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História Fast. It Takes a Long Time. - O Fim do Outono


Escrita por: TIBMatt

Notas do Autor


Bom, parece que a procrastinação está me deixando trabalhar até então. Agradeço pelo feedback de vocês!

Capítulo 3 - O Fim do Outono


Fanfic / Fanfiction Fast. It Takes a Long Time. - O Fim do Outono

Eu me pergunto se ele sorri quando está só, se é somente na minha frente que ele demonstra tamanha melancolia. Caso seja, direi a ele o quanto é sádico.

Cada parte de mim deve ter se tornado amarga para ele, e cada parte dele se tornou picante para mim. Cada parte de nós está tão longe de ser doce:

— Por que você bateu nele?

O rosto de Butters ainda estava roxo naquele dia. Sua voz doía tanto, era tão pesada de se ouvir:

— Ele te bateu! Fudeu com a sua cara! Foi só um tapa, e poderia ter sido pior!

A minha voz era tão baixa comparada a dele. Mas como eu poderia gritar contra? Isso não existe, um mundo onde eu grite com Butters Stotch simplesmente não existe. Ele estava tão furioso e frustado, e eu estava tão... Roxo. Eu havia levado muros também:

— Ele ainda é o meu pai, droga!

Eu não sei o quanto ele chorou naquela manhã, o quanto ele tem chorado desde então. Será que ele derramou muitas lágrimas em mais de um mês? Ele não me deixaria saber, porque eu sou realmente amargo. Sou péssimo para se engolir.

Eram seis da manhã quando acordei, a luz do sol fraco entrava pelas rachaduras e a velha e quebrada janela. Às vezes eu me pergunto porque a luz quer tanto adentrar esse lugar, ela nunca percebe que não lhe resta espaço.

Eu o olhava, era belo vê-lo dormir. Ele deveria estar exausto, seus músculos já devem ter se acostumado com o trabalho, mas talvez pudessem estar se rasgando aos poucos.

Já faz um mês desde a briga com Stephen, minhas mãos já estavam curadas e meu rosto já estava bem, mas as mãos dele estavam cada vez mais desgastadas, o rosto cada vez mais triste.

Eu não sei por quantos minutos o encarei, mas eu fiquei lá até que não pudesse mais aguentar.

Quando sai do quarto e passei pela sala vi que Kevin não estava deitado como de costume, ele estava na cozinha, checando a geladeira:

— Hoje também não tem nada para comer. — Butters já não fazia o café da manhã. — Por que você não comprou o leite?

— Por que ninguém nessa casa bebe leite! — Respondi, irado. Doía vê-lo.

Ele fechou a geladeira pacificamente, estava estranhamente calmo naquela manhã.

Procurei por vários armários as torradas que eu havia comprado na noite anterior. Apenas torradas, eu não precisava de mais nada. Me sentei sobre a mesa, pois sabia que Kevin havia sentado na única boa cadeira. Eu me mataria antes de sentar sobre ela:

— Faltam cinco dias para o Natal. — Kevin anúnciou, me mantive em silêncio. — E como o inverno começa amanhã, preciso parar de dormir no sofá.

Estará fazendo um favor ao mundo, mas deixará o seu rastro podre no sofá.

Eu sei que ele queria algo de mim. Esperava uma resposta, atenção ou algo do gênero. Eu jamais o daria o que queria.

Eu odeio Kevin McCormick, e a magia do Natal não vai mudar isso.




A última manhã de outono era quase uma manhã de inverno. Eu podia sentir o vento gelado adentrando pelos pequenos buracos de meu casaco. Me perguntava se Butters, de alguma forma, poderia ser um esposo perfeito que concerta roupas rasgadas.

As folhas de outono haviam acumulado ao lado de fora da casa, logo a neve chegaria e deixaria tudo mais horrível. Eu deveria limpar aquilo, mas eu queria ao menos contar com a ajuda de alguém.

Ignorei as folhas, a futura neve e a temperatura. Ignorei minhas fantasias esquisitas. Quando eu ignoro as coisas, tudo fica mais fácil.

Por alguns segundos eu não me via em confronto com Butters ou com ódio por Kevin, mas não durou muito, porque eu não sou capaz de ignorar tudo para sempre.

Levei minutos e mais minutos para chegar à casa dos Tucker. Karen havia dormido lá na última noite, ela tem se apropriado do conforto dos Tucker há semanas.

Eu queria que ela estivesse lá, queria que estivesse em qualquer lugar que não fosse nossa casa. Eu sei que ela dorme bem, come bem, tem um sabonete com cheiro de lavanda e não precisa escutar minhas discussões com Kevin.

Ainda que eu amasse que ela estivesse fora daquele inferno, eu precisava vê-la. Quando bati na porta dos Tucker, Craig atendeu. Ele olhou para minha cara de forma cética, e então fechou a porta. Esperei por mais alguns minutos e Karen abriu a porta.

Me abraçou, e eu a abracei de volta. Quando fazemos isso, parece que nunca é inverno:

— Você veio cedo hoje. — Ela disse, ainda me abraçando.

— É, eu estava com saudades.

Nos sentamos à beira da calçada, sobre o chão gelado, mas sem neve. Para ela, entreguei um broche, pois às vezes comprava coisas banais e bonitinhas para ela.

Eu sei que não deveria, pois tenho um milhão de contas a pagar e nem sempre tenho o suficiente, mas era para Karen, ela gostava deles:

— Como foi à noite? Dormiu bem?

— Huh! Tricia e eu jogamos banco imobiliário até tarde.

— Você tem ido dormir tarde? — Questionei, cético.

— Nem vem, eu já tenho idade pra isso. — E de fato tinha.

Observamos a rua por mais alguns minutos. Brincamos, vendo quem contava mais carros azuis e amarelos. Karen é a única parte do meu mundo que não se distorceu:

— Kenny, posso te pedir algo? — Ela pareceu um pouco mais apreensiva. Eu ainda procurava por carros azuis.

— Diga. — Não havia sequer um Fusca.

— Eu... A senhora Tucker... A senhora Tucker me convidou para passar o Natal com eles. E eu queria saber se...

Ela se calou, mas eu havia entendido tudo. Ainda assim, apenas a encarei, forçando que terminasse:

— Eu sei que o Natal é um dia para se passar com a família...

Essas foram suas palavras finais.

Voltei a procurar pelos carros:

— Seria grosseiro recusar o convite da Sra. Tucker. — Eu sei que ela havia dado um pequeno sorriso. — Passe o Natal aqui. Eles também são uma família para você, não são?

Eu senti seus braços envoltos a mim, o vento gelado que entrava por meu casaco já não machucava:

— Obrigada!

— Sem problemas. — A abracei de volta.

Ficamos lá por mais alguns minutos, dias, anos ou décadas — não sei muito bem —, até a Sra. Tucker aparecer na porta, nos chamando para se abrigar do frio. Karen correu até ela, e eu lhe acompanhei.

Pedi para que Karen entrasse para que eu pudesse conversar com a Sra. Tucker. Ela possuía um ar tão gentil, era deslocado do inverno:

— Obrigado mais uma vez por estar cuidando da Karen.

— Não precisa agradecer, ela é ótima. Ela te contou sobre o convite para o Natal? — Era... Tão gentil.

— Contou sim.

— Espero que não seja um incômodo. — Muito gentil...

— Eu quem o diga. Trarei o dinheiro referente às despesas de Karen assim que possível.

— Você não precisa se preocupar com isso. — E só isso, gentil.

— Eu trarei. Vocês têm sido ótimos para ela, pagarei de alguma forma.

— Fazemos isso porque gostamos de Karen, não se preocupe com o dinheiro.

— Fico feliz em saber disso.

— Lhe desejo um feliz natal, Kenny.

— O mesmo, Sra. Tucker.

Eu definitivamente estava feliz em saber que Karen não estava em casa.




Ao meio dia eu sempre estou na farmácia, organizo as prateleiras e atendo aqueles que almejam drogas.

Talvez eu seja aquele que as odeie, aquele que não quer que drogas existam, portanto, eu sou um hipócrita por trabalhar em um lugar desses.

Butters pode achar que eu saio às seis e meia da tarde, mas a verdade é que sempre saio às cinco.

São apenas cinco horas de trabalho semanal, por isso ganho tão mal.

No final do expediente sempre vou ao lago, lá eu posso me despir de tudo. Não há problemas, irmãos, dívidas ou drogas. Existe apenas eu e uma bela paisagem. Talvez essa seja mais uma forma de ignorar, e eu a amo.

Fazem alguns anos que eu fumo, e toda vez que eu acendo um cigarro sinto vontade de socar meu próprio rosto:

— Você deveria estar aqui para me impedir, idiota...

Não foi diferente naquela vez. Pressionei a bituca de cigarro quente sobre minha pele, grunhidos foram soltos. Ao menos eu poderia me torturar por fazer algo tão hediondo.

Enquanto fumava podia ver a fumaça se diluir com o ar e ir embora, deixando apenas eu e a nicotina para trás. Meu cérebro ficava cada vez mais doente, então eu apenas observava as pequenas cicatrizes que haviam em meu braço. Brigas, discussões e satisfações, eram isso, não cicatrizes.

Logo o lago estaria congelado, sem espaço para os patos nadarem. A neve iria sufocar a grama e ar não seria mais amigável. Foi somente depois de pensar em tudo isso que me lembrei que deveria comprar uma manta de inverno.

Butters deveria estar pensando em várias outras coisas, por isso não de lembrou de comprar uma.

Joguei o cigarro no lago gelado — porque sou alguém terrível — e me levantei, eu a compraria para mantê-lo aquecido, e, se possível, menos infeliz.

Cheguei em casa quando as estrelas já haviam tomado aos céus, já não haviam folhas espalhadas por todos os cantos, presumo que Butters tenha limpado tudo.

A casa estava fria quando entrei, eu deveria ligar o velho e quase morto aquecedor. Eu nunca sei se ele vai durar até o final da estação, mas espero que ele aguente pelo menos até o ano que vem.

Butters não estava em casa, estava trabalhando. Kevin havia deixando o sofá para trás, e um buraco nele, apenas mostrando que aquele era seu território.

Às vezes, mesmo que a casa não fedesse, eu sentia um cheiro de podridão e ânsia de vômito. Poderia ser apenas repúdio por aquele lugar.

Fui para o quarto, troquei de roupa e me joguei à cama. Tinha o cheiro dele, portanto eu não senti vontade de vomitar e jogar minhas tripas para fora. Estava tudo bem.

Em algum momento eu dormi, e no outro acordei com a manta sobre mim e Butters ao meu lado, eu nunca soube que horas eram. Eu dormi novamente. Ele estava menos picante.

Possivelmente, já era inverno, mas tudo estava mais quente com ele ao meu lado. 


Notas Finais


Eu juro que não desisti da narrativa em terceira pessoa e que isso ainda é Bunny!

Por favor, caso tenham críticas negativas não se esqueçam de deixar aí nos comentários. Afinal, críticas são importantes, independente de serem negativas ou positivas. Até a próxima!


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