História Filha de Hades - Acontecimentos Estranhos

Bem, eu sempre me achei diferente dos outros, sempre me achei um peixe fora d'água, ainda mais porque ninguém falava comigo, e sempre que chegavam perto de mim, eles começavam a se sentir mal ou desmaiar, coisas desse tipo. Por isso, eu tentava sempre manter o máximo de distância possível, para que não machucasse ninguém e também para não me chamarem de aberração, porque eu sabia que não era normal. Eu estava disposta a descobrir o que tinha de errado comigo, além da minha aparência de zumbi, porque eu era magricela, com os cabelos pretos e eu era MUITO pálida, chegava a dar medo. Mas fora a minha aparência, eu não tinha nada de incomum. Eu só era uma garota de 14 anos que não tirava notas muito boas, tinha um nome bem incomum (não é que eu não goste do meu nome, mas quem em sã consciência coloca o nome da filha de Kalika?) e não tinha nenhum amigo. 

Certo dia, eu estava na aula e ocorreu uma coisa bem incomum. Eu estava fazendo um tema atrasado na hora do intervalo e vieram umas meninas metidas (Sabe aquele trio de garotas chatas que tem em toda escola? Pois é, eram elas.) que começaram a implicar comigo. Elas começaram a me chamar de zumbi, e de um monte de apelidos de mal gosto que elas inventaram pra me provocar. Aquela não era a primeira vez que elas faziam isso. Eu já estava de saco cheio, então, acho que o meu corpo fez como se fosse um tipo de autodefesa e, de repente, as garotas estavam no ar quase sufocando enquanto eu dizia algumas palavras estranhas que eu não consigo me lembrar muito bem como eram. Depois que eu me dei conta do que estava acontecendo, tratei de largá-las imediatamente e saí correndo. Acho que ninguém viu...

Quando cheguei em casa, disse à minha mãe que queria conversar sério com ela, e dessa vez era sério mesmo. Por algum motivo que eu não sei ao certo, eu tinha quase certeza de que o ocorrido de hoje tinha a ver com meu pai. Acho que esqueci de citar que meu pai abandonou minha mãe e a mim antes de eu nascer, e eu nunca tinha visto ele. Sempre que eu perguntava sobre meu pai à minha mãe ela mudava de assunto, mas agora eu estava disposta a fazê-la abrir o jogo. Então,  lá estávamos nós, sentadas uma de frente pra outra em duas cadeiras, quando eu decidi falar:

- Mãe, hoje na escola aconteceu uma coisa muito estranha comigo, eu quase matei três meninas sem querer, e eu não sei porque, mas eu acho que tem algo a ver com o meu pai. Você já fugiu muito desse assunto, e eu cansei disso, chegou a hora de abrir o jogo.

Minha mãe, meio surpresa, falou:

- Bem... Er... Ok. Chegou a hora de abrir o jogo. Eu sabia que uma hora ou outra esse momento ia ter que chegar. Lá vamos nós...