História Feridas - Mudanças e distancias

Canyon point of vision

Por volta das oito da manhã, saí para passear com a poppy, minha cachorra, assim como faço todos os domingos. Na volta pra casa me deparei com um caminhão de mudanças em frente ao prédio em que morava e logo pensei "merda, vizinhos novos... espero que não tenha crianças pequenas ou cachorros barulhentos", me enganei, logo no saguão me encontrei com a família recém chegada: uma mulher alta, loira e com olhos azuis, que parecia ter uns 40 anos, uma garotinha negra de cabelos compridos e uma garota maior, alta e asiática, possuía cabelos curtinhos e pretos, também estava toda vestida de preto, com jaquetas e botas de couro. dei bom dia e só a garota maior respondeu, sorrindo. sorri de volta e subi pro meu apartamento. 

entrei no meu quarto e deitei na cama e para minha alegria tinha varias mensagens fofas e declarações de amor da Victoria, por causa do nosso primeiro ano de namoro. Vic é uma sul-americana, que veio passar as férias em Madrid e nos conhecemos em uma Feira Cultural. tudo parecia perfeito, até ela precisar ir embora. felizmente deu tempo de trocarmos nossos números, nunca paramos de conversar desde então. 1 mês depois eu a pedi em namoro, por mensagem mesmo. ela aceitou e desde então mantemos esse relacionamento à distância, em que todo mês trocamos presentes e todos os dias fazemos chamada de vídeo. hoje não foi diferente, respondi suas mensagens e liguei pra ela. ambos "trabalhamos" com desenhos digitais. não é bem um trabalho, pelo menos minha mãe não me deixa dizer isso, ela não aceita que eu trabalhe com arte, porque pra ela isso é só um hobbie, além de que ela nem imagina sobre a Vic, ela nunca entenderia. 

— e a sua mãe tá em casa? —ela disse

— bom, não, ela saiu pra fazer as compras do almoço, quando ela voltar eu fecho a porta do quarto. 

— ah, melhor assim. quando você vai contar pra ela?

— sinceramente, pukinha, acho melhor não contar... pelo menos não por agora.

— você sabe que se não contar a gente nunca mais vai se ver pessoalmente né... tô começando a me questionar se você realmente quer isso...

— caralho, é claro que eu quero, é o que eu mais que...

— sério, Cany? não é o que parece sabe... você não faz nenhum esforço

— sério que você vai começar com isso de novo

— sim eu vou, eu to falando, você odeia falar sobre isso porque não gosta de mim o suficiente!

— é claro que eu gosto, o quanto mais eu vou precisar ficar provando o quanto eu te amo!?

— a maior prova vai ser quando você comprar passagens pra cá

— mas eu não posso fazer isso agora, você não consegue entender o quanto minha mãe é rígida comigo?

— até quando você vai ficar escondendo isso dela?

— até eu me formar eu acho... tô guardando dinheiro, quando eu tiver minha independência eu juro que vou aí. 

— mas Canyon, isso ainda vai demorar dois anos!!! o que garante que eu não vou estar morta até lá?

— Vic, porque você tá falando isso? tá tomando seus remédios direitinho?

— sim, pukinho, eu só quero dizer que... a gente não sabe do futuro, e eu quero te ver logo

— vou fazer o que for possível... mudando de assunto, você consegue imaginar qual é o seu presente?

— não faço ideia, e to muito ansiosa

*campanhia toca*

— ei, vou desligar rapidinho aqui, tá? acho que minha mãe chegou.

ela não respondeu mas estava com um semblante zangado, eu desliguei e fui atender a porta.

para minha surpresa não era minha mãe, mas outra mulher.