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História Fênix Azul - Um novo companheiro de viagem


Escrita por: PS_Jay

Notas do Autor


Oiee!!! Bem, pessoal, aqui está outro capítulo. Espero opiniões, e leiam as notas finais, sim???

Capítulo 27 - Um novo companheiro de viagem


- Então, você é um mago? - perguntei para mim mesmo enquanto o garoto de quem eu falara andava pela cozinha com uma xícara de café já frio. O garoto com heterocromia - olhos de cores diferentes. Seu nome? Nicolas Reimonds.
      - Não - respondeu ele, indiferente. Pousou a xícara vazia sobre o balcão de granito, de frente ao fogão, geladeira e os muitos armários pertencentes a sua mãe, Rafaelli Reimonds. A mulher era um amor de pessoa, cabelos channel também loiros - como os do filho -, e olhos castanhos. Era baixinha, mas seu senso de humor compensava seu tamanho. Eu a conheci assim que acordei, semi-consciente, sendo carregado para dentro da casa pelos dois braços. Agora, se alguém me perguntar quem me trouxe ali, além de Nicolas, ou como me trouxeram, eu não saberei responder.
     Estava sujo de lama marrom no lado direito. Na perna, no braço e no rosto. A lama já estava seca, e rachaduras de barro me cobriam em todas as partes que a sujeira aparecia. Já do lado esquerdo, minha roupa estava molhada pelas águas turbulentas da cachoeira. Um desenho engraçado se estendia por toda a extensão dos tecidos, como o encontro entre os rios Negro e Solimões, antes de desembocarem no rio Amazonas. Eu tomava todo o cuidado possível para não encostar nos móveis brancos e limpos da cozinha.
      Nicolas se apoiou com o quadril em uma das lisas superfícies do armário próximo a pia. Olhou diretamente para mim.
      - Eu sou um feiticeiro, minha mãe é uma maga - continuou ele. - Existe uma diferença plausível entre ambos os termos.
     Nicolas era inteligente e possuia um pouco do sotaque do norte carregado em suas palavras. Seus olhos de cores diferentes eram avaliadores e misteriosos, mas também, repletos de curiosidade. Eu estava louco para perguntar qual era a tal divergência entre mago e feiticeiro, mas o garoto foi mais rápido, e explicou:
      - Magos, geralmente, conseguem ter alguma espécie de controle sobre as forças naturais. Os feiticeiro, assim como o próprio nome indica, realizam feitiços. Entendeu?
      Fiz que sim, sinalizando que compreendi essa parte. Mas, assim como Nicolas dava uma dica de sua curiosidade contida, eu também tinha a minha.
      - Ambos... bem, podem... - balbuciei sem encontrar as palavras exatas para a minha pergunta.
      - Fazer parte da mesma família? - completou o garoto.
      - Eu ia perguntar se podem possuir fácil algum tipo de paretesco, já que você e a sua mãe são um exemplo disso, mas também serve - corrigi educadamente.
      Nicolas suspirou como se já tivesse explicado isso um milhão de vezes, ou ensaiado o discurso na frente do espelho.
      - Para nós, é normal a influência de ambas as classes - relatou ele. - Feiticeiros e magos trabalham juntos, fazem parte do mesmo patamar social. Não é raro encontrar famílias que possuam membros dos dois tipos, mas geralmente, estes usufruem de alguma descendência.
      - Então, você quer dizer que não é raro e ao mesmo tempo não é normal essa ocorrência - comentei. Os pequenos pontos se juntavam em minha cabeça. A quarta classe era um mistério digno de ser resolvido.
      Nicolas assentiu.
      - No meu caso - ele continuou como se as palavras, antes, estivessem presas em sua garganta -, o fato foi relatado como raro. O fruto da união de uma maga e de uma pessoa qualquer, não deveria ser um feiticeiro.
      - Seu pai era normal - adivinhei, logo vendo seu cenho franzido pela confusão. Sem querer, acabara de nos chamar de esquisitos. - Não era um mago ou feiticeiro, quero dizer.
      Nicolas suavizou a expressão, relaxou os músculos do braço.
      - Nem um metamorfo - murmurou ele, distraído. Olhava para um ponto fixo no chão. - Ele morreu quando eu era criança.
      Engoli em seco, partilhando sua dor.
      - O meu também.
      O clima ficou pesado e mais frio, de repente, meus cadarços pareciam muito mais interessantes do que nossa conversa. Até que eu vi algo que me chamou a atenção. Nicolas estava apoiado no armário com as palmas das mãos na superfície plana, os cotovelos virados para a janela atrás dele, de modo que eu tive um ótimo vislumbre de uma mancha em seu pulso esquerdo. Espera - não era uma mancha. Parecia mais... uma tatuagem.
      Fiquei curioso - mais do que o normal. A figura negra tinha uma forma disforme e diferente. Parecia uma estrela de Davi, mas em vez de ter seis pontas, possuia nove. Os riscos se cruzavam várias vezes um por cima do outro, e no entanto, não pareciam ter sido feitos ao acaso. Eram quase que sincronizados.
      Nicolas ainda olhava vagamente para o ar, de modo que decidi questioná-lo sobre a suposta mancha.
      - O que é isso no seu pulso?
      O garoto pareceu acordar de um transe e olhou para o próprio braço. Quase me deixei suspirar de alívio quando a tensão no ambiente desapareceu.
      - É uma tatuagem - ele confirmou minhas suspeitas. - Tanto magos quanto feiticeiros as possuem depois de uma determinada idade. Elas costumam indicar a especialidade de cada um.
      Curvei ligeiramente a cabeça para a frente.
     - E o que essa estrela simboliza? - perguntei.
      Nicolas riu sem muito humor.
      - Não é uma estrela - falou ele. Seus olhos faíscaram com um pouco mais de entusiasmo. - É um prisma de nona divisória. Todos os feiticeiros, ao atingirem quatorze anos, são designados a fazer parte de uma delas.
      Franzi o cenho. Os encaixes das peças pareciam vir como mágica. De alguma forma, eu entendi. Dentro da classe dos magos existia uma subdivisão de feiticeiros, e por acaso, essa subdivisão era organizada em divisórias e marcada com tatuagens. Mais ou menos a mesma  ideia dos metamorfos.
      - Então, basicamente, a tatuagem dos membros da primeira divisão seria apenas um risco?
       Nicolas coçou a nuca procurando uma resposta. Ele mordeu o canto do lábio inferior.
      - Eu nunca tinha pensado nisso - admitiu. A vaga expressão de seu rosto me dizia que o mesmo estava imaginando a personificação do desenho. - Já pensou em alguém dizer para ele: "Ei, tem um risco gigante de caneta no seu pulso!"
     O garoto riu da própria piada e eu me limitei a abrir um sorriso desconfortável.
       - Mas e os magos? - retornei a verdadeira questão, quando o adolescente de cabelos loiros voltou a assumir sua postura descontraída. - A marca teria a ver com o controle sobre uma das forças naturais que correspondesse ao seu dono?
     O garoto abriu a boca para responder quando uma voz feminina falou por ele, vindo de trás de mim:
     - É exatamente isso, Ricardo.
      Rafaelli Reimonds andava a passos graciosos sobre os pés descalços em contato com o piso. Os cabelos cor de areia estavam soltos em cachos bem feitos e ela carregava uma toalha dobrada no braço esquerdo. A mulher havia surgido de um corredor que separava a cozinha da sala, e abrigava as portas dos quartos, além do grande banheiro branco. Ela sorriu delicadamente.
       - Nicolas, querido, você poderia pegar um copo de água para mim?
       O loiro retirou um copo de um dos armários e o encheu de água da torneira. Assim que o utensílio foi pousado sobre o balcão que separava a cozinha, eu soube que não era dirigido para consumo.
      Rafaelli ergueu o braço direito em direção ao copo. Na pele do seu pulso, três desenhos se estendiam graciosos. Três flocos de neve.
     De repente, apenas com um simples gesto de mão, a água endureceu até se transformar em gelo sólido. Vapor subia ao ar.
      Deixei o meu queixo varrer o chão enquanto a mulher olhava orgulhosa para o seu feito.
      - Uou! Isso é muito legal - murmurei, admirado.
      Nicolas deu de ombros.
      - Pelo menos aqui em casa não precisamos de despensa para gelo.
     A sra. Reimonds lançou ao filho um olhar de aviso e voltou a sorrir para mim, como se nada tivesse acontecido. De fato, a mulher possuia muita personalidade. Pensei em perguntar a ela sobre Lince, já que a mesma se encontrava no pequeno quarto desde que nos deixara na cozinha.
     - A ruiva já acordou, se quiser saber - falou Rafaelli, lendo meus pensamentos. Ela abriu um sorriso cuja finalidade eu não sabia explicar, e como se não bastasse, Nicolas repetiu o gesto.
     - Ruiva na sala - uma voz anunciou, divertida. Lince surgiu atrás da sra. Reimonds, de roupa limpa e banho tomado, dos seus longos cabelos vermelhos se desprendia um adocicado cheiro de xampu de camomila. Ela me olhou de cima a baixo.
      - E eu acho que você precisa de um banho.

                           ★★★

      Eu precisava de um banho.
      Um banho bem demorado, de preferência.
      A toalha que a sra. Reimonds tinha repousada no braço foi entregue a mim, e eu me dirigi ao banheiro de um dos quartos. Mais especificamente, o quarto de hóspedes.
     Nossas mochilas estavam lá, o meu conjunto de arco e flecha não mais dentro do tecido. Eles estavam colocados delicadamente sobre a cama.
      Deixei-os ali e entrei no box, logo, descartando as roupas imundas e pela primeira vez desde que chegara, me senti limpo. Esfreguei os cabelos ruidosamente enquanto observava uma camada inteira de sujeira escorrer pelo ralo. Senti meus músculos relaxarem sob a pressão da água morna e inspirei o vapor quente que preenchia o cubículo.
      Meu ombro ainda estava dolorido no lugar em que um dos dardos pegara, e esses poucos furos no casaco, rasgando a pele debaixo deste, foram suficientes para nocautear tanto a mim, quanto a Lince, na hora em que caimos direto para a cachoeira. A pressão da queda, somado aos pequenos dardos tranquilizantes e a longa corrida, nos deixou desacordados assim que caimos com um baque no meio do parque nacional. Nicolas nos encontrou, e ali estávamos.
      Não pude imaginar o tamanho de nossa sorte, ou na enorme coincidência, de cairmos justo naquele lugar, dentre tantos outros.
      Suspirei pesadamente quando sai do box, e reparei que minhas roupas sujas não estavam mais amontoadas no piso frio. Enrolei a toalha na cintura após me enxugar e tomei um susto ao sair do banheiro.
      Rafaelli Reimonds estava dobrando uma camada de roupas limpas para mim em cima da cama. As minhas vestes sujas estavam aos seus pés.
      A mulher se virou e olhou-me com a expressão divertida. Senti minhas bochechas assumirem um leve tom de vermelho quando seus olhos passaram sobre a parte da tatuagem que ficava amostra na frente do abdômen. Procurei ficar com as costas virada para a parede, escondendo assim, o restante da imagem de Avalor.
     - Não se preocupe com isso, querido - falou a mulher em um tom gentil, me deixando ainda mais envergonhado. - Também sou mãe de um garoto.
      Abri a boca várias vezes para falar alguma coisa, talvez perguntar porquê ela estava ali, mesmo que fosse óbvio. A sra. Reimonds, porém, não retirou o olhar da pequena parte da calda de uma fênix que vinha a aparecer. Era difícil deduzir o que se passava em sua mente.
      Ela ficou séria.
      - Ricardo, preciso te pedir um favor.
      A olhei com um certo interesse, a vergonha sumindo aos poucos.
      - Do quê precisa? - perguntei, curioso.
      A sra. Reimonds soltou um longo suspiro exasperado. Torceu a bainha de sua blusa e despejou todas as palavras de uma vez:
      - Eu quero que você leve Nicolas junto.
      Pisquei atordoado e um tanto surpreso com o pedido. E diante de tudo aquilo, a única coisa inteligente que consegui dizer foi "Hã?". No mesmo instante me senti extremamente idiota.
     Rafaelli suspirou mais uma vez.
      - Eu quero que leve Nicolas em sua viagem.
      - O que... mas... por quê? - balbuciei.
      - Porque eu sinto que não devo mais prendê-lo.
      Olhei confuso para os profundos olhos castanhos da mulher, buscando desesperadamente uma resposta para todas as dúvidas que se formavam em minha cabeça.
     - Ainda não entendi, sra. Reimonds - falei me apoiando com o ombro no armário.
      - Eu não... não quero prendê-lo a mim para sempre, entendeu? Mesmo que eu me preocupe, mesmo que eu queira, tenho de deixá-lo tomar suas próprias decisões. Ele quer ir. Ele tem que ir.
      Ficamos nos encarando por um tempo enquanto eu digeria suas palavras.
      - Como a senhora pode ter tanta certeza disso? - perguntei.
      - Eu não sei explicar - disse ela -, apenas sinto que é a escolha mais sábia. O certo. Nicolas não está feliz aqui, nunca se encaixou direito no meio desses magos amantes da natureza. Eu já estava pensando seriamente em me mudar para o sul, e agora, ele tem a chance de fazer amigos.
      Deixei-me refletir sobre isso, ainda olhando com atenção para a imagem triste da jovem mulher. Era visível o sofrimento de uma mãe ao permitir que seu filho embarcasse em uma missão tão perigosa. Mas também, a coragem que ela tinha ao fazer justamente isso. Rafaelli estava insegura diante dos perigos que Nicolas poderia correr, porém, estava segura quanta a sua decisão de deixá-lo entrar nesse barco, mesmo que a rota marítima acabasse indo em direção as pedras.
      - Além disso - continuou a sra. Reimonds -, Nicolas conhece as matas como a palma de sua mão, pode ser útil.
     Quanto a esse ponto, eu e ela tínhamos de concordar. Precisávamos de um guia, alguém que apontasse o caminho. E algo me alertava que o garoto era a pessoa certa para o serviço. Eu seguia meus instintos, só não entendia como a mulher sabia dessas coisas.
      - Eu preciso que você me prometa, Ricardo - pediu ela. - Prometa que vai levá-lo, e depois, que vai carregá-lo a força até o sul, onde estarei esperando.
      Olhei novamente aqueles profundos olhos castanhos, e fiz uma promessa a mim mesmo quando abri a boca para respondê-la.
      - Prometo.
     Rafaelli assentiu e se abaixou para recolher minhas roupas sujas.
     - Só quero que você me responda uma coisa - falei, antes que a mulher saísse pela porta. Ela voltou sua atenção para mim, os olhos me lembrando grandes órbes de uma coruja-de-igreja. - Por que você confia em mim?
      A sra. Reimonds abriu um sorriso reconfortante.
     - Você é um bom garoto, Ricardo. Vai ser um grande homem um dia, é só o que preciso saber.
     Então, ela se virou, passou pela porta e a deixou bater atrás de si.
      E eu fiquei sozinho, refletindo nossa conversa em silêncio.
      Peguei as roupas e as vesti com pressa. Deixei o arco e a aljava em cima dos lençóis da cama, dando uma última olhada enquanto saia do quarto e caminhava em direção a cozinha, onde a batida de talheres contra o prato era ouvida. Atrapalhei uma conversa cujo assunto nem me lembrava quando entrei na saleta de jantar.
      Nicolas me fitou por cima da sua segunda xícara de café com interesse. Olhei para ele.
     - Arrume suas coisas hoje, saímos amanhã cedo.

Notas Finais


Bem, preciso da opinião da maioria (ou todos, se possível) dos leitores. Quantas temporadas eu devo fazer?? Estava pensando, ou eu faço quatro, uma para cada nome das fênixes, ou apenas três, aí eu diminuo e junto algumas. Preciso saber o que acham, okay??
Beijos!!!


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