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História Favorite Boy - Jeon Jungkook - Entre Ser ou não Ser;


Escrita por: Sinkyhu

Notas do Autor


Hellou~

Pensei em postar uma prévia como o habitual, mas já estava tudo bem prontinho. Espero que gostem desse capítulo!

Boa leitura! <3

Capítulo 7 - Entre Ser ou não Ser;


Fanfic / Fanfiction Favorite Boy - Jeon Jungkook - Entre Ser ou não Ser;

Naquela noite, Jungkook chegou ainda mais sorrateiramente em casa. Os eventos estavam se tornando cada vez mais complexos e sem controle. Parte sua lhe dizia e alertava que estava brincando contra o próprio destino agindo daquela maneira, enquanto a outra simplesmente o desafiava a quebrar mais e mais regras como se  aquilo fosse o real significado de seu êxtase. E a outra parte sempre vencia a árdua batalha, cumprindo com a promessa de todas as sensações.

Por sorte, a cozinha estava vazia. Deixou Hamelin sobre uma das bancadas de madeira escura, e iniciou sua procura na ponta dos pés. Era difícil ficar tão faminto fora do horário marcado pelos rigorosos relógios Van Pelt, mas no momento ele não tinha escolha nem ajuda dos hyungs para desbravarem aquele lugar levemente desconhecido por eles.

Havia um cheiro forte impregnado em todo o espaço, dos armários de ébano até o chão, e se pudesse manter as luzes acessas com certeza notaria que o espaço estaria cheio de manchas que mesmo com muito empenho, não iriam sair. Aquele aroma poderia lhe deixar enjoado, mas estava profundamente acostumado a achar até um tanto… Acolhedor e familiar. Mas ele não estava disposto a amar aquilo aos extremos.

Abriu a geladeira sorrateiramente, vendo junto de seu brilho surgir os variados frascos de formatos antigos e do mais caro vidro vindo de Londres. Sorriu amplamente ao encontrar justamente o que tanto procurava entre aquilo, os afastando até ter o copo vermelho em mãos. Era como se precisasse daquilo para sobreviver, a causa de toda a sua alegria era complicada de se obter, mas apenas uma gota avermelhada lhe trazia a vitalidade tão sonhada naquele fim de mundo…


 

— Leite de banana com groselha! — Exclamou, se segurando para não gargalhar de alegria.


 

Era difícil de se obter por ser um aperitivo relativamente novo e vindo da Coréia. Ou se comprava com bastante esforço, ou alguém tinha que se dar ao trabalho de comprar os ingredientes e fazer a receita que sempre estava disponível em fontes tecnológicas, o que os Van Pelt odiavam com todas as forças possíveis. 

— Será que Gerard comprou para se redimir de nossa última discussão? — Pensou alto enquanto tomava aquilo, sentado na bancada sem medo algum da escuridão. — Não, seria bondade demais, e ele não deve estar se sentindo arrependido para fazer algo bom assim..

O dono da casa podia ser patriarcal e muito acolhedor, mas nada se comparava ao seu amor por ordem e o rancor que nutria pelos mínimos detalhes que o desagradava. 

 

— Fui eu quem fez, querido.

 

O moreno moveu o rosto rapidamente, localizando com facilidade onde estava sua mãe, bem na entrada da cozinha. Preferia que tudo continuasse escuro, mas esta logo acendeu as velas do castiçal de 1785 até que o lugar voltasse a ser parcialmente iluminado. Reprovando em silêncio os modos do filho, preferiu se sentar em uma das cadeiras e pegar a taça de cristal que jazia em um dos armários.

— Coloquei na lista de compras de modo variado para que não ficasse óbvio, então consegui fazer para você como tanto gosta e disfarçar com a groselha — explicou abrindo uma garrafa de vinho. — Me senti péssima pelo que ocorreu da última vez que lhe vi. Como está seu rosto?

O Jeon tocou a bochecha com a ponta dos dedos pálidos, notando que desta vez havia deixado uma cicatriz que provavelmente carregaria pelo resto da vida, mas era discreta o suficiente para ignorar:

— Não é nada demais, fique tranquila.

— Deveria me odiar por tudo o que faço sem pensar, desde o início de tudo até… — a mulher olhou para as próprias unhas afiadas, pensando em cortá-las. — Isso.

Jungkook riu fraco, tomando mais um pouco do conteúdo enquanto pensava em como sua mãe era uma mulher complicada. Sem dúvida alguma, os fantasmas não a cercavam, e sim moravam dentro de sua mente em forma de lembranças que a faziam se perder em sua realidade, e principalmente sua idade. Mas o leve sorriso desapareceu quando se lembrou que, se cometesse um deslize sequer, poderia acabar como ela

Omma, é impossível te odiar sendo que estou aqui por você. Minha gratidão é o suficiente para que jamais lhe odeie — respondeu finalmente, como se fosse óbvio.

Eu te castiguei, Jungkook. Desde que saiu de minhas entranhas naquele inverno rigoroso de Setembro, você corre riscos e está fadado a tristeza de viver essa vida desprezível dentro dessa mansão — Suspirou, e logo o moreno notou que estava a beira de um sermão matriarcal. — Você significa algo muito ruim para os Van Pelt, e agora está se arriscando a contrariá-los para piorar sua situação.

— Mas a Elionore gosta de mim — retrucou de imediato.

Elionore está morta, filho. Você pode vê-la vívida como um pássaro que acaba de cantar pela primeira vez, mas ela não pode fazer mais nada por você.

O mais novo se calou. Sempre que o lembravam disso, seus argumentos desapareciam num piscar de olhos. Ser um médium era uma droga naquelas situações. Como se defender com um argumento que apenas ele e poucas pessoas realmente enxergavam?

Jungkoook suspirou, deixando o copo sobre a bancada e passando as mãos pelos fios negros enquanto pensava. A mãe tinha toda a razão em cada palavra que pronunciou, por mais que lhe doesse admitir aquilo em voz alta, e por isso não se daria o trabalho de fazer. Mas assumia estar mesmo passando de todos os limites possíveis e atraindo pouco a pouco a fúria tempestuosa de Gerard Van Pelt, principalmente ao ensaiar suas músicas na Hamelin dentro da mansão em que qualquer som melodioso era estritamente proibido.

Voltou a observar a matriarca bebendo vinho, e lhe ofereceu lentamente. Porém Jungkook negou, sabendo que ficar bêbado lhe faria cometer ainda mais besteiras, como cantar em alto e bom som para todos os corredores tenebrosos.

— Posso lhe perguntar algo? — a mais velha pediu, relutante.

— Claro que pode, Eun-hye.

Ele riu enquanto a mãe lhe lançava um olhar seriamente perigoso pelas orbes peculiares. Mantendo as tradições de hierarquia e principalmente as coreanas, chamar a mãe pelo primeiro nome de modo informal, por mais que esta parecesse ter quase sua idade fisicamente, era uma afronta.

— Seu pestinha… — resmungou revirando os olhos. — Queria saber mais sobre a nova dona da coroa, e prometo que não irei me irritar desta vez.

O moreno ficou em silêncio por alguns segundos como o habitual, analisando se a última frase era verídica. Por fim, concluiu que a mãe parecia estar mesmo sendo sincera e esboçando tranquilidade genuína. Então, deveria pensar em como descrever a tão estimada e observadora Srta. Dauphin. Havia passado a tarde ao seu lado para notar na garota detalhes variados e encantadores, e até os defeitos que não pareciam tão gritantes quanto imaginava. Mas a situação que viveu horas atrás ainda o confundia.

O que o fez convidar aquela garota para ir no cemitério para passar o tempo? E pior, como ela ainda teve a ousadia de aceitar?!

 

— Ela… Bom, eu definiria como uma Princesa reclusa dentro de seu próprio ser e com um tecido de veludo cobrindo a face. Ela não enxerga o próprio brilho majestoso digno das coisas mais incógnitas que já vi, mas reluz diante dos olhos dos que vêem além de sua capa — fechou os olhos lentamente. — E pela primeira vez, eu admiro algo que não se encontra dentro da escuridão.

 

Abriu os olhos com cuidado, esperando alguma reação brusca ou extremamente preocupada da mais velha. Todavia esta apenas lhe observou com cuidado e se levantou da cadeira. A silhueta do vestido caro e antigo aparecia como uma sombra contra as paredes iluminadas de modo vago pelas velas. As unhas dedilhavam novamente o rosto de Jungkook, mas algo nele sabia que não havia perigo naquilo:

— Sabe o que está acontecendo com você, Jungkook?

A respiração do moreno falou com o que ela sugeriu. Aquilo o apavorou e ele não tinha certeza se estava ou não correndo aquele risco tão cedo.

— Não exatamente.

— Trate de descobrir logo, para que aja conforme sua consciência ordenar e lide com as consequências que irão vir acompanhadas do seu êxtase.

— Mas eu não vou…

— Não se engane, meu filho! — Ditou com firmeza. — Você é meu filho e está com sorte até agora de não ser o que sou, e eu estava feliz com sua sorte. Mas está se atirando nesse abismo voluntariamente e acabará como eu, ou talvez numa situação muito pior!


 

Jungkook olhou nos olhos da mais velha com completo terror, e antes que tomasse consciência de seus atos, já havia pegado Hamelin e fugido da cozinha. Já perdeu as contas de quantas vezes situações parecidas aconteceram e suas fugas explosivas faziam o chão de madeira não ter tempo de sequer ranger antes que estivesse cada vez mais distante. Seu coração estava acelerado e até mesmo sua sombra estremecia.

 

Ele não tinha medo de nada, a não ser se tornar a mesma coisa que Eun-hye.




 

Já eram três da manhã quando o pavor de ter aqueles olhos estranhos finalmente passou. Ouvia a chuva violenta que vinha lá fora, e as goteiras ao redor da mansão tão luxuosa que ainda se recusava a certas reformas. Tudo estava silencioso como sempre, ao ponto de se tornar um ambiente aflitivo para um amante da música. Quis chamar por seus hyungs para fazer algo, mas imaginava que estes já estavam devidamente ocupados.

Decidiu se distrair cantarolando bem baixo “Bohemian Rhapsody” enquanto fitava os quadros que pintou ao longo de sua vida. Com certeza, se tentasse expor nas galerias e museus da cidade, os achariam sombrios demais e até um tanto quanto confusos. Ou pior, poderiam defini-lo como pintor contemporâneo! O simples pensamento lhe fez se contorcer em desgosto.  

Ouviu o som de passos lentos no corredor, e sua melodia acabou num piscar de olhos com aquilo. Quanto tocou Guns n’ Roses para aquele fantasma intrometido, quase foi pego e punido pela tenebrosa Jane, e odiaria ter que passar novamente por seus castigos cruéis que duravam toda a noite.

O Jeon ergueu o olhar para as teias de aranha em seu quarto, e logo em seguida para as donas destas. Não tinha medo de aracnídeos, apesar de preferir a ausência destes para evitar transtornos ou danos em seus objetos tão preciosos. Estava exausto em plena madrugada, e riu diante daquilo como se fosse a piada do século.

 

— Já devia estar dormindo. Amanhã terá faculdade!

 

Não precisou se erguer da cama para ver o espectro de Elionore em uma das janelas, completamente seco diante da tempestade que tinha do outro lado das antigas paredes. Sorriu levemente enquanto a finada entrava e se sentava na escrivaninha.

— Ora, isso está uma bagunça! Céus, eu não lhe eduquei para isso, Jungkook! — reclamou observando tudo ao seu redor. — Vou te dar instruções de limpeza amanhã à noite. Não deve deixar que seu quarto fique como o restante da mansão.

Jungkook revirou os olhos, voltando a olhar para o teto e as pinturas que estavam se despedaçando. Deveria pintar algo novo ali? Não era apropriado, mas ele adoraria.

— Não deveria ter falado tão alto comigo no cemitério, Jungkook. A garota ouviu com clareza você pronunciando meu nome.

— Digo que é outra fugitiva da mansão, é simples — deu os ombros.

Ela encontrou minha lápide — o espectro suspirou, vendo o moreno se alarmar com a informação. — Você não permitiu que ela me encontrasse quando fizeram aquele passeio estranho pela tarde, mas parece que houve alguma conversa com a própria mãe a fez voltar até lá pela noite e contemplar com seus próprios olhos. E devo confessar que, mesmo estando morta, consigo reconhecer os sentimentos das pessoas por meio de meus olhos, e ela estava abatida e confusa antes de sair correndo dali.

O mais novo agarrou de modo brusco um de seus travesseiros e o colocou contra a própria face pálida, rugindo incrédulo diante da explicação e furioso com a falha enorme que se permitiu cometer. Como conseguiu errar de modo tão miserável? Expor-se assim?!

Aquele detalhe sobre si mesmo sempre foi guardado a sete chaves, tão bem que até seus hyungs demoraram até seu décimo sexto aniversário para notar que ele realmente falava com pessoas mortas. O que iria fazer, agora que uma pessoa do mundo lá fora poderia suspeitar realmente que havia algo sobrenatural acontecendo dentro de si? Nunca pensou que aquela desventura poderia mesmo acontecer.

— O que irá fazer agora? Vai contar tudo para ela?

— Sabe que não posso fazer isso, por mais que me sinta muito tentado — falou com a voz abafada, o que lhe deu uma entonação ainda mais dramática que fez a alma penada de Elionore se contorcer de pena.

Retirou o rosto do travesseiro, decidido a encarar os fatos de frente e sem fugir. Pegou sua preciosa guitarra e a dedilhou, como se buscasse pela resposta ali. Logo presumiu que ela já teria duas hipóteses em mente para o que ele seria: um débil abatido por delírios ou um médium.

Se levantou da cama ainda silencioso e foi até sua estante a procura de algo que também pudesse lhe ajudar. O indicador pálido dedilhou os livros antigos de folhas amareladas, capas de couro desgastadas e cheiro forte. Seu tato lhe permitia notar os deslizes dos títulos tingidos de um dourado desbotado das extremidades de cada um, enquanto permanecia buscando por algo bom o suficiente.

E enfim, achou o que parecia ser a chave perfeita:

“Alice no País das Maravilhas”

 

Retirou o livro dos demais com cuidado, limpando a poeira da capa com as mangas de suas vestes enquanto abria um sorriso enigmático que Elionore não compreendia desde que viu aquele  garoto começar a sorrir. Sendo babá de um garotinho com uma mãe, e principalmente um pai como aquele, não sabia ao certo o que esperar. Todavia, o estrago fora bem menor do que poderia imaginar.

Dedilhou as páginas ansioso pela visão de uma específica, e o sorriso se alargou lentamente ao notar as gravuras  detalhistas e delicadas que foram feitas no livro sob encomenda. Enfim os olhos negros varreram os registros do Chapeleiro Maluco e o Gato de Cheshire, ficando por fim satisfeito o bastante para erguer o livro para a fantasma que aguardava sua resposta definitiva sobre aquela confusão.


 

— O que acha que combina mais comigo… Um maluco, ou um cretino? — ditou com uma entonação perversa.


Notas Finais


É sempre maravilhoso saber o que estão pensando dos capítulos, então sintam-se sempre "a la vontê" para compartilhar sua opinião nos comentários! <3
@Sinkyhu


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