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História Favorite Boy - Jeon Jungkook - Primeira e Última Vez;


Escrita por: Sinkyhu

Notas do Autor


Oioi gente💜

Não tive tempo de revisar se esse capítulo estava bom, já que me expulsaram do computador ;-;

Espero de verdade que a montanha-russa seja boa~

Boa leitura✨

Capítulo 12 - Primeira e Última Vez;


Fanfic / Fanfiction Favorite Boy - Jeon Jungkook - Primeira e Última Vez;

“Cuidado com tudo o que vem daquele flautista, principalmente um herdeiro.”

 

Foi o que Jane Van Pelt sussurrou para mim antes de abrir a porta da mansão, com um sotaque alemão fortíssimo. Assim como a Sra. Jeon, tinha olhos extremamente vermelhos e uma pele pálida como giz. Eu não sabia ao certo o que pensar sobre ela, mas sabia que havia algo de muito ruim e assustador nela. Tanto, que Jungkook não me permitiu ficar nem menos de um metro próxima dela.

Assim que notamos que a chuva ainda estava intensa, minhas roupas não haviam secado e meus calçados não resistiriam a lama que devia haver em toda a estrada da colina, Eun-hye foi direta com o filho:

— Leve-a para casa com o automóvel.

O carro não irá subir novamente com a estrada assim. É sensato que ela fique, e temos inúmeros aposentos apropriados para damas solteiras — ouvi a voz de Jane alertando ao longe. 

Jungkook se virou de modo brusco para a dona da mansão, e vi que seu olhar para esta era o mais gelado que já vi, e tive que desviar minha atenção mesmo que não fosse para minha direção. Havia algo que parecia carregar muito ódio, revolta e rancor por aquela mulher.

 

— Se a Dauphin passar a noite por aqui, ela ficará em meu quarto sob minha companhia.

 

Minhas bochechas ganharam um tom muito rosado ao ouvir aquilo, tanto que escondi aquilo com a palma das mãos. Sabia muito bem que a declaração de Jungkook, por mais ambígua que fosse, não tinha o sentido que era habitual para pessoas de nossa idade. A companhia dele não tinha nenhuma entonação sexual ou ligada a malícia de passar a noite no mesmo espaço, e sim em… 

Cuidar de mim.

Era nobre e delicado demais, e ele ainda conseguia ser estranhamente gélido agindo com sua educação. Jungkook me confundia e me encantava todos os dias, em todos os momentos. E aquele realmente havia me deixado tocada.

— Isso é inadmissível — a ruiva ditou, com a testa franzida. — Isso é impróprio em inúmeros fatores, ainda se tratando de um Hamelin e uma dama de boa moral — Era impressão minha, ou ela o estava diminuindo? —  Já quebrou regras demais por hoje e sou irredutível em minhas condições.

O olhar de Jungkook para ela piorou numa quantia que eu acreditava ser impossível, mas ali estava. Foi tão forte que a mulher finalmente estremeceu e levou suas íris para bem longe da linha de visão dele. Contudo, ficou calada e não fez nada que significasse algum tipo de mudança de ideia sobre o que havia acabado de dizer e ordenar para que eu permanecesse na Van Pelt durante a noite. Era claro que tinha uma mente limitada e maldosa.

Fui tirada de meus pensamentos com a mão de Jungkook agarrando meu pulso, fazendo com que eu me sentisse mais aquecida, já que a chuva e as temperaturas de Gales estavam baixando drasticamente nos últimos dias. Quando me dei conta, já estava sendo puxada em direção a sua Mercedes com bastante pressa da parte dele. Não hesitei em entrar e colocar o cinto de segurança, notando que o moreno havia tomado a decisão sobre o que fazer.

Antes de entrar no carro como eu, se virou para a mãe e Jane que ainda estavam na entrada, observando tudo em silêncio. A chuva estava forte, então aquele pouco tempo exposto já havia sido capaz de molhar seus fios negros. Ele ficou bonito assim.


 

— Não vou lhe dar uma humana numa bandeja de prata para que a machuque, Jane! — rosnou contra um trovão. — Se for atrás da minha Dauphin e encher a mente dela com suas tolices, vai descobrir como é morrer pela segunda vez!


 

Minha.

Ele disse “minha”.

 

Quando suas palavras pararam de repetir em minha mente, notei que já havia dado partida no carro, e eu podia ver o brilho da Hamelin no banco de trás. Ele realmente parecia não gostar de deixar a guitarra sozinha. A floresta que tinha na colina ficava ainda mais sombria e tenebrosa naquela noite, eu não sabia como ele conseguia enxergar tão bem. Os faróis tinham uma boa iluminação, mas o que vinha logo à frente ficava irreconhecível. 

E ainda tinha um bosque longo depois da colina, cheio de lobos e árvores altas. Se encontrássemos algo ou um animal parasse em nossa frente, as coisas se complicariam. Muito perigoso, com certeza.

— Não vamos bater numa árvore, eu prometo — murmurou.

Me virei, surpresa. Eu havia deixado tão claro que estava insegura de nosso caminho? Meu rosto não era muito previsível, então como ele sempre respondia justamente as perguntas paranóicas de minha mente?

— Não diga que pode ler meus pensamentos.

Ele deu uma risada fraca, e estremeci ao ver que o carro talvez houvesse passado por algum galho nas laterais. Não parecia preocupado com aquilo, como se pudesse consertar a pintura e a lataria num piscar de olhos.

Às vezes eu consigo — respondeu naturalmente, me fazendo prender a respiração —, mas prefiro evitar. Você é quase hipocondríaca, paranóica e ansiosa. Se eu ficasse desvendando sua mente a cada segundo para encontrar as respostas ou detalhes que me interessam, eu poderia acabar enlouquecendo ou tomar atitudes estranhas, como tentar insistentemente te proteger de tudo o que te atormenta até que tenha paz interior.

Sua sinceridade repentina sempre me deixava sem reação por quase um minuto. O pior de tudo era que tinha razão, bisbilhotar minha mente poderia ser… Cansativo.

— Tudo me atormenta… — respondi, num fio de voz.

— Exatamente. Nem o Batman poderia te proteger de tudo.

Aquela frase foi um alívio cômico chocante e instantâneo:

— Você conhece o Batman?!

— Ele existe desde 1915, Dauphin. Além disso, me simpatizo com o estilo dele.

“Dois góticos de humor inconstante” — pensei, mas não tive coragem de dizer. A resposta que ele teve foi apenas a minha risada por meus próprios devaneios. Contudo, me lembrei do detalhe anterior e seus olhos pousaram nos meus de modo intenso, como se soubesse que tirei sarro de sua fala internamente. Suas sobrancelhas bem desenhadas se franziram de modo irônico enquanto me fitava da cabeça aos pés:


 

— Um “gótico de humor inconstante” e uma pseudo-vitoriana neurótica. Eu devia me casar com você.


 

Aquela piada pareceu mais verdadeira do que eu poderia imaginar, e também não parecia uma ideia tão ruim. Talvez, Jungkook estivesse se tornando realmente importante para mim. Contudo, a situação me fez apenas rir. Eu não sabia se a seriedade que eu havia encontrado em suas palavras eram verídicas ou apenas mais um assombro de minha mente, e se para ele fosse apenas uma brincadeira mesmo.

Quando já havíamos descido as estradas íngremes da colina, os primeiros rastros do bosque surgiram. Enquanto as músicas variadas e melancólicas do Jeon tocavam, eu observava os rastros de toda aquela escuridão e pensava na loucura que minha noite havia sido. 

Se eu ficasse em casa, não teria descoberto nem metade do que descobri, nem sentido um fio do pavor que senti. Contudo, o choque e o medo valeram a pena. Eu enfim soube que Jungkook tinha origens e parentescos sobrenaturais, e que tudo o que eu imaginava não era apenas um delírio interno e persistente. Mas foi impossível não suspirar ao notar que ainda haviam muitas perguntas sem respostas.

— Pergunte, e talvez eu responda — o moreno respondeu.

— Oh… Certo.

Meus olhos foram até sua mão tatuada no volante enquanto eu organizava tudo o que precisava. Todavia, aquilo apenas me fez demorar mais, e ter mais uma pergunta:

— Como conseguiu essas tatuagens? — afinal, ele disse que saiu de casa pela primeira vez para o curso de artes, e já as possuía quando chegou na faculdade.

Segredo.

Talvez minha reação com a quebra de expectativa foi tão grande, que ele gargalhou como um pirralho debochado, totalmente entretido. Precisou me prometer que responderia de modo decente para que eu continuasse:

— Qual a sua idade real?

— Vinte e quatro.

— Estou falando sério! — reclamei.

— Eu também. 

— Mas, a sua mãe…

— Ela tem quarenta e oito e conheceu meu pai quando tinha vinte e três.

Certo, eu poderia estar sendo injusta no início…

Mas aquela conta não fechava de jeito nenhum.

O pai de Jungkook pertencia a um conto de fadas contado pelos famosos Irmãos Grimm, mas talvez fosse o único de todos os contos que não fosse uma mera ficção criada pelos medievais. A maior prova de que o Flautista de Hamelin realmente existiu, era um escrito que havia em uma das casas da cidade que permaneceu intacto e legível com o passar dos anos:

 

“Em 26 de junho de 1284, no dia de São João e São Paulo, 130 crianças nascidas em Hamelin foram retiradas da cidade por um flautista vestido com roupas multicoloridas. Depois de passar pelo Calvário perto de Koppenberg, desapareceram para sempre"

 

Aquilo ocorreu antes mesmo da Peste Negra, há 737 anos. Como aquele homem de vestes estranhas poderia ter se encontrado com a Sra. Jeon em 1996 e ter tido algo que resultasse na exuberante existência do que estava ao meu lado?

As perguntas vieram como um disparo de meus lábios:

Se sua mãe não é tão velha assim, como se encontrou com o Flautista de Hamelin? O que você é, já que ela com certeza é uma vampira? E por qual razão não ficaram juntos depois que você nasceu?

Jungkook parou o carro repentinamente no meio da estrada escura, e eu podia escutar as corujas ao longe nas árvores mais altas. Talvez eu não devesse estar exagerando nas perguntas ou insistindo em contrariá-lo, ele ainda devia estar surpreso por eu não estar gritando e querendo sair daquele carro como se ele fosse um assassino de filmes de terror. E talvez, sinceramente irritado com o modo que lhe perguntei.

Contudo, seu “período raivoso” parecia estar demorando demais. Seus olhos escuros estavam concentrados na estrada e ele bufou impaciente bagunçando os próprios fios longos e escuros. Então notei que toda aquela impaciência não parecia ser algo a meu respeito…

— Jungkook… — o chamei com cuidado. — O que foi?

Seu indicador apontou para a estrada vazia de modo impaciente e furioso, me deixando… Completamente perdida.

 

Esses fantasmas em passeata sempre bloqueiam a maldita estrada — resmungou, chateado.

 

Pisquei incrédula, com a palavra “fantasma” vagueando em minha mente. Eu realmente queria que fosse um lobo ou algum tipo de cobra do que um conjunto de assombrações diante de nós.

— Perdão, você disse fantasmas?

— Bom, como queria tanto saber sobre alguma anormalidade minha… Eu sou um médium e vejo qualquer tipo de espectro, tanto de humanos quanto de animais.

Oh, aquilo explicava os gritos que havia dado para a suposta “Elionore”. Era mesmo com esta que estava falando, mas no caso, apenas com o que restou de consciência dela em outros planos… A maneira que ele olhava para aquele lugar escuro e fechado realmente me fazia notar que estava vendo detalhes além dos que eu conseguia ver… E aquilo me arrepiou e me encantou ao mesmo tempo. Minha cabeça estava recebendo informações demais para apenas um dia.

— Caramba, acho que aquela é a sua bisavó! — exclamou, se erguendo um pouco do banco. — Ela morreu jovem, não foi?

— A-Acho que sim…

O observei abrir a porta do carro e sair, ficando totalmente incrédula. Parecia estar realmente cumprimentando as pessoas que passavam por ali, com uma simpatia e cortesia muito maior do que a que tinha com os vivos. Era como se até já tivesse sido apresentado a alguns, fazendo perguntas complexas demais para terem sido geradas de uma mente maluca.

— Infelizmente não, Condessa Dauphin — respondeu alguma pergunta vinda de minha bisavó com um ar triste.

Espera, ele a chamou de Condessa?

— Jungkook! — O chamei, tentando olhar em seu rosto. Mas a chuva forte tornava aquilo um tanto impossível.

Se abaixou, fitando minha figura encolhida dentro do carro. Eu estava surpresa comigo mesma por não estar surtando numa altura como aquela. Mas bastou olhar diretamente em seus olhos de novo que parte do meu incômodo com tudo aquilo passou… Como se eu estivesse apenas sonhando com aquela realidade completamente surreal, e o maior fosse a certeza de que todo o meu delírio e meu choque valia a pena.

Pareceu ter notado que eu estava estranha, então pediu para que todos os seus amigos espectros se afastassem da estrada e fossem caminhar por outros lados, voltando a dirigir de imediato sem olhar para mais nenhuma direção. Por alguma razão, ele parecia não se sentir confortável com a ideia de seguir adiante com seu carro até que todos estivessem ido, mesmo que o ato jamais fosse lhes causar dor.

Já havíamos entrado na cidade, e em breve eu estaria em casa. Contudo, eu estava sentindo seu olhar atento sobre mim, e busquei me desviar de pensamentos relacionados ao passeio inusitado na Van Pelt.

— Eu sei que tudo foi muito estranho hoje, por mais que algo em você tente negar isso e agir com naturalidade — sussurrou acelerando um pouco. — Descobrir num dia só que sou um médium, moro numa mansão que se parece um museu, tenho uma mãe completamente vampiresca e louca, que sou filho do Flautista de Hamelin e que Jane Van Pelt quase nos fez cair numa armadilha para tentar lhe atacar pela madrugada sem que eu pudesse impedir… — tomou fôlego, realmente surpreso por ter colocado todos os fatos em pauta. — Você está negando para si mesma que está assustada e confusa, mas assim que pensar um pouco mais… Vai querer fugir.

— Mas eu não v…

Claro que vai — me cortou. — Eu fugiria para o outro lado do mundo se pudesse me livrar da minha própria realidade de uma maneira tão simples.

Me calei. Ele estava sendo profundamente realista, de uma maneira que eu não podia contrariar ou questionar com perfeição. Era difícil dizer para alguém que quer ficar por perto, quando tudo o que você deve fazer é zelar por si mesmo e se afastar. Mas eu não queria tê-lo distante de mim.

— Eu fui caprichoso e egoísta por ter te envolvido em tudo isso, e devo implorar por seu perdão durante todas as noites sombrias que surgirem em minha vida — falou baixo, segurando o volante com força.

— Eu irei te perdoar a cada amanhecer, sem hesitar um segundo sequer.

Jungkook parou o carro em frente a minha casa, com os lábios avermelhados esboçando um sorriso miserável. Aquilo me partiu o coração em tantos níveis, que eu não conseguia descrever o quanto parecia triste. Devia guardar seus segredos mais sombrios dentro de si, e agora que finalmente abriu alguns, temia que o destino lhe castigasse por se livrar de parte do seu fardo. Seus belos olhos se pousaram em mim, com o brilho das estrelas que não haviam no céu nublado acima de nós:

— Todos dizem que pessoas más, que têm atitudes rebeldes e parecem completamente sensuais e teimosas são as mais atraentes, mas eu sempre discordei — sua mão tocou a minha, com um receio nítido. — Essas são as mais previsíveis do mundo, com atitudes, palavras e até mesmo comportamentos que jamais me deixariam impressionado. Correr atrás delas pelo simples fato de que são orgulhosas demais me faz pensar no enorme vazio que as rodeia.

Ninguém nunca havia dito aquilo para mim, e sua sinceridade era completamente emocionante. Era a opinião dele, mas uma opinião muito importante para… Uma pessoa como eu.

— Pessoas boas me deixam tocado todos os dias, pois são sinceras e conseguem colocar até pessoas deploráveis como eu como sua prioridade, pois acreditam de verdade que podem nos ajudar sem esperar muito em troca. E nunca posso adivinhar até onde poderão manter sua paciência e sua misericórdia, e me sinto confortado com sua presença. E quando não aguentam mais o peso dos fatos e se afastam, de modo tão doce, receoso e sutil, eu quero implorar para que fiquem e perdoem minhas piores falhas. Mas sei que talvez eu as machuque sem querer.

As lágrimas desciam por meus olhos sem que eu realmente permitisse. Novamente, o moreno encontrou seu lenço e secou meus olhos de maneira cuidadosa e atenta para que eu me sentisse um pouco melhor. Mas aquele ato foi o suficiente para que eu desabasse ainda mais em seus braços.

Ele não era deplorável.

Ele não era malvado.

Não era um monstro.

 

Era tão bom, mas tão humilde, que não notou a bondade dentro de si mesmo.


 

— Quem lhe convenceu de que era a ovelha negra? —perguntei entre o pranto.

— Se eu não sou uma agora, um dia ainda serei. E quando eu for, não quero que esteja perto de mim para se ferir.

Deixou um selar demorado em minha mão e repleto de sofrimento em minhas mãos. Saiu do carro e abriu a porta para mim, com os fios ainda molhados em seu rosto, que permanecia com as expressões impassíveis. Quem o encontrasse na rua, não notaria a tristeza que o atormentava.

— Quer que eu nunca mais volte a lhe ver?

— Sim, Dauphin. Por favor, faça isso por você.




 

— Então me beije pela primeira e última vez.


Notas Finais




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