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História Fifty One (CANCELADA) - V - One, Two, Three, Drink.


Escrita por: MarceloMaia

Notas do Autor


Mais um capítulo para vocês. Novamente queria agradecer a paciência e o apoio. Sei que estou demorando a postar. Mas pretendo fazer o possível para demorar cada vez menos. Contando os minutos para entrar de férias.
Um grande abraço.

Capítulo 5 - V - One, Two, Three, Drink.


-V-


 

- Não coloque os pés no painel. - Zain diz, quando abro a porta do Bentley Continental GT azul escuro e entro.

Demorei muito mais que dez minutos para me arrumar, o que só o irritou ainda mais. Mas está causando uma grande satisfação dentro de mim. Caprichei na roupa, vesti uma camisa de mangas compridas, que dobrei nos cotovelos e inaugurei a bermuda caqui marrom, que comprei semana passada com a Anna. Coloco o cinto de segurança e coço o nariz, por causa do cheiro forte de Paco Rabanne, que exala dele.


 

- Podemos ir. - digo, quando o pego olhando para mim, com a cara fechada.


 

Ele gira a chave, acelera o carro e após pararmos para aguardar o portão abrir, nós praticamentes voamos na estrada. O carro é muito confortável e tem várias luzes de LED no painel, que torna o ambiente interessante. Zain colocou a música bem alta. Tenho quase certeza que conheço o artista, mas não lembro o nome e não quero ter que perguntar. Estou concentrado na pista, um pouco assustado com a velocidade que estamos. Quando paramos no sinal vermelho, Zain expira com força, com as mãos no volante e fazendo o que pode para não ter que olhar para mim, que devo ter estragado a sua festa muito antes de começar.

Sinto vontade de rir, quando ele bufa várias vezes, sempre que precisamos parar em algum sinal. Mas, por outro lado ainda não entendo porque ele me odeia tanto. A estrada à noite parece bem diferente, digo, de quando você está em cima de uma moto. A cidade vista de dentro, parece tomar outras formas e revelar um novo sentido. É como se os sonhos, as preocupações, estivessem tão longe e tão perto. Você assiste os carros passando, com os faróis ligados, assiste o mar em seu próprio ritmo.


 

Eu sempre soube que Los Angeles coexistia dentro dos desejos mais peculiares, que o lugar transbordava pedaços de alma; perdidas, calejadas de tantas idas e voltas; que as vontades terminavam antes de começar. Os meus pais eram contra essa promessa que os grandes lugares oferecem. E eu, acho que também. Há um brilho nas luzes ofuscantes, que me faz arder a garganta. Talvez seja a realidade, de existir em um mundo onde o controle é um artigo de luxo, daqueles raros e limitados que duram apenas o suficiente para iludir uma vida.


 

De soslaio, olho para Zain, que dirige concentrado, certamente contando os segundos para chegarmos a festa e ele poder voltar a fingir que eu sou invisível, ou apenas uma pedra em seu sapato italiano. Não posso evitar de sentir uma tristeza profunda. Apenas a iluminação instável do trânsito nos ilumina, e quando alguma luz passa por seu rosto, o meu cérebro processa coisas que eu não quero aceitar. Ele é bonito. Essa é a primeira vez que ficamos tanto tempo no mesmo ambiente. Engulo em seco, sentindo um leve pânico, mas, para a minha felicidade, chegamos ao destino.


 

*


 

Há um inegável refinamento nessa festa. Assim que Zain para o carro, na frente de uma cascata, um rapaz loiro e alto, vestido com uma tûnica branca abre a porta para ele, e depois para mim. Assim que piso no tapete vermelho da porta da mansão, o reconheço na hora.


 

- Espera, você não é o cara da faculdade? - pergunto, impressionado com a incrível coincidência. Ele sorri e percebo que ele está usando lentes de contato.


 

- Lion, não é? - ele estende a mão, enquanto Zain espera, com a cara amarrada.


 

- Quase. Liam. - corrijo, e aperto a sua mão. - Você trabalha aqui? - pergunto.


 

- Não. Eu sou amigo do anfitrião. Sabe como é, eu perdi uma aposta e agora vou ser o manobrista por algumas horas, isso é, até eu cansar e tomar todas no bar. - ele dá uma risada, e não sei se ele está falando a verdade ou brincado, mas, eu sorrio.


 

- Então, nos vemos lá dentro. - digo, e o observo menear a cabeça e depois levar o carro para uma das vagas do imenso espaço.


 

Zain coloca as mãos no bolso e anda na frente e eu o sigo. Não posso deixar de notar cada detalhe da decoração. Há balões orientais pendurado em todo o teto do corredor em formato de "T", dentro deles há luzes de LED multicoloridas. A mansão fica quase em uma montanha, e é impressionante a panorâmica que a entrada de vidro oferece. Há muitas rochas encrustadas abaixo da construção que tem um ar de antiguidade, como uma pequena dinastia. Ao passarmos pelo portão preto de metal fosco, fico sem palavras quando o interior nos é revelado. Há uma escada com finíssimos degraus, onde nos leva para uma parte elevada onde há uma piscina hexagonal, feita com um ladrinho vermelho brilhante. Algumas pessoas, estão em volta dela, conversando com bebidas nas mãos, enquanto uma música eletrônica/Alternativa ecoam em todo o aposento gigante e circular. Vejo que há, logo depois da piscina central, uma sala toda minimalista onde os poucos e caros móveis são espaçados o suficiente para as pessoas dançarem, ou até montarem uma peça de teatro com um elenco de cem ou mais pessoas. Apesar de ser de uma família privilegiada, nunca fiquei tão perto de tamanha exuberância.


 

- Zain Malik! - Um homem alto e de olhos puxados grita e vem até a gente. Está de bermuda branca bem curta e uma camisa de botões de mesma cor, aberta. É possível ver com perfeição o seu abdomen definido e a sua pele morena clara com alguns pelos salientes perto do umbigo.


 

- Siwon! - diz Zain, abrindo os braços e abraçando o oriental. - Quanto tempo, cara.


 

- Não é? Os negócios na Rússia estavam tão promissores, que alonguei a minha estadia. Mas como você pode ver, eu não esqueci a tradição.


 

Ouço Zain dar uma risada. E quando estou planejando uma saída estratégica, Siwon troca o foco de Zain para mim, pega uma bebida para ele e o amigo, com um garçom que passa com uma bandeja prateada cheia de taças de Champagne; e pergunta.


 

- E quem é esse rapaz calado que você trouxe com você?


 

Zain fecha o sorriso imediatamente, e, sem olhar para mim, responde.


 

- Ninguém. - ele diz, e quando percebe a cara de confuso de Siwon, toma um gole da bebida e muda de assunto. - Você está namorando a modela da Swear K.G, não está? Ela veio para a festa?


 

- Sim. Está lá fora, com os Sthephens e os modelos da M.J.


 

Não consigo dizer uma palavra, nem protestar por ser tratado como um lixo. Quando tento abrir a boca, Zain já conseguiu carregar o anfitrião para o outro lado. Olho em volta da sala, e vejo que o número de pessoas aumentou consideravelmente desde que cheguei. Um outro garçom, com uma tatuagem de águia no antebraço, passa e arranco uma taça na hora. Procuro o local mais vazio - na medida do possível, e descubro um balcão de mármore com alguns bancos de couro vazios. O barulho aumenta, porque logo do lado, vejo duas mulheres de biquíni, atrás de vários Macbooks e toda uma aparelhagem de DJ. Elas estão escondidas atrás de uma grande espelho, em uma parede falsa. Faço uma nota mental de usar esse conceito tão original em alguma festa futura. "Um DJ que não aparece, isso é brilhante!" Imagino a minha mãe, no café da manhã, ainda de pijama e cabelos assanhados, agarrada a uma xícara de café, encostada no balcão. E então o meu pai diria: "Parece interessante. Landon, você comeu o meu cereal de novo?" E então o meu irmão gargalharia, enquanto estava cortando as frutas da nossa irmã.


 


 


 

Fecho os olhos por um segundo e quando os abro, decido ingerir tudo que tiver álcool até o meu corpo não aguentar mais. Após algumas taças, que variam entre dançar um pouco sentado e e algumas risadas aleatórias, vendo as pessoas tropeçarem de bêbadas, e algumas até cairem na piscina, olho para a minha esquerda e vejo que Siwon, Louis e uma turma grande estão em uma divertida conversa, no grande sofá branco, perto da lareira. Eles estão rodeados de mulheres, e Louis fica me olhando de longe de vez em quando, se vangloriando por me ver isolado. Algumas mulheres e até alguns homens vieram puxar assunto, mas não consegui levar adiante. Essa elite engomadinha só sabe falar de carros, e bens, e viagens ao redor do mundo.


 

- Você está bem? - alguém pergunta do lado oposto, e quando me viro, vejo Niall, que agora está de calça branca e camisa gola polo azul e de óculos. Ele pega duas bebidas e senta ao meu lado. - Eu peguei para você, mas, acho que estou arrependido. - Ele comenta, um pouco receoso em deslizar a taça para o meu lado.


 

- Obrigado. - digo, levando a ponta arredondada da taça de cristal à boca. Sei que Niall está prestando atenção nos meus movimentos, que estão mais lentos.


 

- Então, que coincidência. O que você é do Zain? - ele pergunta, tomando um gole de sua bebida cor-de-rosa. - Eu nunca te vi em uma festa antes. E olha que eu vou em praticamente todas...


 

- Eu sou ninguém. - digo, tomando mais um gole da minha bebida e dando uma gargalhada. Niall toca no meu ombro delicadamente.

 

- Cara, me responde uma coisa, quantos você bebeu?


 

Deposito o cristal no balcão, com apenas um dedo de líquido e giro o banco de modo que dê uma volta de 360 graus. Depois, quando o meu corpo - ou ao menos é o que parece -, fica alinhado com a cara preocupada de Niall, eu dou outra gargalhada.


 

- Eu adoro essa música! - grito, e levanto os braços. A sensação é muito nova para mim. Sinto que estou sorrindo tanto que parece que a minha boca vai rasgar. Não satisfeito, eu levanto da cadeira e puxo Niall para dançar. Ele tenta se esquivar, mas acaba cedendo.


 

Quando vamos para um pouco mais distante do balcão e começamos a dançar um na frente do outro, parece que o salão está girando. E tudo está alocado em várias dimensões. A ideia que passa na minha cabeça enquanto estou balançando excessivamente a cabeça, é que essa área da festa me remete a um jogo de Lego. Onde o centro, é o pedaço maior, onde fica um pouco abaixo, com uma piscina muito convidativa e é claro que é onde a maioria prefere estar. O lado esquerdo, que fica um pouco acima, é a sala branca e preta, onde fica o outro pedaço, onde os ricos metidos a besta ficam sentados, gritando por cima da música, se gabando de suas propriedades de bilhões de metros quadrados e de seus relógios de ouro. Onde, inclusive, a dupla dinâmica, Malik e Tomlinson INC, está.


 

Mesmo com tudo girando em uma velocidade preocupante, não paro de dançar e sorrir, e mexer cada parte do meu corpo, só para não dar a satisfação que Louis Tomlinson, que não para olhar para mim, quer. Ele está se comportando como aqueles garotos do colegial, quando chega um aluno novo que senta na frente, e as pessoas ficam cochichando e olhando para o coitado, fazendo questão de rir bastante para deixá-lo extremamente desconfortável. Ele é irritante, e fica cochichando com uns caras que nunca vi na vida.


 

- Liam? - grita Niall, segurando nos meus braços e me encarando bem de perto.


 

Percebo que viajei bastante no meu jogo de Lego e pisco algumas vezes na tentativa de melhorar a imagem borrada dos olhos azuis dele.


 

- O que foi? - pergunto, consciente que posso, talvez, estar um pouco bêbado.


 

- Eu perguntei se você não acha melhor parar um pouco? Deitar um pouco, talvez?


 

A única vez que ouvi isso foi quando Nathaniel, que sempre foi o melhor amigo do meu pai, passou um final de semana com a gente, e papai bebeu tanto, jogando pôquer com mais alguns amigos, que mamãe disse exatamente essa frase a ele, que educadamente não a ouviu e isso acabou lhe rendendo dois dias vomitando, e tomando analgésicos.


 

- Não. Eu estou bem. - digo, e assim que vejo o meu garçom preferido da tatuagem passando, eu agarro outra taça.


 

Niall tenta me persuadir a parar de beber, mas eu o ignoro e quando percebo, assim como em um flash, estou perto da piscina, junto de um grupo que está tão quase bêbado quanto eu. Acho que tiramos algumas Selfies, porque tenho a ligeira impressão que eu disparei algumas fotos. Kendra, Ollie e mais algumas pessoas que não decorei o nome se afastam de repente e quando eu olho para o alto, tentando manter a minha cabeça erguida, vejo Louis Tomlinson, de braços cruzados. E pela imagem borrada posso jurar que ele está sorrindo perversamente.


 

- Ora, ora. Olha quem está se acabando no destilado. Além de órfão, eu não sabia que você também era pinguço! - Louis grita, e tento me manter em pé e responder a provocação, mas estou muito tonto.


 

- O que vamos fazer com ele? - alguém pergunta. E sinto um estranho pânico, como se estivesse acabado de ser encurralado.


 

- Calma. Não vamos apressar a diversão. - Louis comenta, e quando tento fugir para o lado oposto, outros caras me agarram.


 

- O que... Está fazendo? - pergunto, sem ter uma noção exata de como está a minha voz.


 

- Levem ele para cima. - ouço Louis ordenar, antes de eu ser arrastado até um elevador.


 

A porta em formato de grade se fecha e sinto o chão elevar. Gostaria de estar sóbrio o suficiente para lutar e escapar, mas tenho dois caras fortes imobilizando os meus braços e pernas. Quando a porta se abre, sou carregado por um corredor escuro, até uma porta de metal escovado, que um dos comparsas de Louis abre, revelando um quarto. Sou jogado numa cama King Size por um deles, que junta os meus braços acima da cabeça e fala para o outro tirar a minha roupa.


 

- Rápido. - o que me segura diz.


 

Em questão do que parecem segundos, estou com frio e me sinto exposto. Quando acho que acabou, um deles tiram uma garrafa prateada de dentro da calça e jogam todo o conteúdo amarelo na minha cueca. Estou com muito medo, me sentindo humilhado e posso sentir que estou chorando. Ouço um celular tocar, e o que ainda estava me segurando me solta e atende.


 

- Terminamos, podemos descer com ele? - o cara pergunta para quem eu tenho absoluta certeza que é o Louis.


 

Ouço uma risada e sou erguido da cama. Antes de me levarem à força para fora do quarto, um murro é desferido em mim, e apesar do efeito entorpecente do àlcool eu consigo senti-lo arder bem no meio da minha boca. Sinto algo escorrer pelos meus lábios instantaneamente.


 

- Isso é para você saber qual é o seu lugar. Seu orfão imbecil. - o que está me segurando fala bem no meu ouvido.


 

Estou tremendo, e sou empurrado até o corredor, quando ouço uma discussão se aproximando e Louis se coloca à minha frente.


 

- É só uma brincadeira, cara. - ele grita para a escuridão.


 

E quando levanto a cabeça, quase nu e sujo, vejo Louis ser empurrado na parede e Zain segurar agarrar a sua camisa, furioso.


 

- Você não devia ter feito isso, seu idiota! - Zain grita e o solta, depois vem até mim e quando os dois amigos de Louis tentam reagir ele briga com os dois. Eu deslizo na parede mais próxima e me encolho, em posição fetal. Fecho os olhos e infelizmente consigo ouvir mais claramente a briga.


 

- Que porra é essa Zain? Vai ficar do lado dele, agora? Ele só chegou para atrapalhar a sua vida! Qual é, cara? O que deu em você? Para de bater nos nossos amigos. - Ouço a voz de Louis, depois ouço passos correndo e abro os olhos.


 

Louis está parado no corredor, olhando para Zain que está com a roupa amassada. Por um instante, acho que Zain vai mudar de ideia, os dois vão gargalhar e eu vou aparecer no meio de centenas de pessoas, quase como eu vim ao mundo. Mas, de costas, vejo Zain tirar o blaser.


 

- Sabia que você voltaria a si. - comenta Louis, como se tivesse aliviado.


 

Eu aperto os olhos, pronto para viver a pior humilhação que um ser humano pode ter, quando sinto um cheiro de Paco Rabanne bem perto e um tecido macio cobrindo a minha cueca. Através das lágrimas, vejo Zain se abaixar e passar um dos braços por baixo de mim, me levantando logo em seguida, com uma delicadeza inacreditável.


 

- O que está fazendo? Zain, o que você... O cara vai estragar a sua vida! - Grita Louis, irado e estupefato.


 

Ele para, me segurando firme para não me deixar cair. E Louis abre caminho. Quando entramos no elevador, ouço Louis furioso repetindo que eu vou estragar a vida de seu amigo, e para a minha surpresa, Zain grita de volta.


 

- Isso é problema meu!


 

Pela sua respiração pesada, enquanto o elevador desce, ele parece frustrado e irritado. Mas posso ouvir o seu coração, e ele está bem acelerado. Eu estou tremendo tanto ainda, que não sei mais como eu estou, onde eu estou. Só sei que, por mais improvável que pareça, Zain está me ajudando.


 

Quando a porta do elevador se abre, Niall aparece com uma cara pálida, segurando o que eu acho que seja a túnica que ele estava usando no começo.


 

- Meu Deus! - Niall diz, entregando a túnica para Zain. - Você precisa de ajuda?


 

- Não. Eu me viro daqui. Você já pegou o carro? - Zain pergunta.


 

- Sim. Já está na entrada.


 

- Obrigado. - Zain diz, a voz seca.


 

*


 


 

Eu não sei quanto tempo leva para uma pessoa bêbada ser carregada de uma festa até o carro, ser vestida com uma roupa bem estranha, ser presa em um cinto de segurança e ser levada em disparada para bem longe. Só sei que após algum tempo depois que pegamos a estrada e Zain, dirigindo muito rápido e furioso quase nos matou uma centena de vezes, o carro parou em um canto isolado e estou de quatro colocando tudo para fora e sentindo um enorme desconforto.


 

Zain está encostado no carro, de braços cruzados e olhando para o mirante. Ele balança a cabeça quase que imperceptivelmente. Quando eu vejo que não tem mais nada para sair do meu estômago, eu caminho até o carro me junto a ele, me sentindo um pouco mais sóbrio, se é que isso é possível.


 

Ele suspira, quando eu deslizo para o chão, e me segura.


 

- O que diabos você bebeu? - ele indaga, mas para si, mas sinto vontade de responder.


 

- Eram tantas cores... azul, vermelho, amarelo, verde, roxo, rosa... - comento, deitado no capô, olhando para o céu e me dando conta que eu tomei o primeiro porre da minha vida.


 

Para a minha surpresa, Zain ri, de um jeito que sacode até os ombros, e ele balança a cabeça e olha rapidamente para mim. Sem parar de rir.


 

- Puta que pariu. Você bebeu a porra do arco-íris todo! - ele comenta, dobrando a barriga de tanto rir, e depois deita no capô, ainda sacudindo os ombros.


 

Eu começo a rir também, mas a minha risada soa tão embargada, que eu compreendo logo o porque Zain está lacrimejando de tantas gargalhadas.


 

- Você é muito louco, cara. - ele diz e de repente para de rir e fica sério, limpando a garganta. Como se fosse uma criança que é pega fazendo coisa errada e muda imediatamente a postura.


 

Olho para ele.


 

- Obrigado. Pelo o que você fez... Eu não sei se eu... sobreviveria a mais alguma coisa. Você não sabe o inferno que é... Perder tudo... - comento, sentindo as lágrimas descerem.


 

Ele levanta do capô, entra no carro e bate a porta.


 

- Você consegue entrar no carro sozinho? - ele pergunta, impaciente. Eu levanto e entro no carro, menos desnorteado.


 

Ele gira a chave, manobra e ganhamos a pista novamente.


 

Quando chegamos em casa, as luzes da sala estão acesas, e quando Zain e eu cruzamos a porta, Anna, Nate se levantam do sofá. Eu estou com uma roupa que deve parecer mais um vestido, o blazer de Zain por cima, e devo estar com uma cara realmente péssima, porque Anna corre até mim e Nate até Zain, mas não é para abraçá-lo.


 

- Onde vocês estavam? - pergunta Anna, chocada com a minha aparência.


 

- Foi só uma festa. - comento, denunciando que bebi.


 

- Eu sabia que ele ia aprontar de novo. - comenta Nate.


 

Anna olha para o filho e o marido e começa a me levar para as escadas, mas eu a impeço. Observo Zain ficar calado, parado, esperando o sermão, como se já estivesse acostumado.


 

- O que eu vou fazer com você, hein? Você não respeita a família, coloca o filho do meu amigo em perigo...


 

Eu tento me aproximar, mas Anna não deixa.


 

- Nate, os meninos precisam descansar, vamos deixar para discutir isso depois.


 

- Não Annalise! Eu estou farto disso. Esse garoto não se emenda. Já não bastasse não estudar, viver aprontando, agora isso? Chega as quatro da manhã de uma festa que eu nem concordei. Você que inventou isso!


 

- Mas... - tento dizer.


 

- Querido, não... - Anna comenta, me pedindo gentilmente para que eu fique fora disso.


 

- Pai, eu preciso dormir, a noite foi cheia...


 

- Agora você quer dormir? O Louis me ligou, dizendo que você não prestou atenção no Liam, o deixou sozinho, sem se importar... Você sabe que eu prometi ao irmão dele e aos pais dele que ele poderia contar sempre com a gente...


 

- Ele não é o meu irmão! Não sou a babá de ninguém!


 

- Claro que não! Porque eu imaginaria isso. Você não se importa com ninguém, você só pensa em si mesmo, não acredito que você seja o meu filho! Deveria ter sido você!

Nate! - repreende Anna e a essa altura estou confuso e procurando uma maneira de dizer que não foi culpa de Zain eu ter ficado bêbado. Que ele na verdade me salvou.


 

Olho para Zain que está calado. E sinto realmente que as palavras de seu pai doeram nele. Um silêncio toma a sala. E eu o quebro.


 

- Não foi culpa dele. - eu digo.


 

- Não precisa defendê-lo, Liam. - comenta Nate, com uma voz cansada.


 

- Mas é verdade, eu bebi porque eu quis, o Zain assim que soube foi atrás de mim e esse Louis ele não está dizendo a verdade, não foi assim que aconteceu, ele...


 

- Deixa para lá. - Zain comenta, a voz baixa e derrotada. Depois sobe as escadas.


 

Olho para Nate e depois para Anna, com raiva deles, e subo para o quarto. Fico tão indignado com as palavras cruéis que foram ditas a Zain que me tranco e deito na cama, muito incomodado pela injustiça.


 

Zain não bateu a porta. Antes de pegar no sono chego a conclusão que isso não é um bom sinal.

 

***


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

 



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