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História Fênix Azul - Sem saida


Escrita por: PS_Jay

Notas do Autor


Oi gente!!! Bem, outro capítulo. E antes q chegue ao final já peço, não me matem!!!
Boa leitura

Capítulo 30 - Sem saida


Capítulo 30

 

Sem saída

 

   Toda a floresta pareceu se fechar sobre nós a simples fala de Zirion, tão fria e tão áspera quanto uma pedra de gelo seco. O rosto deformado do caçador de recompensa se abriu em um sorrisinho de escárnio, tornando sua face ainda mais grotesca.

   __ Gostaria de poder dizer o mesmo. __ Finalmente tomei coragem para dizer, depois de muito tempo analisando o estrago que Lince tinha feito no nosso último encontro com os Caçadores. 

   Zirion deu de ombros.

   __ Já me acostumei com isso. 

   Os olhos leitosos do líder dos Caçadores passaram sobre cada um de nós, e se detiveram em Lince. Ele falou: 

   __ Espero que tenha gostado do trabalho, querida. __ Então exibiu sua face coberta de pele morta, com a carne aparecendo em algumas partes. Ele vislumbrou o desgosto na expressão de Lince. 

   Um pouco mais atrás dos Caçadores, os Procons rosnaram. Os pelos desgrenhados se mexiam com o vento, que de uma hora para a outra se tornara mais frio. Os olhos cor de sangue estavam famintos por... bem... sangue. Eles se deslocavam esperando uma ordem para atacar. 

   Talvez nossa única chance fosse manter Zirion falando. 

   __ E quem é esse? __ ele perguntou, agora com as órbes brancas voltadas para Nicolas, que engoliu em seco. Seu Pomo de Adão se mexeu e uma gota de suor escorreu sobre sua sobrancelha. 

   __ Como nos encontrou? __ Tentei desviar a atenção de Nicolas, o que pareceu funcionar. Não precisávamos que Zirion se interessasse por ele, que fosse atrás de um feiticeiro. 

   O Caçador olhou diretamente para mim, se esquecendo momentaneamente de Nicolas. Ele abriu mais um de seus famosos sorrisos maldosos. 

   __ Há pessoas que fazem de tudo para continuar vivas __ ele respondeu como se tivesse acabado de contar uma piada. Seus companheiros abriram sorrisos sacanas enquanto seus olhos brilhavam mordazes. 

   Uma realidade me atingiu. Talvez um alemão não estivesse tão bêbado.

   __ Hanikhan? __ Tentei não soar decepcionado, mas parece que nem cheguei perto disso. Minha voz soou fria até para mim. 

   Zirion decidiu ignorar meu tom, gesticulando com ambas as mãos. 

   __ Ele foi muito útil __ falou. 

   De repente, fiquei com raiva. De Hanikhan, de Zirion, de Lince. Cerrei as mãos em punho.

   __ Então, ele simplesmente nos entregou de bandeja? Aposto que por uma garrava de vinho tinto. 

   Zirion parecia estar se divertindo. Ele tirou o capuz da cabeça e passou os dedos despreocupadamente pelos fios de cabelos castanho. Gesto que me lembrou a mim mesmo.

   __ Oh, não __ disse. __ Uma das pessoas que mais nos ajudou não foi ele. 

   Meu coração afundou e um nó se formou na minha garganta. Não. Não podia ser.

   __ Como é que era mesmo o nome dela? __ continuou Zirion. __ Katia, Camila...

   __ Karina __ sussurrei, mas o Caçador ouviu. Sorriu ainda mais.

   __ Karina.

   A forma como ele repetiu o nome dela me deu vontade de vomitar. Senti nojo deles e de mim mesmo, só de pensar tudo o que aqueles caçadores sem vergonha poderiam ter feito com ela.

   Algo me dizia que não foi bom.

   __ Uma jovem adorável __ Zirion continuou. __ Foi preciso muito esforço para convencê-la a falar para onde vocês estavam indo, mas ela acabou cedendo. Hanikhan teria nos polpado de uma noite muito divertida se não estivesse tão bêbado. 

   __ Divertida? __ Lince rosnou. Naquele momento quis que ela tivesse ficado quieta. 

   Zirion falou em deleite:

   __ Isso mesmo, não é, rapazes? 

   Seus homens soltaram risadas de deboche que me fizeram trincar os dentes antes de falar alguma besteira. Engoli um xingamento e inspirei. 

   __ Espero que esteja satisfeito.

   __ Ainda não __ respondeu ele, não percebendo ou não dando atenção ao sarcasmo evidente em minha voz. Seus olhos brancos aparentavam estar focados em mim, mas eu sabia que fitavam a adaga segura em minha mão.

   A lâmina ficou mais fria e pesada, como se reconhecesse um velho inimigo, e não gostasse nem um pouco de reencontrá-lo. De repente fiquei curioso para saber o que havia acontecido com os olhos de Zirion.

   __ Não consigo acreditar que você realmente a conseguiu __ comentou ele, indicando a adaga com o queixo. 

   __ E por que esse interesse repentino? __ perguntei antes que conseguisse me calar. O Caçador me respondeu: 

   __ Eu tentei ir atrás da adaga, quando tinha mais ou menos a sua idade. Mas ela sabe se defender. Você deve ter percebido que nenhum animal nem chega perto daqui, e o que aconteceu com seu barco já responde muitas dúvidas.

   O jeito estranho como havíamos sido jogados de um lado para o outro, a forma como o rio se agitara, as árvores se curvando sobre o caminho, tudo voltou a minha mente. O barco se partira assim como eu já tinha feito muitos vidros se partirem. 

   Zirion suspirou e arreganhou um sorriso diabólico.

   __ Foi por culpa dela, rapaz, que meus olhos ficaram assim. 

   Não consegui esconder minha surpresa e repulsa. A adaga pareceu pesar ainda mais, como se estivesse se preparando para se defender novamente. 

   __ Eu achei que ela se protegeria de novo __ disse Zirion. __ Esperava por isso, admito. Mas me parece que a adaga reconhece seu dono. 

   Nicolas retesou os músculos, Lince rangeu os dentes. Mais atrás, os Procons rosnaram. Os Caçadores levaram as mãos às armas. Zirion concluiu:

   __ É realmente uma pena. 

   Foi tão rápido que nem eu tive tempo de processar o que aconteceu de verdade. Duas colunas que ainda se encontravam de pé no meio das ruínas tombaram uma em direção a outra, levantando pó e ressoando com um estrondo na floresta. Uma montanha de mármore se formou entre nós e os Caçadores de Recompensa. 

   Dirigi-me a Nicolas, que ofegava. 

   __ Cansei deles __ o loiro exclamou, como se precisasse se defender. Seu punho estava cerrado. 

   __ Isso sim é um truque de mágica __ comentou Lince, maravilhada.

   __ Pois é. Vamos mágico. __ Puxei Nicolas pelo capuz do casaco para o lado oposto aos Caçadores, adentrando mais uma vez a floresta. __ Você sabe abrir um portal?

   Ele franziu a testa e parou, confuso.

   __ Portal?

   Olhei nervoso para as ruínas recém formadas, que eram empurradas até se chocarem novamente contra o chão. As bestas uivaram em ira e começaram a tentar pular as pedras.

   __ Não são os feiticeiros que fabricam as esferas de teleporte? __ perguntei, voltando a puxar Nicolas pelo casaco. Lince seguia a nossa frente, meio andando meio correndo.

   __ São __ respondeu o loiro.

   __ Então __ falei. __ Você consegue produzir um ao vivo?

   Ele parou de novo, um tanto surpreso. Lince falou algo inteligente como "o que foi agora?" e bufou irritada. Olhei mais uma vez por cima do ombro, a primeira besta tinha ultrapassado a barreira.

   __ Consegue ou não consegue?

   __ Eu acho que sim __ ofegou Nicolas.

   __ Ótimo.

   Joguei minha mochila para ele e pendurei a adaga no cinto. Tirei o arco das costas. Preparei uma flecha.

   __ Vamos. Dou cobertura.

 

                      ★★★

 

   Seguíamos ruidosamente em direção ao Rio Amazonas. Lince à frente, cortando galhos e abrindo caminho. Nicolas logo atrás dela, murmurando palavras desconexas entre ofegos baixos. E eu na retaguarda.

   Puxei o arco e abati o primeiro Procon. Minha flecha passou pelas árvores e se cravou em um pedaço de mármore. Armei outra e mirei entre dois pedregulhos. Uma segunda besta, do outro lado da barreira, caiu morta.

   __ Vamos! Seus idiotas! __ Ouvi Zirion gritar para o restante dos Caçadores de Recompensa e não pude deixar de abrir um sorriso sarcástico.

   __ Mas... senhor! __ Alguém protestou, embora seu líder provavelmente não desse atenção.

   Enquanto armava uma flecha, vi as rochas eclodirem e um caçador de olhos leitosos aparecer em meio a poeira, visivelmente irritado e um tanto maníaco.

   Acertei outra besta no meio da testa.

   __ Rápido! __ Lince gritou, virando uma curva entre os galhos.

   __ Como se eu precisasse que alguém me dissesse __ gritei de volta.

   Nicolas continuava murmurando coisas. Suor escorria de sua nuca, e ele perdia o ritmo. Uma flecha acertou uma árvore ao lado de sua cabeça.

   Derrubei outros dois Procons que se aproximavam quando arrisquei uma olhadela para trás.

   __ Cuidado!

   Lince derrapou no solo úmido e pulou um grosso tronco de uma árvore caída. Nós a seguimos e continuamos correndo.

   __ Cuidado! __ Foi minha vez de gritar. Empurrei Nicolas um pouco para o lado quando alguma coisa passou zunindo na altura do meu maxilar.

   Em uma curva, senti algo raspando o lado esquerdo do meu abdômen, e uma dor me consumiu.

   __ Não é para matá-lo, seu idiota! __ Zirion exclamou em algum lugar as minhas costas.

   Não dei atenção.

   Olhei para Lince e para Nicolas, vendo seus rostos cansados e expressões vazias. Senti um líquido pegajoso empapando minha camisa, e soube o que fazer.

   Ergui o braço e senti uma energia familiar percorrendo meu corpo. Em poucos segundos, uma árvore tinha eliminado uma dúzia das bestas.

   __ Ah meu Deus! __ disse Nicolas, olhando para mim. Na verdade, para minha barriga. __ Você está sangrando.

   Não que eu precisasse ser lembrado, mas aquelas três palavras me atingiram em cheio.

   __ Quem está sangrando? __ Lince parou abruptamente, nos forçando a acompanhá-la.

   __ Escutem __ chamei. __ Sigam de novo até o barco e abram uma passagem, direto para o QG, entenderam?

   Nicolas me olhou.

   __ Espera. O que você vai fazer?

   __ Ganhar tempo. __ Tirei a adaga do cinto e a entreguei a Lince. __ Fique com ela, sabe o que fazer. Dê à tigresa.

   Ela me fuzilou com aqueles grandes olhos dourados, e por fim, assentiu.

   __ Mas, Ricardo! __ Protestou Nicolas.

   Olhei dentro daqueles olhos violeta e sorri.

   __ Entreguem o diário a ela também, estará em segurança. __ Armei mais uma flecha.

   __ Vamos. __ Lince puxou o loiro pelo braço e correu para o lado esquerdo, direto para o rio.

   Fui para o lado oposto, fazendo o máximo de barulho possível para atrair os Procons, mesmo que soubesse que eles viriam atrás de mim de qualquer jeito.

   Acertei uma besta que chegava perto demais, mas não fui rápido o bastante para aparar a outra. Senti muitos pedacinhos de vidro perfurarem minha panturrilha. Dentes. E fui derrubado.

   O arco ainda estava firme em minha mão, e consegui alcançar a flecha mais próxima. A apontei para o Procon que me rodeava, mas assim que a flecha o atingiu, a besta virou cinzas em meio a chamas azuis.

   Tirei forças de onde não tinha, me levantando e continuando a cambalear entre as árvores. Agora porém, com uma perna e o abdômen sangrando.

   Eu não ia conseguir ficar a frente dos caçadores por muito tempo. Eles me alcançariam. Então, em alguns segundos incontáveis, fui cercado.

   Minha flechas acabaram, evaporadas e consumidas em chamas assim como qualquer ser que houvesse sido atingido por elas.

   __ Você aprendeu alguns truques novos __ ouvi Zirion falar de algum lugar a minha esquerda.

   Não pude procurá-lo, mas eu sabia que tinha frustrado seu plano, mesmo que metade. Ele não teria Lince, nem Nicolas. E quase pude sorrir com isso.

   A última coisa que lembro? Alguém me segurando e colocando um pano na minha boca, que possuia um cheiro forte e atordoante.

   Minha visão escureceu.


Notas Finais


E então?


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