História Fighting VHope - Adoravel !

Então me despedi de todos eles e segui com Hoseok para o caminho oposto ao de nossas casas.

-Por que as pessoas não gostam de dias nublados ? -Perguntei não especificamente para Hoseok, mas sim para o nada, como se tivesse pensado alto. Mas Hobi tratou de responder.

-Não sei, gosto de dias de calor e dias de frio. Os dois têm seu charme. Dias quentes são bons para passear, dias frios são bons para ficar de baixo das coberta. -Refleti o que tinha escutado. Realmente, tanto dias frios, quanto os quentes, tinham seus prós e contras. Eu sempre preferi o frio, apesar de ser horrivel acordar cedo para ir a aula e tomar banho em tempos assim.

-Pois é, tudo tem seu lado bom e ruim.

-Mas eu prefiro o calor, as pessoas ficam mais alegres, riem mais, saem e se divertem. No frio é tudo mais deprimente.

-Eu já esperava isso de você, você é a pessoa mais contente e radiante que eu conheço. É tipo o sol ! -Hobi sorriu largo, o sorriso mais lindo, satisfeito com o que foi dito.

-Pois é, as pessoas sempre me dizem isso.

Continuamos caminhando em silêncio, eu admirava as nuvens carregadas, que se moviam com a força do vento. Não estava tão gélido, mesmo assim algumas pessoas apertavam seus casacos contra seus corpos. Hoje era mais um dia pouco movimentado, todos preferiam o conforto de suas casas, ao invés do vento da rua. Não muito tempo depois, Hobi e eu chegamos no parque, o mesmo que tinha ido com Jimin ontem. Como no dia anterior, sentei em um banco, sendo acompanhado por Hoseok. Suspirei fundo, senti o ar frio adentrar em meu corpo, sorri com a sensação. Ali só estávamos nos dois, ninguém mais trocaria suas camas quentinhas por um banco de praça. Mas eu não queria ficar em casa, sem fazer nada, estar com Hoseok era muito mais agradável.

-Semana que vem é meu aniversário. -Comentou Hobi de repente.

-Vai ter festa ?

-Não sei, talvez eu chame você e os meninos para dormir em casa. Minha mãe vai estar trabalhando mesmo !

-É uma boa idéia. -Ficamos mudos novamente, apenas ouvindo nossas próprias respirações e olhando a natureza. O brisa soprou mais forte e várias flores da árvore ao nosso lado caíram, fazendo uma pequena chuva de pétalas. Hobi pegou uma florzinha branca do chão, soprou ela tirando a areia, virou para mim, a colocando atrás da minha orelha. Ele ficou analisando meu rosto por alguns instantes, antes de soltar um sorriso.

-Adorável ! -Baixei a cabeça, olhei para os lados evitando fazer contato visual. -Olha pra mim. -Hobi pegou em meu queixo, virando meu rosto para ele. Hoseok me analisou atentamente, depois fixou seus olhos nos meus. Senti seus dedos no meu cabelo, alinhando os fios bagunçados pelo vento. Mantive meu olhar preso ao seu, mas dei um pulo para trás, como se tivesse acordado de um transe. Disfarcei meio desajeitado, tirando a flor da orelha e a colocando no banco. Sem saber o que dizer, procurei por qualquer assunto aleatório.

-O que vai querer de presente de aniversário ? -Foi a única coisa que consegui pensar, enquanto abanava meu rosto tentando diminuir a vermelhidão.

-Não precisa me presentear, se você estiver lá para comemorar comigo já vai ser o suficiente. -Hoseok sempre dava um jeito de me constranger, mesmo que eu mude de assunto, ele acha uma brecha.

-Vamos ficar em silêncio um pouco. -Foi o que falei para Hobi calar-se e parar de me envergonhar. Ele assentiu, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás, como se encarasse o céu. Copiei seu movimento, e então nós dois ficamos calados.

Me perguntei mentalmente o motivo de Hoseok gostar tanto de dizer coisas bonitas para mim. Apenas para me acanhar ? Que bobeira. Ele devia mesmo achar bonitinho ver minhas bochechas coradas. Abri meus olhos e espiei Hobi, ele estava muito fofo, com uma expressão tranquila e um pequeno sorriso no canto dos lábios. Fiquei curioso para saber no que ele estava pensando. Virei de lado, de maneira que eu pudesse enxerga-lo melhor, encostei a cabeça na mão e fiquei o admirando.

Parece que nós dois acabamos nos distraindo com nossos pensamentos, porque quando finalmente parei de olhar Hobi, me dei conta que já estava escuro. O vento tinha se intensificado, o frio aumentado, as nuvens praticamente pretas. A noite já avia se formado, nos postes as luminárias estavam acesas, as ruas mais vazias ainda. Um carro ou outro circulava. Chacoalhei Hoseok com delicadeza, já que ele estava acordado, apenas de olhos fechados. Quando os mesmo se abriram, Hobi me olhou surpreso.

-Caramba, já anoiteceu ! -Comentou vendo as ruas quase que desertas. -Que horas são ?

-Sete e meia. -Falei olhando o celular. -Temos que voltar ! -Em um dia comum ainda teria movimento, mas com o tempo que se formava, todos já estavam trancados.

-Caramba, eu estava com a cabeça no mundo da lua. -Hobi se levantou do bando abrindo sua mochila, de lá tirou um blusa de frio. -Toma ! -Esticou o braço para que eu pegasse o casaco, eu neguei com a cabeça.

-Não precisa Hobi, pode vestir ! -Por mais que eu estivesse com frio, não aceitaria que ele pegasse friagem. Eu devia ter lembrado de trazer uma blusa.

-Não faça charme, apenas aceite. -Hoseok jogou a blusa para mim, e em um movimento quase que imediato eu a devolvi.

-Use você, não está tão frio. -Hoseok soltou um suspiro impaciente, e veio na minha direção. Como se eu fosse uma criança ainda muito nova, ele começou a vestir o casaco em mim, não me mexi, apenas deixei que ele o fizesse. Me senti acolhido com tal atitude, como se ele estivesse ali para me proteger. Assisti seu gesto de afeto em silêncio, antes de agradecer.

-Obrigado Hobi. -Ele sorriu satisfeito em me ver agasalhado. Pegou nossas bolsas, estiquei a mão para pegar a minha, mas Hoseok ignorou minha ação, colocando uma bolsa em cada ombro.

-Pode deixar que eu levo. -Esse era o segundo favor que ele queria fazer por mim, eu já estava me sentindo um folgado. Primeiro ele iria pegar vento por me emprestar sua blusa, agora carregaria minha mochila.

-Se você levar ela vou me sentir mal, me dê. -Hoseok balançou a cabeça negativamente.

-Não é um incomodo para mim. -Eu ia rebater e pedir minha mochila, mas antes que eu pudesse abrir a boca Hobi falou primeiro. -Vamos logo, antes que comece a chover.

Hoseok pegou em minha mão, entrelaçando nossos dedos. Meu coração batia em uma velocidade que não sei explicar, a sensação era que ele ia sair pela boca. Senti um frio na barriga, como se eu estivesse em uma montanha russa. Nossas mão juntas, trazia um sentimento de euforia. Enquanto caminhavamos, eu só conseguia olhar nossos dedos cruzados uns com os outros. Uma atitude tão simples, tão comum no dia a dia, mas que fazia um turbilhão de emoções fluir dentro de mim. Contive o sorriso que teimava em querer se abrir. Nem eu sabia o por que de tanto contentamento, não conseguia entender o que se passava comigo. Talvez eu fosse uma pessoa carente de atenção, tão carente que se sentia feliz com pequenas com demonstrações de afeto. Não sei o que era aquilo, mas sei que era bom. Caminhamos apenas nós dois pela rua, eu com o casaco de Hoseok que ficava um tanto largo em meu corpo magro. Em silêncio, dando passos largos, torcendo para a chuva não nos alcançar.

Paramos na frente da minha casa, o carro do meu pai já estava estacionado, deveria ser pelo menos dez para as oito. Minha mãe devia estar preocupada, precisava entrar logo.

-Obrigado pelo paletó. -Eu estava prestes a tirar e entregar a ele, mas Hoseok segurou minha mão, me impedindo de abrir o zíper.

-Pode me devolver amanhã !

-Mas você vai para casa no frio ?

-Relaxa, eu estou bem. Toma aqui sua bolsa ! -Peguei minha mochila, ainda preocupado que Hobi pudesse ficar doente. -Agora eu vou indo Tae, vou passar aqui amanhã como sempre.

-Okay Hobi, se cuida e me mande mensagem assim que pisar em casa.

-Vou mandar. -O semblante de Hoseok era indeciso, como se ele não soubesse muito bem o que fazer. Em um ato rápido e desajeitado, Hoseok me abraçou, tão rápido que antes que eu pudesse raciocinar qualquer coisa, ele já tinha me soltado. Eu nem entendi o que foi aquilo, tão de repente e ligeiro. Pela primeira vez, Hoseok parecia envergonhado, não disse nada, apenas virou-se de costas e caminhou para casa.

Quando entrei, minha mãe me esperava sentada no sofá com os braços cruzados. Eu já sabia que ia levar uma bronca daquelas.

-Kim Taehyung, posso saber onde estava até uma hora dessas ? -Só me restava dizer a verdade, eu já estava encrencado mesmo.

-Eu estava na praça, com Hoseok. Nós nos distraímos e perdemos hora. Desculpa mãe. -Não satisfeita com minha justificativa, ela continuou com o sermão.

-Taehyung, você sai da escola de tarde. Como tem coragem de aparecer aqui só de noite ? Ainda mais com esse tempo fechado, é perigoso.

-Eu sei mãe, eu cometi um erro. Juro que me distrai, mas quando vi a hora, eu corri para casa. -Sabendo que ela estava certa, não quis dizer mais nada, eu já tinha me explicado o bastante.

-Não quero que saia para lugar nenhum essa semana, venha da escola direto para casa. Entendido ?

-Sim mãe. -Fiz uma reverência, me desculpando novamente. Meu pai entrou na sala, e sentou-se no sofá.

-Vou para meu quarto !

Tomei um banho e me vesti, por cima do pijama coloquei o moletom de Hoseok. O cheiro dele era doce, como de baunilha, era gostoso de sentir. Me joguei na cama, cansado de passar o dia todo em um banco duro. Eu queria dormir logo, mas esperei a mensagem de Hoseok, me confirmando que tinha chegado bem em casa. Depois disso, relaxei na cama confortável.