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História F.B.I. - Hinny - Capítulo Único


Escrita por: MariaGayo

Notas do Autor


Então gente, eu sei que alguns já leram essa história na parte de One Shot's que eu tenho, mas quero me desfazer dela e com isso vou postar uma por uma bonitinha, rsrsrs

Capítulo 1 - Capítulo Único


-EU NÃO SEI SE VOCÊ ME OUVIU OU SE PRESTOU ATENÇÃO EM ALGUM DESSES TESTES NA SUA MÃO, HARRY, MAS EU TÔ GRÁVIDA! - Ela gritou como se aquilo fosse o maior absurdo do mundo -EU TÔ GRÁVIDA DE UM FILHO SEU! - aquela frase dita naquele tom desesperador fez a ficha cair de uma vez - E você tem namorada... - sua voz saiu quase como um sussurro dessa vez ao passo em que suas costas deslizavam pela parede do banheiro e ela sentava no chão, enfiando o rosto entre os joelhos

Me abaixei imediatamente ao seu lado ao ouvir seu choro forte

- Gin, você não tá sozinha nessa! - eu disse afagando seus cabelos - Você ouviu o que disse? Você está grávida e o filho é meu. Nós vamos ter um filho! - tentei não transparecer a alegria que estava sentindo para não assusta-la, mas foi completamente inevitável

- Isso seria lindo de se ver, Harry... - ela finalmente levantou a cabeça para me encarar - Se você não tivesse namorada e ela fosse minha melhor amiga, se esse filho não tivesse vindo como um acidente por causa de uma transa quando estávamos bêbados, se nós dois fossemos um casal feliz e não melhores amigos... - argumentou - Já parou pra pensar na merda que isso vai dar? - me questionou e eu então parei para pensar no quanto Cho surtaria... - Eu não posso ter esse filho! - ela exclamou apoiando as mãos no chão para ter impulso e se levantar

Eu estava incrédulo com a afirmação de Ginny! E eu preferia acreditar que havia interpretado errado aquilo tudo e que ela não quis dizer que cogitava a possibilidade de fazer um aborto. Ela não podia estar falando sério, podia? Era de uma vida que estávamos falando!

- O que você quer dizer com isso, Ginny? - questionei me levantando também e a seguindo para fora do banheiro de seu quarto

- Você sabe muito bem do que estou falando, Harry! - exclamou como se fosse obvio, mas eu ainda custava a acreditar - Existem possibilidades de interromper essa gravidez... - aquilo foi como um soco no meu estomago e eu me virei de costas

- Você não está falando sério! - exclamei com raiva

- Claro que estou! É a melhor solução que consigo pensar no momento. Cho não saberia de nada e sem falar que eu não estou preparada pra ter um filho, Harry! Acabei de iniciar minha carreira na policia e...

- NÃO, GINNY! - gritei com raiva me virando para encara-la - Essa "alternativa" não é uma possibilidade a ser pensada! - exclamei

- E PORQUE NÃO? - ela gritou de volta - VOCÊ NÃO ESTÁ ACHANDO QEU A MELHOR SOLUÇÃO É EU TER ESSA CRIANÇA, NÃO É? - perguntou como se fosse uma coisa anormal enquanto pousava a mão na própria barriga

- EU NÃO ESTOU PENSANDO, GINNY! ESTOU AFIRMANDO! - devolvi no mesmo tom - Você não vai tirar essa criança! - disse respirando fundo enquanto tentava me acalmar, pois vi que ela já estava bastante assustada e eu não queria piorar tudo

- Você não manda em mim, Harry! - ela disse e eu fiquei pasmo. - Eu que decido isso, esse filho é meu!

- Esse filho é nosso, Ginny! E essa decisão também cabe a mim! - rebati a olhando sério e decidido do que eu estava dizendo

Eu sempre fui louco para ter minha própria família e ser pai, e Ginny sabia muito bem disso. Tudo bem que não veio da maneira como eu queria e nem no momento em que eu queria, mas era um filho.

- Vai embora, Harry! - a ouvi me pedir - Essa decisão cabe a mim!!!

14 anos de amizade e Ginny nunca tinha me mandado ir embora em nenhuma discussão nossa. Eu estava mais surpreso ainda, porém eu sabia que ela estava chocada com a noticia, que estava desesperada por de repente descobrir que ia ser mãe e de um filho cujo o pai era seu melhor amigo, então apenas me dirigi a porta do seu quarto.

- Por favor, Gin! - supliquei me referindo a ideia absurda dela

- Sai, Harry! - ordenou mais convicta e tudo que eu pude fazer foi sair de seu apartamento.

Assim que fechei a porta atrás de mim, as lágrimas rolaram pelo meu rosto. Eram lágrimas de desespero, tristeza, raiva, todo e qualquer sentimento ruim que você consiga imaginar, eu estava sentindo naquele exato momento...

Fui pra casa tentando ao máximo focar no que realmente importava agora: tirar da cabeça de Ginny a ideia de abortar nosso filho!

No dia seguinte, foi quase impossível levantar da cama de tanto que minha cabeça latejava devido a discussão com minha melhor amiga na noite anterior. Mas mesmo assim, com muito esforço, eu fui para a delegacia, pois sabia que minha equipe precisava de mim.

- Bom dia! - Asty me desejou assim que adentrei o local, mas não lhe respondi, não queria falar com ninguém - O que você tem?  - ela me questionou enquanto me seguia até minha sala, mas também não respondi - Harry...

- Não estou em um dia bom! - disse e me sentei na cadeira por trás de minha mesa

- Pelo amor de Deus, o que está acontecendo com o mundo hoje? - ela exclamou com as mãos para o alto e eu não entendi o porque de todo aquele drama, afinal Astória não era daquilo

- Como assim? - questionei de cenho franzido

- Ginny me ligou a uns 10 minutos e disse que não estava bem para ir trabalhar... - ela me informou e eu não me preocupei em disfarçar minha feição de preocupação com aquilo, afinal eu sabia bem em que estado ela se encontrava

- O que ela tem? - quis saber já me levantando e contornando a mesa para ficar de frente para Astória

- Aí que tá... Quando eu perguntei, ela usou seu mesmo mau humor e apenas disse que estava com muita cólica e que não tinha acordado em um dia bom!

Aquela informação me fez pensar se Ginny tinha dito aquilo para Asty deixa-la em paz ou se ela realmente estava sentindo alguma coisa e não podia ir trabalhar. Como eu não queria correr o risco, peguei apenas as chaves do carro e a carteira e já esta indo em direção a minha porta quando Asty me chamou a atenção

- Ei... - ela me chamou e eu me virei rapidamente - Onde você vai? - quis saber estranhando tudo aquilo

- Vou ver como Ginny está! - respondi naturalmente

- É só cólica, Harry! - ela disse como se eu não soubesse o que fosse - Ginny não vai morrer por isso mesmo que seja das piores que ela já sentiu! - falou rindo e eu revirei os olhos

- Não tenho como te explicar agora, Asty, mas não é apenas isso, vá por mim... - rebati ainda com a mão na maçaneta da porta

- Do que você está sabendo, Harry? - ela questionou parando de rir e estampando preocupação na sua face

- Ginny... - não tive tempo de terminar, pois a porta atrás de mim se abriu e Cho entrou em disparada

- Harry... - sua voz parecia ofegante

"Pronto, mais um problema!" - foi o que pensei

- Acho que Ginny precisa da nossa ajuda! - ela exclamou e eu me preocupei mais ainda

- Porque? - tentei parecer calmo, mas acho que não consegui

- Fui vê-la ontem e ela estava aos prantos, não conseguia me dizer nada. - ela começou e eu então deduzi que Cho chegou a casa de Ginny pouco tempo depois que eu sai de lá, depois da nossa briga - Ela está grávida, Harry! - disse totalmente surpresa, mas não mais do que Astória, que logo depois do palavrão que emitiu, olhou para mim como se esperasse eu confirmar.

- Eu já estou sabendo! - confessei ao ver a expressão de confusa da minha namorada por eu não demonstrar surpresa com a novidade

- Eu estava com ela quando ela fez aqueles testes, amor! - expliquei

- E porque você não chamou a gente? Eu e Astória podíamos ter ajudado, sei lá!

- Sentem que eu vou explicar rapidinho, pois já estou de saída pra ver como ela está! - pedi indicando as duas cadeiras que ficavam de frente pra minha mesa e eu continuei em pé - Ginny estava desconfiada disso há alguns dias, mas não estava com coragem de fazer o teste. Então fui até a farmácia e comprei alguns pra ela fazer, afinal é melhor tirar a duvida do que ficar sofrendo por antecipação, pelo menos era o que eu pensava...

 

FLASHBACK ON

- Esses enjoos e tontura não são normais Gi! Faz logo um teste pra gente descartar essas suspeitas! - exclamei pra ela enquanto ela estava deitada no sofá da sua sala e respirando bem fundo após botar pra fora todo o jantar que tínhamos comido a pouco tempo

- Não, Harry! Eu tomei a pílula, já disse! Deve ser infecção alimentar ou alguma virose! - ela respondeu sem abrir os olhos

Conhecendo bem a amiga que tenho, eu sabia que ela não mudaria de ideia, então sem dizer uma palavra eu sai do apartamento dela, levando suas chaves e fui até a farmácia que ficava de frente para o seu prédio.

Comprei alguns testes e quando voltei ela estava sentada, onde minutos atrás estava deitada, com um copo de agua na mão, me esperando.

- Toma! - estiquei pra ela a sacola nas minhas mãos e ela me olhou incrédula

- Não tem outro jeito de você me deixar em paz né?! - disse com raiva se levantando e eu apenas neguei com a cabeça - Você vai ver que eu estou certa, Harry! Todos vão dar negativo!

- Só faz logo, Gin! - supliquei e ela adentrou no banheiro do seu quarto enquanto eu me sentava na sua cama

Foram os minutos mais longos da minha vida, mas assim que ela abriu a porta do banheiro e pediu para que eu entrasse, eu sabia que eu estava totalmente certo.

Olhei o primeiro teste: POSITIVO! O segundo a mesma coisa, o terceiro também. Daí então, eu nem quis mais olhar os outros dois, só queria saber de abraçar minha amiga, que já estava tremula e com olhos marejados

- Vai ficar tudo bem, Gin! - disse tentando assimilar tudo enquanto ela enterrava o rosto no meu peito e molhava minha camisa.

FLASHBACK OFF

 

- Meu... Deus...! - Astória exclamou pasma - Por isso você se preocupou quando eu disse que ela ligou avisando que ia ficar em casa porque estava com cólica? - ela perguntou descrente e eu afirmei com um aceno

- Você acha que ela pode tá se sentindo mal? - Cho me chamou a atenção e eu não sabia o que falar

- Eu não sei! - exclamei sincero - E tem mais uma coisa...  - falei me lembrando de porque eu e Ginny brigamos - Ginny cogitou a possibilidade de tirar essa criança! - disparei indignado e as duas se surpreenderam -Por isso nós brigamos... Eu tentei argumentar que estaríamos com ela, mas ela acha que essa é a melhor solução. Mas eu conheço a amiga que tenho, 14 anos de amizade não é pouco pra ter a certeza de que Ginny se arrependerá depois! - disse já desesperado

- Calma, amor! - Cho me pediu tocando em meu braço - Vamos dar um jeito! A gente vai conversar com ela. Quem sabe nós três juntos ela não escute, se sinta amada e amparada! - completou

- Mas eu estou curiosa com uma coisa... - ouvimos Asty dizer e olhamos pra ela - Quem é o pai dessa criança? - ela perguntou e eu com certeza mudei de cor, pois ao mesmo tempo minha cabeça girou.

E então, pra não lascar tudo, minha opção foi mentir:

- Eu não sei! Ginny não quis me dizer! - falei dando de ombros e enfiando as mãos nos bolsos

Astória não caiu e eu sabia bem disso. Ela e Ginny eram minhas melhores amigas e me conheciam muito bem a ponto de saber quando eu falava a verdade, quando eu omitia alguma coisa ou quando eu mentia.

- Tá legal, pode me falar! - Asty me falou assim que Cho saiu alegando que tentaria ligar pra Ginny e ver se ela estava melhor, caso não, eu iria até lá - Você sabe muito bem quem é o pai do filho da Gin, não sabe? - ela questionou me encarando e a única coisa que fiz foi apoiar os cotovelos na mesa e passar as mãos pelo rosto e cabelo - Puta merda! - ela exclamou como se percebesse algo - Harry... - ela sabia.
Astória não era boba. Levaria apenas pouco tempo para que ela ligasse todos os pontos, afinal era a única pra quem eu havia contado que eu e Ginny transamos

 - É você! - ela exclamou como se tivesse descoberto o mundo - O pai do filho da Gi, é você, não é?! - quis que eu confirmasse e apenas acenei um "sim" - Caralho, Harry! - ela exclamou se jogando na cadeira a minha frente - Você tá muito fudido!

- Me fale uma coisa que eu ainda não sei, por favor! - pedi irônico

- Como isso foi acontecer? Puta que pariu! - ela exclamou

- Sério, Astória? - perguntei ironizando novamente

- Merda! - exclamou se lembrando da noite a qual saímos eu, ela e Ginny para beber alguns drinks e Cho não estava presente

Dias depois...

- SUA TRAIRA! - ouvi Cho gritar ao entrar na minha sala e tirar minha atenção da minha conversa com Ginny - EU CONFIEI EM VOCÊ!

- Como assim, Cho? Do que você tá falando? - Ginny perguntou desesperada se levantando

- EU ESTOU FALANDO DE VOCÊ TER TRANSADO COM O MEU NAMORADO! - falou ainda brava e eu e Ginny nos chocamos na hora - E PIOR... - ela começou irônica - VOCÊ ESTÁ GRAVIDA DELE! - jogou tudo na nossa cara. Eu estava atônito, sem reação alguma - ESSE TEMPO TODO EU ESTAVA DESESPERADAMENTE PREOCUPADA COM VOCÊ POR ESTAR GRAVIDA E SOZINHA... - as lágrimas já eram visíveis rolando pelo seu rosto, mas ela não abaixou seu tom de voz e eu já podia notar algumas pessoas na janela de minha sala - E PRA QUE? - ironizou novamente - PRA VOCÊ ESTAR PELAS MINHAS COSTAS SENDO CONSOLADA POR ELE! QUE É PAI DO SEU FILHO! - disse apontando pra mim

Vi que além de Cho, Ginny também chorava e voltou a se sentar na cadeira onde estava a alguns minutos, como se as pernas estivessem lhe falhando e eu me abaixei ao seu lado

- E você... - minha namora disse se virando finalmente para mim - Você é um canalha, Harry! Eu NUNCA imaginei isso de você! Ainda mais com a minha melhor amiga! Eu confiei, Harry. Confiei e você fez o que? - sua voz revoltada deu espaço para a magoa que ela sentia e eu me senti extremamente mal por vê-la daquele jeito - Vocês dois se merecem! - ela disse

Ginny levou a mão a boca e nessa hora eu soube o quão enjoada ela ficou devido a todo nervosismo daquela situação. Se levantou devagar e foi até o banheiro do lado de fora, mas foi impedida já no corredor, por um puxão forte de cabelo vindo de Cho, o que me espantou bastante e eu corri para separar as duas, mas foi tarde demais porque Cho já havia dado uma tapa forte no rosto de Ginny e a empurrado com toda a força no chão.

Espantando é a palavra certa pra descrever como eu estava naquele momento! Vi Ginny imediatamente levar a mão a barriga e reclamar de uma dor intensa, e antes que eu tivesse a chance de me abaixar ao seu lado, vi que Asty já havia feito isso e então me virei para Cho, totalmente irado.

- Não acredito que você fez isso Cho! - esbravejei - Você sabe que ela está grávida! ELA É SUA MELHOR AMIGA!

- Melhor amiga? Por favor... - ela debochou - Se ela fosse minha melhor amiga não teria trepado com meu namorado enquanto eu chorava a morte dos meus pais! - exclamou possessa, mas não tive chance de rebater, pois um grito foi ouvido

- AI! - Ginny nos interrompeu e só então eu virei para olhar pra ela

- O que você tá sentindo, Gi? - Astória perguntou preocupada e eu me desesperei de verdade ao ver que ela estava sangrando

- Eu... não... sei... Asty... - disse com uma certa dificuldade - Acho que estou perdendo o bebê! - exclamou desabando no choro logo em seguida

Aquela delegacia estava um caos e eu sabia que meu dever, como delegado, era colocar ordem naquele local, mas naquele momento me senti mais perdido que tudo e a única coisa que tinha certeza era que eu precisava levar Ginny ao hospital o mais rápido para evitar que ela perdesse o bebê.

- Vem Gi! - a peguei no colo com cuidado enquanto ela ainda reclamava de varias pontadas na barriga - ASTÓRIA FICARÁ NO COMANDO EM MINHA AUSENCIA! - gritei para os curiosos ao nosso redor e supliquei a ajuda da minha melhor amiga com o olhar.

Em segundos Astória já tinha ido em minha sala e na de Ginny e pego nossos documentos e minha chave do carro.

Passei por Cho e a única coisa que consegui dizer foi:

- Conversamos depois, mas se Ginny perder esse bebê... a culpa vai ser inteiramente sua! - disse olhando dentro dos olhos dela e pude ver que ela se arrependeu do que fez

- Eu não quero perder esse filho, Harry! - ela me dizia chorando enquanto eu a colocava no banco do passageiro

- Você não vai, Gin! - respondi tentando transparecer uma calma que eu não tinha - Eu não vou deixar isso acontecer! - disse mais para mim do que pra ela enquanto dava partida no carro

Minha aflição e preocupação com Ginny e o bebê era nítida. Eu estava completamente agoniado e andava de um lado para o outro na sala de espera, quando de repente senti uma mão pesada no meu ombro: meu pai.

Assim que Ginny deu entrada na emergência, eu liguei imediatamente para ele. Eu precisava dos meus pais naquele momento, mesmo que fosse levar a maior bronca do mundo por ter traído a minha namorada com a melhor amiga dela e minha e por a ter engravidado, mas não queria saber. Expliquei rapidamente ao meu pai e minha mãe e os dois logo afirmaram que dentro de minutos estariam junto a mim no hospital, mas que depois conversaríamos.

- Como ela está, filho? - meu pai me questionou assim que virei para vê-lo e ele me esticou um copo de agua na sua mão

- Que merda foi essa que você fez, Harry? - minha mãe me perguntou - Ginny é sua amiga desde quando eram pequenos e você tem namorada! - exclamou sem ao menos me deixar responder sua pergunta anterior - Você parou pra pensar que engravidou a sua amiga depois de uma traição? - quis saber indignada

- PAREI, MAMÃE! - gritei a assustando e logo percebi que algumas pessoas olharam para mim, então apenas me sentei em uma cadeira que estava as minhas costas - Eu já parei pra pensar na enorme merda que eu fiz, tá legal? - disse com os cotovelos apoiados nos joelhos e com o rosto enterrado nas mãos - Eu chamei vocês dois aqui porque estou perdido, não sei o que fazer. Ginny está lá dentro e corre o risco de estar perdendo aquele bebê, vocês tem alguma noção de como estou me sentindo péssimo? - questionei já os encarando e suas feições eram impagáveis

- Eles vão ficar bem, meu filho! - meu pai teve o compadecimento de me dizer, enquanto minha mãe me encarava pasma pela atitude que tive segundos atrás

- Me desculpe, filho! - ela me falou me puxando para um abraço e então eu desabei em choro

- Eu estou desesperado mãe! - falei e senti ela alisar minhas costas - Se Ginny perder essa criança, eu jamais serei capaz de perdoar Cho... ou melhor, de me perdoar por isso tudo ter acontecido... - falei enquanto limpava algumas lágrimas

Não deu nem tempo de minha mãe responder alguma coisa sobre o que eu havia dito, pois a médica que atendeu Ginny chegou para falar comigo e dar noticias.

- E então, doutora? Eles estão bem? - quis saber desesperado, mas pela feição dela, eu sentia que algo estava errado

- Sua namorada está bem! - ouvi aquilo me trouxe um alivio enorme e nem sequer, na hora, notei como a medica havia se referido a Ginny em relação ao que tínhamos. - Mas infelizmente ela perdeu o bebê! - disse e meu coração se partiu.

De fundo, mesmo que quase impossível no momento, eu pude ouvir o choro da minha mãe e as palavras de conforto do meu pai.

Aquilo era um pesadelo, só podia ser... Eu não queria acreditar que em tão pouco tempo minha vida tinha mudado. Nem sequer tive a chance de me alegrar verdadeiramente, sem confusão alguma, com a noticia.

Parece que foi tudo em questão de segundos. Que ao mesmo tempo em que recebi a noticia, que deveria ser a melhor da minha vida, ela foi arrancada de mim em um piscar de olhos.

Não quis saber de mais nada, só queria ver Ginny. Porque apesar dela estar transparecendo por fora que era durona e iria ser fria em relação a essa criança, que não tinha criado nenhum laço ainda com aquele bebê, eu sabia que era tudo fachada.

- Preciso vê-la! - disse a médica parada em minha frente e ela apenas assentiu, me indicando o corredor e falando o número do quarto.

Já de longe, pude ver Astória se aproximar dos meus pais e perguntar se Ginny e o bebê estavam bem, mas o que se seguiu vindo da minha amiga, não foi nada agradável, como eu imaginava. Asty se sentiu triste e revoltada. E como eu soube disso? Pelo seu sonoro "NÃO, ISSO NÃO PODE SER VERDADE!" antes dela se sentar e desabar em choro também.
Parar em frente a porta do quarto 121 não foi nada fácil, nem muito menos olhar umas fichas, provavelmente o prontuário de Ginny, ao lado da porta. Eu tinha que ser forte por mim e pela minha amiga nesse momento...

Tudo bem que a criança veio em forma de acidente, mas eu sempre acredito que Deus coloca propósitos nas nossas vidas e esse filho com certeza era um proposito. Era... uma palavra tão usada por todo mundo, mas tão dura de se ouvir em certos momentos...

Ela/Ele ERA o amor da minha vida...

Ela/Ele ERA uma pessoa extraordinária antes da morte...

Ela/Ele ERA o proposito de alguém...

Doloroso né? Pois bem, se você está pensando que até então foi dificil, você está completamente errado! A parte mais dificil foi entrar naquele quarto e ver minha melhor amiga destruída daquele jeito.

Sua aparência era de uma pessoa completamente abatida. Ginny estava com o rosto inchado, provavelmente já tinham lhe dito o que aconteceu e a julgar pelo seu estado, ela tinha desabado em choro, assim como Asty e mamãe a pouco tempo atrás.

E bastou apenas ela me olhar e sussurrar meu nome para que as lagrimas voltassem a correr pelo seu rosto. Aí então eu não consegui me manter... Manter aquela pose de que estava forte por ela. Eu tentei! Tentei bastante e lutei comigo mesmo por isso. Uma luta interna e silenciosa para não me deixar abater na frente dela. Mas não teve jeito.

Quando me aproximei dela e toquei a sua mão, as lágrimas que eu tanto segurei até agora, começaram a rolar pelo meu rosto. E eu me permitir chorar...

Ali, naquele exato momento, eu entendi que não estava chorando porque demonstrava fraqueza. Eu estava chorando porque eu sou um ser humano. Um homem que acabou de perder um filho. Um filho na qual eu não tive nem chance de almejar como se deve desejar uma criança.

- Quero que essa dor passe... - ela pediu baixinho assim que se acalmou e eu a olhei sem entender

- Quer que chame a medica para te dar alguma medicação? Pra aliviar a dor! - questionei olhando nos lindos olhos azuis dela, que demonstravam naquele momento uma profunda tristeza

- Não estou falando de dor física! - ela disse desviando o olhar e encarando a parede atrás de mim - Estou falando desse vazio que estou sentindo! - seus olhos já estavam cheios de lágrima novamente - Dói demais, Harry! - disse já retornando a chorar e tudo que eu pude fazer foi abraçar ela.

Eu sabia que naquele momento, ela se arrependeu de ter cogitado a ideia de fazer um aborto...

Ao longo da vida, você vai fazendo projetos e neles se incluem formar uma família, ou seja... casar e ter filhos com a pessoa amada. E esse sempre foi um sonho e plano meu. Acho que por ser filho único e crescer praticamente sozinho, eu desejava e imaginava isso demais.

Tudo bem que nem sempre as coisas irão acontecer como nós planejamos, que não temos o poder de guiar certinho a nossa vida, mas as coisas vieram e se foram muito rápidos e isso era o que eu e Ginny mais odiávamos: mudanças drásticas na vida.

Ver ela ali, naquele estado lastimável foi o fim pra mim. E veio do nada um misto de tristeza e culpa. Tristeza porque eu também perdi aquele filho naquele dia e culpa por ter arrastado Ginny naquela maldita noite para bebermos e ter dado no que deu.

Mas essa culpa uma hora ia passar, eu tinha certeza. E eu me agarrava com todas as forças que ainda me restavam, aquela ideia de que Deus faz as coisas com um proposito, então seguindo essa linha de pensamento, ele coloca as pessoas nas nossas vidas, mas também as tira. Aquilo tinha um proposito e eu só tinha que parar pra perceber qual era.

A medida em que o tempo foi passando, a ferida da alma foi cicatrizando aos poucos.

Ginny e eu agora estamos juntos. Depois de sair daquele hospital, minha mãe fez questão de que ela fosse passar uns dias lá em casa, pra se recuperar física e emocionalmente. Isso acabou nos aproximando muito mais e dois meses depois, engatamos em um relacionamento.

Obvio que depois do que Cho fez a Ginny, ela foi embora. Eu fiquei sabendo por um colega de trabalho que no mesmo dia, Asty chegou revoltada na delegacia e disse a Cho o que tinha acontecido, que depois disso eu e Ginny jamais a perdoaríamos. Que apesar de termos errado, o prejuízo que ela causou a nós dois foi bem pior! E de fato foi. Nem se quer tive vontade de olhar na cara dela, e muito menos tempo, pois ela pediu transferência logo depois do ocorrido e voltou pra cidade onde nasceu.

Não querendo me vitimar, mas a dor de perder um filho é incomparável a dor de uma traição. Posso parecer egoísta com esse meu pensamento, e sei que cada pessoa lida com perdas de formas diferentes, até porque Cho sentiu que me perdeu pra Ginny naquele momento - o que não era verdade na época -. Mas eu vi em seus olhos, antes de tudo acontecer, que ela estava irada. Então foi vingança! E eu e Ginny, ainda não somos capaz de perdoar o que ela fez. Naquele dia, Cho não perdeu apenas o namorado, ela perdeu a melhor amiga dela.

Com 2 anos de namoro, eu fui aceito para comandar uma parte do F.B.I, o centro de investigação. E minhas parceiras eram Ginny e Astória.

Naquele dia, eu e Ginny perdemos um filho. Mas depois de um bom tempo conversando e se abrindo um com o outro - afinal quem melhor do que uma pessoa que passou por isso junto que você pra entender a situação -nós vimos que o proposito de Deus foi nos unir.

Ele sabe o que faz e naquele momento, era isso que ele queria nos mostrar. Que independente de tudo podíamos contar um com o outro. Contamos quando descobrimos que seriamos pais do nada e contamos quando isso nos foi arrancado da realidade e do coração.

O sentimento de solidão que me consumiu com a noticia da perda, foi sumindo ao passo em que Ginny se tornou minha ancora de vida!

Com 5 anos de namoro, nós dois nos casamos na presença de familiares, amigos e colegas de trabalho do F.B.I.

E foi apenas 2 anos depois de casados, que a história resolveu se repetir, mas de uma forma bem melhor agora!

- Harry! - Ginny me chamou de dentro do banheiro. Sua voz era falha, então logo me levantei da mesa que tinha em meu quarto e tirei a minha atenção do computador para ela.

- O que foi? - a questionei andando até a porta do banheiro e me deparando com ela sentada no vaso fechado

Foi aí que notei o que ela segurava...

- Isso é o que eu estou pensando? - perguntei já vendo seus olhos marejados

- Sim! - ela disse assim que me abaixei para olhar em seus olhos.

Ali, e só ali, naquele exato momento, eu pude ver que o pequeno vazio que eu sentia desde a perda daquele bebê sumiu por completo!


Notas Finais


EAAAAAI?


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