História Fighting! - Capítulo Especial: Família

Antes...

Depois que o rapper pegou os dados do andar e da ala onde estava Donghae, desligou o telefone e fui inevitável não correr até o carro e dirigir cometendo algumas infrações no trânsito.

Seu coração estava acelerado e seus olhos rasos d'água. Lembrou que já haviam perdido um bebê...seu eterno anjo chamado Mei. A triste lembrança do falecimento de sua filha vinha a tona com a força de uma torrente e o machucava sem piedade. Eunhyuk orava ao volante para que Deus tivesse misericórdia e amparasse as vidas de seus filhos. Sabia que Donghae não aguentaria outra perda de igual proporção, e se isso acontecesse de novo, ele sucumbiria. Não queria estar pensando em coisas ruins, mas seu medo era tão grande que ele não conseguia evitar.

Chegou ao hospital e literalmente correu até o local informado anteriormente pelo manager. Sem quase poder falar por causa de respiração ofegante e pálido como um a folha de papel, Eunhyuk recebeu a notícia...

Depois...

-  É uma cesariana de emergência, mas se você correr pode vê-lo antes do procedimento começar. - Uma enfermeira de meia idade deu a informação.

(...)

Em poucos minutos e com um roupão esterilizado do hospital por cima de suas roupas, Eunhyuk já estava ao lado de namorado. Donghae por sua vez repetia sem parar como tinha sido o rompimento da bolsa e sua chegada até ao hospital e as dores que sentiu até receber a anestesia, perguntando a Eunhyuk ao final de cada explanação se ele acreditava que tudo ia acabar bem.

Eunhyuk acariciava os cabelos castanhos acobreados de Donghae, lhe sorria e lhe falava palavras de encorajamento. O loiro suava frio, pois apesar de querer que Donghae acreditasse no que ele dizia, o próprio estava inseguro como nunca esteve antes na vida.

- Yeobo...você já me falou isso...eu já entendi tudo, tá bom. Me desculpe não estar com você no momento que tudo aconteceu, mas eu não podia imaginar. Mas não se esforce agora, a cesariana vai começar e vai ficar tudo bem. - Eunhyuk disse de forma carinhosa.

- É assim mesmo senhor, o nervosismo faz isso com alguns futuros pais. - A doutora pediatra que fazia parte da equipe médica informou ao rapper. - Não se preocupe, logo o sedativo vai fazer efeito e ele vai dormir.

- Mas porque ele tem que dormir? - Eunhyuk perguntou preocupado e viu pelo olhar de Donghae que ele queria uma explicação também.

- É uma cesariana de alto risco. Temos que manter tudo sob controle, até mesmo as emoções dele. Ele não pode ter um aumento da pressão arterial no meio do procedimento cirúrgico. - Quem esclareceu desta vez foi o médico obstetra que acompanhou a gravidez de Donghae.

- Ouviu Hae? É para o bem de vocês, tá? - O mais velho deu um beijinho delicado na testa alheia e completou - Eu te amo, meu "príncipe". - Donghae sorriu de forma meiga embora estivesse nervoso.

Não demorou e Donghae já estava dormindo. O médico orientou ao rapper que aguardasse fora da sala de cirurgia. Uma medida a mais de precaução.

Eunhyuk fez o que lhe foi pedido e enquanto aguardava fora da sala orava a Deus mais uma vez. Sua espera não foi longa, depois da incisão feita no ventre de Donghae, tudo se deu muito rápido

(...)

Os bebês seguiram direto para a UTI neonatal. Eles tinham peso e tamanho reduzido, nasceram muito antes do previsto. O médico tinha calculado um nascimento aos sete meses, pois eram três bebês e Donghae estava enorme. Mas as crianças surpreenderam nascendo aos seis meses, gozando de perfeita saúde. Os exames realizados nos primeiros minutos  após o nascimento confirmavam que o trio estava bem, só faltando ganhar peso para ir pra casa com os seus appas.

Mais uma coisa foi motivo de surpresa para todos. Principalmente para o médico que acompanhou a gravidez do K-idol. Três meninos eram esperados com grande ansiedade, mas ao nascerem um dos bebês era uma menina linda. O médico e a equipe explicaram a Eunhyuk que em gravidez gemelar deste tipo com três ou mais bebês, equívocos assim podem acontecer durante o ultrasom. Na verdade o rapper não se continha de tanta alegria, estava feliz demais e não se incomodou com o engano. Não via a hora de contar a novidade para seu amado que ainda dormia.

(...)

O loiro correu até a UTI Neonatal e ao ver seus filhos dividindo a incubadora, um hábito adotado por alguns médicos quando se trata de bebês que foram gerados juntos, Eunhyuk desabou em lágrimas. No meio de seus dois herdeiros estava sua princesinha. Eles eram tão pequeninos...mas tinham uma energia com eles inexplicável. O esforço que faziam para respirar com seus frágeis pulmõezinhos mostrava que vieram ao mundo para serem vencedores e a luta pela vida já estava ganha. Eunhyuk reparou nos respiradores presos aos narizinhos dos bebês e monitores de batimentos cardíacos colados a seus corpinhos. Mesmo que chorasse, o loiro se sentiu orgulhoso e nutrido pela força que emanava de seus filhos. Agora ele era um homem completo e feliz.

"Uma família..." Eunhyuk sorriu com esse pensamento por várias vezes quando já estava no quarto esperando ansioso que seu "príncipe" acordasse. Ao menor movimento de Donghae Eunhyuk se aproximou e sussurrou quase inaudível seu nome, Donghae respirou fundo e por seus lábios entreabertos sussurrou um nome..."Mei".

- Meu amor...acorde. Tenho uma surpresa pra você. - Disse suavemente e acariciou com a ponta dos dedos a face bonita de Donghae.

- Eu sonhei com ela... - Donghae estava com a voz rouquinha por causa do sono e contou com a ajuda do namorado para se sentar.

- Eu sei meu amor...eu ouvi você falar o nome dela. - Esse assunto o deixava sempre muito culpado e geralmente não sabia o que dizer a Donghae.

- Ela me fez uma revelação...

- Revelação? - O rapper ficou intrigado.

- Ela está aqui novamente! A nossa Mei, a nossa filha...ela está aqui, Hyuk! - O mais novo se encontrava ansioso e segurava firme nas mãos do namorado enquanto falava.

- Como assim? Que história é essa? - Eunhyuk estava confuso.

- Disse que veio antes dos irmãos para protegê-los e agora retornou com eles. - Donghae disse fitando o olhar fixo do namorado para si.

- Protegê-los? De que? De quem? - O loiro sentou na beirada da cama do hospital, tinha ficado curioso e assustado, queria saber mais sobre o sonho de Donghae.

- De você... - O mais novo foi direto.

- De...mim? - Eunhyuk perguntou constrangido.

- Ela disse que enquanto você não tivesse certeza de que queria constituir uma família, os irmãozinhos não poderiam vir. Eles não fariam a "viagem" e retornariam num tempo tão breve como ela fez. Ela me explicou que eu não poderia tê-los se você me abandonasse. Essa missão é minha e sua. - Donghae dizia tudo com tanta firmeza e convicção que o namorado nem questionou.

- Hae...só me explica uma coisa, essa "viagem" que você diz é a morte e a reencarnação?

- Isso, Hyuk, é isso! Agora eu preciso ir conhecer meus meninos e ver a minha Mei. - O ex-grávido já se preparava para sair da cama, tamanha era a sua euforia, mas Eunhyuk segurou seu braço.

- Vai devagar, meu amor...você tem uma sutura muito profunda e outra superficial... - Eunhyuk lembrou a Donghae sobre o cesariana.

- Quero vê-los... - Donghae fez uma pequena manha mesmo sem a intenção de fazê-la.

- Vou chamar o enfermeiro para tirar o soro do seu braço e vamos juntos ver nossos filhos. - Sorriu. A palavra "filhos" veio carregada de orgulho.

(...)

Mágico...era como qualquer um descreveria o encontro de Donghae com seus bebês. Eunhyuk  já havia explicado que apesar da aparente fragilidade das crianças elas eram bem saudáveis. Ele quis preparar o coração de Donghae para ver seus filhos ligados aos pequenos tubos de respiração  e demais fios.

- Eles são tão pequenininhos... - Sua voz era embargada. Colou as mãos delicadas no vidro da incubadora e olhou com extremo carinho cada um dos seus bebês. - Eu amo vocês meus filhos, sei que logo vão estar em meus braços. Vocês são fortes...eu sei! Eu sinto isso. - Diferente da sua primeira gravidez, Donghae chorava agora de alegria e gratidão a Deus. Não conseguia explicar nem para si mesmo o que acontecia dentro de si.

 - Somos responsáveis por essas pequenas vidas que Deus nos deu de presente, yeobo. - Eunhyuk diz para o namorado.

- E vamos fazer o nosso melhor! Eles são a razão de nossas vidas. - Se abraçaram diante da incubadora e até as enfermeiras que estavam na UTI se emocionaram.

Em um determinado momento os dois se pegaram observando a pequena menina. Depois o rapper fitou Donghae e então Donghae correspondeu ao olhar do namorado.

- Hae...você entendeu porque ela reencarnou tão rápido?

- Sim, yeobo...a nossa Mei é um anjo muito especial. - O mais novo respondeu orgulhoso. Eunhyuk fitou por mais algum tempo a menina que estava no seu soninho mais profundo, parecendo estar alheia a tudo que acontecia.

- Nosso anjo... - Sussurrou o rapper e fez o namorado sorrir brilhantemente.

Donghae poderia passar dias admirando seus bebêzinhos, observando como se moviam  preguiçosamente e falando de todos os detalhes sobre eles. Já tinha nomeado cada um deles e se trocassem os gêmeos de lugar, ele ainda sim os reconheceria.  Era muito cedo pra dizer, mas ele tinha quase certeza que seus filhos iriam ser bem mais parecidos consigo. Como uma mãe zelosa e protetora queria permanecer ali, ao lado da incubadora, mas o médico o alertou sobre a necessidade do repouso, afinal a poucas horas atrás havia passado por uma cesariana.

Com o coração apertadinho e caminhando lentamente, deixou a UTI Neo natal, prometendo a seus filhos que voltaria logo após o repouso. Não conseguia imaginar sua vida longe de sua crias.

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Dois meses depois.

Dois meses depois o Super Junior estava em um show beneficente na capital da korea com outros grupo da SM. Yesung acompanhou a banda, ele fez questão de se apresentar, pois queria dar seu apoio às famílias carentes. Queria fazer algo por elas, porque se recordava de uma época em que ele mesmo quando criança passou por dificuldades.  Ele e Leeteuk foram poupados das coreografias e cantaram as músicas lentas, único jeito de convencer a Ryeowook e Kangin de participarem do show.

O rapper/dançarino que virou empresário pôde estar presente no evento e acompanhou o show através de uma TV nos bastidores. Sua agenda apesar dos inúmeros compromissos lhe permitiu estar junto da banda aquele dia. Shindong vibrava com as apresentações de todos os grupos da sua empresa, mas  durante a performance do Super Junior não parou de elogiar o trabalho de seus ex-colegas do show business.

Durante a execução da música "Memories" do sub-grupo K.R.Y. era a vez de Yesung cantar. Ele começou sua parte na canção, mas não conseguiu continuar. Sentiu algo quente escorrer por suas pernas abaixo. Ele até se esforçou para continuar cantando, mas uma poça começou a se formar bem embaixo de seus pés e ao ver aquilo, foi tirado da grande concentração que fez para prosseguir com o show.

- Mianhe...eu continuaria a cantar pra vocês com muito prazer...mas é que...a minha bolsa rompeu. - Disse olhando muito constrangido para seus pés e calçados que não foram poupados do líquido amniótico.

Ryeowwook  não tinha percebido nada até o momento. Como acontecia algumas vezes o K.R.Y.  se posicionou no palco deixando Kyuhyun entre o casal YeWook. Isso fez com que o ruivo corresse para perto do namorado.

- Aigo...! Você está com dores? - O ruivo perguntou após fechar seu microfone e observou como o namorado roía as unhas nervoso.

 - Não ainda...mas o bebê está chegando. - Nessa hora o público já estava eufórico, aplaudindo e gritando o nome de Yesung. A platéia, na sua grande  maioria composta por ELF's atingiu o clímax do seu delírio, muitas fãs choravam emocionadas por estarem presenciando aquele momento.

Nessa hora o celular de Shindong vibrou no bolso traseiro de sua calça, ele que acompanhava o show pela TV, pegou o celular num gesto automático verificando o recebimento de uma mensagem. Não teve tempo pra entrar em detalhe sobre o que estava escrito e só aceitou o que a mensagem lhe dizia. Era hora de socorrer Yesung pois o bebê estava a caminho e assim o fez.

O K.R.Y. se retirou do palco e o grupo principal assumiu o comando com menos um dançarino. Agora Ryeowook também se ausentava. Shindong levou  Ryeowook e o grávido para o  hospital aonde Donghae havia tido seus bebês. Pois o mesmo médico havia acompanhado a gravidez de Yesung.

(...)

Quando Yesung chegou ao hospital, as contrações já tinham começado. A dilatação da sua passagem especial para parto se deu de forma muito rápida.

Ryeowook fez questão de acompanhar cada momento do processo do parto. Durante a respiração para controlar a dor, ele respirava junto com Yesung. A franja negra que insistia em colar na testa do grávido era retirada por Ryeowook com auxílio de uma toalha branca. Quanto mais perto da hora de empurrar o bebê, mais forte eram as contrações. O vocal líder do K.R.Y apertava os dentes num esforço descomunal para não gritar. O ruivo se mostrava muito compreensivo com os episódios de dor que assolavam seu noivo. Sempre usando de muito carinho e dedicação, lhe oferecia pequenos goles d'água e permitia que o moreno apertasse sua mão sem emitir um mínimo ruído de dor. E não ligava quando uma vez ou outra seu noivo falava um palavrão.

Yesung nunca se imaginou em igual situação. Durante toda sua vida não soube de sua capacidade de gerar bebês. Um erro que muitos pais cometem é de impedir que seja realizado nos filhos o exame para descobrir sua condição logo nas primeiras horas de vida, por puro preconceito. Infelizmente descobriu isso da maneira mais complicada, ficando grávido de um filho de Lee Soo Man.

Yesung sempre planejou formar uma família com Ryeowook. Mas sempre achou que ele seria simplesmente um coadjuvante no nascimento do seu filho, e que o papel principal desempenhado por ele naquele instante, seria de seu pequeno ruivo.

Não suportando a dor dos últimos segundos que antecederam o nascimento do bebê, um grito escapou das poderosas cordas vocais do moreno. Mas logo seu grito deu lugar ao choro estridente do bebê.

O médico cortou o cordão umbilical da criança e a enrolou  numa manta verde. Depois passou o bebê para Ryeowook que o segurou com visível cuidado. O ruivo se encantou com o serzinho de bochechas rosadas que chorava sem parar. 

- Veja Yeye...nosso filho é lindo. - O ruivo fez o seu melhor para segurar a emoção enquanto passava o bebê para os braços de Yesung.

"Nosso filho"

Duas pequenas palavras que significaram muito para o mais velho.

- Obrigado... - O moreno sussurrou, ainda estava muito cansado. Nessa hora ele embalava o bebê com carinho e se impressionava com sua força vocal. Pelo jeito cantaria como ele.  

- Quem tem que agradecer sou eu, você me deu um filho lindo. - Yesung ouviu e mesmo exausto seu semblante se iluminou.

- Eu agradeço porque você já o chama de filho. Isso quer dizer que somos uma família de verdade, não é? - O moreno tinha necessidade de confirmar isto.

- Claro, yeobo. Deixa tudo o que aconteceu para trás. - Ryeowook se refiria principalmente ao fato do bebê ser filho legítimo do falecido empresário. - Agora somos eu, você e ele. - Ryeowook entrelaçou uma de suas mãos a uma das pequenas mãos de Yesung. Trocaram olhares cúmplices e em seguida cada um deu um suave beijinho no rostinho do bebê.

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Na sala de espera estava Shindong. Tinha perdido noção das horas que estava ali. Aproveitou pra fazer alguns trabalhos pela internet de seu celular mesmo, garantindo que poderia dormir logo que chegasse em casa. Estava distraído e se assustou quando seu celular tocou. Era seu namorado.

- Oi Tae... - Sorriu enquanto atendia a ligação.

- Oi...? É isso o que você tem pra me dizer? - Tae Yun estava aborrecido.

- O que foi que aconteceu? Porque está nervoso?

- O que aconteceu pergunto eu! Estou aqui no restaurante que você marcou a duas horas te esperando.

- Porque? Você passou uma mensagem dizendo que não ia jantar comigo. - Shindong ficou confuso.

- Eu? Claro que não! Você me enviou uma mensagem pedindo que eu te encontrasse aqui, então eu vim.

- Yeobo...sua mensagem foi bem clara, você me respondeu "NÃO". Então achei que estava ocupado no trabalho ou algo do tipo.

- Eu não estou louco! Eu não passei mensagem nenhuma pra você. Eu vim direto pra cá como a gente costuma fazer.

Continua...