História Final alternativo de Peter Pan (2003) - Capítulo Único

Peter olhava Wendy, e os meninos perdidos, escondido pela janela do quarto. Pensava na única alegria que seria para sempre excluído, uma família. Seu coração apertou enquanto observava aquela utopia que ele jamais imaginou que poderia almejar.

-Viver... - Dizia pesaroso em um longo suspiro - Seria uma incrível aventura...

Sininho percebendo a tristeza de seu companheiro tentou anima-lo, tocando uma curta melodia triste no intuito de diverti-lo. Conseguiu um rápido sorriso do mesmo, e insinuou que ele deveria partir. Olhando pela janela mais uma vez, vendo a alegria que estava sendo privado, pôs se a partir.

Em meio a aquela alegria toda, Wendy percebeu uma rápida sombra que sumia pela janela, e em seu coração sabia a quem pertencia, melhor do que ninguém.  Acendeu-lhe um sentimento de esperança e aflição, e correu até a janela onde viu Peter Pan voando em direção à estrela.

- Peter!- Gritou a menina com seu coração já palpitando, sentia dentro de si, um turbilhão de sentimentos, reuniu sua coragem, suplicando-o seu ultimo desejo - Não me esquecerá, não é?!

- Eu?!- Dizia o mesmo debochado, mas ao mesmo tempo feliz com o fato de que a menina ainda tinha sentimentos por ele – Nunca!- Dizia docilmente, retirando de Wendy, um enorme sorriso de satisfação. Ficou ali, admirando aquela figura por um longo tempo, queria mantê-la viva para sempre em sua memória. Seus sentimentos estavam confusos, queria ficar com ela, mas, tinha que voltar a sua terra. Quando caiu em si, deu um rápido aceno de despedida, mas quando estava prestes a partir é impedido pela voz de Wendy que o chamara mais uma vez.

- Você voltará?- Perguntava a menina, arrancando de Pan um sorriso de satisfação - Para ouvir histórias, sobre mim. – A menina sentiu seu coração se aquecer, e não importaria o quanto tempo demorasse ela o iria esperar, assistiu a partida de Peter Pan com um sorriso no rosto, porque em algum lugar de seu coração sabia que ele iria voltar.

                                                                                                           ...

Hoje faz cinco anos que Peter partiu por esta mesma janela que Wendy se entrava debruçada deixando ser invadida por dóceis lembranças do garoto que se denominava como Pai dos meninos perdidos e o menino que não queria crescer;

- Peter Pan... - Deixou escapar seu pensamento em voz alta, atraindo a atenção de seus irmãos, Miguel, João e os meninos perdidos que foram adotados por sua família. Eles sabiam que a menina ainda aguardava por Pan, e nada do que dissessem a faria mudar de ideia.

- Wendy!- chamava seu pai da porta de seu quarto. – Venha comer conosco, logo temos que sair. Vou apresenta-la ao meu chefe, ele diz que adoraria conhecer a escritora da atual obra de destaque: “A terra do nunca”.

- Sim papai. – Ela disse olhando mais uma vez para aquele céu estrelado, onde a segunda estrela a direita guarda o menino que jamais crescia. – Posso deixar a janela aberta?

- E porque o faria?- Perguntava Jorge intrigado, e não era pra menos, alguém poderia entrar pelo quarto e levar seus filhos novamente, mas o que ele não sabia era que Wendy queria que entrassem mais especificamente que Ele entrasse. – Não sei por que sempre insistes que ela permaneça aberta. Alguém poderia entrar!

- Quem dera... - Respondeu em um sussurro quase inaudível. Ela ainda aguardava Peter, todas as noites ela deixava sua janela aberta para que ele pudesse entrar e ouvir novamente suas histórias... - Vamos?

No luxuoso salão, onde os banqueiros mais famosos da cidade se encontravam pra se confraternizarem.  Estavam ali os colegas de trabalho de seu pai, todos bem vestidos, portavam-se de maneira elegantes, bebericando seus champanhes, enquanto conversavam sobre papos chatos de adultos. Um sorrisinho abriu nos lábios de Wendy, provavelmente essa seria uma frase que Peter diria. Seu sorriso sumiu assim que Pan invadiu seus pensamentos, queria vê-lo, queria ouvir novamente a sua voz, aquele menino ainda estava em seus pensamentos.

- Oh! Senhor Edward. – Dizia Jorge avistando seu chefe, enquanto conduzia Wendy ao mesmo. Por um instante este olhou para os lados como se aguardasse que Nana não surgisse do nada novamente. E exceto por Wendy, ninguém mais notou seu gesto. – Esta é a minha filha que te falei. Wendy Darling. Wendy, este é o Sir Edward Quiller Couch.

- É um prazer conhecê-lo  Sir Edward.- Fez-lhe uma pequena reverencia e direcionou o olhar ao mesmo.

- O prazer é todo meu Senhorita Darling. - Deu um pequeno sorriso a mesma – Finalmente pude conhecer a famosa Wendy a quem meu sobrinho tanto fala. A propósito, quero que o conheça- Sir Edward, fez um gesto para que seu sobrinho se aproximasse. Quando Wendy o viu sentiu seu coração batendo fortemente, e seus olhos se arregalaram e encheram-se de lagrimas. – Este é meu sobrinho, Peter Llewelyn Davies Couch.

Era Peter, seu Peter. Mas não o Peter criança que vira pela ultima vez, não, ele estava alto, mais velho, da sua idade talvez. Estava bem trajado, com seus cabelos louros penteado para trás, seus olhos azuis cobalto a olharam fixamente enquanto seus lábios se abriam em seu costumeiro sorriso travesso. Nisso ele não mudou nada, e para ela esta era sua característica mais marcante. Ela sabia que era Peter, mas, como?!

- Mas eu fiquei intrigado com uma coisa Senhorita Wendy- Dizia Sr. Edward. - Eu gostaria de saber o que aconteceu com Pan no final da história?

- Olá Wendy- Dizia Peter com um sorriso no rosto, que fez as lagrimas da jovem saírem uma após a outra descontroladamente. Ela correu aos seus braços, sendo envolta pelos mesmos, em um abraço terno e caloroso, como a muito não sentia. – Temos muito a conversar- Disse depositando seus lábios aos dela, sentindo toda a saudade esvair de seus corações que agora estariam unidos como nunca.

Há quem diga que a Terra do nunca fora uma invenção de Wendy Darling, outros que é verídico, mas o destino de Wendy e Pan apenas eu sei, pois assisti como tudo começou, e sou para sempre a fada que guarda a lenda de Pan.