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História Filosofía - Skeptikismós


Escrita por: taefrosty

Notas do Autor


ceticismo - jisung

Capítulo 3 - Skeptikismós


Fanfic / Fanfiction Filosofía - Skeptikismós

— ...Felix desde o início optou por guardar segredo.
 

— E o que você como medico deveria ter feito? Comunicado a alguém! Ele tem família, ele tem a mim. Câncer não é um resfriado! — a voz parecia familiar, mas jamais imaginaria ouvir a mesma voz nesse tom.
 

Channie...
 

— Minha ética com meu paciente não permitia isso. Ele estava em absoluta consciência quando decidiu. — a voz de Woojin soou mais firme.
 

— Enfia a sua ética no...
 

— Chan! — agora ouvia a voz de Jisung.
 

— Chan... — foi a vez de Felix chamar, ainda com sua voz fraca e os olhos abrindo lentamente após o sono profundo.
 

Os três que se encontravam no quarto se reuniram em volta da cama, Chan era o mais próximo de Felix.
 

Bang parecia extremamente abatido. Seus olhos pareciam covas fundas com tamanha olheira.
 

— Por Deus... — ele se sentia agradecido por ver os olhos de Felix abertos mais uma vez, segurou sua mão e encostou a testa na sua — por que você fez isso?
 

— Não tente... encontrar um culpado... — disse com dificuldade, tossindo. Sentia um enorme peso na garganta.
 

Chan se afasta de Felix para olha-lo mais de longe. O estado era ruim. Felix estava tão minúsculo e pálido que parecia desaparecer por entre os lençóis brancos.
 

— Como eu não percebi antes? Talvez eu seja o culpado. — e passa as costas da mão no nariz para limpar as lágrimas que escapavam por ali por segurá-las demais.
 

Chan também era professor, mas lecionava historia. Passava o dia inteiro fora de casa, e mesmo que amasse muito Felix às vezes chegava cansado demais para que notasse alguma coisa. Quando Felix tingiu os cabelos de loiro demorou quatro dias para que percebesse.
 

— Mas você poderia ter me dito, ah, poderia. — Chan continuou — Sabe que eu teria cuidado de você. — e lágrimas começaram a escapar pelos olhos mesmo que ainda estivesse se segurando — Você me impediu de te ajudar a reverter o seu quadro a partir do momento que decidiu manter essa merda em segredo!
 

— Não tinha nada a ser feito, Channie... não culpe o doutor Kim, nem a você... nem a mim.
 

— Eu vou perder você para sempre... e você nem me deixou tentar. — disse por fim.
 

Eles se encararam por mais alguns segundos. Chan saiu da sala em passos largos, deixando-o com Woojin e Jisung.
 

Lágrimas escaparam e Felix soluçou baixinho. Olhou para o seu redor e viu que uma sonda estava conectada em suas narinas, uma bolsa transferia sangue para a sua veia e o anel de noivado estava em seu anelar direito. Chorou ainda mais.
 

Jisung se aproxima e afaga o seu ombro.
 

— Estará sob cuidados paliativos agora, Felix. — Woojin quebra o silêncio que antes era só preenchido com o choro do mais novo.
 

— O que são cuidados paliativos? — Jisung quis saber — Ele ainda pode ser curado?
 

— Não, lamento mas não há mais nenhuma possibilidade de cura para Felix. Os cuidados paliativos são destinados àqueles em estado terminal, apenas para aliviar as dores.
 

Jisung olha para Felix. Havia dor em seus olhos ao olhar o amigo doente.
 

— Quero ir para casa. — Felix diz ainda chorando — Quero passar o fim de semana junto com meus pais... quero provar o bolo de nozes e chocolate da minha mãe. Eu não quero definhar aqui, doutor. Me deixe morrer em casa.
 

— Terá muito mais tempo para se despedir de todos que ama aqui. Não dou mais uma semana pra você se voltar para casa.
 

— Você me deu seis meses... — tossiu — já se passaram oito.
 

— Os medicamentos mantiveram você firme o quanto podiam, mas só eles não bastam mais. Precisa de transfusões, acompanhamento com a dieta.
 

— Por favor, Felix, fique aqui. — Jisung implora, segurando a sua mão — Eu quero te ver mais vezes. Seus pais também, e o Chan só está abalado. Dê um pouco de tempo para ele ficando mais tempo entre nós. Não acho que gostaria que sua última memória antes de morrer fosse vê-lo desse jeito.
 

Felix suspira e assente para o medico ao tomar sua decisão de ficar.
 

— Chamem os enfermeiros caso aconteça alguma coisa. Com licença. — Woojin se retira.
 

Jisung arrasta uma poltrona para mais perto da cama de Felix. Nunca tinha visto seu amigo daquela forma, tão doente e tão triste. Ele mal parecia ter forças para soluçar, e o barulho que saía de sua boca se assemelhava a um bebê quando está prestes a chorar. O rapaz de cabelos castanhos acariciou os fios loiros e quebradiços de Felix na intenção de acalmá-lo.
 

— Onde está todo mundo? — Felix pergunta ao se sentir mais calmo.
 

— A maioria voltou para casa. Seus pais estão revezando nas visitas. Sua mãe passou a madrugada na sala de esperas porque o horário de visitas não funciona de madrugada, mas ela ficou com medo de acontecer algo com você e não ter ninguém por perto. Agora ela está descansando no seu apartamento, e seu pai está aqui esperando para entrar. — ele faz uma pausa — Ficamos com medo de que não acordasse de novo, Felix.
 

Felix tinha um olhar vago pro horizonte ao se lembrar do que acontecera antes de desmaiar.
 

— Foi o Jeongin quem contou?
 

— Ele demorou para contar, mas foi o primeiro a pedir que acionasse a ambulância do hospital geral do seu plano de saúde. Estranhamos por que tinha que ser tão especifico, mas fizemos. Acontece que já tinham todos os seus exames aqui e sua internação foi imediata.
 

E suspirou com os olhos marejados novamente.
 

— Eu não contei com a merda explodir no ventilador enquanto ainda estivesse vivo. — ele diz ao se lembrar da conversa com Jeongin — Talvez contasse com a sorte de morrer enquanto dormia.
 

— Acho que o nunca vou entender por que você fez isso. Estou tentando, mas não consigo encontrar respostas.
 

— Eu estou morrendo, assim como você irá um dia. Também acho que minha vida foi mais curta do que eu queria, mas simplesmente não dá para fugir da morte quando ela vem. Acontece que é difícil explicar a mesma coisa quando todos ao seu redor esquecem ou se negam de que um dia a vida acaba.
 

— Eu ainda não consigo compreender.
 

— Às vezes a verdade está bem na sua cara, Jisung, não há como fugir dela por mais que duvide.
 

Jisung ficou calado por alguns segundos, pensando nas palavras de Felix.
 

— Você viu alguma coisa quando tinha desmaiado? Alguma luz ou... sei lá. — ele perguntou.
 

Felix pensou por um tempo, mas negou.
 

— Não. É literalmente como se eu estivesse dormindo. Por que a pergunta?
 

— Pela primeira vez na vida eu quero acreditar em alguma coisa, ter a certeza de algo. — e a voz falhou por começar a chorar — Quero acreditar que vai para algum lugar quando morrer. Não é justo que apenas apodreça e deixe de existir. Você merece o paraíso dos cristãos, ou a reencarnação em uma vida bela e tranquila. Mas e se nada disso existir, como sempre duvidei que existisse? Prefiro pensar que não está nos deixando... que não está partindo para lugar nenhum.
 

Por muitas vezes era fácil compreender Jisung, já que na verdade só havia uma compreensão sobre ele: sempre em cima do muro, nem lá e nem cá. Vê-lo assumir querer acreditar em algo que sempre questionou fazia Felix entender o quão abalado o seu amigo estava.
 

Ele se ajeita na cama, arrastando os quadris para se manter sentado, para que olhasse Jisung melhor.
 

— Eu tenho uma teoria. Eu não me lembro de como foi ter nascido ou antes disso, e por esse mesmo motivo, eu não vou nem sentir quando morrer. — e tossiu — Mas eu sei de uma coisa. Eu vou me manter vivo... — e estende um dedo indicador em direção a cabeça de Jisung — bem aqui. — apontou e deu batidinhas de leve com o dedo ao indicar.
 

Jisung sorri tristemente ao entender, e concorda com a cabeça. Ele parte para um abraço apertado em Felix, como se aproveitando a oportunidade que ainda tinha de desfrutar da vida em carne e osso de seu amigo, e afunda o seu rosto no ombro dele ao tentar fracassadamente conter o choro doloroso que transmitia a falta que Jisung sentiria de abraçá-lo quando morresse.



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