História Fifty Shades of Stark (Starker) - Tensão

Assim que cheguei em casa fui direto pro banho, sentia uma vontade imensa de chorar. Não porquê Tony não me correspondeu e sim porquê eu tinha entendido tudo errado. Me sentia um verdadeiro idiota, não sei o que passou na minha cabeça para eu ter pensado aquilo. 

A única coisa que aliviava um pouco a minha vergonha era saber que eu não disse em palavras que eu queria que ele me beijasse, demonstrei, mas não disse. Uma pontinha de esperança dizia que ele não notou a minha intenção, mas estava claro que ele notou. 

Depois do banho eu me deitei, fiquei pensando novamente no acontecido, mas agora na forma como eu tratei o Stark. Fui grosseiro com ele sem motivos, pensei em ligar para me desculpar mas acho que a última coisa que ele queria agora era ouvir a minha voz. Você precisa ficar longe de mim...

Mandei um e-mail, achei isso mais apropriado. Li a mensagem de uma linha: Desculpe por mais cedo, fui grosso com você sem motivos. Estava bom, mandei o e-mail e deixei meu celular na mesa ao lado da minha cama. Gostaria de ter dormido após aquilo, mas não consegui, permaneci deitado enquanto as horas se passavam.

"Eu não sou o homem certo para você." O que ele quis dizer com aquilo? Que tipos de segredos ele esconde para pensar daquela maneira. Ele é tão reservado quanto a vida pessoal que poderia ser qualquer coisa. Pensar nisso me ajudou a me distrair por um tempo. Ele podia ser um assassino, um canibal, um maníaco... Não cheguei a uma conclusão e achei melhor assim. 

No dia seguinte minha mente estava mais clara, tudo o que aconteceu eu quis deixar no passado, seria melhor assim. Não queria mais me atormentar ficando pensando no Stark e nas coisas que ele me disse, eu nunca encontraria uma resposta exata. 

Fui até o banheiro e dei uma olhada rápida no espelho. Cara amassada, cabelos bagunçados e semblante cansado, eu continuava o mesmo. Lavei o rosto e desci para a cozinha, olhei meu celular antes disso para ver se meu e-mail tinha sido respondido... Não.

— Senta aí. — MJ disse quando me viu, ela estava deitada no sofá com uma expressão nada agradável no rosto. — Onde você e o Stark foram ontem depois das fotos?

— Me diz você primeiro. O que fez depois? 

— Fui pra universidade, aproveitei para terminar uns trabalhos e revisar um pouco meu artigo. Levou a noite toda pra terminar ele. — Ela sorriu amarelo e colocou a mão sobre a cabeça, ainda estava bêbada de sono. — Responde minha pergunta agora. 

Suspirei e menti o silêncio enquanto pegava um prato e algumas frutas. Me sentei ao lado de Michelle, seu semblante curioso me forçou a falar.

— Tomamos café. — Eu falei, ela se levantou depressa e me lançou um olhar que dizia: só isso? — Ele segurou a minha mão enquanto íamos até a cafeteria. — Não queria ter adicionado aquele detalhe, mas pra ela fez toda a diferença.

— Eu te disse! Ele gostou de você, Peter. Primeiro aprece na loja em que você trabalha e agora te leva pra tomar um café e ainda SEGURA A SUA MÃO!

— Não, MJ. Nós conversamos bastante, ele deixou bem claro que não está interessado em mim. E pra falar a verdade eu também não estou interessado por ele, não sei porquê insiste nisso.

— Você é muito inocente, Pete. Ele deve estar louco por você e deve ter te dito isso com todas as palavras, mas você não percebeu.

— Não. Vai. Rolar. Nada. Entre. A. Gente. 

Ela levantou as mãos em sinal de rendimento, não queria mais ficar falando daquele assunto muito menos mencionar a parte em que Tony disse para eu ficar longe dele. 

— Posso ler seu artigo? 

Michelle assentiu e me entregou as cinco folhas que só falavam sobre como Tony Stark era uma homem lindo, um grande magnata, um homem mistérioso e reservado e caridoso. Não fazia ideia que ele já tinha doado em torno de 700 milhões de dólares para orfanatos e instituições de caridade de todo o país. Em um resumo rápido eu diria que estava perfeito, MJ era boa no que fazia. 

Parei para olhar as fotos que Harley fez, todas ficaram maravilhosas, Tony era a perfeição em pessoa e disso ninguém podia discordar. 

— Ficou perfeito, MJ. 

Fui tomar um banho, após isso voltei para o meu quarto e estudei um pouco. Tantas coisas se passavam na minha cabeça, queria que elas pudessem sumir num passe de mágica. Não resisti e olhei mais uma vez meus e-mails, nenhum era do Stark.

Desliguei meu celular e voltei minha atenção para o caderno, minhas anotações pareciam tão confusas que eu precisava ler todas duas vezes para entender. As provas finais seriam na segunda e eu nem ao menos estava preparado.

~~~

Uma sensação de alívio invade meu corpo, deixo a caneta sobre a mesa e sorrio de orelha a orelha. Terminei, tinha concluído minha última prova final. Mal posso expressar meu alívio, passei essa semana cheio de preocupações e agora estava livre finalmente.

Minha carreira acadêmica tinha se encerrado aqui, mal podia esperar para chegar a formatura. Um peso enorme saiu das minhas costas, eu me sentia tão livre, a tanto tempo não me sinto assim.

Os cinco minutos restantes acabam, ouço todos largarem as canetas e começarem a revisar suas provas. Não fiz isso, nem queria, sentia que tinha ido bem, fiquei a semana toda estudando para isso.

Olhei para Michelle, ela parecia aliviada e tensa ao mesmo momento. Sorri para ela, hoje é sexta-feira e temos que comemorar.

— Vamos ao bar que fica em frente ao nosso apê. — Eu sugeri quando já estávamos indo embora da faculdade, ela concordou com a cabeça. — Como acha que foi na prova?

— Não quero falar delas até saírem os resultados, estou tão preocupada. Vamos focar em hoje a noite, quero beber até esquecer meu nome.

Rimos juntos e seguimos o caminho, fomos para casa no carro de MJ, um Mercedes. Quando chegamos, Michelle começa a se perguntar o que vestir enquanto eu procuro as chaves de casa.

MJ entra a vai direto pro quarto caçar um par de roupas, eu vou para a cozinha e procuro pelo champanhe que tínhamos comprado e guardado para esse momento, peguei duas taças e fui para o quarto dele.

— Vamos abrir? — Perguntei e ela se virou para mim, já tinha tirado a blusa amarela e o jeans branco que estava vestindo e substituiu por um vestido vermelho.

— Ao fim das nossas provas e a vida nova em Seattle. — Ela diz e pega a garrafa, abre e coloca champanhe em minha taça até a boca. É demais, mas acho que a ocasião merece.

Brindamos juntos. Naquele momento eu esqueci de tudo, das provas, de May, do meu medo de fracassar, de Tony... Só conseguia pensar no que ia acontecer daqui pra frente.

Minha vida ia começar a andar de fato, e eu estava louco para aquilo começar a acontecer.

~~~

Abro os olhos lentamente e percebo que não estou no meu quarto. Droga, minha cabeça está doendo demais. O que diabos aconteceu? Não consigo pensar direito, não me lembro de muita coisa.

Lembro de ir ido ao bar com Michelle, lá encontramos outros formandos e Harley... Eu bebi, bebi demais até. Estava no banheiro, peguei meu celular e liguei para... Não me lembro direito, minha cabeça está latejando.

Tiro os cobertores que estão em cima de mim, olho em volta. Espera, eu já estive aqui. Parece o Heathman, a suíte em que fotografamos Tony, mas essa parece maior... Muito maior.

As lembranças da noite passada vão voltando enquanto minha dor vai diminuindo. Eu estava bêbado quando fui para o banheiro, Harley tinha me dado uma bebida que eu não conhecia, cheirava a álcool puro mas eu bebi mesmo assim.

Estava com raiva de alguma coisa, por isso liguei para ele. Ele quem? Não consigo lembrar! Mais que merda, onde eu vim parar?

Procurei pelo meu telefone, ele estava na mesa de cabeceira ao lado da cama. Chequei meu histórico de ligações, ontem a noite por volta das 22:15 eu liguei para... Merda! Eu liguei pro Stark.

Olho atentamente o quarto novamente, essa é a suíte dele. O que eu estou fazendo aqui? O que eu disse para ele ontem?

Notei que não estou usando minhas roupas, estou apenas com uma blusa muito grande e larga e com a minha box. Onde estão minhas roupas? O QUE EU ESTOU FAZENDO AQUI?

— Bom dia.

Me virei para a porta, ali estava ele. Tony Stark estava parado na entrada do quarto e me olhava atentamente, não vestia terno. Estava com uma blusa preta e uma calça curta. Então eu estou realmente na suíte dele, mas como vim parar aqui?

— Se sente melhor? — Ele perguntou vindo até a cama, antes parou para abrir um pouco as cortinas.

— N-não me lembro de nada. — Murmurei envergonhado, ele estava me analisando e parecia pensar algo. Eu estava num pesadelo, só podia ser.

— Você me ligou ontem a noite, estava claramente bêbado. Me xingou de tudo o que era nome, disse que eu era um filho da puta e que você não queria mas me ver. Disse que eu era um babaca sem educação por não ter respondido seu e-mail, e pra ser sincero eu concordo com isso.

Queria mais do que nunca enfiar a minha em um buraco, eu disse aquilo mesmo? Onde estava com a cabeça? Meu Deus, eu bebi demais. Não estou acostumado com isso, aí que ódio.

— Você me trouxa pra cá?

— Sim.

Não conseguia pensar direito, ele estava na minha frente me olhando. Eu pensei que não fosse vê-lo tão cedo, na verdade pensei que não fosse vê-lo nunca mais.

— Onde estão as minhas roupas? — Questionei, ele sorriu de canto. Algo me diz que eu não ia gostar da resposta.

— Você vomitou nelas.

Puta merda. Que vergonha, será que ele me viu fazendo isso? Claro que viu!

— Como eu vim parar aqui? — Minha voz é baixa, cheia de arrependimento.

Num passe de mágica todos os acontecimentos da noite anterior voltam a minha mente. Harley tinha me oferecido a bebida, sem nem hesitar eu bebi tudo. A partir daí eu comecei a me sentir estranho, fiquei mole e não conseguia pensar direito. Michelle estava dançando com um colega de faculdade, Harley trouxe mais bebida e eu neguei, pedi uma cerveja.

Ficamos conversando ali, ele parecia ansioso para que alguma coisa acontecesse. Ele pôs a mão no meu joelho e me disse algo que não me lembro, me ofereceu um pouco do líquido que estava em seu copo, eu aceitei. Depois disso eu perdi a razão, acho que é assim que é estar bêbado afinal.

Ele me puxou para dançar mas eu nem sabia o que estava fazendo a essa altura, apenas mexia as pernas e os braços de uma maneira desengonçada. Ele me puxou para mais perto, seu hálito fedia a Whisky puro.

— Sabe Peter, eu gosto muito de você. — Ele me disse, na hora eu não fazia ideia do que aquilo significava e fiquei rindo. Ele pareceu triste e bravo ao mesmo tempo. — Não faça assim.

Ele me agarrou e deixou nossos corpos colados, ficou dizendo muitas coisas e só sabia rir. Não sabia ao certo o que fazer naquela situação, me senti desconfortável quando ele começou a passar a mão por mim e disse que queria ir ao banheiro.

Assim que me sentei - não lembro onde - minha cabeça começou a girar. De repente, eu só conseguia pensar no Stark, em como ele foi um babaca por não ter respondido meu e-mail. Fiquei falando sozinho por horas, gritei que ele era um imbecil para quem quisesse ouvir.

Achei que seria prudente falar isso para ele já que não íamos nos ver outra vez, então peguei meu celular e liguei para ele. O desgraçado atendeu e então eu comecei a ofendê-lo.

— Por que não respondeu meu e-mail? — Perguntei com a voz enrolada. Mal conseguia segurar o celular na minha mão.

— Peter? Você está bem?

— Não muda de assunto senhor "eu não sou homem certo pra você".

— Você está bêbado?

— Isso não é da sua conta seu infeliz. Responde a minha pergunta. — Não sei de onde tirei coragem para falar daquele jeito, talvez fosse o álcool falando por mim.

— Onde você está?

— No bar. Mas isso não é da sua conta, me responde, Stark.

— Que bar? — Ele pareceu irritado.

— Um bar que fica em frente ao meu apartamento.

— Quanto você bebeu?

Essa conversa não estava indo como eu esperava.

— Por que não respondeu meu e-mail?

— Pode me dizer ao certo onde você está? — Ele pergunta de uma forma autoritária, quase como se estivesse me dando uma ordem.

— Tchau, Stark. — Eu disse após perceber que ele não ia me responder, encerrei a chamada e desliguei meu celular.

Voltei para dentro do bar, mas o cheiro de bebida me fez querer vomitar, corri para fora novamente e me sentei outra vez. Bebi demais, e só agora tenho consciência disso, minha visão está afetada pois vejo tudo duplicado.

— Peter? — Ouvi a voz de Harley, ele era a última pessoa que eu queria ver nesse momento. — Você está bem?

— Bebi demais. — Dei um sorriso sem graça para ele.

— Eu também. — Ele murmurou. — Precisa de ajuda? — Harley perguntou chegando mais perto, ele passou o braço em volta de mim.

— Estou bem. — Minto, tento afasta-lo com delicadeza mas ele não pareceu disposto a sair. Ele me abraçou e me puxou outra vez como estava fazendo dentro do bar. — O que está fazendo?

— Peter... Por favor.

Sua mão estava na minha cintura, segurando-me contra ele, a outra no meu queixo inclinando minha cabeça para trás. Merda, ele ia me beijar?

Eu não conseguia sair dali, meu corpo estava mole e eu estava fraco. Queria empurrá-lo, mas eu não tinha força, estava me sentindo com medo. Por que ele estava fazendo aquilo?

— Harley... Não

Ele continuou, não parou mesmo sabendo que eu não queria aquilo, estava me sentindo sufocado. Por que ele estava fazendo isso comigo?

— Ele disse não.

Não sei se agradecia ou ficava ainda mais assutado quando Tony apareceu ali, ele segurou o ombro de Harley e o puxou para trás.

Naquele momento eu quis perguntar como ele tinha chegado aqui e o por que dele estar aqui, mas só sentia que ia vomitar a qualquer momento. Eu não conseguia ouvir nada, só via Tony e Harley discutindo um com o outro, enquanto Tony estava sério e com ódio nós olhos Harley parecia que ia chorar a qualquer momento.

Quis ir até eles mas não consegui, senti minhas pernas ficando fracas e cai no chão. Depois disso eu acordei aqui, agora tudo faz sentido.

— Você me trouxe. — Eu murmurei com a cabeça abaixada, não conseguia olhar para ele agora. Eu fui tão grosso com ele no telefone e mesmo assim ele me trouxe pra cá e me salvou de Harley.

Mas por que?

— Por que foi até o bar?

— Fiquei preocupado com você, não sabia se estava sozinho ou com a sua amiga. Não ia conseguir dormir sabendo que você estava bêbado e possivelmente sozinho.

Ele se preocupou comigo, cada vez isso fica mais estranho. Não sei o que pensar sobre isso, não sei o que pensar sobre nada. Era pra ter sido uma noite de diversão e acabou que eu estraguei tudo.

— Você tirou minhas roupas?

Ele fez que sim. Droga, ele me viu seminu, meu rosto ardeu de raiva e de vergonha, devo estar tão vermelho agora. Queria perguntar se tínhamos feito alguma coisa, mas acho que eu já tinha coisas demais para me preocupar.

— Happy comprou um par de roupas novas para você vestir, as suas estão ele levou para uma lavandeira aqui perto.

— Obrigado. — Quis dizer que não precisava, mas eu ia parecer mal agradecido, se bem que ele já deve achar que eu sou isso. — Desculpe por te ofender, bebi demais.

Ele sorriu.

— Foi engraçado. Não vou me esquecer disso tão cedo.

Muito menos eu.

— Está com fome? — Fiz que sim com a cabeça. — O serviço de quarto já vai chegar. — Ele inclina a cabeça para o lado, ainda sorrindo.

Tony veio até a cama, se sentou na beirada. Eu podia sentir ele olhando para mim, sua mão foi até o meu queixo e então ele levantou minha cabeça de modo que nossos olhares se cruzaram.

— Sinto que te devo uma explicação. — Ele disse, agora estava sério. Odeio quando ele faz isso, uma hora está sorrindo e na outra sério sem demonstrar nenhum tipo de emoção. — Eu te disse que eu não era homem para você, se lembra?

Agora eu queria rir, como esquecer?

— Sim.

— Peter, eu não sou romântico, meus gostos são singulares e diferentes. Gosto de ter controle sobre as coisas que me pertencem, e se você fosse meu não ia conseguir sentar por uma semana depois do que fez ontem.

Se eu fosse dele? Me arrepiei com isso, o que ele faria comigo se eu fosse dele? Pensei tantas coisas.

— Eu disse que você deveria se afastar de mim, e pelo visto você tentou. Mas por algum motivo eu não consigo ficar longe de você.

Uma pequena luz de esperança se acende dentro de mim. Ele não consegue ficar longe, isso significa que ele me quer?

E eu? Não sei ao certo o que estou sentindo, foi tudo tão rápido, eu mal conheço ele. Só agora noto que todo esse tempo estivesse com um estranho, só sei o que as revistas dizem dele. Eu não conheço o Tony Stark de verdade, será que é por isso que ele diz que não é o homem certo pra mim?

— Você está livre hoje?

— Vou trabalhar na loja até às sete.

— Happy vai passar na sua casa as oito.

Então teremos um encontro hoje? Gostei disso, e sei de outra pessoa que também vai gostar.

— Vou tomar um banho, você pode ir depois. — Ele diz tirando a camisa. Droga, bem na minha frente.

— Não podemos ir juntos? — Brinquei, imaginei o que aconteceria se ele levasse aquilo a sério. Eu teria coragem de entrar no chuveiro com ele?

— Eu adoraria, mas acho que se te visse nu não conseguiria resistir e acabarei beijando você.

— Talvez eu queria isso.

— Não vou tocar em você sem ter a sua permissão por escrito.

Arqueei a sombrancelha, o que ele quis dizer com aquilo? Achei melhor não perguntar, deixaria aquilo para mais tarde. Ele não disse mais nada, apenas entrou no banheiro e fechou a porta.

~~~

As roupas que Happy comprou me serviram muito bem, me analiso no espelho enquanto Tony está no sofá esperando para me levar para casa.

— Podemos ir.

Ele sorri malicioso e se levanta.

— Já andou de helicóptero alguma vez?

— Não. — Eu respondo rindo, acho que ele se esqueceu que eu trabalho em uma loja de ferragens. — Por que a pergunta?

— Mais tarde você vai entender.

Vamos até a porta junto e ele da passagem para que eu passe primeiro, como sempre um perfeito cavalheiro. Caminhamos em silêncio até o elevador, tenho um dejavu nesse momento.

O elevador chega, não tem ninguém. Estamos a sós, não que isso seja uma novidade. Parece que já vivi esse momento antes, nós dois andando juntos em um corredor, sozinhos no elevador...

Olho para Tony, ele parece tenso. O clima fica diferente, como se tivesse alguma expectativa no ar. Ele vira a cabeça para mim ligeiramente, seus olhos me observando cuidadosamente.

— Antes de mais nada, quero me desculpar por isso.

— Isso o que? — Pergunto confuso.

Ele se atira em cima de mim, empurrando-me contra a parede do elevador. Quando me dou conta, uma de suas mãos está me apertando com força minhas mãos para acima da minha cabeça. Puta merda, o que é isso? Sua outra mão agarra o meu cabelo e o puxa, deixando meu rosto virado para cima. Seus lábios colam nos meus.

Não evito soltar um gemido, isso da passagem para sua língua. Ele não perde tempo, aproveita internamente o espaço. Fico sem reação, nunca fui beijado dessa forma, nunca imaginei isso acontecendo – grande mentira.

Perco meus sentidos, é tão bom sentir ele dessa maneira. Posso dizer que valeu a espera, cadê parte do meu corpo quer mais, mais do que um simples beijo.

Estou indefeso, minhas mãos presas, minha cabeça imobilizada. Ele tem o controle de tudo.

Meu Deus. Consigo sentir sua ereção pressionando a minha barriga, isso despertar um sentimento novo em mim. O que estava acontecendo ali? Ele me quer então? Fico duro enquanto penso nas coisas que ele poderia fazer nesse exato momento.

Não sei até onde poderíamos ter ido se o elevador não anunciasse que chagamos no segundo andar, as portas se abrem e três executivos seguidos de uma mulher entram.

Minha pulsação está nas alturas, estou ofegante. Puxo o ar o mais discreto que consigo, parece que corri uma maratona. Meus olhos vão para Tony, ele está calmo e tranquilo. Como consegue?

Chegamos no térreo, ele pega minha mão e me puxa para fora. Esforço-me para acompanhar seu passo, porque meu juízo total ficou para trás no elevador do Heathman.

Continua...