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História Filosofia e Animes - A Filosofia de Pain - Naruto


Escrita por: HansHardt

Notas do Autor


Primeiro, preciso avisar duas coisas. Um, eu não estou tentando exprimir nenhuma mensagem dessa vez, só viajando na filosofia do personagens. Dois, no caso de Pain, eu não achei nenhum filósofo na minha cabeça que se encaixa perfeitamente na suas ideias. Por isso, apenas cito vários filósofos, e como a sua filosofia combina parcialmente com a de Pain. Espero que gostem!

Capítulo 2 - A Filosofia de Pain - Naruto


Fanfic / Fanfiction Filosofia e Animes - A Filosofia de Pain - Naruto

De todos os personagens da saga, eu acho que Pain foi o que mais me chamou a atenção, e o que mais gostei pra ser sincero. Lembro da primeira vez que eu vi ele, quando ele nem foi anunciado como personagem oficial. Eu jogava muito Naruto de vídeo-game, e nas cutscenes, os membros da Akatsuki iriam se reunir, e lá estava ele: reto, sério, e sempre com um semblante de quem traria ordem ao caos, misterioso, e poderoso. Eu aprenderia que este era Pain. Em tradução direta do inglês, seu nome significa literalmente "Dor".  Pense nisso um pouco. Temos a série inteiro glorificando o poder dos membros da Akatsuki, o que será que seu LÍDER é capaz? Eu só poderia sonhar. 
Aprendemos que ele tem um presente divino. O olho do Rinnegan. Ele é descrito pelo próprio Jiraya como um olho divino, aliás. Eu não quero detalhar muito sobre o olho em si (apesar de ser um olho MUITO formoso e que eu queria muito ter), mas o portador do Rinnegan pode ter acesso a seis caminhos da qual ele pode extrair o poder do olho (coincidentemente, Pain domina todos eles). 

Pain não aparece por muitos episódios, mas os poucos que ele aparece, ele faz uma presença MUITO impactante. Destruindo tudo que você ama, dando discursos muito bem feitos, apresentando sua aparência divina, e tudo isso me fez pensar sobre sua filosofia. Quem acompanhou meu post sobre One Punch Man provavelmente sabe pra onde isso está indo. 

Aprendemos que Pain se julga um Deus, justamente porque ele descobriu a raiz e razão do conflito humano, e o ciclo da história, que ele mesmo batiza de "ciclo de ódio".  

Agora, uma das coisas que é importante denotar sobre o que nos difere de animais, é nossa consciência. Não nossa consciência sozinha, pois não sabemos se animais também a tem (pelo menos *eu* não sei), mas o fato de que somos cientes de nossa própria existência, e que podemos cursar nossa própria vida - não como seres que vivem por puro instinto - mas por seres que tem livre-arbítrio. Da mesma maneira, Pain se tornou auto-consciente dos limites alegadamente patéticos da humanidade, sua natureza pérfida, e como essa natureza é o motor cíclico da história. Não só isso, mas agora ele é capaz de mudar esse destino justamente por ter consciência de si mesmo como humano. Ele está livre das algemas limitantes da humanidade. Isso o faz transcender sua forma como um mero humano, e o ascende para uma forma maior. E que forma seria essa? Se ele não é um animal, nem um homem, o que ele é? Algo além do homem. Um... Deus. 

*musica dramatica* (aliás, vejam a música tema dele! Procurem por "Girei - Pain")

Mas o que é esta transcendia sem poder, não é mesmo? Fora conhecimento, o que mais você tem? O que te difere de um Deus para um humano com consciência elevada? Bem, é aí que o Rinnegan entra. Lembre-se que o Rinnegan é um olho que praticamente não existe, em sua raridade. 

Não é errado pensar, segundo Carl Jung, que ideias possuem pessoas e não ao contrário. Como Pain, e a encarnação dos seis caminhos da dor 

Pessoas não possuem ideias, ideias possuem pessoas. Carl Jung. 

Pain parece que tem uma aproximação um pouquinho parecida com a de Thomas Hobbes: "O homem é o lobo do homem", como diria ele. Pense nessa frase desse jeito: você está com os pés colados em um trilho, junto à uma alavanca. O trilho bifurca em três partes. Se você puxar a alavanca, o trem vai pro lado oposto, se não puxar ele vai pra rota do meio. Mas é o seguinte: do lado oposto está outra pessoa na mesma exata situação, com uma alavanca que vai pra sua direção.

Se ninguém puxar a alavanca, os dois vivem. Quando alguém puxar, a decisão não pode ser invertida. Se você puxar a alavanca, a outra pessoa morre, mas você está salvo também, e a mesma coisa pra ela. Você confia na pessoa do outro trilho pra ela não puxar a alavanca, ou você puxa ela?

Pain põe esse exato dilema nas mãos dos Governantes (Kages) das terras do universo fictício de Naruto. Ele pretendo criar armas tão fortes, mas tão fortes, que se algum deles usarem as armas a próxima guerra será travada apenas com paus e pedras. Não só isso, mas ele dá essas armas pra todas as vilas. De volta ao dilema. 
Mas Pain sabe muito bem o resultado do dilema, e o que vai ser a síntese dele: ele *quer* que haja guerra, ele *quer* que haja sofrimento, ele *quer* que haja morte, ele quer que haja DOR. Dor, porque esse incentivo é o único jeito da humanidade se disciplinar. Uma guerra para acabar com todas as guerras. As pessoas entenderiam À FORÇA que guerras são cruéis, desnecessárias, e maldosas. E aprenderiam tudo isso a custo do sangue deles mesmos. Pain vê um futuro regido por medo um do outro, mas vê um futuro onde a humanidade finalmente aprendeu sua lição, e consegue amadurecer de sua natureza mesquinha. Pain nos diz que enquanto houver a liberdade do homem, ele lutará por recursos que dominem o outro lado, mesmo que isso signifique atropelar alguém no caminho. Hans Herman Hoppe diz em "Da Aristocracia para a Monarquia para a Democracia" que todo o conflito humano pode ser reduzido à escassez de recursos. Eu acredito que Hoppe está errado nesse aspecto, mas ele faz uma reflexão interessante: "Homens não vivem em perfeita harmonia uns com os outros. (...) suponha que eu quero fazer X com o objeto Y. Mas ao mesmo tempo, você quer fazer Z com Y. Como nós não podemos fazer a mesma coisa ao mesmo tempo, teremos que lutar por Y."
Está aí, a origem do conflito da guerra entre nações. 

A humanidade deve aprender que essa aproximação mesquinha e egoista para com os outros é objetivamente errada e criadora de conflitos. Mas como eles - humanos - não tem essa consciência de si mesmos, a humanidade precisa de a mão guiadora de um Deus. E caso ela se esqueça dessa lição, ele voltará para ensina-lá de novo. 
Acredito que Pain tenha a mesma visão de Schopenhauer sobre o homem, que é: "o homem é um animal cego guiado por um macaco em suas costas". Imagine como deve ser ver o mundo pelo que é, e ao tentar explicar o mundo, não te escutam e caem sempre no mesmo problema? Isso é parte da ideia de que os outros são inferiores num certo nível à ele por causa dessa cegueira. Não me leve a mal, o personagem de Pain não é arrogante, apesar disso. 
Pain também me lembra de uma frase de Alexis Carell: "O homem não pode se fazer sem dor, pois ao mesmo tempo que é o mármore, é o escultor". Mas a versão de Pain toma uma virada muito mais sinistra. Em vez de ser uma mensagem de crescimento próprio, é uma mensagem de que o homem não pode se disciplinar sem sofrer a dor da não-disciplina. Pain acredita que a liberdade do homem é uma condenação, pois esta liberdade o escraviza pelo caos de sua mesquinharia e egoísmo. Isso não é dizer que ele quer controle do governo, só que a humanidade não consegue, e jamais conseguirá tomar consciência disso sozinha. Ele deve ser o motor da história, e disciplina-lo pelo estímulo negativo da guerra.

Pain diz que mundo é regido por ódio, e somente ódio. O mundo gira e orbita pelo estímulo negativo, e esses estímulos nos forçam a crescer. Isso me lembra Schopenhauer, de novo, que dizia que a dor é a única coisa positiva no mundo. Coloque uma pedra no sapato: toda a sua atenção e sensações positivas morreriam para que seu corpo se foque apenas naquele pequeno pedregulho te incomodando. Sendo assim, apenas a dor e sofrimento são positivas, enquanto a alegria é negativa, pois sempre está em segundo plano. Mas - de novo - Pain tem certos ajustes nessa filosofia. Ele diz explicitamente que a dor nos força a crescer, e não é apenas algo inevitável à vida. Apenas um professor, e não uma realidade inevitável. 

Vamos recapitular. 
Primeiro, temos a alvorada da consciência que o faz transcender o limite cíclico da humanidade, mais o poder para mudá-lo.  
Segundo, temos a ideia de que a humanidade é descontrolada, auto-destrutiva, cíclica e mesquinharia, e que precisa de um guia, como uma criança precisa de um pai/mãe. 
Terceiro, temos a ideia de que apenas pela dor e conflito somos forçados a crescer, é só pelo estímulo negativo podemos nos forçar a mudar para melhor. 

Juntando esses três fatores, temos, o que acredito ser toda a filosofia de Pain quanto à humanidade. Apenas um pêndulo descontrolado de sofrimento e dor que precisa ser conduzido por uma mão divina para que ele se ascenda a esse ciclo. 

Nota de rodapé, há um paralelismo com Carl Jung - quanto à filosofia de ideais. Jung diria que é correto afirmar que ideias possuem homens, e não o contrário. Ideias uma hora deixam de ser algo difundido numa pessoa só, passa a ser algo negociado entre pessoas, e passa a ser parte de uma consciência coletiva baseada no consenso. Pain compartilha desse ideal, pelos seis caminhos da dor. Ele toma o cadáver de seus inimigos e os faz de armas de destruição, indo pelo nome de dor, e o seis caminhos da dor para difundir um ideal. Pain é um ideal - algo transcendente - não uma pessoa. 


Notas Finais


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