do outro da linha dizendo que ele ficava tão bem na televisão ou que ele era tão talentoso, talvez só para simplesmente ouvi-la perguntando se o seu filho mais novo andava fazendo todas as refeições, se dormia direito, se estava sentindo alguma coisa por virar a noite praticamente acordado devido ao trabalho e quando voltaria pra casa. Era delicioso poder conversar com sua mãe um pouquinho que fosse e esquecer que era um adulto, sentia-se como um menininho de novo.

Quando perdia essas oportunidades, sentia-se péssimo e irritado, quase furioso, com vontade de gritar o mais alto que podia ou de explodir o mundo inteiro de uma vez só, uma reação completamente humana. Para variar, sua caixa de entrada e o aplicativo de conversas estavam abarrotados de mensagens de números desconhecidos, os mesmos que ligavam insistentemente todo o santo dia e não se esqueciam da existência do cantor. A persistência daquelas pessoas era assustadora e Baekhyun não podia deixar de se perguntar o que se passava na cabeça de alguém assim. O que ganhava com isso? Era divertido? Havia algum prazer em incomodar o outro durante vinte e quatro horas seguidas? Qual era o sentido? Será que uma pessoa daquelas tinha uma vida tão horrível ao ponto de querer fazer a de Baekhyun também? Não sabendo nenhuma resposta, ele suspirou e se recostou no banco do carro para ficar mais confortável, vendo Jongdae no banco de trás mexendo no celular, enquanto Minseok, ao seu lado, combinava algo com o manager para o dia que tivessem folga.

A caminho do restaurante onde comeriam, Baekhyun se dedicou a ler toda e cada mensagem. Ele fazia questão de ler. Os xingamentos, as críticas, as palavras feias ou horrorosas, as coisas assustadoras e obsessivas, os pensamentos absurdos de alguém que teimava dizer lhe amar de um jeito tão monstruoso, desejando que ele não fosse feliz com ninguém, que nunca deveria gostar de ninguém, que nunca deveria ser feliz em sua vida com uma pessoa que não fosse a dona da mensagem. Depois, apagava uma a uma e se empenhava em bloquear alguns números na tentativa de amenizar as notificações que chegavam aos montes em seu celular. Não adiantava, como sempre. Baekhyun já tinha feito de tudo ‒ trocado o número do seu telefone, seu telefone, tentado ficar sem um celular. Mas acabavam descobrindo maneiras diferentes de importuná-lo e era cansativo lutar contra a maré. Foi aí que decidiu aceitar porque não havia o que fazer. Se impedisse de que fosse incomodado, as pessoas ao seu redor seriam.

Baekhyun tinha a lembrança vívida e traumática de como foi o casamento do seu irmão mais velho. Não desejava que aquilo se repetisse com as pessoas com quem se importava e gostava. Não aguentaria. Não suportaria.

Sehun, Baekhyun pensou de súbito, naturalmente.

Seu rosto ardeu com aquilo e ele sinceramente agradeceu pela escuridão que havia no carro ou Minseok notaria. Minseok era muito bom em observar coisas e Baekhyun não era muito bom em guardar segredos ou deixar de ser tão evidente.

O cantor mordiscou o lábio inferior e abriu a mensagem com Sehun, percebendo que ele estava offline naquele momento. O que será que estava fazendo? Será que estava jantando? Será que ele tinha comido alguma coisa? Sehun era do tipo que comia pouco e que se esquecia de comer com frequência. Baekhyun fez uma nota mental de pegar algo leve e macio no restaurante para obrigá-lo a comer quando estivessem juntos. Suas divagações, entretanto, o levaram para o Instagram. O perfil de Sehun estava aberto e Baekhyun olhava com cuidado para cada foto. Era um digno fã do CBX que também não perdia de acompanhar cada novela e musical de Kyungsoo e Junmyeon, divulgando cada trabalho deles em seu perfil. Sehun tinha até uma foto com Kim Junmyeon!, e Baekhyun fez um bico àquela constatação, porque ele era o favorito do Oh, não? Mas não tinham uma foto sequer juntos. Precisava dar um jeito naquilo.  

Além do mais, dando andamento ao stalk silencioso, chegou à conclusão de que o rapaz não era muito bom em tirar selcas de si próprio e aquilo arrancou um sorrisinho de Baekhyun; Sehun era tão adorável, inferno. O vocalista continuou olhando as imagens recentes, encontrando uma em que Sehun vestia um terno justo e se olhava no espelho. A pessoa que havia tirado a foto tinha acertado em cheio, porque era muito bonita.

Gostoso, pensou. E desejou poder curtir e comentar aquilo. Talvez só curtir, apesar de querer comentar também. Mas era arriscado porque chamaria a atenção do fandom e Baekhyun não queria que fossem fuxicar na vida de Sehun para descobrir quem ele era, o que fazia, qual era sua relação entre os dois... Precisava tomar cuidado com esse tipo de coisa, ainda mais quando tinha fãs tão inteligentes e obstinados. Contentou-se em admirar a foto e se arriscou a ler os comentários, encontrando algo que o fez perder a expressão. Alguém tinha comentado gostoso na foto de Sehun. Não estava mentindo, óbvio, Sehun era mesmo muito gostoso e bonito e incrível e merecia saber disso e ouvir isso todo dia. O que chamou a atenção de Baekhyun foi o dono do perfil. Kim Jongin. Na primeira vez que ele e Sehun haviam se falado, aquele nome fora mencionado.

‒ Kim Jongin ‒ repetiu baixinho, sem consciência daquilo.

Ao lado, Minseok tirou os olhos do telefone e o fitou no escuro.

‒ O que você disse? ‒ perguntou.

Baekhyun fechou o Instagram.

‒ Nada ‒ respondeu.

‒ Juro que você falou alguma coisa ‒ Minseok insistiu. ‒ Um nome?

‒ Falei “ai de mim” depois que vi um vídeo seu no Instagram ‒ Baekhyun brincou. ‒ Você está muito fofo nessa propaganda. Dá vontade de te encher de beijos.

Minseok soltou um risinho que soou muito como uma espécie de alívio a Baekhyun.

‒ Só de beijos?

‒ O Jongdae está acordado, hyung ‒ Baekhyun falou dramático, lançando um olhar para trás.

‒ Tapa os ouvidos, Jongdae ‒ Minseok pediu ao outro.

‒ Parei de ouvir quando o Baekhyun abriu a boca. ‒ Jongdae desviou os olhos do telefone e riu. ‒ Mas concordo com ele.

‒ Sobre que parte?

‒ A de me beijar? ‒ Minseok provocou.

‒ Certeza sobre te beijar.

‒ Quem não gostaria de me beijar?

‒ Pois penso o mesmo. Quem em sua consciência se recusaria a isso?

‒ Eu? ‒ Jongdae acrescentou.

‒ Nós sabemos que não ‒ Baekhyun disse da frente.

Your lips don’t lie ‒ Minseok fez piadinha e os três riram alto dentro do carro, as gargalhadas ecoando pelo ambiente fechado.

‒ Você tá andando muito com o Junmyeon, hyung.

‒ Vai ficando mais velho e as piadinhas só pioram, hein.

‒ Você gostou que eu sei.

‒ Foi tão ruim que não tive opção a não ser rir.

Minseok acertou um soco sem muita força no ombro de Baekhyun e este choramingou o nome do mais velho, fazendo beicinho. No banco de trás, Jongdae digitava uma mensagem no grupo que tinha com os outros dois amigos, esperando que a notificação chegasse para que fosse respondido. Não podiam falar daquilo quando o manager estava bem ali na frente, com os olhos no trânsito.

 

Jongdae: não vi Sehun no festival hoje

Jongdae: ele foi? Tinha tanta gente lá

Minseok: também não vi

Minseok: onde estava o meu fã favorito, Baekhyun?

Baekhyun: ele não foi

Baekhyun: estava trabalhando

Baekhyun: mas disse que assistiu a gente de casa

Jongdae: explica porque você tava triste

Minseok: obviamente sentia saudade

Minseok: não adianta fazer essa cara

Jongdae: engole o choro, Baekhyun

Minseok: chupa o ranho de volta pro nariz

Baekhyun: ai

Baekhyun: meus olhos e meu nariz estão suando

Baekhyun: está calor, poxa

Jongdae: calor no coração, é?

Minseok: não seria nas calças?

Jongdae: depois de um tempão sem ver o Sehun, aposto que os dois

Minseok: não discordo

Minseok: vai encontrar Sehun hoje?

 

 Baekhyun deu uma risadinha e Minseok e Jongdae ganharam sua resposta.

 

Minseok: não consegue nem esconder a felicidade, olha só pra ele

Jongdae: fecha esse sorriso ou a gente vai ficar cego, Baekhyun, quero chegar ao restaurante vivo pra comer uma última refeição

Minseok: e eu quero continuar vivo pra ver o final do drama do Kyungsoo

Minseok: ao menos diz ao Sehun que mandei um oi

Jongdae: manda um oi também

Minseok: porque o número de telefone ninguém me deu

Jongdae: e dar de bandeja ao inimigo?

Minseok: deus mandou compartilhar

Baekhyun: deus mandou compartilhar o pão, não o homem

Baekhyun: [Baekhyun anexou uma imagem]

Jongdae: AAAAAA MEU DEUS

Jongdae: foge pras colinas mesmo

Minseok: a ousadia

Minseok: desde quando você criou coragem perto de mim?

Jongdae: ele perdeu o medo, está rindo na cara do perigo

Baekhyun: uma cara linda, por sinal

Baekhyun: eu te amo

Minseok: o cretininho

Minseok: assim que a gente descobre se é amigo

Minseok: Baekhyun, não te criei assim

Jongdae: gritei

Minseok: você gritou mesmo, consegui te ouvir antes de ficar surdo

Minseok: sinceramente, senhor Byun

Baekhyun: não resisti, desculpa

Minseok: não vejo arrependimento em suas palavras

Jongdae: porque não tem

Baekhyun: no meu coração tem sim e é sincero

Minseok: já mentiu melhor

Jongdae: pega umas aulas com o Kyungsoo, está precisando

Minseok: eu pago se for necessário

Baekhyun: Kyungsoo tá muito ocupado e vai ficar bravo se eu pedir pra me ensinar de novo

Baekhyun: vou treinar mais vezes no espelho, prometo

Baekhyun: garanto que vou melhorar e apresentar uma mentira decente

Jongdae: minha vontade de ser enganado agradece

Jongdae: mas agora papo sério, Hyun

Baekhyun: com medo, mas diga

Jongdae: não precisa ficar assustado, eu só ia sugerir pra você marcar um dia pra gente comer junto, com o Sehun.

Minseok: Jongdae, você é minha alma gêmea, é isso? Porque lê meus pensamentos

Minseok: seria bem legal mesmo, Baekhyun.

Jongdae: e eu aposto que ele ficaria feliz

Minseok: olhei no instagram dele e vi que é bastante fã do Kyungsoo e do Junmyeon, poderíamos chamar os dois

Baekhyun: ele é muito fã

Baekhyun: tem até foto com o Junmyeon hyung

Jongdae: senti um leve ciúmes

Minseok: senti um leve ciúmes²

Baekhyun: é só uma observação

Baekhyun: ele tem fotos com Junmyeon e não com a gente

Jongdae: você quis dizer “não tem fotos comigo”, não é?

Baekhyun: coincidentemente dá no mesmo

Jongdae: sério, você precisa aprender a mentir de novo pra não ficar tão feio

Minseok: então me deixa entender, nesse tempo que vocês estão ficando, faz o quê?

Jongdae: alguns meses?

Baekhyun: mais ou menos

Jongdae: sem contar a época que você secava o menino com os olhos

Minseok: você está me dizendo que nesse tempo todo você nunca tirou uma foto com ele?

Baekhyun: não...

Baekhyun: a gente ficava ocupado com outras coisas

Jongdae: sabemos com o quê

Minseok: Baekhyun, ele deve querer tirar fotos com você, o tempo todo

Jongdae: mas deve estar envergonhado demais pra pedir e tentando te dar espaço

Minseok: Sehun parece ser o tipo de cara assim, que não gosta de incomodar, ainda mais quando muita gente te pede isso quando te vê. Ele realmente está respeitando seu espaço. Tem como não amar esse menino?

Baekhyun: ele é muito fofo mesmo

Minseok: e ele é um fã antigo e muito atencioso

Minseok: nem foto pós-transa você se dignou a tirar com ele?

Jongdae: eu não acho que seja uma boa ideia esse tipo de foto, hyung uahsuashau

Minseok: vai dizer que nunca quis tirar uma, Baekhyun?

          

Baekhyun não conseguia negar, porque era verdade. Já tinha sentido vontade de pegar o celular depois que terminavam de transar para capturar os dois suados na cama e com o coração tentando voltar a bater em um ritmo calmo. Sehun era a coisa mais linda depois do sexo. Havia algo no jeito bagunçado do seu cabelo, na sua boca vermelha de tanto beijar, no modo como ficava manhoso após um orgasmo que Baekhyun queria ter imagens na sua galeria para olhar quando batesse a saudade. E essa era a parte engraçada e interessante: Baekhyun ficava acanhado.

As pessoas podiam pensar e acreditar piamente que Baekhyun era um cara extrovertido, barulhento, idiota, até ridículo e sem um pingo de vergonha na cara, um baderneiro, que não havia coisa que não pudesse fazer para chamar a atenção, ser o centro dessa atenção e levar todos ao riso com alguma graça. No entanto, ele só era inquieto e animado quando próximo de amigos, dos membros do trio ou de Kyungsoo e Junmyeon. Por trás disso, Baekhyun era um cara tímido, silencioso, que ficava com vergonha em muitos momentos ou com medo em um ambiente com gente desconhecida, que sentia receio e insegurança de expressar seus pensamentos e de se aproximar abertamente.

Baekhyun se considerava covarde e fraco em muitos aspectos, obrigando-se a respirar fundo e esconder essas limitações debaixo de um sorriso ou de uma expressão séria. Entretanto, ele ficava extremamente nervoso quando precisava ir a algum programa ou entrevista sem Minseok e Jongdae, sendo possível notar que ele ficava mais amuado e pensativo no canto, sua voz sendo ouvida bem poucas vezes, seu humor contagiante todo contido ‒ a empresa, entretanto, parecia fazer por maldade em não colocar na agenda do trio programações na televisão em conjunto. Andar por aí sozinho era estranho também, tanto é que raramente se encontrava Baekhyun zanzando perdido pelas ruas de Seul à toa. O vocalista brincava dizendo que se não tivesse seguido essa carreira no mundo da fama, provavelmente seria um nerd entocado no quarto vivendo de jogos e pouca luz.   

Na maior parte do tempo, Baekhyun tinha um timbre baixo e manso, à beira do calmo sussurrado, e gostava de ouvir os outros a ter que falar; ele era um excelente ouvinte que deixava claro estar presente naquele instante e ciente das mínimas palavrinhas que você dissesse a ele, isso era perceptível nos fansign em contato com cada fã pessoalmente. Todos os fãs que possuíam a oportunidade de estar cara a cara com ele uma vez na vida diziam que era mágico, que Baekhyun não era nada daquilo que passavam o tempo inteiro acreditando que fosse.

Para muitos, Baekhyun tinha aquele quê de profundidade mesclada com calmaria, uma aura marcante e a risada mais gostosa do mundo que, ainda assim, não passava de uma constatação rasa da sua personalidade. Ninguém sabia o que enchia sua cabeça, das coisas que gostava, dos seus sentimentos, das suas paixões, que tipo de ideias ‒ sombrias, sujas, alegres, bonitas e compassivas existiam por trás dos seus olhos brilhantes e daquele sorriso de canto. No mais, ele também era extremamente protetor e carinhoso, pois cuidava daqueles que amava e aquilo era lindo e estava ali para quem quisesse ver.

Contudo, era ruim que as pessoas tivessem formulado um caráter para Baekhyun com base em meia dúzia de coisas que assistiam em programas, que escutavam em entrevistas ou que liam em comentários maldosos pela internet quando não o conheciam de verdade e muitos menos conviviam com ele. Então, Baekhyun era tagarela e barulhento de vez em quando, mas só porque estava feliz por ter a companhia dos seus amigos, com CBX, com pessoas que ele se sentia confortável em se abrir e que não levantariam julgamentos por seu jeitinho de ser ‒ Kyungsoo, por exemplo, detestava barulho de mastigação, Junmyeon curtia cozinhar e tirar fotos dos outros, Minseok tinha mania de arrumação e Jongdae não gostava de sair muito, cada um com sua particularidade e que aceitavam a de Baekhyun.

Com Sehun era a mesma coisa. Até porque o Oh tinha uma personalidade parecida com a sua. Baekhyun não se importava de rir um pouquinho mais alto se junto de Sehun, nem de fazer piadas e deixar escapulir um ou dois palavrões. Também não se importava de falar baixo e de ouvi-lo resmungar com aquela sua voz grave sobre algo do seu dia. Sehun o fazia se sentir tão bem e tão descomplicado, não precisando ter que interpretar um papel ou colocar máscaras. Podia ser ele mesmo, pleno, completo, com seus defeitos e acertos. E um desses defeitos era o embaraço que resolvia atingi-lo de vez em quando na presença de Sehun nas coisinhas mais bobas, os dois nus na cama.  

Cogitar em pegar o celular e tirar uma foto juntos era algo que passara em sua cabeça inúmeras vezes. Ei, posso tirar uma foto nossa sujos de porra? De você sentado em mim? Mas não parecia adequado, não quando Sehun se enrolava como um caracol contra si e Baekhyun não resistia em beijar seu pescoço até cair no sono também, ou quando deitavam um de frente para o outro na cama e ficavam conversando coisas aleatórias, tentando descobrir um pouquinho mais sobre cada um.

Aquela intimidade que se instalava depois do sexo era tão preciosa que Baekhyun desejava que só durasse mais. Como eles podiam ser tão bons transando e ainda se dando bem depois disso? O cantor ouvia seus amigos mais antigos da época da escola comentando sobre ter saído com alguém e o quanto era constrangedor quando tudo acabava e não sabiam o que fazer. Outros diziam que se era apenas sexo casual ou sem compromisso, ficava mais fácil de lidar, porque essa parte do depois não deveria existir. Por que saber que tipo de comida fulano gostava? Qual seria a importância daquilo na sua vida? Era só sexo. Sexo não envolvia datas de aniversário, sabor favorito de doce, a estação que mais gostava ou como sua família era. Não iam namorar ou casar. Sexo era sexo, seco, cru, sem envolvimento. Então pra que a conversa, a enrolação? Não havia necessidade de saber tais coisas e ainda manter contato.

Baekhyun tinha ideia de que a situação entre eles andava totalmente errada do que havia sido estabelecido. Para início de conversa, ele nunca chegou a dizer que era sexo sem compromisso. Sehun quem tinha falado na noite em que ficaram juntos pela primeira vez. É um conceito diferente de sexo sem compromisso. Eu gosto. Baekhyun respondeu que gostava também, porque se Sehun queria que fosse aquilo, se desejava nomear daquela forma, tudo bem, faria a vontade dele. Faria qualquer coisa que ele quisesse, na verdade. Tudo bem, repetia para si mesmo tantas e tantas vezes quando pensava a respeito, Sehun quer assim. Todavia, ele tinha interesse em Sehun. Sempre teve. E seu interesse ia além de uma noite de sexo, do sexo. Era algo que existia há tanto tempo que o vocalista não se lembrava de quando começou. Recordava-se apenas de ter colocado seus olhos em Sehun em um show e de nunca mais tirar.

O interesse que sentia também causava curiosidade. Baekhyun gostaria de saber cada coisinha relacionado ao jovem professor, daquilo que ele gostava, do seu doce favorito, da data do seu aniversário, como sua família era, seus planos para o futuro. Por isso gostava da conversa depois de transar, antes de transar, durante e em qualquer instante. Cacete, ele gostava muito de tudo. De foder com Sehun e colocar em prática aqueles fetiches que escondia em seus pensamentos, das brincadeiras que tinham entre si, do modo como seus dedos se entrelaçavam perfeitamente aos dedos dele, do seu riso acanhado, da sua gargalhada escandalosa, do seu beijo desesperado ou provocativo, dos dois na cama se olhando como se o tempo tivesse parado.

Não era surpresa aquele interesse despertar em Baekhyun uma ambição por querer tirar fotos de Sehun em qualquer ocasião; era só a pontinha do iceberg da merda toda. Seus dedos coçavam por fotografá-lo enquanto dormia, enquanto ele parecia concentrado no celular, enquanto ele sorria em sua direção, enquanto ele ficava com vergonha por chamá-lo de gostoso, enquanto ele se estirava na cama de bruços e rebolava o traseiro em sua cara, enquanto dedilhava os dedos longos por seu peitoral e murmurava alguma coisa em inglês.  

O vocalista chamava aquilo de interesse com medo de intitular de outra coisa mais séria, intensa, com sentimentos.

Não queria ficar que diante daquela pergunta que Kyungsoo fizera.

Eu faria tudo de novo?

Colocaria os olhos em Sehun naquele show? Deixaria que seus olhos se demorassem nele mais do que o normal? Cantaria trechos da música olhando em sua direção? Buscaria sua pessoa no mar de garotas no fanmeeting, nos showcase, nos festivais? Flertaria no fansign? Ligaria de volta? Transaria com ele? Sentiria todos os dias aquela porra de saudade de estar junto, de beijar, de foder de novo, de novo e de novo?  

 

Minseok: acho que o seu silêncio é o bastante

Jongdae: já sabíamos que ele era um tarado, nunca houve segredo

Baekhyun: eu gostaria de me defender

Jongdae: e tem como?

Minseok: é o que eu iria perguntar

Baekhyun: de fato, não tem

Jongdae: e disse que quer se defender por que, anta?

Baekhyun: NÃO CUSTA TENTAR

Jongdae: ou se iludir

Baekhyun: dessa vez eu perco a batalha

Minseok: Baekhyun, você já é um homem morto, perdeu a guerra faz tempo

Baekhyun: ainda há esperança

Jongdae: não tem

Minseok: não tem, meu filho

Baekhyun: obrigado pela sinceridade

Jongdae: disponha, amigo

Minseok: retornando ao assunto que interessa, pergunte ao Sehun se ele gostaria de sair com a gente dia desses. Ir numa churrascaria? Talvez pegar uma piscina? Ele curte futebol? Seria demais.

Baekhyun: vou falar com ele

Jongdae: fale sim, vai ser legal. Eu com certeza vou

Minseok: mas você vai mesmo nem que eu tenha que te levar amarrado, não vai arrumar desculpa pra fugir dessa vez

Jongdae: que dia que eu fugi?

Baekhyun: posso citar alguns sem problema

Minseok: posso citar todos

Jongdae: conspiração

Jongdae: e Baekhyun, que moral você tem pra me acusar de algo, hein? Palhaçada isso, porque é o sujo falando do mal lavado.

Baekhyun: o quÊ?

Jongdae: VOCÊ NEM SAI DE CASA, SEU ANTISSOCIAL. Só está saindo de casa nesses últimos tempos porque vai descabelar o palhaço, mas pra te fazer ir beber ou ir numa saidinha com a gente e largar o computador é um sacrifício. Nem se Jesus e o Buda descer do céu você solta o pé da cama.

Baekhyun: MENTIRA

 Minseok: é verdade. Baekhyun, nem se o demônio vir te pegar ele consegue te carregar pra fora

Jongdae: o pau de Oh Sehun, pelo visto, faz milagres

Baekhyun: eu sou caseiro, gente

Jongdae: vampiro ganhou outro nome agora?

Baekhyun: nossa, vocês sabem que eu sou tímido

Minseok: perfeitamente. Até porque na última vez que me lembro você virou dois dias sem tomar banho jogando no computador em sua timidez. Seu cabelo estava um sebo.

Jongdae: o quarto cheirava a defunto que não foi enterrado

Baekhyun: deve ser porque você estava lá comigo

Jongdae: ...

Baekhyun: não tem argumentos, né, safado?

Jongdae: EU?

Baekhyun: VOCÊ

Minseok: OS DOIS

Minseok: Baekhyun, conversa com o Sehun sobre sairmos juntos, tá? Seria muito legal

Minseok: e você, Jongdae, não vou deixar você fugir e nem me venha com “tô cansado, hyung, quero dormir”. Nenhuma desculpinha vai colar comigo de novo.

Jongdae: é um desafio?

Minseok: Kim. Jongdae

Jongdae: Kim. Minseok.

Baekhyun: Byun. Baekhyun

Minseok: me dá o número do Sehun

Jongdae: dá logo pra ele, o coração você já tem mesmo

Minseok: ou ele tem o seu?

Baekhyun: absurdo, porque o meu coração é só seu, hyung, sempre foi

Jongdae: estava demorando

Minseok: não posso te beijar agora, Baekhyun

Minseok: você é um homem comprometido

Baekhyun: tô de coração partido, como vou superar essa rejeição?

Jongdae: provavelmente enfiando a língua na goela do Sehun

Minseok: e em outros lugares

Baekhyun: [Baekhyun inseriu um emoji]

Jongdae: coradinho, é? Mas você gosta

Minseok: olha o sorriso dele

Baekhyun: não posso mais sorrir por sua causa?

Jongdae: dessa vez quem vai sair do grupo sou eu

Minseok: não faria isso se fosse você, porque te coloco de novo

Jongdae: o Kyungsoo saiu e você não fez isso! É perseguição

Minseok: é amor

Jongdae: teu cu que é

Minseok: também

Baekhyun: opa

Jongdae: sou hétero, mas opa

Minseok: por que gostar de meninas quando eu existo?

Jongdae: olha, eu tenho alguns argumentos

Minseok: diga um

Jongdae: meninas são lindas??

Baekhyun: demais, não que você não seja, hyung, é um gatinho

Jongdae: gatinho sim, mas as meninas meu deus, me perdoa por pecar e obrigado por fazê-las

Baekhyun: amém

Minseok: me diga algo que não seja óbvio além da beleza

Jongdae: peitos, hyung

Baekhyun: sim, peitos

Jongdae: p e i t o s

Jongdae: isso é o suficiente pra você?

Minseok: é, você tem um ponto e um bom gosto

Jongdae: mas eu te amo

Minseok: mais do que peitos?

Jongdae: quer a mentira ou a verdade?

Minseok: a mentira

Jongdae: mais do que peitos

Minseok: por isso que é meu melhor amigo

Baekhyun: ei! Pensei que fosse eu

Minseok: quer a mentira ou a verdade?

 

A conversa durou mais um pouquinho e não tardou em dar continuidade a outro viés ao chegarem ao restaurante que recendia aquele aroma bom de comida caseira. Falaram a respeito da agenda, especialmente do programa que Baekhyun iria gravar naquela semana com outros cantores e figuras icônicas. Minseok e Jongdae não estavam inclusos; o Kim mais velho tinha uma propaganda para fazer e Jongdae estaria ocupado no estúdio gravando a ost principal para o drama de Kyungsoo. Em meio a isso, os preparativos para o concerto ainda aconteciam; as músicas que precisavam ser gravadas, principalmente a de cada solo, os figurinos, as coreografias, os efeitos especiais, os vídeos que colocavam nos intervalos para que trocassem de roupa... Era um trabalho e tanto. Em consequência, o tempo para folga ou descanso seria curto e parco, algo com o qual estavam acostumados.

No entanto, seria mentira se Baekhyun não tivesse pensado em Sehun enquanto falavam do trabalho. Vê-lo já era complicado por si só, mas se tornaria ainda mais difícil com todos aqueles compromissos se acumulando sem sinal de sossego. Por que já sentia saudades antecipadamente? Droga, sentia muita.

Suspirou do seu canto, perdendo a fome.

‒ Não vou voltar para o dormitório hoje ‒ Baekhyun anunciou. O manager, que comia, aquiesceu. ‒ Vou ficar num amigo.

O mais velho olhou para Baekhyun e o observou durante um segundo. Conhecia o rapaz fazia anos. Passava grande parte do seu tempo gerenciando a vida dele e o levando para todo canto, zelando por cada passo seu. Sabia das suas manias, dos seus gostos, sabia, inclusive, dos seus amigos. E não conhecia aquele amigo, mas tinha a consciência de que o amigo fazia Baekhyun sorrir ainda mais quando olhava para o celular. Ao lado, Minseok estava ocupado assistindo ao jogo de futebol na televisão e Jongdae parecia alheio a tudo.

‒ Devo me preocupar?

Baekhyun negou.

‒ Ok ‒ o homem murmurou.

‒ Ok.

O assunto morreu e o cantor tinha ciência de que era por enquanto. Mais tarde, com certeza, precisaria tomar providências e lidar com aquilo que viesse depois. Naquele instante, entretanto, só pensava no quanto queria ver Sehun e se esquecer de tudo beijando a sua boca, a cabeça vazia do seu trabalho, da empresa, dos seus problemas, das pessoas que não deixavam de ligar e mandar mensagens e de persegui-lo, apenas a boca, o corpo, a voz e Sehun por inteiro o levando o mais longe possível.

A caminho do bairro do Oh, a pergunta que Baekhyun tanto evitava trazer à tona chegava a queimar em seu peito impaciente de carência.

Eu faria tudo de novo?  

Baekhyun sabia a maldita da resposta.

E estava indo de encontro ao dono do seu sim.

 

*

 

Após o banho, o episódio do drama de Kyungsoo havia terminado e Sehun ficou olhando para a televisão escura durante alguns segundos, o cérebro em suspensão momentânea até tudo cair e se ajeitar de volta à realidade. Sem prévia do que aconteceria no próximo capítulo, teria que aguentar até a semana que viria para saber como diabos a história ia se desenrolar. O problema nem era isso. Por acaso aquele drama teria final feliz? Havia a possibilidade disso, por menor que fosse? Porque todo episódio tinha alguma desgraça para separar o casal e Sehun não aguentava ter que sofrer por personagens fictícios numa novela que se passava numa época que só rendia infortúnios. Além do mais, por que Kyungsoo hyung era tão bom atuando? E bonito também, caramba, como ele era bonito, e parecia que beijava bem demais. Uma pegada gostosa Sehun sabia que ele tinha, conseguia saber só de olhar. Kyungsoo aparentava ser do tipo que não brincava quando se tratava de fazer o serviço direitinho. Deveria ser um sonho namorá-lo.

Divagou mais um tanto sobre Kyungsoo antes de seus pensamentos viajarem para Baekhyun. De novo, como sempre. Ele também beijava bem demais. Tinha uma pegada que, ah!, meu Deus. Sehun ficava arrepiado e excitado só de lembrar. Brincar no serviço? Bom, Baekhyun gostava muito de brincar, de provocá-lo, deixá-lo à beira do precipício para que Sehun implorasse ou bancasse o manhoso pedindo por seu pau. O pau do Baekhyun, cacete. Sua boca se encheu de saliva com a lembrança do pênis do mais velho na sua cara, contra seus lábios sedentos. E quando o cantor o usava para foder... Sehun carregava uma certeza absoluta de que nunca encontraria alguém que o fodesse tão bem como Baekhyun fazia, forte, rápido, depois lento, bem devagarinho, gostoso. Seria difícil superar. Seria difícil esquecer ‒ e Sehun não queria esquecer ou superar Baekhyun. Queria Baekhyun todo dia, toda hora. Era errado isso?

Take You Home soava baixinho pelo apartamento através das caixinhas de som conectadas ao computador no canto da sala. No sofá, Sehun se encontrava estirado à espera de Baekhyun, seus pés balançando para fora do apoio de braço no ritmo da música, seus olhos fechados enquanto se deleitava com a voz doce do cantor. Seu estômago estava borbulhando e ele sentia que não conseguiria ficar parado por mais tempo após a mensagem curta que Baekhyun enviara ‒ chegando. Quase foi esperá-lo na entrada do prédio tamanho o seu desespero por vê-lo pessoalmente, mas desistiu com o pensamento de que talvez pudesse agarrá-lo ali mesmo e pedir que fodessem dentro do elevador. Levantou-se do sofá para mudar a música e colocar naquela playlist que tinha guardada há anos e que nunca imaginou que fosse usar.

A playlist nomeada de let’s fuck then no Spotify começou a tocar baixinho, as batidas sensuais da primeira canção repleta de perversões fazendo os quadris de Sehun se moverem devagarinho dentro da calça de moletom. Finalmente iria transar com aquelas músicas indecentes que escutava sozinho quando se masturbava, imaginando quando é que poderia usá-la com alguém. Esse alguém, de início, era Chanyeol. Inclusive, uma vez no passado, quando estavam meio que bêbados, Chanyeol comentou que gostaria de transar com música no fundo.

‒ Que tipo de música? ‒ Sehun se lembra de perguntar.

Naquela noite, Chanyeol abriu um sorriso de canto.

‒ Que tipo você acha?

Sehun devolveu o sorriso, porque sabia do que Chanyeol estava falando. Eles gostavam do mesmo tipo de música e não era segredo que Sehun ia acumulando em seu celular um punhado de canções que significavam apenas uma coisa: sexo, foder, transar. O rapaz dava a desculpa de que as ouvia para aprimorar seu inglês, aprender palavras novas e melhorar sua pronúncia, porque fazer isso na base da melodia, especialmente a do tipo que gostava, ficava bem mais fácil de estudar. Chanyeol, até naquela época calouro no curso de Direito que mais tarde seguiria carreira na polícia, já havia flagrado o melhor amigo remexendo os quadris de acordo com alguma harmonia sexy diversas e diversas vezes.  

 O professor parou em frente à geladeira e pegou a garrafa de champanhe que tinha aberta ao lado de um punhado de latas geladas de cervejas, notando que o refrigerador estava mais cheio de bebidas do que propriamente de comida. Não que fosse um alcoólatra, mas é que gostava de beber de vez em quando depois que chegava das aulas e carregava uma pilha de provas ou trabalhos para corrigir (não que fosse infeliz em sua profissão, às vezes um gole de álcool ajudava a amortecer o corpo cansado de ficar de pé tentando passar conhecimento a tantas pessoas, algumas que se recusavam a aprender); Sehun fez uma nota mental de ir fazer compras naquela semana e enchê-la de legumes e coisas saudáveis. Tirou a tampa da garrafa de champanhe com facilidade e despejou um pouco da bebida em uma taça, sorvendo alguns goles bem devagar para saborear o doce e o refrescante que inebriava sua língua. Sehun nem chegou a terminar de beber, uma vez que já se sentia meio bêbado de tesão só com o pensamento do que iria fazer depois. Não precisava de mais nada para experimentar seus sentidos comichando.

Ao ouvir o barulho da senha na porta, o 920506 digitados no teclado, e então o click característico da trava eletrônica liberando o acesso ao apartamento, Sehun não conseguiu segurar o suspiro de alívio que escapou da sua garganta, caminhando com passos largos em direção da porta. Ele havia chegado, finalmente.

Baekhyun nem teve tempo de fechar a porta ou de largar no chão a mochila e as sacolas que carregava em uma das mãos ao sentir o peso de Sehun às suas costas, os braços longos do rapaz rodeando sua cintura e sua boca se colando em seu pescoço.

‒ Baekhyun... ‒ ele murmurou débil, esfregando o seu quadril contra o traseiro do mais velho.

O cantor pôde sentir o pau de Sehun naquele contato; estava duro e apostava que muito molhado dentro da calça. Esfregou seu traseiro contra Sehun, ouvindo um suspirar sôfrego de volta. A boca do Oh mordiscou a pele do seu pescoço e Baekhyun inclinou a cabeça para o lado, dando o acesso que Sehun queria. Recebeu beijos úmidos na região, seu nome sendo repetido em cadência entre o carinho. Tinha que fazer algo a respeito e cuidar daquilo, então deu uma batidinha em uma das mãos de Sehun em seu quadril para que ele o soltasse, podendo colocar as coisas que carregava no chão e assim ficar de frente para o mais novo.

Baekhyun tirou a máscara que cobria seu rosto e nariz e o boné do cabelo, este que caiu em uma cascata bagunçada no qual embrenhou os dedos e empurrou para trás despreocupadamente. Sehun mordeu o lábio com a visão. O cantor ainda mantinha a maquiagem da apresentação no festival mais cedo, as lentes de contato azuis, os olhos esfumaçados de vermelho, a argola na orelha, o cabelo naquela cor viciante. De acréscimo, vestia preto da cabeça aos pés, desde o jeans preso em seu quadril com um cinto de couro e cheio de rasgos no joelho, a jaqueta justa e uma camisa apertada da mesma cor por baixo.

 ‒ Gostoso ‒ murmurou para Baekhyun, ganhando dele um sorriso de canto que morreu em seguida quando o vocalista puxou Sehun pelos quadris e o empurrou contra a parede mais próxima, sua boca devorando os lábios finos do mais novo.

Com seus dedos encravados na carne da cintura de Sehun, Baekhyun sentiu o gosto delicado da bebida alcoólica na boca alheia, por isso chupou a língua do mais alto, levando embora o sabor do champanhe que ele havia bebido sozinho mais cedo. Sehun embrenhou seus dedos nos cabelos da nuca do cantor, puxando devagarinho para que o beijo nunca acabasse. Era molhado, barulhento, desesperado, com um pouco de brutalidade e com gemidos famintos. Uma das mãos de Baekhyun escorreu para a bunda farta do Oh, entrando dentro da maldita calça de moletom e apertando uma das bandas da nádega nua com força. Ele gostava do fato de que Sehun sempre usava calça sem cueca quando iam se encontrar; era tão mais fácil, tão mais gostoso, bastava puxar o elástico para baixo e ele estava ali todo entregue para si.

Sehun gostou do contato da mão de Baekhyun em seu traseiro e queria mais daquilo. Queria tirar a calça por sua própria conta e ficar completamente nu da cintura para baixo. Queria ser fodido contra a parede, seu rosto imprensado no concreto enquanto Baekhyun metia com força em seu cu e a música da sua playlist sacana tocava no apartamento como plano de fundo. Queria gozar naquele exato momento assim que Baekhyun resolveu enfiar as duas mãos em sua calça e apertou a carne das suas nádegas, um dedo vagando pela fenda entre elas. Controlou-se, entretanto, tentando respirar com mais calma e dando um jeito de apenas rebolar contra as mãos dele, vendo o quanto Baekhyun adorou o movimento, pois o incentivou com um de novo rouco, sentindo os quadris de Sehun fazerem o trabalho.

Havia um volume bonito no jeans preto de Baekhyun e Sehun gostou de saber que aquilo era por sua causa e que se tudo desse certo, ele também gozaria mais tarde por sua causa.

 ‒ Oi ‒ o rapaz murmurou a saudação de um jeito doce, encostando sua testa na de Baekhyun para fitá-lo.

‒ Oi ‒ ele devolveu com um risinho gostoso, mordiscando o lábio inferior de Sehun e deixando um beijo simples estalado contra sua boca.  ‒ Você tá tão molhado ‒ Byun sussurrou ao olhar para baixo e ver a cabecinha do pau de Sehun escapando para fora da calça, a glande vermelha e entumecida de pré-gozo. ‒ Tudo isso é saudade de mim?

Sehun aquiesceu, observando Baekhyun largar seu traseiro e levar uma mão em direção do seu pênis. Ele contornou o seu pau por cima do moletom e levou o dedo indicador para a glande molhada, esfregando a ponta dele na fissura da cabecinha por onde escorria o pré-gozo. Posteriormente, esse dedo foi para dentro da sua boca e ele chupou o dígito bem ali em frente dos olhos de Sehun, que entreabriu os lábios e recebeu o mesmo dedo para chupar.

‒ Posso dar um jeito nisso ‒ Baekhyun falou, olhando rapidamente para baixo, em direção ao pênis de Sehun. ‒ Posso te chupar aqui. Agora.

‒ Ainda não... ‒ negou após soltar o dedo do mais velho lambuzado de saliva. ‒ Tenho que fazer uma coisa antes.

‒ A tal surpresa?

‒ Sim.

‒ O que é?

Sehun abriu um sorriso.

‒ Surpresa ‒ respondeu atrevido, pausadamente, ganhando um olhar sério por parte de Baekhyun. ‒ Você está tão bonito, sabia? ‒ acrescentou sem demora, deslizando sua mão pela bochecha dele. ‒ Tão bonito... ‒ sua voz morreu e um de seus dedos deslizaram por cima dos seus lábios. ‒ Lindo ‒ murmurou carinhoso, vendo o sorriso de Baekhyun nascer diante do elogio.

Era um leve rubor em suas bochechas? Sehun jurou ter visto algo do tipo e deve ter aberto um sorriso convencido por conseguir aquele feito porque Baekhyun foi beijá-lo novamente de pirraça e Sehun se derreteu todo como sempre, caindo no vórtice que era ter sua boca tomada pelo cantor. Poderia ficar daquele jeitinho com ele pelo restante do dia se fosse possível, nunca se cansaria nem precisava de mais nada. Mas tão rápido quanto havia começado, o beijo teve seu fim.

‒ Como foi seu dia? ‒ o cantor perguntou. Os olhos azuis dele observavam os lábios avermelhados de Sehun e o modo como seu peito subia e descia ao respirar.

‒ Passei ele todo sentindo sua falta.

‒ Estou aqui agora ‒ confortou gentil, deixando um beijinho em seu queixo. ‒ Vou ficar com você.

‒ Pode ficar essa noite?

‒ Posso. ‒ Sorriu para Sehun. ‒ A noite toda, até de manhãzinha.

‒ E está cansado?

Baekhyun fez que não com a cabeça.

‒ Eu deveria estar depois dos compromissos de hoje e do festival ‒ contou. ‒ Mas o cansaço some só de pensar em você ‒ disse, seus olhos esquadrinhando um Sehun recostado na parede e todo bagunçado por sua causa. ‒ Sinto que posso correr uma maratona e passar a noite toda acordado.

‒ E quer passar essa noite comigo de que jeito? ‒ perguntou sensualmente, os dedos se enganchando no cós do jeans de Baekhyun. ‒ Dormindo ou acordado?

‒ Quero passar fodendo você, Sehun ‒ confessou em um tom feroz bem próximo da sua orelha. O rapaz fechou os olhos diante daquelas palavras e respirou com dificuldade, sentindo um beijo úmido naquela região.

‒ Ah, Baekhyun... ‒ murmurou. ‒ Queria te surpreender, mas... ‒ Lambeu o lábio. ‒ Lembra daquela nossa conversa?

‒ Qual delas? ‒ Quis saber. ‒ Porque eu e você tivemos um monte.

Sehun riu baixinho e concordou, já que era verdade; quando não estavam transando, se pegando, se beijando e se tocando, ou quando não podiam se ver, conversavam bastante. Eram bobagens a grande maioria, terminando por Sehun rindo ao ponto de o ar faltar nos pulmões ou envergonhado o suficiente para ter seu rosto ardido e colorido de um tom adorável.

‒ Sobre renda.

Baekhyun estava prestes a chupar o lóbulo da orelha do mais novo e parou de súbito ao ouvir aquilo, afastando-se um pouco para olhar Sehun.

‒ Você vai v‒

‒ É ‒ não deixou que o cantor terminasse. ‒ Se você quiser.

‒ Eu quero, meu Deus. É claro que eu quero! ‒ garantiu.

‒ Promete não rir se ficar muito esquisito? ‒ Sehun olhou para o chão, um embaraço repentino tomando seu rosto e levando embora a confiança que rondava seu corpo até segundos atrás.

‒ Ei ‒ Baekhyun chamou. ‒ Olha pra mim ‒ pediu. Sehun o obedeceu e levantou seu olhar. ‒ Como vou poder rir se vou estar babando por você, uh? Tanto em cima quanto em baixo. ‒ Para dar mais ênfase, pegou uma das mãos de Sehun e colocou no ponto duro do seu jeans, os dedinhos do mais novo apertando seu pau por cima do tecido. Havia uma pequena mancha de umidade crescendo no local. ‒ Por sua causa ‒ sussurrou.

‒ Vou me trocar ‒ Sehun devolveu no mesmo tom. ‒ Senta no sofá e tira a camisa.

‒ Só a camisa?

‒ Só a camisa ‒ ditou.

‒ Tem certeza?

‒ Certeza ‒ repetiu. ‒ Não quero ver seu pau ainda.

‒ Por que não?

‒ Porque eu vou ficar com vontade de sentar nele antes da hora.

Baekhyun riu com aquilo, assistindo Sehun se afastar e entrar em seu quarto, fechando a porta.

Aproveitou para arrumar as sacolas jogadas no chão, colocando a comida que havia comprado sobre o balcão da pequena cozinha de Sehun. Poderiam comer juntos mais tarde, depois de transar, e o obrigaria a comer ao menos um pouco porque não parecia que ele tinha ingerido qualquer coisa além de uns goles de champanhe. Em continuidade, digitou uma mensagem à mãe pedindo desculpas por não atendê-la naquele momento, avisando que iria visitá-la ainda naquela semana, finalizando com te amo, mãe. Havia também uma mensagem de Minseok.

 

Minseok: não esqueça que eu mandei oi ao Sehun

Minseok: e não seja pego

Baekhyun: vou dizer

Baekhyun: não vou ser pego

Minseok: tenho minhas dúvidas

Baekhyun: por quê?

Minseok: Baekhyun, você sabe o que quero dizer quando digo pra não ser pego, não é?

Baekhyun: pra eu não ser descoberto???

Minseok: rsrsrs

Minseok: quando descobrir a gente conversa

Minseok: mas eu espero que você não seja, isso pode dar merda

Minseok: boa noite, Baekhyun

 

Por fim, sem querer pensar em muita coisa, deu um foda-se a tudo e desligou o celular com ligações perdidas e mensagens assustadoras. E Baekhyun sentiu-se em paz ao fazer aquilo, não se importando com absolutamente nada que poderia acontecer enquanto se desconectava do mundo; ele não queria ser incomodado.

Tirou a jaqueta e a camisa, acomodando-se no sofá de Sehun. Achou melhor também tirar aquele cinto, largando-o ao lado. Então, enquanto aguardava Sehun vir do quarto, se viu envolvido pela música que tocava baixinho no apartamento, constatando que o mais novo deveria gostar daquele tipo sujo de canção. Não entendia por completo a letra, mas tinha conhecimento do básico e o básico do que havia conseguido escutar na voz de Chris Brown fez Baekhyun massagear o próprio pau por cima da calça.

Deus, ele se sentia como um adolescente por ficar duro com qualquer ventinho. Certo que não fora um vento o causador daquela ereção que pendia pesada dentro da cueca. O dono do seu pau duro tinha nome e sobrenome. Sehun tinha uma mágica para deixá-lo daquela forma, aceso, com tesão. Não precisava de muito, bastava uma palavra ou um gesto, bastava que Baekhyun só pensasse nele mais detalhadamente para que o pênis começasse a gotejar como um tarado pedindo por um cinco contra um. A quantidade de vezes que se viu batendo punheta ao ficar excitado por conta de Oh Sehun era assustadora e não tinha nada de mais gostoso do que bater uma em homenagem a ele. Isso fazia o cantor se questionar o quanto aquilo iria durar, aquela vontade quase louca de estar com ele a todo momento e beijá-lo, fodê-lo, só ouvir sua voz e seu riso. Baekhyun, sinceramente, esperava que durasse por muito tempo.

No quarto, Sehun havia terminado de se vestir. Olhou-se da cabeça aos pés no espelho que ficava em uma das portas do guarda-roupa e respirou fundo ao sentir aquele danado do medo brincando na boca do seu estômago. Junto a ele, um pouco de ansiedade. Uma parte dizia para que desistisse porque aquilo era bobagem, que passaria muita vergonha e que talvez Baekhyun não fosse gostar. Outra parte, a mais forte e dona do tesão que estava sentido, o fez sorrir para seu reflexo e caminhar para fora do quarto convicto de que o cantor gostaria muito. Tinha um homem pra levar à loucura.

Evitou o olhar azulado de Baekhyun quando saiu do quarto, caminhando em direção do computador para colocar na música que tinha em mente, mas pôde sentir seus olhos subindo e descendo por seu corpo, devorando e comendo cada pedacinho da sua pele explicitamente. A respiração pesada do mais velho quebrou o curto silêncio em que o apartamento ficou assim que Sehun pausou a playlist em busca da canção que queria.

Baekhyun nem tinha palavras, seu pau foi quem respondeu instintivamente com as pernas longas e brancas de Sehun enfiadas numa meia-calça arrastão sete oitavos, na coloração preta. O cantor só tinha visto meninas usando aquele tipo de meia com saias e bota nos shows ou stages; ficava sexy pra caramba, não tinha como negar. Ele não esperava que fosse ficar fodidamente perfeito nas pernas de Sehun, cacete. Porque estava e Baekhyun se imaginou deslizando as mãos por aquelas rendinhas delicadas que se colavam na pele do mais novo. Nas coxas, na parte vazia onde a meia não alcançava propositalmente, havia a ligação da meia com a calcinha por duas tiras grossas como as de um sutiã presas por colchetes metálicos. Oh Sehun usava uma porra de cinta-liga.

A situação ficou ainda melhor assim que o professor se inclinou na escrivaninha do computador e Baekhyun pôde ver o que a camisa branca de botões toda larga que ele usava escondia por baixo. Havia se perguntado como ele ficaria usando aquela peça íntima. Na sua imaginação, fantasiou todo tipo de coisa, algo bem apertado e sensual, mas nada tinha chegado perto ou ficado tão bom como aquilo. Era uma calcinha interessante, de renda preta. Tinha a frente um pouco maior excelente para segurar o pau grande que estava duro. Atrás, tirando um gemido dos lábios de Baekhyun, a peça ia ficando mais estreita e justa, sendo engolida pelas nádegas fartas do Oh.

No meio do pescoço, uma choker preta com um pequeno pingente que fez Baekhyun sorrir; era a estrela com várias pontas que a empresa tinha usado para simbolizá-lo e que representava seu fandom individual.   

‒ Sehun... ‒ murmurou. ‒ O que você vai fazer?

‒ Vou dançar pra você ‒ respondeu por cima do ombro, encontrando na playlist gigantesca a música que tinha mente. Apertou o play e colocou para repetir.

Rapidamente, Make Up Sex do Somo começou a tocar. Era uma das suas músicas favoritas e Sehun virou-se para Baekhyun e sorriu timidamente ao mais velho, movendo-se para o meio da sala vazia e balançando o corpo de um lado a outro em um ritmo sem passos coreografados durante os primeiros segundos da canção envolvente. Próximo do refrão, quando as batidas se tornaram mais sensuais após o trechinho cantado, estou de joelhos, Sehun começou a fazer o que mais sabia.

Baekhyun prendeu o lábio inferior nos dentes assim que a expressão no rosto de Sehun mudou para mais séria e ele começou a dar vida a todo o seu corpo mexendo cada músculo de forma lenta, passando a ser mais acelerado de acordo com a harmonia do refrão que se repetia deliciosamente, fazer sexo, fazer sexo, fazer sexo. O cantor nunca tinha visto um body roll tão bonito quanto aquele e não conseguiu piscar diante do modo como os quadris de Sehun balançavam, a camisa mal abotoada mostrando muito da sua pele e colando em seu peitoral. As pernas com aquelas meias, a cinta-liga e a calcinha de renda traziam todo um charme que Baekhyun não sabia para onde olhar sem sentir o pau fisgar dentro do jeans.

A música voltou a ser mais calma na segunda parte e logo caiu de volta ao refrão lascivo. Nesse meio tempo, o vocalista pensou que nada mais podia abalá-lo até ver Sehun se colocar de costas, os joelhos flexionados, as mãos apoiadas nas coxas e então rebolar o traseiro deliciosamente, a calcinha enfiada entre as bandas das nádegas. Baekhyun deve ter parado de respirar quando o mais novo, não satisfeito, se colocou de quatro no chão e apoiou todo o seu peso nos antebraços, ficando com a bunda empinada o suficiente para causar um tremendo estrago a cada vez que era remexida indecentemente para cima e para baixo aos constantes fazer sexo, fazer sexo, fazer sexo da canção. Em seguida, Sehun deslizou pelo chão frio, deitado de bruços, os olhos fixos em Baekhyun, e, novamente, repetiu o mesmo movimento de antes, para cima e para baixo, o pau duro batendo no chão a cada vez que subia e fazia sua bunda tremer ao descer com força contra o chão.

Voltou a ficar de quatro para engatinhar até Baekhyun no sofá, tocando suas coxas com as mãos. Sehun teve a ousadia de abrir a braguilha do jeans do mais velho e libertar o pau duro que se encontrava melado. Inclinou a cabeça em direção ao membro e passou a ponta da língua bem na cabecinha encharcada de pré-gozo numa provocação cheia de maldade, soltando uma risadinha baixa que o fez ganhar um grunhido e um “vem cá, senta em mim”. Então, sem demora, sentou-se no colo de Baekhyun, as pernas bem abertas, o pênis alheio encaixado em seu traseiro e apoiou ambas as mãos nos ombros largos do cantor e se deixou levar pela música que se repetia no apartamento.

Com os dedos presos nas coxas do mais novo cobertas pela meia-calça delicada, Baekhyun experimentou o quão gostoso era o seu rebolado contra seu pênis, os dois gemendo em uníssono toda vez que a carne das nádegas de Sehun atritava com força em seu membro teso. E ele subia e descia, fazia rápido e devagarinho, sem nunca deixar de se esfregar. Em determinado momento, Sehun puxou as mãos de Baekhyun para seu traseiro e mostrou algo que tinha aprendido ao assistir um milhão de vídeos no Youtube quando mais novo. Como sempre, sua intenção era de colocar em prática tal conhecimento com Park Chanyeol ‒ tinha um sonho de sentar em seu colo e ter sua bunda agarrada pelas mãos grandes dele enquanto rebolava como se fosse uma vadia ‒, mas a única coisa que tinha em mente era de ver o olhar luxurioso em Baekhyun por conta daquilo. O movimento consistia em contrair os glúteos, um de cada vez, concentrando e isolando a força em cada banda de suas nádegas e mexendo-as como se fosse um arquear de sobrancelha. Foi o que fez bem devagar, ouvindo o risinho de Baekhyun ao sentir e ver uma de suas mãos subir com a carne, passando a mover sua nádega esquerda e então alternar entre uma e outra num ritmo constante.

‒ Está gostando? ‒ perguntou a Baekhyun, este que se deliciava com seu traseiro.

A resposta do cantor foi o aperto dos seus dedos na região, obrigando Sehun a continuar rebolando em seu colo sem que parasse. O rapaz riu e alto, passando os braços ao redor do pescoço de Baekhyun e apoiando o queixo em seu ombro. Já se encontrava completamente molhado antes e sabia que deveria haver uma mancha úmida crescendo na renda da calcinha por conta daquela esfregação em Baekhyun. Mas ele gostava. Os dois gostavam, em sinceridade. Sehun sentia que poderia gozar só com aquilo, as mãos de Baekhyun em sua bunda, seu traseiro subindo e descendo contra o pau duro dele, a boca do mais velho cheia de suspiros para si.

Um suspiro, em especial, fez Sehun congelar.

‒ Do que me chamou? ‒ Afastou seu rosto do ombro largo de Baekhyun para encarar seus olhos.

Ele tinha dito amor. Sehun havia escutado. Foi de amor que Baekhyun o chamou entre um gemido, bem baixinho, arrastado, que fez a pele inteira do rapaz se arrepiar. Não foi um engano nem imaginação da sua cabeça. Oh ouviu em alto e bom tom, ficando com vontade de perguntar um “eu sou mesmo o seu amor?” a Baekhyun. Era o que mais queria saber naquele instante. Porém, escolheu a pergunta mais fácil com o medo que abateu sobre si de não ter uma resposta e talvez até estragar o clima gostoso devido a uma bobagem momentânea e sentimental.

As mãos de Baekhyun subiram para sua cintura por baixo da camisa e seus olhos azuis pela lente de contato se encontraram.

‒ Você não gosta?

Sehun riu soprado.

‒ O problema é que eu gosto ‒ falou. ‒ Muito ‒ acrescentou enfaticamente, sincero. ‒ Gosto que me chame assim. Gostei quando me chamou desse jeito no bilhete ‒ admitiu. ‒ Pensei que fosse engano e me senti culpado por gostar.

‒ Não foi engano ‒ afirmou. ‒ Eu escrevi o bilhete um milhão de vezes e pensei em te chamar assim um milhão de vezes. ‒ Baekhyun fez um carinho circular com os polegares na pele da cintura de Sehun. ‒ Eu posso?

Sehun não conseguiu negar diante do pedido doce e do biquinho que Baekhyun fez ao indagá-lo; estava derretido.

‒ Pode. ‒ Sorriu. ‒ Sempre que quiser. ‒ Encostou sua testa à de Baekhyun e fechou os olhos. ‒ Diz de novo?

O mais velho soltou um risinho.

‒ Me beija, amor ‒ murmurou.

Delicadamente, Sehun pescou o lábio de Baekhyun e chupou vagaroso, soltando-o depois. Encarou o cantor daquele jeito enviesado, um bebendo da respiração quente do outro, e retornou ao beijo. Nenhum dominava o beijo, não que Sehun não gostasse de quando Baekhyun tomava as rédeas e colocasse ritmo e intensidade; era um beijo tão calmo e tão despreocupado, ao mesmo tempo que gritante de alguma coisa que ambos não tinham coragem de falar em voz alta, mas que estava lá e eles tinham completa consciência.

‒ Coloca em mim ‒ pediu entre o beijo, no intervalo para tomar fôlego, referindo ao pênis para fora do jeans.

‒ Quer fazer aqui?

‒ Só um pouco. Quero sentar em você ‒ devolveu. ‒ Depois vamos pra cama.

‒ Pra eu te foder enquanto usa isso? ‒ Tocou a peça íntima com os dedos, puxando a parte mais fina que se acomodava na fenda entre as nádegas do mais novo.

‒ Pra fazer o que quiser comigo.  ‒ Beijou a boca de Baekhyun. ‒ Podemos tentar uma coisa diferente antes? Só tentar.

‒ O quê? ‒ perguntou curioso.

‒ Você pode apertar meu pescoço ao mesmo tempo que me fode?

Baekhyun ficou estático, olhando para Sehun com as sobrancelhas levemente franzidas. Era algo inédito para ele, embora já tivesse feito sua própria pesquisa para ficar em dia com esse tipo de assunto. Contudo, sexualmente falando e no que cabia a prática, Baekhyun era bem leigo porque não era nenhum deus do sexo, não tinha o hábito de transar regularmente ou quando seu corpo implorava por certos carinhos com aqueles tantos compromissos e afazeres que o ocupavam. Quando namorou no passado, não teve tempo de realizar todos os tipos de loucura na cama; não teve muito tempo para sequer cogitar a fazer umas sacanagens debaixo dos lençóis. Além do mais, havia alguns fetiches ou práticas prazerosas que eram impossíveis de se realizar sozinho.

Aquele tipo de coisa foi o alvo de uma de suas pesquisas para matar a curiosidade uma época atrás. Olhando para o conceito do ato, não conseguia imaginar alguém sentindo prazer com a asfixia e a falta de oxigênio. Kyungsoo, na época em que eram trainees e viviam juntos, tinha uma facilidade para enforcar as pessoas e Baekhyun carregava uma certeza de que não sentiu nada parecido com tesão quando foi seu alvo. Num programa em que participou no começo da carreira, havia uma lutadora que lhe deu uma gravata no pescoço e durante aqueles poucos segundos de aperto em que viu seus segundos restantes de vida, percebeu que não gostava muito da brincadeira que o deixava sem ar.

Gostava dos outros fetiches que consistiam num papel de dominância, como bater, amarrar ou vendar, mas nunca havia parado para pensar a respeito daquilo. Era bom? Constatou que talvez, já que Sehun não era alguém que pedia coisas sem que fosse prazeroso e rendessem um orgasmo delicioso. Aquilo significava que ele já tinha feito antes. Sentiu uma tremenda curiosidade em saber da experiência detalhe por detalhe, especialmente a parte de quem havia sido a pessoa que teria tocado em Sehun. Quem deveria ser? Ele sentia falta? Ele tinha gostado desse alguém? Por que se importava?  

‒ Eu nunca fiz isso ‒ disse.

‒ Eu já, uma vez só. Faz muito tempo ‒ contou tímido, olhando para o próprio colo. ‒ Mas posso te dizer como fazer ‒ falou.

‒ Isso não é perigoso? ‒ Sua voz tinha preocupação.

‒ Se você fizer certinho, não ‒ explicou. ‒ É gostoso.    

 Subiu com seus olhos azuis pelo pescoço longo de Sehun, admirando a choker que marcava a pele sensível do local. Tentou se imaginar com os dedos bem ali e o privando do ar enquanto o fodia bem devagarinho, indo fundo. Foi fácil. E gostou da sensação que ardeu em seus quadris.

‒ Tudo bem ‒ concordou. ‒ Mas se eu te machucar...

‒ Não vai me machucar ‒ atestou. ‒ Vai ser bom. ‒ Estalou um beijinho nos lábios do mais velho, sorrindo.

 Baekhyun aquiesceu.  

 ‒ O que eu não faço por você, Oh Sehun? ‒ murmurou com divertimento, dando um tapinha no traseiro do maior para que ele se levantasse ‒ Vou pegar o lubrificante no quarto.

Após pegar o tubo, sentou-se de volta no sofá. Sehun quis a tarefa de lambuzá-lo com a substância fria para si, colocando um pouco na mão e passando por toda a extensão do pau de Baekhyun, este que tinha arriado o jeans até as coxas. Iria colocar um pouco do lubrificante e se dedar por conta própria, mas Baekhyun o instruiu a ficar de joelhos no sofá, cada um ao lado do seu corpo como se fosse se sentar, as mãos apoiadas em seus ombros, e espalhou uma boa quantidade do gel em dois de seus dedos. Sehun mordeu o lábio ao sentir Baekhyun puxando a calcinha para o lado e passando o lubrificante com calma, enfiando um dedo e partindo para o segundo. Não se demorou com isso, entretanto, e Sehun nem queria os dedos, queria algo mais sólido, maior e duro.

‒ Senta ‒ Baekhyun mandou gentil, segurando a renda da peça íntima para que ela não atrapalhasse sua entrada no orifício.

E o professor desceu devagar e foi até o fundo, soltando um suspiro de prazer quando sentiu que Baekhyun estava completamente dentro de si. Como podia ser tão bom? Por que o sexo era tão gostoso quando fazia com ele? O cantor compartilhava do pensamento, porque parecia um século desde a última vez que havia experimentado aquela sensação de ter seu pau esmagado entre as nádegas de Sehun. Ele estava tão apertadinho, tão estreito, que o cantor poderia gozar facilmente pela pressão. Não precisou nem pedir para que o mais novo se movesse, teve apenas que beijá-lo enquanto tinha seu membro engolido a cada rebolar furioso.

Sehun quicou no colo de Baekhyun como se sua vida dependesse daquilo, fazendo com tanto gosto e com tanta felicidade que explicava aquele sorriso besta de sacana na sua boca que o vocalista ficou olhando por bastante tempo como se encantado. No entanto, segurou a vontade de continuar subindo e descendo no pau de Baekhyun até gozar e foi diminuindo o ritmo gradativamente, deixando bem devagarinho para perguntar ao mais velho se podiam tentar aquilo.

‒ Tem certeza? ‒ Baekhyun perguntou para confirmar.

‒ Sim.

‒ Certeza absoluta?

Sehun segurou o rosto dele nas mãos, apertando suas bochechas e formando um biquinho.

‒ Está com medo?

‒ Um pouquinho? ‒ admitiu. ‒ Eu realmente não quero te machucar.

O rapaz beijou a boca do cantor carinhosamente.   

‒ Me dá sua mão ‒ pediu.

Em silêncio, conduziu a mão de Baekhyun para seu pescoço. Deixou que ele tocasse sua pele com as pontas dos dedos, explorando o lugar e o conhecendo ao menos que um pouco. Com calma, depois disso, Sehun posicionou a mão de Baekhyun acima da choker, o polegar mais próximo de sua mandíbula, os outros dedos estabelecidos cada qual ao lado do pescoço para que pudesse apertar. Fechou os olhos por um segundo e experimentou o contato simples, sem força e gentil. Quando fez aquilo pela primeira vez, não pensou que fosse gostar. Também achava estranho sentir prazer com uma coisa tão esquisita. Mas sentiu. Talvez pelo fato de ter sido Chanyeol a ser o dono dessa primeira vez e por gostar tanto dele na época tenha ajudado a tornar o momento único. Agora, acreditou que, por gostar muito, muito de Baekhyun, a prática fosse ainda melhor, bem mais prazerosa. E tinha uma paixão por aquelas mãos, os dedos longos...Tinha criado uma fantasia e queria dar vida a ela durante um tempinho.

‒ Você pode apertar devagar e me deixando sem ar aos poucos. Depois vai soltando e fazendo de novo ‒ murmurou. ‒ Falar comigo nesse momento também ajuda. Eu gosto do som da sua voz.

Baekhyun tentou, repetindo do mesmo modo como Sehun tinha instruído. Apertar devagar, aos poucos e ir soltando.

‒ Assim? ‒ perguntou.

Sehun aquiesceu e sorriu orgulhoso.

‒ Consegue fazer isso e me foder?

‒ Posso tentar ‒ respondeu. ‒ Mas promete que vai dizer se sentir algo ou se eu fizer errado?

‒ Prometo ‒ garantiu.

O cantor achou melhor mudar de posição no sofá, apoiando suas costas no encosto do móvel, ficando meio que sentado meio que deitado, Sehun em seu colo e seu pau dentro dele, o que ajudaria na hora de mexer os quadris e fodê-lo. Apertou seus dedos da mão restante na cintura de Sehun para segurá-lo e a outra mão se fixou em seu pescoço do jeito que o mais novo havia ensinado. Sehun suspirou exultante quando Baekhyun começou a movimentar seu quadril e apertar seu pescoço, privando seu ar aos poucos.

Com Chanyeol foi bom. Ganhou um orgasmo incrível ‒ e um chute na bunda com a notícia de que sua irmã estava grávida. Mas com Baekhyun foi...Sehun não tinha palavras para descrever. Ficou tão perdido no tempo, no pau que entrava e saía devagarinho, no ar que ia e voltava, na voz de Baekhyun dizendo repetidamente amor amor amor amor amor, você está bem? Você gosta disso, quando eu tiro seu ar, quando eu sou mau com você? Seu corpo todo formigou, sentiu como se estivesse dentro da água, imerso bem lá no fundo, perdido. Sehun tinha segurado o máximo que podia para não ejacular ou ter um orgasmo no começo, garantindo que pudesse desfrutar de um dos melhores ápices da sua vida quando finalmente não conseguisse mais suportar. E ele não suportou por muito mais. Amoleceu no colo de Baekhyun, sentindo todo o seu corpo se contrair ao redor do pau do vocalista, respirando pesado, os olhos fechados e sua mente muito longe.

‒ Tudo bem? ‒ Baekhyun acarinhou suas costas num vaivém tranquilo, assistindo a respiração do maior se abrandar lentamente. Sehun assentiu fraco, seu corpo ainda mole. ‒ Você gozou um monte ‒ comentou com um sorriso, a barriga molhada pela ejaculação do Oh que escapava da calcinha. ‒ Quanta saudade de mim.

Sehun riu baixinho e levantou o rosto para beijar a boca de Baekhyun, notando que ele ainda não tinha conseguido gozar. Seu pedido para que continuassem na cama foi atendido prontamente, partindo os dois em direção do quarto.

Ficou do jeito como Baekhyun queria daquela vez, sem a camisa, só com as peças abaixo da cintura e deitado de bruços na beirada da cama, meio que de lado. Aquela posição era interessante porque Baekhyun ficaria de pé, com uma das pernas de apoio fora da cama, e com o joelho dobrado entre o meio das pernas de Sehun, este que deveria rebolar um pouco.  

O Oh se empenhou em movimentar seus quadris contra o pau de Baekhyun, sentindo suas mãos grandes puxando e massageando as bandas do seu traseiro vez ou outra, tirando a calcinha de renda do caminho e deixando alguns tapas estalados na carne como incentivo de que estava fazendo bem. Acrescido a isso, o fato de Baekhyun ser extremamente sonoro na hora do sexo fazia Sehun ficar excitado de novo.

Ele nunca tinha conhecido alguém tão sonoro quanto Chanyeol. Seu cunhado não conseguia ficar de boca calada e o ouvira se masturbar milhares de vezes para certificar o fato de que deveria ser ainda mais barulhento transando. Baekhyun ia além e fazia de uma forma que Sehun gostava tanto, tanto, tanto, tanto. Seu som favorito era muito provavelmente aquele de Baekhyun gemendo alto, sua respiração pesada e o ar escapando por entre os dentes, alguns murmúrios desconexos de que aquilo era bom ou ordens para Sehun ir mais rápido ou mais devagar. Tinha vontade de pedir para deixá-lo gravar um dia ‒ tinha vontade de pedir muitas coisas, na verdade, como gravá-los transando, como tirar um milhão de fotos juntos, mas nunca pedia com medo de incomodá-lo quando vivia sob o holofote de flashes e sua intimidade constantemente agredida.

‒ Baekhyun... ‒ gemeu manhoso, só com vontade de dizer seu nome.

‒ Oi, amor ‒ respondeu, apertando seu traseiro num carinho. ‒ Você é tão gostoso, caramba. É tão lindo te ver rebolar.

‒ Me chama de amor ‒ pediu.

‒ Você é tão gostoso, amor

Sehun sorriu satisfeito, rebolando com mais força. Seus quadris estariam ferrados no dia seguinte, necessitando de um remédio para amenizar a dor, mas quem se importava? Faria de novo e todo dia se pudesse, sem arrependimentos. O seu celular tocando e atrapalhando tudo não estava nos planos da parte do sem arrependimentos. Era domingo, já tinha trabalho durante o dia, por que é que não davam uma folga? Queria foder em paz, caralho. Por que não desligou a droga do celular? Arrependia-se por não ter feito aquilo.

‒ Park Chanyeol ‒ Baekhyun falou, lendo o nome que aparecia no visor do celular que se encontrava no criado-mudo.

‒ Hyung? ‒ murmurou de volta, paralisando.

Chanyeol não era do tipo que ligava se não fosse por alguma emergência. No decorrer do dia, comunicava-se por mensagens e uma ligação sua significava que algo não deveria estar certo; seria Vivi doente? Sua irmã estaria doente? Chaeyoung estaria doente? Sua mãe estaria doente? Sehun suspirou e se ajeitou na cama, deitando de costas no colchão e gesticulando um “desculpa” a Baekhyun quando este pegou o celular do criado-mudo e o entregou com um sorriso e um “tudo bem” nos lábios. Antes de atender a ligação, seus olhos se desviaram para o pau duro do cantor.

‒ Vem cá ‒ chamou. ‒ Coloca de volta. Faz devagarinho. ‒ Abriu as pernas num convite. ‒ Mas pode tirar isso de mim? ‒ Apontou para a calcinha de renda toda úmida que apertava seu pênis.

Baekhyun anuiu em silêncio e Sehun atendeu a ligação.

‒ Oi, hyung ‒ saudou.

Chanyeol suspirou de alívio do outro lado da linha.

Hun? ‒ disse. ‒ Pensei que não fosse atender.

‒ Desculpa a demora. ‒ Sehun empurrou para trás os fios do cabelo escuro que grudavam em sua testa, sorrindo ao ver Baekhyun tocar suas pernas cobertas pela meia-calça e ir em direção à cinta-liga, desconectando as presilhas de metal das meias para que assim pudesse puxar a calcinha. Foi libertador quando seu pênis melado e vermelho pousou pesado em sua barriga.  ‒ Tudo bem?

Sim, sim. Você está em casa agora?

Sehun não respondeu. Baekhyun abriu mais suas pernas e se enfiou no meio delas. O professor só teve tempo de colocar a mão na boca e abafar seu gemido ao ter o vocalista arremetendo-se de volta para dentro de si, uma das mãos ocupadas em dar atenção a seu pênis para ficar cheio de tesão novamente.

Hun?

‒ O-oi ‒ murmurou devagar.

Você está em casa?

‒ Não ‒ disse depressa, arfando.

Sehun, está tudo bem?

Baekhyun estocou com força, um sorriso sacana no canto dos lábios.

‒ S-sim.

Certeza?

O mais novo negou com a cabeça, porque não estava nada bem quando Baekhyun o fodia e o masturbava ao mesmo tempo. E por que ele tinha que sorrir para si e dar uma piscadinha? Sehun recebeu um beijinho no ar como provocação, aquele cretino gostoso.

‒ Uhum ‒ deu como resposta.

Que horas você volta pra casa?

‒ N-não volto. ‒ Suspirou. ‒ Vou passar a noite fora ‒ mentiu descaradamente.

Com quem?

‒ Um cara.

À menção daquilo, Baekhyun estocou de novo e mais rápido, mantendo um ritmo.

Que cara é esse? Eu conheço?

‒ N-nã‒ Ah! ‒ Sehun gemeu alto, não conseguindo segurar na garganta.

Sehun, estou ouvindo... O que está acontecendo?

‒ Olha, eu preciso desligar ‒ Sehun disse depressa. ‒ Falamos depois. Amo você.

 Chanyeol não teve tempo de dizer mais nenhuma palavra, a ligação caiu e Sehun largou o celular de qualquer jeito na cama para puxar Baekhyun para si com as pernas enroladas em seu quadril, passando os braços ao redor do pescoço dele e ouvindo sua gargalhada escandalosa em sua orelha.

‒ Você é horrível ‒ acusou. ‒ Eu disse devagarinho!

‒ Desculpa.

‒ Fingir um pouco de arrependimento me ajuda a acreditar na sua mentira, sabe?

‒ O que eu podia fazer? Você é gostoso demais.

‒ A culpa ainda é minha?!

Baekhyun riu.

‒ Desculpa ‒ pediu de novo. ‒ Pareceu excitante te foder enquanto falava no telefone. Ver você segurando os gemidos e gaguejando foi adorável.

‒ Pude ver você se divertindo às minhas custas ‒ respondeu. ‒ Estou de mal de você agora ‒ fez manha.

‒ E se eu fizer assim, estou perdoado? ‒ Baekhyun estalou um beijo na boca de Sehun, que negou com birra. ‒ Que tal assim? ‒ Beijou sua boca de novo, aprofundando o contato daquela vez. Sehun correspondeu avidamente e sorriu no meio do beijo. ‒ Perdoado?

‒ Perdoado.

Os dois ficaram se olhando durante aquele minuto, cada um carregando um sorriso descomplicado nos lábios. Sehun empurrou uma mecha do cabelo de Baekhyun atrás da orelha e secou sua testa suada com a costa da mão. Nos olhos, a maquiagem de Baekhyun ainda se mantinha firme e bonita.  

 ‒ Eu quero fodidamente gozar dentro de você, Sehun. Não vou aguentar segurar mais ‒ o cantor falou, quebrando o silêncio.

‒ Então goza ‒ replicou simplista, iniciando um outro beijo.

O beijo não impediu que Baekhyun voltasse a estocar Sehun, dessa vez sem qualquer intenção de parar. Park Chanyeol ligou de novo, o celular perdido entre os lençóis, mas Baekhyun não parou e Sehun o beijou mais desesperadamente, como se dissesse que não deveriam ligar pra mais nada além dos dois no quarto, a cama batendo contra a parede. Baekhyun persistiu indo rápido, com força e incessante, seu pau melado de pré-gozo num vaivém dentro do orifício de Sehun. Estava louco pra gozar e faria aquilo dentro do professor. Desesperado, colocou as pernas do maior em seus ombros e passou a meter embalado por seu nome que saía dos lábios do rapaz deitado na cama, todo descabelado e de bochechas vermelhas.

  Sehun teve seu segundo orgasmo naquela noite por causa de Baekhyun, ficando fora de órbita pelo estremecimento que sentiu em cada pedacinho do seu corpo, seus músculos da barriga ardendo e se contraindo pela sensação boa, algumas lágrimas escapulindo pelo canto dos olhos. Ele repuxou os dedinhos dos seus pés e murmurou o nome do cantor mais manhoso do que nunca. Ao mesmo tempo, Baekhyun gozou abundantemente e derreteu-se inteiro dentro de Sehun, assistindo seu sêmen escorrer para fora e sujar o lençol da cama enquanto o estocava mais um pouco, dessa vez bem devagarinho. Desabou nos braços de Sehun, cansado, mas com um sorriso na boca que não ousou se desfazer por um longo tempo.

Descobriu que seu som favorito no mundo eram as batidas do coração de Sehun quando estavam juntos.

 

*

 

Sexo dava fome e Sehun não se surpreendeu ao senti-la depois que tomaram banho e trocaram os lençóis da cama. A fome que sentiu foi tanta que devorou a comida que Baekhyun trouxera e ainda encheu um prato de salgadinhos como extra e desejou por um pouco de sorvete, mas ficou calado porque Baekhyun gostava de sorvete e não podia comer por ainda estar na dieta. No entanto, nunca viu seu apetite daquele jeito, já que não era do tipo que comia muito; era mais a pessoa que se esquecia de comer ou o fazia como se fosse um passarinho. Baekhyun pareceu gostar de vê-lo faminto e empurrou coisas do seu prato na cara dura para que comesse, incentivando com um sorriso e um ditoso e sem objeções “come tudo”.

Voltaram pra cama, embolando-se na pele um do outro.

Baekhyun cheirava seu shampoo e sabonete. E Sehun gostava que ele não estivesse usando camisa, apenas com uma calça de moletom do seu guarda-roupa e sua barriga, que tinha ficado mais dura e com músculos definidos, livre para passar a mão quando sentisse vontade ‒ o que era a todo segundo.

‒ Se você não fosse cantor, o que seria?

Baekhyun fez aquele barulhinho de quem estava pensando.

‒ Rico? ‒ respondeu e Sehun beliscou seu braço.

‒ Você já é rico, diz outra coisa.

‒ Tecnicamente, eu sou um cantor.

‒ Rico ‒ acrescentou.

‒ Eu não diria dessa forma.

‒ É exatamente o que uma pessoa rica diria.

Baekhyun soltou uma risadinha.

‒ Eu vivo bem ‒ admitiu. ‒ Mas não gasto muito.

‒ Quer dizer que é pão duro?

‒ Quer dizer que eu sou uma pessoa que ganha muitas coisas e acaba não precisando comprar ‒ falou. ‒ Mas eu gosto de te comprar coisas ‒ disse em seguida, sorrindo. ‒ Não sou pão duro.

‒ Ricos falam isso.

Baekhyun deu um tapa em seu braço e Sehun riu infantilmente.

‒ Já comprou uma coisa muito cara?

‒ Acho que a casa dos meus pais.

‒ E uma coisa cara pra você.

‒ Hmm ‒ fez. ‒ Um carro ‒ contou com certo acanhamento.

‒ Você tem um carro? ‒ perguntou surpreso, mesmo que fizesse todo o sentido que tivesse quando não era segredo que dirigia.

‒ Eu mal uso, mas tenho ‒ respondeu.

‒ Tenho medo de perguntar qual é o carro e me assustar com a sua riqueza. Mas estou curioso. Me conta.

O cantor fez sinal para que Sehun se aproximasse, colocando a boca em sua orelha e sussurrando o modelo do veículo de jeito provocativo.

‒ Posso mudar seu nome de contato para sugar daddy? ‒ jogou, ouvindo o riso de Baekhyun em sua orelha pela piadinha. ‒ Seriously, you are rich, very, very, very handsome, very, very talented and yummy ‒ Sehun passou a mão na barriga do vocalista naquele instante, olhando em seus olhos agora sem lentes de contato.

‒ O que é yummy?

‒ Gostoso ‒ explicou, vendo Baekhyun sorrir grande.  ‒ How can I resist you?

Not resist? ‒ Baekhyun tentou.

Do ‒ Sehun acrescentou em tom professoral. ‒ Do not resist.

Do not resist me.

Sehun sorriu, concordando.

I probably can not.

I like it.

O professor soprou um i like too na orelha de Baekhyun e se espremeu mais contra ele, passando o braço por sua barriga e apoiando a cabeça no ombro do mais velho.

‒ Prometo te levar passear. ‒ Baekhyun fez um carinho na bochecha de Sehun. ‒ Isso pode demorar um pouquinho, mas prometo que vai acontecer. Vou te colocar no meu banco de carona.  

‒ Sério?

‒ Sério ‒ garantiu. ‒ Tem algum lugar que queira ir?

‒ Qualquer lugar com você está bom.

Baekhyun sorriu e Sehun beijou aquele sorriso.

‒ Só tirando uma dúvida ‒ o professor interrompeu o beijo ‒, você tem algo contra transar no carro?

‒ Isso é um desejo?

‒ Está mais para uma verdade, porque é o que eu vou querer fazer quando te ver dirigindo. ‒ disse. ‒ Se você colocar a mão na minha coxa ainda...

Baekhyun deslizou suas mãos pela coxa nua de Sehun e puxou a perna para seu colo.

‒ Eu vou.

‒ Então quero poder te atacar com consentimento.

‒ Você tem todo o consentimento do mundo ‒ murmurou.

Não tiveram problema em começar outra sessão de beijos igual a que fizeram no banheiro e depois na cozinha, enquanto comiam. Beijar era bom e Baekhyun gostava de beijar e Sehun também gostava de beijar, por que resistir? Não resistiram. O cantor chupou o lábio inferior do mais novo, mordiscou, sugou sua língua e ficaram se olhando tão de pertinho, os olhos desviando vez outro para a boca alheia, voltando a se beijar de novo daquele jeito lento, meio estalado, que deixava tudo perfeito.     

Retornaram à conversa anterior um tempo depois. Baekhyun respondeu a pergunta de Sehun dizendo que não se imaginava outra coisa do que cantor. A música estava em sua vida desde cedo e não via outro caminho a não ser seguir usando sua voz da forma como podia. Ele gostava de cantar. Amava. Não tinha outra coisa para fazer do que aquela. Chegou a contar que fizera parte de uma banda no colégio.

‒ Você era um garoto muito popular ‒ Sehun observou. ‒ Devia ter muitas fãs no colégio.

A bit? ‒ respondeu brincalhão.

‒ Que humilde.  

‒ Um dos meus maiores charmes ‒ devolveu. ‒ Como você era no colégio?

‒ Completamente o contrário de você. ‒ Riu. ‒ Mais tímido, mais esquisito, com espinhas.

‒ Queria ter te conhecido nessa época ‒ murmurou. ‒ Eu seria seu amigo. Melhor amigo.

‒ O garoto popular amigo do garoto tímido?

‒ Gosto de clichês.

Sehun riu em um tom baixo, negando.

‒ É sério.

‒ Você estaria ocupado demais namorando suas fãs pra se importar comigo.

‒ Olha, acredita se eu disser que não tive nenhuma namorada nessa época? ‒ falou.

‒ Não precisa mentir pra mim, seja sincero.

‒ É verdade! ‒ insistiu. ‒ Eu sou tímido com essas coisas, está bem?

‒ Não vejo você sendo tímido quando diz que quer me foder.

Baekhyun riu, dando um tapinha na coxa do mais novo.

‒ Ai, é diferente.

‒ Admita de uma vez que é um safado.

‒ Sehun, veja bem ‒ começou.

‒ Estou vendo muito bem você e sua safadeza ‒ respondeu divertido, ganhando um murro no ombro.

Baekhyun se colou a tagarelar e Sehun ficou ouvido bobo, uma parte da sua cabeça viajando longe ao imaginar como seria se Byun Baekhyun fosse seu amigo na época do colégio. Por óbvio, teria se apaixonado por ele. Teria experimentado tantas coisas com ele. Seria incrível e maravilhoso. Mas e se ele se apaixonasse por sua irmã? E se tivesse seu coração quebrado? E se agora formasse uma família no qual Sehun não passaria do cunhado? Apagou as ideias e gostou que fosse daquele jeito, que Baekhyun, por um minuto e dentro daquele apartamento pequeno, fosse todo e só seu.

‒ E você, gostaria de ser um idol? ‒ o cantor interrompeu os pensamentos do Oh.

Sehun franziu o cenho.

‒ Cantar não é muito a minha praia, não tenho uma voz bonita pra isso.

‒ Você tem. ‒ Baekhyun deu um peteleco na testa de Sehun. ‒ Não diga isso.

‒ Veja bem ‒ começou.

‒ Só vejo que você tem uma voz bonita ‒ Baekhyun contrariou. ‒ Eu gosto dela, do seu tom rouco, do jeitinho doce que tem, como fica profunda quando está sério.

O professor sentiu as bochechas quentes ao ter os dedos de Baekhyun passando por seu pomo de adão e o olhando tão profundo.

‒ B-bom ‒ retomou a conversa envergonhado ‒, se eu fosse um idol, tenho certeza que seria um bom dançarino. E você tem que admitir que eu danço muito bem.

‒ Muito bem é pouco ‒ respondeu. ‒ É bonito também. Gostoso. Poderíamos estar no mesmo grupo, imaginou? ‒ soltou animado.

‒ Imaginei. ‒ Sorriu para o mais velho. ‒ O conceito do nosso grupo seria qual?

‒ Algo com superpoderes? ‒ disse incerto, ouvindo o riso imediato de Sehun.

‒ Passar vergonha não é minha praia.

‒ Admite que seria divertido.

‒ E vergonhoso ‒ lembrou. ‒ Não teríamos muito futuro.

Baekhyun concordou com um risinho.

‒ Minha empresa queria ter um grupo assim ‒ comentou. ‒ Tinha um plano e tudo. Deveria ser um grupo grande e cheio de coisas esquisitas envolvendo tempo, espaço, eclipses, umas ideias bem estranhas que pareciam interessantes se olhadas com atenção. Eu, Minseok hyung, Jongdae, Kyungsoo e Junmyeon hyung estávamos prontos para debutar nisso. Faltavam algumas pessoas e então o grupo seria anunciado. Mas a empresa desistiu.

‒ Isso me lembra do Chanyeol ‒ disse. ‒ Antes de fazer Direito e entrar na polícia, ele queria ser cantor. Era igualzinho a você no colégio, popular e com muitas fãs ‒ segredou a Baekhyun. ‒ Ele tem uma voz linda, grossa e potente, e sabe tocar muitos instrumentos com facilidade, então fez audições para tentar a sorte. Queria entrar numa banda e ser como o CNBLUE. ‒ Sorriu com a lembrança de um Park aficionado por ser famoso.

‒ E o que aconteceu?  

‒ Embora muitas empresas tenham mostrado interesse, ele deixou quieto. Nunca me disse o motivo. ‒ Deu de ombros. ‒ Hoje em dia ele é feliz sendo fã. ‒ Sehun fitou Baekhyun e sorriu. ‒ Mas sobre nosso grupo, quantos membros seriam?

‒ Tipo o Super Junior ‒ o cantor respondeu depressa, contente.

‒ Bastante gente.

‒ Mas deve ser legal, não acha? ‒ falou. ‒ Dá pra fazer muitos amigos.

‒ É como ter um monte de irmãos.

‒ Uma família pelo resto da vida ‒ Baekhyun falou doce. ‒ E você seria o maknae ‒ completou carinhoso, apertando a pontinha do nariz do Oh.

‒ Eu adoraria ser mimado por todo mundo.

‒ Especialmente por mim.

‒ Sem dúvidas por você.

Baekhyun aproximou sua boca para beijar Sehun, segurando uma de suas bochechas com a mão.

‒ Não acho que um irmão mais velho deveria fazer isso ‒ Sehun murmurou ao se afastar um pouco.

‒ Eu nunca disse que queria ser seu irmão.

‒ Sem vergonha ‒ soprou nos lábios do menor. ‒ Cadê o papo da família pelo resto da vida?

‒ Estou tentando procurar dentro da sua boca, vem aqui ‒ pediu, puxando o queixo de Sehun para beijá-lo de volta.

Baekhyun engoliu o riso de Sehun ao beijá-lo terno, segurando-o pelo queixo e deslizando os dedos pela linha da sua mandíbula, posicionando o polegar em sua bochecha e os outros dedos atrás da orelha e pegando um pouquinho do pescoço.

‒ Você e eu estamos no mesmo grupo numa realidade paralela ‒ Sehun fez questão de murmurar assim que o contato acabou.

‒ Sendo uma família pelo resto da vida.

‒ E irmãos.

‒ Eu duvido muito dessa parte.

‒ Acha?

‒ Tenho certeza.

‒ Engraçado é que não consigo discordar.

A risadinha que escapou dos lábios de Baekhyun fez Sehun sorrir.

‒ Já é muito difícil resistir a você aqui nessa realidade ‒ disse com simplicidade. ‒ Imagina vivendo contigo todos os dias da minha vida? Te ver pelado por aí, suado, passando muitas madrugadas juntos e dividindo as agendas e compromissos? Eu já teria arranjado um jeito de colocar minhas mãos por esse corpo e te dado muito carinho.

‒ Eu gostaria.  

‒ Tenho certeza que sim. ‒ Sorriu de canto.

‒ Agora, o único lugar que você eu vamos estar é nessa cama. ‒ Sehun deitou de costas, um convite mudo para que Baekhyun girasse e subisse para cima.  

Sem reclamar, Baekhyun rolou para o colo de Sehun e prendeu seus braços acima da cabeça, os dedos entrelaçados no processo, enfiando seu rosto no pescoço alheio para lamber o pomo de adão saliente que havia ali. Migrou com a boca em direção da curva do pescoço e respirou fundo o aroma da pele. Era uma mistura do sabonete de Sehun com o seu perfume.  

‒ Posso chupar aqui? ‒ perguntou. ‒ Vai ficar uma marquinha pequena.

Em resposta, Sehun inclinou a cabeça um tantinho mais para o lado e fechou os olhos com um suspiro na boca, permitindo que sim, Baekhyun tinha total liberdade para deixar chupão que quisesse no lugar que quisesse. E o cantor estava bastante ocupado sugando a pele bem devagar, com carinho, quando o som de alguém digitando o código de acesso na porta atingiu seus ouvidos. Sehun também escutou. Os dois se olharam em silêncio durante um segundo.

‒ Consigo derrubar o cara e apagá-lo, mas você deve ligar para a polícia ‒ Baekhyun sugeriu, levantando-se depressa e tomando uma postura ofensiva.

‒ E se ele estiver armado? ‒ sussurrou. ‒ Baekhyun, volta aqui.

‒ Ele nem vai ter tempo de disparar ‒ chiou da porta do quarto, indo apagar as luzes para se posicionar atrás da porta no hall de entrada do apartamento. ‒ Vai estar no chão antes de saber de onde o golpe veio. Fica aí e não faça nada até eu mandar.

Baekhyun sabia autodefesa e tinha anos e uma faixa preta em hapkido. Tinha noção de como nocautear um cara e derrubá-lo em questão de segundos. Não seria difícil. Ainda mais se o ladrão estivesse armado. O segredo era a rapidez e precisão, antecipando os passos do oponente. E agilidade não era algo que lhe faltava. Mas seu triunfo viria da surpresa. O ladrão provavelmente não sabia que alguém estava em casa e o esperando atrás da porta, o que daria a Baekhyun grandes chances de imobilizá-lo a tempo de Sehun ligar para a polícia.

Naquele momento, não tinha muito na cabeça além de que precisava proteger o mais novo.

Apagou as luzes do apartamento e se aproximou da porta, dando uma espiada pelo olho mágico.

Era um cara grande. Imenso. Bombado. E com um cachorrinho peludo no colo? E um monte de sacolas? Reconhecia o cachorro de longe. Era Vivi.

‒ Puta que pariu, Oh Sehun! ‒ o cara xingou do outro lado, a voz grossa. ‒ Você mudou a senha de novo?

Baekhyun correu de volta para o quarto.

‒ Acredito que seja seu cunhado ‒ murmurou. ‒ Vivi está com ele.

Sehun xingou em mandarim.

‒ Você precisa se esconder depressa ‒ falou.

‒ Por quê? ‒ respondeu. ‒ Podemos nos conhecer, não?

‒ E o que vai dizer a ele sobre estar aqui? ‒ indagou. ‒ Estou transando com seu cunhado, prazer? ‒ tentou imitar a voz do Baekhyun.

‒ Eu não diria exatamente nessas palavras, tentaria ser mais delicado, mas começaria com o prazer ‒ respondeu.

‒ Delicado como?

‒ Oi, sou amigo do Sehun? ‒ testou.  

‒ Acha que isso de amizade vai colar?

‒ Bom, ele não precisa saber que é um tipo especial de amigos, mais íntimo, e que você gosta de certas partes do meu corpo dentro de certas partes do seu corpo ‒ acrescentou em voz baixa, deixando o restante no ar. ‒ Também posso tentar não te beijar na frente dele ou te agarrar toda hora.

‒ Quer mesmo fingir amizade?

Ambos se olharam profundamente. Não eram apenas amigos. Sabiam daquilo. Não se sentiam como meros amigos. Funcionavam muito bem um ao lado do outro; tinham as próprias brincadeiras, as próprias piadas, as próprias bobagens e podiam até chamar aquela facilidade de estar junto como amizade, uma camaradagem única. Só que havia muito mais além daquilo. Baekhyun não conseguia esconder o modo como olhava Sehun e Sehun não conseguiria esconder de Chanyeol que gostava ‒ e estava completamente apaixonado ‒ pelo cantor. Ainda não estava pronto para ser rejeitado, não quando tudo ia bem e parecia perfeito.

‒ Não vai dar certo ‒ Baekhyun admitiu.  

O professor coçou a cabeça.

‒ Chanyeol vai enfartar se te ver. Ele te adora.

‒ E estou transando com o cunhado dele ‒ completou.

‒ O problema nem é esse ‒ falou. ‒ Chanyeol é policial.

‒ Ele não iria me dar um tiro por ficar com você, iria?

‒ Provavelmente em mim por tirar a sua pureza ‒ respondeu, ouvindo o riso de Baekhyun. ‒ Mas sabe como são policiais, não conseguem guardar segredo com facilidade. Chanyeol já é fofoqueiro por existência e não vai conseguir manter o bico calado sobre nós dois por muito tempo, ao menos para a minha família. Ele vai contar para minha irmã, que vai contar para minha mãe, que vai contar para o resto do mundo. ‒ Mordeu o lábio. ‒ Além do mais, eu não quero te dividir com ele ‒ sussurrou, baixando os olhos para os pés. Não quero te dividir com ninguém, pensou, ficando calado sobre o resto, achando muito egoísmo e vergonha da sua parte.  

‒ Ok ‒ Baekhyun concordou, entendendo a situação. Não podia reclamar de Chanyeol porque também não era muito bom em guardar segredos; Minseok descobria todos num piscar de olhos. Para mais, sabia como era fácil e rápido para uma fofoca ou um boato tomarem proporções; não queria arrumar problemas para si mesmo e para Sehun. E Baekhyun sinceramente gostou de ouvir que Sehun não queria dividi-lo com seu cunhado, sentiu-se estranhamente satisfeito.  ‒ Onde me escondo?

Sehun esquadrinhou o quarto. Não tinha muitas opções. O apartamento era pequeno e Chanyeol tinha um hábito horrível de verificar todos os cantos da sua casa sob o pretexto de ver se se as janelas estavam fechadas, se não havia nenhum tarado debaixo da cama. Na porta, ele estava tentando digitar o código de acesso. Não demoraria para perceber que o código já não era mais a data de aniversário de Minseok ou Jongdae, e sim de Baekhyun.

Baekhyun riu abafado contra sua mão ao ver o olhar de Sehun decair para o guarda-roupa, o único lugar seguro e que Chanyeol evitava mexer desde a última vez que encontrou um dildo assustadoramente grande.

‒ Me perdoa ‒ pediu. ‒ Eu vou te recompensar por isso.

‒ Tudo bem, isso vai ser inédito.

‒ Vou expulsá-lo na primeira chance que eu tiver.

‒ Tudo bem ‒ repetiu, com mais carinho dessa vez. ‒ Mas fico feliz se eu não ter que te dividir muito tempo com ele.

  Sehun sorriu e o ajudou a se esconder. Seu guarda-roupa era grande e tinha espaço suficiente para caber uma pessoa em uma das portas onde guardava os casacos. Baekhyun sentou-se ali com seu celular e o mais novo se inclinou sobre ele para pedir desculpas mais uma vez e beijar sua boca, deixando a porta entreaberta com medo de ele não pudesse respirar direito, mesmo que a porta tivesse vários furinhos de decoração que ajudavam na passagem de ar.

Respirou fundo, acendeu todas as luzes e olhou pelo apartamento em busca de algum sinal de que havia mais alguém em sua companhia, indo abrir a porta. Deu de cara com Park Chanyeol cheio de sacolas de supermercado e seu cachorro no colo.

‒ O que diabos você está fazendo aqui? ‒ falou grosseiro.

‒ Você está em casa? ‒ Chanyeol sorriu grande. ‒ Pensei que fosse passar a noite fora.

‒ Acabei de chegar ‒ mentiu. ‒ E estava pronto para te dar um esporro pensando que era um ladrão. ‒ Quase sorriu pela imagem de um Baekhyun minutos atrás ao se colocar de modo protetor na porta todo sério e com uma pose agressiva de um homem que sabia o que estava fazendo. Gostou daquele lado que viu e não duvidou por um segundo que Baekhyun iria derrubar a pessoa e fazer um estrago se fosse necessário. Sentiu-se tão protegido e tão especial naquele momento.

‒ Você mudou a senha de novo ‒ Chanyeol reclamou, entregando Vivi para os braços do seu dono. ‒ Não é mais o aniversário do Jongdae. O que é agora?

‒ Acha que vou te dizer pra ficar entrando aqui como bem quiser?

‒ É o aniversário do Baekhyun, não é? Tive um pensamento, mas não quis arriscar ‒ Chanyeol devolveu, entrando no apartamento com as sacolas, Sehun atrás. ‒ E pensar que você nem gostava dele antes. Olha só agora. ‒ Chanyeol pousou as sacolas sobre o balcão da cozinha. ‒ Ele é seu favorito.

Sehun preferiu não responder, segurando Vivi nos braços que farejava seu corpo com afinco na tentativa de saber de quem era aquele cheiro diferente que estava por todo seu dono. Segurou o cachorro no colo com mais força com medo de que ele inventasse de encontrar Baekhyun e começar a latir. Chanyeol estava totalmente alheio a tudo, tirando coisas da sacola e se mexendo de um lado a outro. Ele sempre fazia aquilo quando algo não estava bem em casa ou no trabalho e malhar por horas na academia ou se enfiar de cabeça em mais trabalho ainda não ajudava em nada. O Park aparecia em seu apartamento pequeno demais para ele que era alguém tão grande e arrumava algum pretexto para fazer coisas e esquecer dos problemas. Trazia comida, fazia compras para um Sehun que geralmente só ia ao mercado quando faltasse tudo em casa, arrumava o encanamento, faziam maratonas dos shows do CBX; voltavam a ser inseparáveis por um tempo até Sehun obrigar que Chanyeol contasse tudo e tomasse vergonha na cara de lidar com aquilo que tivesse que tomar conta.

‒ Você trouxe sorvete? ‒ Sehun perguntou. ‒ Aquele de flocos.

‒ Seu favorito ‒ respondeu, tirando um pote gelado de uma sacola e mostrando ao rapaz. ‒ Não sou seu melhor amigo à toa. ‒ Piscou.

Chanyeol estava com roupas de quem tinha saído da academia. Usava uma regata preta muito justa que mostrava todos os seus músculos e a calça de moletom escura e que se alongava em suas pernas grandes. O cabelo estava penteado num topete. Era um homem bonito, Sehun não podia negar. Chanyeol sempre fora muito bonito e atraente. Mas já não sentia mais aquele calor e um desespero para agarrá-lo e beijar toda a sua boquinha que também era bonita. O dono de suas vontades estava escondido dentro do guarda-roupa.

‒ Aliás, gostei desse perfume ‒ Chanyeol falou do outro lado do balcão. ‒ Qual é o nome? De quem é?

Byun Baekhyun, quis responder.

‒ Não sei, é de um amigo.

‒ O mesmo amigo que estava com você na hora da ligação, não é? Transando.

Sehun sorriu.

‒ E você desligou na minha cara.

‒ Não tive opção.

‒ Pude perceber.

Vivi se acomodou em seu colo conformado que não poderia ir explorar sua casa atrás do cheiro novo.

‒ Quem é esse amigo?

‒ Pra você procurar os antecedentes criminais dele depois de olhar o Facebook?

‒ Força do hábito ‒ justificou. ‒ Mas é bom saber que meu melhor amigo não está saindo com um psicopata.

‒ Ou sendo feliz transando.

‒ Ou transando com um psicopata.

‒ Ele não é psicopata.

‒ Tem certeza?

O mais novo revirou os olhos.

‒ Agradeço a preocupação ‒ respondeu. ‒ Só que dessa vez você não terá nomes.

‒ Por quê?

‒ Porque eu quero assim ‒ falou. ‒ E ele também.

‒ Um nome não vai atrapalhar em nada. ‒ Chanyeol guardou as caixas do cereal favorito de Sehun no armário, virando-se para ele. ‒ Ou a data de nascimento. O número da identidade é melhor.

Sehun beijou a cabeça peluda de Vivi.

‒ Faz tempo que estão ficando? ‒ o cunhado inquiriu.

Conta o tempo que imaginei ficar com ele na minha cabeça?, quis perguntar.

‒ Alguns meses.

‒ E é sério ou...?

‒ Não sei ‒ admitiu baixo. ‒ Estamos só ficando, é bom assim.

‒ Vocês se falam sempre?

‒ Quase todo dia.

‒ Ele te manda presentes?

‒ Vários ‒ contou sorrindo, o urso de pelúcia gigante no chão do quarto.

‒ Ele te chama por algum apelido?

Amor vale?, mordeu a língua.

‒ Às vezes de Hun ou bebê.

‒ Chama ele por algum apelido?

‒ Não, sabe que eu sou péssimo com isso. E vai ter que tentar mais, porque não vou te dar um nome.

‒ Ok ‒ Chanyeol riu. ‒ Mas ele é bom pra você?

‒ Demais.

‒ Te trata bem?

‒ Muito bem.

‒ O pau dele é grande?

‒ Tamanho não é documento.

‒ Quando fala assim é porque o pau é pequeno ‒ o Park zombou.  

‒ Não tem nada de pequeno ‒ defendeu. ‒ É um tamanho maravilhoso ‒ continuou. ‒ E é muito gostoso por sinal.

‒ O meu pau deve ser maior que o dele.

‒ Se você gosta de se iludir, tudo bem. Não é seu pau que eu estou chupando e me engasgando de qualquer forma.

Chanyeol olhou feio para Sehun, que riu do outro lado da bancada.

‒ Como não posso ter um nome, me dê um parâmetro. Quero saber se ele é bonito.

‒ Chanyeol, ele é o homem mais lindo do mundo.

‒ O CBX e eu existimos, duvido que seja.

Sehun gargalhou.

‒ Está rindo do que, otário? É sério. ‒ Chanyeol enfiou os legumes na geladeira. ‒ Vai, me diz com quem do CBX ele mais chega perto. Quero um parâmetro.

‒ Baekhyun ‒ respondeu depressa.

Chanyeol aquiesceu.

‒ Deve ser um cara legal.

‒ Ele é.

‒ Gentil?

‒ Extremamente.

‒ Carinhoso?

‒ Além da conta.

‒ Engraçado?

‒ Me faz rir à beça ‒ contou sorrindo.

‒ Gosta dele?

Sehun quase respondeu aquilo no automático e levantou seu olhar para um Chanyeol que sorria para si.

‒ Estou sendo interrogado por acaso, Detetive Park?

‒ Gostaria de receber a resposta da minha última pergunta.

‒ Morrerá esperando.

‒ Sem graça. ‒ Chanyeol mostrou a língua e Sehun devolveu do mesmo jeitinho, como se fossem crianças.

Após guardar tudo, Chanyeol colocou uma bandeja de frutas na frente de Sehun para que ele comesse.

‒ E o Jongin? ‒ perguntou. ‒ Aquele amigo que te falei.

‒ O que tem o Jongin?

‒ Está falando com ele?

Sehun comeu um pedaço de maçã e deu outro a Vivi, negando com a cabeça. O máximo que ele e Jongin tinham chegado perto de se falar era através das curtidas no Instagram e comentários que um deixava na foto do outro; além do dia em que Sehun viu Jongin em frente ao colégio onde ele dava aulas, descobrindo que era professor da sobrinha dele. Eles deram um tímido oi um para o outro e, talvez pela vergonha, cada um seguiu seu caminho. Sempre que se viam no colégio, quando Jongin buscava a menininha, falavam oi e sorriam.

‒ Ele é um cara legal ‒ Chanyeol começou. ‒ É doce, gentil, amoroso e muito atencioso ‒ listou. ‒ Ele saiu de um relacionamento faz algum tempo e está tentando seguir em frente.

‒ E? ‒ Sehun perguntou.

‒ Você é um rapaz legal, que merece estar com alguém bom.

‒ Já estou com alguém, Chanyeol.

‒ Mas não sabe se é sério, se ele quer algo a mais com você ‒ argumentou. ‒ Deve ter uma segunda opção. ‒ O cunhado olhou com afeto para Sehun. ‒ Não precisa sair com ele. Só converse, o conheça. Vai gostar de Jongin.

Sehun achou melhor não falar mais nada, aquiescendo.

Comeu mais alguns pedaços de fruta, vendo seu cunhado lavar a louça da pia e limpar o balcão.

‒ Por que você está aqui a essa hora? ‒ perguntou.

‒ Vim trazer suas compras.

‒ Não é só isso.

‒ Vivi estava com saudade. ‒ Apontou para o cachorro que o olhava daquele jeito como se o estivesse julgando.  

‒ Sabemos que não é isso ‒ Sehun respondeu. ‒ O que aconteceu, Chanyeol? O que você fez?

‒ Por que está supondo que eu fiz alguma coisa?

‒ Por que você não faria alguma coisa? Ainda mais você.

‒ Me senti levemente ofendido.

‒ É pra ofender gravemente ‒ retrucou. ‒ Desembucha.

Chanyeol suspirou e coçou o cabelo, desfazendo o topete.

‒ Bom, talvez eu tenha feito.

‒ Talvez?

‒ A julgar pelos três testes de gravidez positivos, suponho que fiz muito bem.

Sehun arregalou os olhos.

‒ A noona está grávida de novo?

‒ Sim ‒ respondeu acanhado.

O mais novo riu alto, balançando Vivi.

‒ Ah, que notícia excelente! A Chaeyoung vai ter um irmãozinho.

‒ Ou irmãzinha.

‒ Vou ser tio de novo ‒ comemorou. ‒ Estou feliz!

‒ Sua irmã não compartilha do sentimento ‒ disse com um beiço.

‒ Por quê?

‒ Começando pelo fato de que a minha árvore não deveria dar mais frutos depois da suposta vasectomia que ela me mandou fazer?

O professor franziu o cenho.

‒ Vasectomia? E você não fez?

‒ Não consegui, fiquei com medo ‒ admitiu com vergonha. ‒ Tentei usar a desculpa do milagre quando ela veio me jogar na fuça os testes, mas não deu certo. E ela ficou ainda mais puta depois que eu disse que só queria mais um bebê depois desse pra fechar a fábrica definitivamente.

‒ Disse isso pra noona?

‒ Sabe que meu sonho foi ter um trio.

‒ CBX ‒ Sehun falou, lembrando que o cunhado tinha um sonho bobo desde sempre de ter um bebê com cada letra do nome do trio.

‒ É ‒ concordou desanimado.

‒ Por que não usou camisinha?

‒ Usar a camisinha não é tão gostoso e eu e ela somos casados, então... ‒ a voz morreu. ‒ Você usou camisinha quando transou hoje, não usou? ‒ perguntou de súbito, encarando Sehun.

‒ Chanyeol, não sou adolescente.

‒ Mas você usou?

‒ O foco aqui não é minha vida sexual ‒ cortou rápido, não querendo que seu rosto ficasse vermelho em recordar que ele e Baekhyun sempre transavam sem camisinha e que gostava tanto daquilo. ‒ Pediu desculpas pra ela?

‒ Não.

‒ Tem que voltar lá e pedir desculpas, nem que seja de joelho. Onde está a Chaeyoung?

‒ Na sua mãe.

‒ Por que não volta pra casa e tenta se acertar com a noona? Compra o chocolate que ela gosta, aquele de cookies, faz uma massagem, liga o som, deixa as coisas rolarem.

‒ Está me dizendo pra transar com a sua irmã?

‒ Não preciso da imagem mental disso. ‒ Sehun fez cara de nojo. ‒ Mas sim, qual o problema? Grávida de novo ela não pode ficar.

‒ Você está me tocando daqui, não é?

‒ Quer a mentira ou a verdade?

‒ A mentira.

‒ Sim, estou.

‒ E a verdade?

‒ Vai embora.

‒ Grosso ‒ Chanyeol xingou.

‒ Você deixou minha irmã grávida sozinha em casa, quer que eu seja o quê? ‒ defendeu-se.

Chanyeol abaixou os ombros e concordou.

‒ Vou pra casa.

‒ Vai tarde.

‒ Você poderia ao menos fingir que gostou da minha visita, sabe?

‒ Já estou fingindo e esse é o máximo que consigo ‒ deu como resposta. ‒ Leve esse traseiro sem bunda para longe de mim.

O Park mostrou o dedo do meio e recolheu as chaves do carro.

‒ Não se esqueça do almoço na sua mãe no próximo fim de semana, tá? Os parentes vão vir. Recomendo chegar cedo ou não vai conseguir comer.

‒ Ai, será que pode dizer que fiquei doente?

‒ Essa desculpa já ficou velha ‒ Chanyeol disse. ‒ Ou você vai ou sua mãe vem te buscar. E você sabe que a sua mãe é dessas.

Sehun suspirou derrotado.

‒ Vá pela comida ‒ o cunhado falou, indo em direção da porta.

‒ Que comida se aqueles monstros comem tudo?

‒ Chegue cedo ‒ Chanyeol recomendou. ‒ Por que não leva o cara com quem está saindo?

‒ Nem pensar.

‒ Ele parece ser maravilhoso, por que não?

‒ Porque a família não gostaria dele. Nem mamãe.

‒ Para sua mãe não gostar de alguém a pessoa tem que ser horrível. Quero um nome.

‒ Vai embora, pelo amor Deus.

Sehun acompanhou Chanyeol até a porta, Vivi ainda nos braços.  

‒ Sério que não posso ficar mais um pouquinho? ‒ o Park perguntou a Sehun com um biquinho. ‒ A minha arma está em casa e sua irmã sabe usar.

‒ Quem foi o burro que ensinou? ‒ Sehun jogou afiado.

‒ Eu, mas para que ela pudesse se defender! Não matar o marido que não fez a vasectomia.

‒ Sabe que ela não vai te matar ‒ Sehun garantiu. ‒ Ela te ama. Mas não garanto nada que não faça a vasectomia por si própria. A pontaria da noona é boa?

‒ Perfeita.

‒ Então nada de mais importante será atingido. ‒ Sehun riu da cara de Chanyeol. ‒ Vá em paz, amigo. ‒ Acenou. ‒ Você será lembrado com carinho se morrer.

‒ Sehun!

‒ Eu te amo! ‒ gritou, fechando a porta e apertando Vivi nos braços.

Praticamente correu em direção do quarto, abrindo a porta do guarda-roupa e encontrando Baekhyun ali, encolhidinho, o queixo apoiado nos joelhos e os cabelos escorrendo na testa. Era uma cena adorável se não estivesse se sentindo mal por precisar escondê-lo.

O cantor sorriu para si ao vê-lo, olhando para Vivi que estava em seus braços e abrindo um sorriso ainda maior. O cachorro foi de bom grado para seu colo, finalmente satisfeito por encontrar o dono do cheiro que havia em Sehun.      

‒ Tá tudo bem? ‒ perguntou, tocando a testa de Baekhyun e sentindo sua temperatura por motivo nenhum. ‒ Me desculpa ‒ pediu. ‒ O Chanyeol é bem inconveniente quando quer.

‒ Me senti como aqueles namoradinhos se escondendo dos pais do namorado no guarda-roupa ‒ disse rindo, passando a mão nos pelos macios de Vivi. ‒ Foi divertido. ‒ Baekhyun deixou sua boca ser lambida por Vivi, correspondendo com um beijinho em suas orelhas. ‒ Então aquele é o famoso Chanyeol.

‒ É.

‒ Bem grande, não?

‒ Assusta, mas é tudo fachada.

‒ Viu o tamanho daquele braço? ‒ perguntou incrédulo.

‒ É um amor de pessoa em tempo integral. Só tem tamanho mesmo ‒ Sehun falou.

‒ Tamanho só de altura, porque pelo que ouvi o pau dele é pequeno.

O rapaz gargalhou.

‒ Há quem goste.

‒ E ao que parece, você gosta do meu.

Sehun sorriu safado.

‒ Nem tem ideia do quanto.

Baekhyun correspondeu o sorriso e faria algo a respeito daquilo se o cachorro de Sehun não estivesse em seu colo ou não fosse tão fofo e carinhoso. Será que poderia levá-lo para casa dia desses? Mongryoung ficaria louco por uma companhia.

Seguiu Sehun para a cama, sentando-se ao seu lado com o cachorro no meio dos dois.

‒ É verdade aquilo? ‒ perguntou.

‒ O quê?

‒ Sua família não gostaria de mim?

‒ Falei aquilo ao Chanyeol brincando ‒ explicou. ‒ Minha família inteira se apaixonaria por você. Inclusive, minha mãe é muito sua fã desde que assistiu o reality show.

‒ Sua mãe tem bom gosto.

‒ O favorito dela é o Jongdae, mas você é o meu.

Baekhyun sorriu de canto, brincando com as orelhas de Vivi.

‒ Parece que seu domingo vai ser agitado.

‒ Almoço em família ‒ suspirou. ‒ Queria poder fugir, mas a comida da minha mãe não permite.

‒ Gostaria de experimentar a comida da sua mãe.

Sehun fixou seus olhos em Vivi que estava interessado em Baekhyun.

‒ Eu gostaria que você estivesse lá ‒ disse baixinho.

‒ Eu gostaria de estar ‒ ouviu.

Os olhares se cruzaram. E por um minuto, mesmo que pequeno, a cabeça deles se encheram de imagens bobas dos dois juntos em um domingo em família, com comida caseira e os dedos entrelaçados debaixo da mesa.

Vivi latiu em busca da atenção de Baekhyun e a fantasia se dispersou no ar, sem de fato ir embora.  

 

 

 

 

 

 

 

O quarto estava escuro e nenhum dos dois dormia.

Baekhyun se encontrava daquele jeito que gostava de ficar com Sehun, colado a alguma parte do corpo do mais novo, os dois se tocando e próximos com calor e afeto em abundância. O cantor se remexeu e suspirou, não aguentando mais segurar aquilo que o incomodava fazia tempo e não permitia que dormisse em paz.

‒ Quem é Kim Jongin?

Sehun não demorou para responder.

‒ Um amigo de Chanyeol ‒ falou calmo, a sua voz naquele tom que Baekhyun poderia ouvir sem cansar.

‒ Já conversou com ele?

‒ Ainda não.

‒ Ainda ‒ Baekhyun repetiu.

‒ Você acha que eu devo?

Byun ficou em silêncio, pensando.

‒ Fazer uma nova amizade é bom ‒ ponderou sabiamente.  

‒ E beijar a boca dessa amizade?

O vocalista parou de respirar.

‒ Você quer beijar esse Jongin? ‒ sussurrou.

‒ Você também gostaria. Ele tem uma boca bonita ‒ disse com um sorriso na voz.

Embora fosse uma tentativa de brincar da parte do Oh, Baekhyun sentiu um desespero no peito.

‒ Você quer, Sehun? ‒ quis saber. ‒ Quer beijar esse cara?

‒ Por que não me diz você? ‒ Sehun murmurou. ‒ Quer que eu beije Jongin?

Sua cabeça se movimentou em um não, mas Sehun não conseguiria enxergar no escuro.

‒ Eu seria muito egoísta em dizer que não quero?

Sentiu a respiração de Sehun em seu rosto, seu nariz roçando em sua bochecha.

‒ Gosto do seu egoísmo sobre isso ‒ declarou. Um carinho úmido foi deixado em seu queixo, subindo para seus lábios. ‒ Baekhyun  ‒ Sehun pronunciou seu nome carinhosamente, derretendo alguma coisa dentro de si ‒, a única boca que eu quero beijar é a sua ‒ confessou. ‒ Sempre.

Foi beijando Sehun no escuro do quarto, sentindo seu corpo se unir ao seu novamente com simplicidade, que Baekhyun finalmente compreendeu o que Minseok queria dizer quando repetia inúmeras vezes para não ser pego.

Tinha sido pego. Há muito tempo.

Em seu coração.  

E não daria certo, porque Baekhyun estava fadado a não ser feliz quando gostava de alguém.

 


Notas Finais


se você chegou vivo aqui depois de ler tudo isso, eu agradeço de coração ♥

e gostaria de compartilhar essa fancam do baekhyun em vroom vroom num festival esse ano, porque é esse o cabelo descrito e o visual tbm assim como ELE TÁ PUTAÇO DE SEXY PERFORMANDO ESSA MÚSICA, veja e tenham o pinto imaginário duro: https://www.youtube.com/watch?v=aeBsTTrhHcU

eu tinha mais alguma coisa pra falar mas eu esqueci, então vai o meu imenso OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ♥


qualquer coisa no tt (prolyxa) ou aqui: https://curiouscat.me/prolyxa

té ♡


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