Axl’s POV
Toquei a campainha já nervoso e quem abriu foi uma melhor desconhecida por mim.
-Senhor Axl Rose? É o senhor? –A mulher perguntou.
-S-sim...
-Sua mãe avisou que você viria. Eu trabalho pra ela. Entre por favor.
Dei um passo a frente e quando Slash ia entrar a mulher o impediu.
-Você não, moita –A mulher falou e vi Slash ficar vermelho de raiva –Entra só o Axl.
-Não! De jeito nenhum!
-Slash... Tá tudo bem... –Eu disse.
-Mas...
-Me espera aqui fora ok? Eu não vou demorar.
-Ok. Mas se eu ouvir algum barulho suspeito eu arrombo a porta e entro!
-Ok, ok –Eu ri –Obrigado.
-Boa sorte lá dentro...
Entrei e a mulher fechou a porta. Fiquei meio inseguro sem o Slash do meu lado, mesmo ele estando lá fora. Mas isso é algo que já passou da hora de mim resolver.
Sentei no sofá e esperei. Esperei, esperei e esperei. Esperei tanto que o nervosismo e ansiedade já me corroíam por dentro.
-Axl? –Ouvi uma voz feminina atrás de mim e senti um calafrio percorrer minha espinha.
Me levantei e me virei com receio. Era ela, a voz com quem falei ao telefone. O rosto que me assombrou todos esses anos não importa onde eu ia.
-Meu filho! –Ela correu ao meu encontro e me abraçou. Permaneci estático. Não sei o que aconteceu, mas no momento não consegui dizer uma única palavra. Não nos víamos desde quando eu fugi de casa –Como você cresceu! Como você está bonito, meu filho!
-Eu não sou mais seu filho. Deixei de ter uma mãe aos dois anos de idade!
-O-o que quer dizer com isso?
-Não se faça de cínica, senhora. Você sabe muito bem o que aconteceu. Você sabe muito bem que aquele cara com quem você tá até hoje até meus 16 anos sempre me estup-
-Já chega! –Ouvi um grito grosso vindo das escadas.Olhei mais adiante e vi uma silhueta descendo as escadas e se aproximando de mim –Já não basta o tanto que eu e sua mãe sofremos todos esses anos? Não basta as mentiras que você disse à revista Rolling Stone?!
Olhei para aquele rosto e me senti um pouco intimidado. Mas logo as lembranças voltaram como um raio. Juntei toda minha coragem para falar:
-Mentiras?! Por que uma vez na vida vocês dois não param com esse cinismo e falam a verdade?! Você, meu querido padrasto, vai mentir o surra que eu tomei? Os dois vão negar o passado que ficou gravado nessa casa e em cada um de nós?
Minha mãe, como sempre, começou a chorar. Ela sempre faz isso pra ser a ‘’vítima’’ da situação.
-Olha o que você fez agora, sua aberração! Fez sua mãe chorar!
-Onde estão meus irmãos?
-Eles estão morando em Nova York há cerca de seis meses. São um bando de ingratos assim como você.
-Eu? Eu deveria estar grato pelo que? Talvez as surras enquanto liam a bíblia? Ou quem sabe as mentiras que vocês me contaram durante minha vida inteira? Ou melhor, quem sabe eu deveria estar grato pelos estupros?
A última palavra que eu disse sempre foi um tabu nessa casa, e quando eu falei, os dois arregalaram os olhos e minha mãe começou a chorar mais e mais. Meu padrasto correu em minha direção e começamos a nos estapear e socar.
Ele agarrou minha garganta e apertou muito, eu estava ficando sem ar enquanto gritava por socorro.
De repente, ouvi um tiro e um barulho de porta caindo. Surgiu um Slash puto da vida atrás do cara e quebrou uma garrafa na cabeça dele, que caiu desacordado.
-Assassino! –Minha mão começou a chorar ainda mais e apontou para o Slash.
-Relaxa, dona. Ele não tá morto não. Ainda não.
Slash me ajudou a levantar do chão.
-Slash, me leva embora daqui. Por favor –Eu disse.
-Mas e se esse cara vier a encher o saco de novo?
-Ele não vai. Não vamos ficar aqui por muito tempo, eu espero.
Saímos de lá então. Minha mãe tentou me impedir. Em vão, claro.
-Eu quero voltar pro hotel –Eu disse –Eu to cansando de rever meu passado.
-Não. Se a gente voltar você não vai sair nunca mais do hotel e vai ficar na maior depressão lá. Vamos fazer outra coisa.
-Mas ta de noite.Ta tarde... E eu to com sono. Slash, eu odeio andar por essas ruas.
-Ahh vamos! Qual é, deve ter pelo menos um lugar que você gostava de ir.
-Beeeeem... Na verdade, eu sempre gostei de passear pelo Central Park daqui, perto do rio.
-Então é lá mesmo onde nós vamos! E vamos tomar um sorvete também!
Slash é tão animado as vezes que me assusta viu. Mas eu estou feliz porque ele ta fazendo de tudo pra levantar meu ânimo.
Passamos a noite deitados debaixo de uma árvore do Central Park sob o céu estrelado.
-Eu te amo, Axl. Você sabe disso ne?
-Sim, eu sei.
-Você me ama?
-Claro que amo ne, seu idiota!
Izzy’s POV
O Duff resolveu ir visitar minha família. Eu falei pra ele que não porque estamos brigados há muito tempo, mas segundo o Duff, eu preciso fazer as pazes e ele ficou insistindo.
Chegamos na porta da minha antiga casa. Fiquei lá encarando a campainha.
-Izzy! To te chamando aqui há uns cinco minutos! –Duff disse –E aí? Pronto pra fazer as pazes?
-Ahh... Não sei, mas vamos em frente ne...
Quando tocamos a campainha, um homem com um terno preto que aparentava ter uns 60 anos abriu a porta. Eu não o conhecia e o homem arregalou os olhos.
-Meu Deus! O que Izzy e Duff do Guns n’ Roses fazem na minha porta? –Ele perguntou entusiasmado.
-Sua porta? Quem é o senhor? –Perguntei.
-Sou o Dr.Seth Worth, advogado.
Demos um aperto de mãos.
-O que aconteceu com um casal que morava aqui? Eles já deviam estar mais velhos... –Perguntei.
-E-eram seus pais?
-Sim.
-Por favor, entrem –Ele disse e nós entramos –Sentem-se por favor. Vocês aceitam um café, um chá, água...?
-Não, não obrigado... –Eu e Duff falamos –Senhor Worth...
-Seth. Pode me chamar de Seth.
-Seth –Continuei –O que aconteceu com meus pais?
-Ora, veja bem... Seus pais queriam vender esta casa para comprar uma outra em um local mais afastado. Sua mãe ficou doente e não resistiu a doença... Ela... Ela faleceu. Seu pai, muito triste, também faleceu algumas semanas depois.
Senti uma pontada no meu coração e uma agonia me invadir.
Me levantei meio atordoado do sofá em direção a porta. Ouvi algumas perguntas se eu estava bem, mas não consegui responder. Apenas sai andando por ai e Duff veio correndo atrás de mim.
-Izzy... Izzy! T-tá tudo bem?
-E-eu não sei... –Senti lágrimas rolando pelo meu rosto –Eu não sei, Duff...
Caí de joelhos no meio da rua. Não me importei com os olhares curiosos.
-Izzy... Se...S-se eu soubesse, e-eu nunca teria falado pra você ir lá...
-E-eu sei, Duffy, eu sei.
Voltamos para o hotel.
Eu fiquei todos esses anos brigado com meus pais, e quando os procuro de novo eles estão mortos... A angustia foi tão grande que eu passei o resto da noite chorando, com um Duff preocupado do meu lado tentando me consolar.
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