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História Fênix da Noite Estrelada - O Peso do Mundo


Escrita por: Si1mari11ion

Notas do Autor


Não existe maior peso no mundo, do que o peso da consciência de que tudo esta perdido.
Isso define tão bem a dor da perda na minha humilde opinião...
Eu vou perder tanto comentário lindo TT^TT
Tenham uma boa leitura :)

Capítulo 20 - O Peso do Mundo


Fanfic / Fanfiction Fênix da Noite Estrelada - O Peso do Mundo

Sempre leu, ouviu e viu falar, que durante uma guerra, quando se esta morrendo, sua vida passa diante de ti, ou você começa a vislumbrar parentes mortos, ou a porcaria do nada, vendo que essa história de “vida” após a morte é tudo mentira. Mas uma história de semi morte que realmente o agradava e até mesmo encantava, era a do livro Meu Querido John, cujo o personagem diz que a primeira coisa que se lembrou quando estava morrendo foram moedas, objetos estes que tiveram um papel interessante na infância da personagem, e a última coisa de que se lembrou foi a pessoa amada.

Este era o fim que estava tendo? Como o da personagem de um livro recomendado pelo guardião da Casa de Câncer? Não exatamente.

Na verdade aquilo parecia uma mistura de todas. Ficava se lembrando de momentos da infância, da adolescência e da vida adulta. Por vezes pensava em nada, só na escuridão e no frio. Mas parecia que sua mente insistia em reconstruir aquele dia, passo por passo, se perguntando, onde tinha errado?

E se não tivesse acordo o companheiro com um beijo? E se não tivesse coberto a filha aquela manhã? E se não tivesse conversado com Andrômeda? E se não tivesse saído do alojamento? E se não tivesse aceito liderar aquela ronda de rotina? E se não tivesse saído mais cedo, ou mais tarde? E se tivesse pego outro caminho? E se...? E se...? E se...?

É impressionante como “e” e “se” são palavras que por si só não apresentam nenhuma ameaça, mas quando colocadas juntas elas tinham o poder de assombrar os seres humanos a vida toda, ou o que restasse dela.

Sentia-se naqueles filmes antigos, onde o clima é sempre mais carregado e trazia uma estranha sensação de déjà-vu. Estava jogado como uma boneca de pano junto a uma pedra, cheio de ferimentos e pelo menos um ou dois ossos quebrados, sangrava muito, não se mexia e respirar fazia seu peito doer. Para ele aquilo só podia ser um sinal de que estava morrendo. Mas afinal como foi que parou ali com um servo de Afrodite rindo de si, enquanto massacrava os soldados?

Ah, sim... Eles tinham sido emboscados no próprio “território”. Foi algo muito ousado por parte dos inimigos, ou melhor, do inimigo, somente aquele servo tinha lhes causado um estrago tremendo. Como ele disse se chamar mesmo? Glory de Colomba, Flecha do Amor Carnal? Algo do tipo...

Não o viu ou sentiu chegar, só soube que ele estava lá ao sentir uma bala atravessar-lhe o corpo e ver mais delas atravessarem alguns de seus soldados. Eram tiros de esmero, não foram disparados para matar, apenas para ferir e causar dor. Também não viu quando foi atacado, arremessado, pego ou seja lá o que tenha acontecido, pois não sabia dizer. Só sabia que atingiu uma pedra com força o bastante para vista escurecer por minutos que mais lhe pareceram séculos.

Tinha que admitir. Foi muito irresponsável ao aceitar liderar a ronda, quando estava se sentindo tão mal. Fazia semanas que vomitava com frequência, sentia-se fraco e sonolento, além de desmaiar a todo momento, e mesmo que insistissem que ele visitasse um médico, lê-se Shun, para ver o que tinha de errado, ele se recusava e afirmava que logo passaria, que era apenas uma virose ou gripe forte. Porém, o buraco era mais em baixo, fazia semanas que não estava conseguindo sentir direito nem o próprio cosmo, não conseguia realizar ataques tão fortes quanto antes e com muito esforço que sua armadura o aceitava, fraco como estava, fazia todo sentido ela o recusar.

Merda!! Ele precisava levantar, precisava proteger os soldados, eles não precisavam morrer por culpa dele. Quis falar, quis gritar, sua voz não saia, mas que merda! Tinha que fazer algo. Tinha que fazer alguma coisa. Não deixaria os outros pagarem por seus erros.

¬ Diamond Dust!! - colocando toda a força que tinha naquele ataque, fez com que o inimigo se ferisse bastante ao sair “voando” de perto dos soldados.

Se levantou com a ajuda destes, que correram para socorrê-lo.

¬ Capitão Yukida! O senhor está bem? - perguntou um dos soldados. - Oh, Deus! O senhor está com uma bala no abdome! Precisamos sair daqui rápido! - afirmou, já o arrastando para longe com a ajuda de outro soldado.

¬ Não!! - ele se desvencilhou de quem o carregava. - Vão vocês! Voltem para base, eu vou segurá-lo!

¬ Capitão, o senhor bateu com cabeça? - indagou o soldado indignado. - Olhe seu estado!

¬ Igual ao de vocês! - volveu. - A diferença é que eu posso segurá-lo ainda! Agora vão!

Não podendo discutir com seu capitão, os soldados restantes deram meia volta e saíram na direção da base o mais rápido que lhes era permitido, enquanto isso, o aquariano se ocupava em continuar ali, detendo aquele que causou tamanho estrago. Teve que se apoiar em uma arvore para arrancar o projétil do próprio corpo, entre gemidos de dor e mínimos momentos de inconsciência, conseguiu retirar uma bala calibre 22 do abdome, jogou-a fora e se concentrou em congelar os próprios ferimentos, assim não perderia mais sangue e o gelo lhe daria certa estabilidade.

Foi ao encontro do oponente um tanto cambaleante, ainda estava mal por ter se chocado com tanta força em uma pedra, e foi recebido por palmas de seu adversário.

¬ Que nobre de sua parte. - debochou. - Sacrificar-se pelos outros, muito bonito, belo, devo dizer que me emocionei.

Uma lança de gelo passou pela lateral de seu rosto, cortando-lhe bochecha e orelha esquerda. Parou com o deboche para encarar o aquariano, que ainda estava na posição de quem acabara de atirar algo e que agora usava a Armadura de Cisne coberta por um tecido negro por cima das roupas do exercito.

¬ Errei, droga. - murmurou entre dentes.

¬ Vejo que ainda tem forças para lutar. - concluiu. - Vamos acabar com essa força, então. - Hyoga não teve tempo de reagir ao ataque, ou melhor, ele nem viu o ataque.

Novamente ele bateu com força contra aquela mesma pedra, mas estava começando achar que era um paredão que surgiu misteriosamente ali, porque ele não se lembrava de pedra nenhuma. Mas quem liga para pedras quando está apanhado? Camus certamente o mataria se ele não morresse nessa luta.

Voltou ao chão, mais uma vez, como uma boneca de pano. Então era assim? Morreria dessa forma tão esdrúxula sem saber o porquê de estar com “problemas” em seu cosmo? Morreria sem honra? Sem provar do que era capaz? Sem fazer uso de toda sua força? Bem, era exatamente isso que iria acontecer se continuasse nesse ritmo.

¬ Nossa... - voltou com o tom desdenhoso. - Eu ouvi falar tanto de você para ter essa decepção?! - Hyoga tentou se levantar, mas acabou caindo de novo. - Você não vale nem o esforço. Quer saber? Eu vou ser bonzinho e te matar agora, já cansei de brincar.

Não conseguiu evitar. Riu da própria desgraça e suspirou, só queria ter forças para mandar seu cosmo até aqueles que amava, falando o que sentia de verdade pela última vez em sua vida. Apenas fechou os olhos e esperou pelo fim, não tinha mais como se levantar mesmo, sentia que o fêmur da perna direita se partira em três pedaços no último impacto, além, é claro, de sua armadura o abandoná-lo ali.

¬ Preparar! - ah, então aquele puto tinha atiradores?! - Atirar!

Ele ouviu o som dos disparos, mas não sentiu nenhum disparo, somente ouviu alguns sons de ricochete. Abriu os olhos no mesmo instante, vislumbrando costas largas, uma cabeleira negra e a parte de trás de uma armadura que ele reconheceria em qualquer lugar, mas o que realmente o fez recobrar parte de sua força foi ver sangue escorrendo pela armadura e pingando no chão.

¬ Ikki... - sua voz estava fraca, só obtendo um sussurro.

¬ Se o querem tanto. - a voz do leonino era profunda e decidida, quase milenar. - Vão ter que passar por cima do meu cadáver primeiro.

O inimigo riu, parecia que Fênix lhe contara uma piada, é em horas como essa que você descobre o naipe do cidadão.

¬ Hoje estou com sorte! - afirmou com um sorriso vitorioso. - Primeiro o Cisne. Agora o Fênix. Certamente subirei no conceito de Lady Afrodite.

¬ Você fala demais! - rosnou o leonino, já partindo para o ataque.

Hyoga não conseguia ver a luta, simplesmente não conseguia acompanhá-la. Estava tão mal que só via borrões, vez ou outra discernia alguma coisa e sentia um medo insano, não sabia bem o porquê, nem como descrevê-lo, mas quando Ikki começo a mandar-lhe mensagens por meio do cosmo – mensagens estas que chegavam em forma de sussurros distantes ao aquariano, de tão fraco que estava – seu desespero só aumentou.

“Koushiteru”

De todo o que o leonino tentara lhe transmitir, de tudo que ele tentou passar, Hyoga só conseguiu discernir esta última palavra, está última declaração, depois disso não conseguiu ouvir mais nada. Voltou sua atenção para luta e, por meros segundos, conseguiu fitar os olhos de Ikki. Percebendo as intenções do leonino, ele tentou levantar mais uma vez, porém a dor e o cansaço lhe impediam.

¬ Não, Ikki!! - conseguiu gritar antes de uma forte luz o cegar e uma onda de choque o empurrar mais para longe.

Quando voltou a enxergar, viu o que pareciam cinzas caindo do céu e assistiu o elmo da Armadura de Fênix rolar até junto de si, rachar, quebrar e se desfazer em pó. Se ajoelhou, com algum esforço e muita dor, quando as cinzas do elmo começaram a voar em sua direção e acenderem aos céus logo em seguida. Ficou ali por minutos a fio.

Sentia-se no fundo do oceano, morto e rejeitado. O resto de sua inocência ardia em chamas, chamas tão parecidas com as de Fênix. Estava a muitas milhas de casa, e agora sentia que estava andando a esmo.

Fazendo uso de suas habilidades ele tentava se erguer, habilidades estas que fez seu Mestre querer nomeá-lo como seu sucessor por tamanho potencial, mas querer que ele recusou, dizendo estar bem como Bronze. Ele sentia o congelamento dos ossos e feridas, emendando-os e cicatrizando-as.

Era um soldado solitário, não conhecia mais o caminho de volta, parecia ter se esquecido de tudo e todos. Subindo os montes, encontrou os soldados inimigos, não os atacou, nem nada, mas sua dor era tão grande e irracional, que quem ficasse a menos de 10 metros dele morreria congelado. Cada passo que dava, congelava o solo ao seu redor, o ar que respirava e as lágrimas que derramava viravam cristais e seu corpo parecia coberto por uma grossa camada de gelo tamanha a dor e a vergonha de não ter levantado.

Queria um sinal, qualquer sinal. Esperava pelo sinal, com a mão no peito, na esperança de que o coração ainda pulsasse, mas este parecia tão frio quanto o gelo que crescia a sua volta, formando uma espécie de armadura, uma armadura inquebrável, nada passaria por ela. Desde o começo, estava pronto para a luta, não para o destino que lhe aguardava.

Podia ouvir o som de tiros ao longe, parecia que estavam atacando a base novamente, mesmo assim, não saberia dizer, o gelo crescia cada vez mais, quase que obstruindo sua visão, ele só andava a esmo, tentando achar aquilo que sentiu ser arrancado. Sentia-se como o ferro no fundo do oceano, afundando cada vez mais na escuridão.

Ouvia o estrondo dos tambores conduzindo o ritmo dos soldados que caiam em batalha, contando fielmente o número de mortos e feridos. O levante das hordas estava logo ali à frente. Pensou que ficaria assim pelo resto da eternidade. Do início dos tempos ao fim dos dias, tentando fugir daquela escuridão, enquanto procurava aquilo que perdeu sem nunca encontrar. Para longe queria ir. Queria sentir a dor e o gosto amargo do sangue nos lábios, queria sentir isso quantas vezes fosse preciso, mas não queria sentir aquela escuridão.

Ouvia as constantes explosões, que misturavam neve e pólvora, formando aquele manto de neve queimada que caia em suas mãos. Congelado até os ossos, estava. A muitas milhas de casa, estava. No fundo do abismo do medo e da dor, se encontrava. Queria ir embora, não queria mais aquilo, e a neve caia cada vez mais. A dor era tanta que nem se lembrava mais dos olhos índigo, nem do rosto moreno e austero, quase não se lembrava do nome.

Gritou de dor. Sabia que a Fênix renascia das cinzas, mas aquela última palavra, aquele “Koishiteru”, o fez sentir que dessa vez seria diferente, que dessa vez ele demoraria muito mais ou que nem se quer voltasse. Cada grito de dor que soltava fazia aquele inverno tão sombrio se espalhar.

Apenas os Aliados tinham proteção contra aquele gelo que consumia tudo em seu caminho, pois o portador da Armadura de Aquário fazia de tudo para proteger seus homens, enquanto um pequeno virginiano e uma menininha se aventuravam pelo campo inimigo, totalmente congelado e destruído, a procura do coração sofredor.

¬ HYOGA!! - o Cavaleiro gritava contra a tempestade de neve que tinha envolta de onde ele estava caído de joelhos a gritar. - ALEXEI, RESPONDA!! ALEXEI!!

¬ PAPA!! PAPA!! - chamava a menininha. - PAPA!! PAPA!!

Aos poucos, bem aos poucos, a tempestade diminuía e seus efeitos sobre o ambiente também. Tudo o que fora congelado explodia e se transformava na neve que cobriria o sofrer. Agora só faltava uma camada de gelo, todos os Cavaleiros e soldados residentes da base estavam esperando aquela última barreira cair, esperando o aquariano ter força o bastante para explicar tudo aquilo que haviam presenciado, porém, logo descobriram a verdadeira razão pelas barreiras estarem caindo.

Hyoga estava de joelhos, vomitando suco estomacal, comida e sangue, algo nada bonito de se ver, Anna teve até seus olhos tampados por seu bunic Milo. Enquanto isso, Shun foi acudir o mais velho. O loiro não parava de vomitar e quando parou, passou longos minutos em estado de choque para gritar logo em seguida. Ele se contorcia e gritava de dor com as mãos sobre o abdome, enquanto tinha sangue escorrendo por todo seu corpo, principalmente entre as pernas.

Depois de cinco minutos agonizando sem que os companheiros pudessem ajudar, o aquariano desmaiou, mergulhando na escuridão que lhe parecia tão familiar e acolhedora.

Bunic - Avô

Koishiteru - Eu te amo, tipo assim, eternamente. Japoneses não brincam.


Notas Finais


Não tem ninguém querendo me matar... né?!
Bem, meus queridos leitores, espero que tenham gostado e que não desenvolvam tendências homicidas, como minha irmã depois de ler esse cap. ^.^

Bjs. L :3


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