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História Fênix Azul - Bancando a babá


Escrita por: PS_Jay

Notas do Autor


Sim, eu demorei mais do que o previsto. Mas, tentem não ficar bravos. Como já disse antes, às vezes falta-me inspiração para escrever. Fico tempo olhando para a tela, pensando em como começar o capítulo. Depois, vai... flui como água...
Mais uma coisa, início de ano, verão, e... bem... eu vou passar um tempo da próxima semana na praia. Lá não tem sinal ~ a não ser de frente pro mar ~ e não sei se vou conseguir postar. Mas prometo que vou compensar e enquanto estiver enfurnada naquela casa, escreverei todos os rascunhos possíveis.
Beleza?
Boa leitura.

Capítulo 6 - Bancando a babá


Fanfic / Fanfiction Fênix Azul - Bancando a babá

Só me faltava um avental, uma roupa de faxineira e um belo e arrumado coque para ser chamado de "dona de casa".
   Natalie tinha combinado de sair, o que para mim não era problema, já que eu queria que ela aproveitasse e se divertisse. Teria um encontro com Davi, o que também não significava grande coisa. O garoto era legal, gentil e se preocupava com ela, poderia até dizer que a amava. Eu ficaria em casa em uma sexta feira a noite, tentando dormir.
   Beleza.
   Uma pequena tigresa apareceria lá em casa, esperando seu querido irmão sair para me importunar a noite inteira. E eu teria de tomar conta dela.
   Não me entenda mal. Ficar com Beatriz não era ruim, eu gostava e apreciava a companhia da tigresa branca. O fato de como conversavamos igual velhos amigos me deixava tranquilo, mesmo nos conhecendo a apenas um ano.
   O problema em si, era o que dizia respeito sobre o quanto a tigresa sabia. E ela sabia muito. Geralmente, eu não conseguia esconder nada dela, Bia somente precisava - sem a ajuda do oráculo - me olhar atentamente e descobrir que havia algo de errado para fisgar a vara de pesca. Em detalhes, expressões corporais e vozes contidas, a garota sabia identificar perfeitamente quem estava bem e quem não estava. Chegando a assustar.
   Literalmente.
   Nem precisava dizer a tigresa a bendita frase "Sinta-se em casa". Ela chegava passando pela porta da cozinha, largava a mochila em qualquer canto do chão e se jogava no sofá.
   No condomínio, as casas paralelas eram iguais umas as outras, sendo que Beatriz sabia exatamente onde ficava o banheiro, a cozinha, e depois de passar tanto tempo na vizinhança, a geladeira. Cada vez que Davi e Natalie saiam, Bia se hospedava lá, o que proporcionou uma estadia continua da garota em minha casa.
   Dessa vez, não seria diferente.
   Natalie passou por mim com aquele seu justo vestido preto, que realçava seu busto e a cor chamativa do seu cabelo. Os longos fios lisos estavam arrumados em ondas sobre os ombros, parecendo uma água corrente dourada. Ao redor dos olhos, rimel contornava seus cílios, dando volume e chamando atenção para seus olhos castanhos e avaliativos. O vestido era meia manga, seguindo até a metade das coxas - onde aparecia uma parte de sua tatuagem. O decote em "V" se enchia de lantejoulas, enquanto o resto do vestido era liso. Um salto formoso adornava seus pés, e uma meia-calça escura acompanhava circulando suas pernas. Ela correu apressada até a porta da frente, abrindo-a logo em seguida.
   Como previsto, a tigresa deu um "Oi" pouco convidativo, entrou pisando duro, jogou a mochila que continha suas coisas no canto da cozinha, e se largou no sofá, ligando a televisão.
   Revirei os olhos pegando uma garrafinha de água dentro da geladeira.
   - Desculpe por isso - falou Davi, coçando a nuca e dando um sorriso galanteador. A tatuagem de um pavão estava oculta sob a camisa social branca, e o cabelo castanho jogado para o lado.
   Você pode estar pensando, o que um pavão tem de mais? Simples. Os metamorfos cujo patrono é um pavão, pode ser considerado como um oponente sedutor. Ele não luta. E sim, joga seu charme até o coração da vítima derreter por completo. No fim, nem precisa erguer uma espada.
   Porém, esse charme não funcionou com Natalie, ela é cabeça dura de nascença. Tudo apenas serviu para deixar Davi ainda mais interessado.
   - Tchau! - se despediu Natalie, já do lado de fora da porta.
   - Tchau, aproveitem, e Davi - o garoto me encarou por cima do ombro de Natalie. - Tente não engravidar minha irmã.
   A tigresa começou a rir do sofá, Davi ficou corado da cabeça aos pés e minha irmãzinha bufou. Ela bateu a porta sem nem olhar para trás.
   - Ótimo - murmurei, caminhando até onde a tigresa repousava, com a garrafa de água aberta ainda na mão. Seus dedos passavam apressados pelos botões do controle, mudando de canal freneticamente.
   Bia usava uma calça jeans escura e uma blusa de alças - Ninguém sente frio nessa cidade? - com o desenho de um belo tigre de listras pretas e pelagem branca.
   Ironia?
   O olhar de atrevimento continuava ali, a vagar pela imensidão verde azulada que formava suas íris. A expressão parecia concentrada, mas eu sabia que a tigresa tinha total conhecimento de mim sentado no apoio do sofá.
   - Você podia ser mais sutil? - perguntei, sarcasticamente, dando uma tragada na garrafinha d'água.
   - Sutileza não faz meu estilo - Bia deu de ombros, sem desgrudar os olhos da TV.
   Com uma pontada, a garrafa caiu, água vazou, e eu me dobrei sobre o encosto do sofá beje, me segurando para não cair. Parecia que um ferro estava marcando minha pele, deslizando como um lápis de escrever perigosamente.
   Quando levantei o olhar e peguei a garrafa do chão, vislumbrei a tigresa me encarando. A cara de atrevida se esvaiu, e preocupação se estalou pela sua face.
   Sem eu perceber, Bia havia desligado a televisão e já se colocava de pé, me seguindo até a cozinha.
   Frustrado, larguei a garrafa dentro da pia de granito, me apoiando na mesma. Não estava mais vestido com meu casaco, e meus tênis deveriam estar por aí. Em algum lugar pela casa.
   - Você devia contar para ela - opinou Bia, se debruçando no braço da geladeira e olhando pela janela. Seu olhar estava perdido, do jeito que ela ficava quando falava de algo sério. Seu peito subia e descia, acompanhando meus batimentos cardíacos.
   Suspirei.
   - Ela já tem coisa demais na cabeça.
   - Então você pretende se contorcer a noite inteira, guardando tudo para si próprio? - indagou, começando a ficar indignada.
   Foquei ao longe as madressilvas do círculo no jardim, deixando minha mente vagar pelo espaço tempo.
   Não respondi.
   A tigresa olhou para mim sem expressão.
   Ela inalou o ar seco do inverno.
   Inspirou.
   Expirou.
   - Quanto tempo? - questionou, fazendo mistério em meio às acusações. Seu olhar se enchia de pesar, mas suas feições continuavam duras e frias. Sem muito esforço, entendi ao que a tigresa se referia.
   - Um mês, mais ou menos - calculei, contando as noites que passei me revirando nas cobertas, ou as manhãs gastas cuspindo gotículas de sangue na pia. - Algumas são piores que outras.
   Beatriz começou a andar de um lado para o outro, chutando sua mochila que estava no caminho. Um tilintar se ouviu. Alguma coisa tinha quebrado lá dentro. Bia coçou a sobrancelha e murmurou palavras desconexas, que não faziam nenhum sentido.
   - Mas aí já devia estar terminada. Achei que aparecia quando jovem. Motivo tem. Porém, se não foi por isso,  por que foi? Ou por quem? Talvez tenha algo a ver. Não. Seria loucura. Mas as peças encaixam tão bem...
   A tigresa branca continuou a falar sozinha, me deixando mais confuso do que já estava. Ela gesticulava e transpirava em meio as frases, ofegando e puxando ar, apenas para desatar a tagarelar novamente.
   - Beatriz! - exclamei, chamando a atenção da garota. Ela se virou para mim com uma cara de "Não enche". - Você pode me explicar o que está acontecendo? O que você quis dizer com "Achei que aparecia quando jovem"?
   Bia se pôs defronte a mim, parando e me encarando de cima a baixo. De supetão, pediu:
   - Tira a camisa.
   - O quê? - indaguei, achando não ter ouvido direito.
   - Tira a camisa - ela repetiu, dando ênfase a palavra camisa. Seu pedido soava mais como uma ordem.
   Fiquei um tempo a encará-la, não entendendo absolutamente nada. Procurei sinais de brincadeira em seu olhar, algo que dissesse que ela estava tentando me enganar. Ela estava séria, todavia. Os braços cruzados, a carranca sem expressão.
   A tigresa girou os olhos nas órbitas.
   - Seu patrono é uma tartaruga, ou você é lerdo assim mesmo? - perguntou ela, mais indignada do que já estava. - Quero ver a marca.
   Relutante, puxei a barra da camisa, passando-a por cima da cabeça. A garota agiu normalmente, murmurando algo sobre garotos nunca entenderem nada. Ela deu a volta por mim e parou atrás, demorando em sua avaliação. Senti seu dedo gelado contornando as marcas ferventes, os riscos que adornavam minha pele. Um pé de vento soprou, causando arrepios pelo meu peito nu. Bia apressou-se em fechar a janela.
   O céu, antes cinzento e nublado, com as nuvens escondendo o sol do fim da tarde, estava no momento negro, suportando pesadas bolas de algodão cheias de água.
   Bia se aproximou, sem tirar os olhos das minhas costas.
   - Oh, Avalor, qual o motivo? - suplicou.
   Mordi o lábio inferior.
   - Bia - chamei, sustentando os olhos verdes da pequena tigresa. Verde no azul. - Por que a marca aparece quando jovem?
   Ela abriu um sorriso triste, caminhando corcunda até a mesa. Beatriz largou o corpo na cadeira.
   - A tatuagem costuma se formar entre os oito e dez anos, porque quanto mais jovem, menas dor.
   Observei as nuvens de chuva.
   - E quanto mais velho...
   - Mais dor - completei, não olhando para a garota. - Como isso funciona?
   A tigresa tirou os tênis brancos encardidos e cruzou as pernas sobre a mesa, se espreguiçando na cadeira acolchoada. Puxei um acento e me deixei cair.
   - Já que a formação da criança não está pronta até certa idade, a marca, para eles, parece um simples formigamento. Por exemplo, a minha, apareceu quando eu tinha seis anos. Eu dormia, e quando acordava, um pedaço já estava lá.
   - Nem sentia? - indaguei.
   A tigresa negou com a cabeça.
   - E qual é a diferença das idades? - perguntei, pois como a tatuagem poderia aparecer em uma criança de seis anos, se o normal é com oito?
   Beatriz arrancou o cadarço do sapato e começou a brincar com a cordinha.
   - Aparece entre oito e dez, porque uma criança pequena não entenderia o que um animal estava fazendo em sua pele. Mas é o patrono que decide.
   Desviei meu olhar da janela, fitando a expressão perdida da gatinha branca listrada. Ela enrolava o cadarço no indicador, e desfazia o nó, voltando a repetir o gesto várias vezes.
   - O patrono decide? - repeti, perguntado mais para Avalor do que para Bia.
   - Se não apareceu na hora certa, deveria ter um motivo para o seu patrono se revelar agora.
   - Motivo tem - copiei a reflexão da tigresa. - Mas qual? Por que agora?
   Bia deu de ombros, desviando a atenção do cordão do tênis para a janela. Lá fora, as árvores se agitavam, o céu escurecia em uma velocidade absurda.
   Um trovão ribombou.
   Um raio caiu.
   - Vem tempestade por aí.

Notas Finais


Okay?? Comentários?? Críticas?? O que vocês querem para os próximos capítulos?? Aceito de tudo!


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