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História Fire meet gasoline (Camren) - Drive darling


Escrita por: chicamz

Notas do Autor


Olaar!
Quem eu está muito feliz com o retorno do capítulo anterior???
Umas leitoras dessas, bicho... Amei a forma como vocês interagiram com alguns detalhes <3

Deixa o fav/voto pra eu saber quem tá acompanhando e fica a vontade para comentar porque eu tô lendo tudo!

1/3

Boa leitura!

Capítulo 27 - Drive darling


Fanfic / Fanfiction Fire meet gasoline (Camren) - Drive darling

Lauren Pov

- E aí, o que você tem pra mim, seu velho safado?

Pascal contornou o bigode com os dedos e me apontou um Ford Focus Hatch que deveria contemplar os anos entre 2009 e 2011, mas tinha cara de semi novo. Espaçoso, quatro portas, ar, travas e direção hidráulica. Já gostei. Outro ponto positivo é que a fabricante é a mesma do carro que Camila dirigia anteriormente.

- Esse mamão com mel é todo seu até que alguém o queria comprar. - Olhei a parte traseira constatando que o vidro estampava um anúncio de venda e um telefone. - É o número do Thomas. Ele quem está cuidado dessa parte agora.

- Pedro Pascal, abre teu olho que o Thomas Augusto vai dominar isso tudo antes que você pisque e vai te aposentar forçadamente. - Brinquei.

- Talvez assim você venha trabalhar aqui. - Alfinetou.

- Me paga as 3 mil pratas que eu venho. - O empurrei com o ombro e ele gargalhou. - Brincadeiras a parte, eu sou muito grata pelo que faz por mim Tio Pêdo.

- Não tem nada o que agradecer. - Me estendeu as chaves. - Agora vai dar a boa nova pra tua atriz.

- Até tu, Cal?

- O quê? As notícias correm, minha filha. - Sorriu grande levantando os bigodes. - Velho Mike tá numa alegria... A leve para jantar lá em casa qualquer dia desses, Gigi vai adorar recebê-las.

- Ok. Mande lembranças pra Gigi, tenho saudades.

- Convite tá feito!

Assim que cheguei a boutique, a alguns minutos atrás, expliquei toda a situação e lhe pedi um carro em confiança. Antes mesmo que eu me oferecesse para cobrir alguns serviços para ele em troca, o velho companheiro de banda de meu pai já me havia concedido o veículo e me guiado ao primor como ele mesmo o nomeara.

 

[...]

 

Dei um confere no carro constatando que estava tudo ok e acabei encontrado uma caixinha com incensos no porta-luvas, o que eu resolvi encarar como um presente dos céus depois de receber e desembrulhar o de grego que havíamos recebido mais cedo.

É incrível como uma pessoa apaixonada perde a noção de espaço. A individualidade se confunde com o querer bem e cá estou eu, antes de um mês, confabulando sobre os acontecimentos do dia e empregando plural para fazer referência a mim e Camila.

Qual seria o próximo passo? Pensar em filhos? Quem sabe um gato? Ela prefere os cachorros.

Braz trouxe minha moto para que eu visse dirigindo o carro e mal se despediu pulando na carroceria do Toro de Pascal. Apenas acenei um tchau. Saltei no veículo e o travei antes de saudar o porteiro e pegar o elevador mais rápido da história.

Bati a porta e caminhei pela sala. Chequei a cozinha a procura da latina, e nada. Fiz o mesmo procedimento de varredura no estúdio, no escritório e em seu quarto. Nada. Meu coração apertou e eu apelei para a minha intuição.

- Camila? - Chamei com um bom volume de voz.

Ouvi um suspiro mais alto, mas ainda sem uma resposta dela. Outro aperto assolou o meu peito e a essa altura minha mente criada na fantasia e ficção cinematográfica já trabalhava a todo vapor nas cenas que eu poderia encontrar ao deslizar a porta do closet.

As cenas fantasiosas eram terríveis e eu agradeci por não me deparar com nenhuma delas, mas a realidade era diferente de um jeito não tão bom. Camila estava sozinha, sentada no chão abraçando seus joelhos em frente ao grande espelho que revestia a parede lateral do cômodo observando atentamente seu próprio reflexo.

Bochechas vermelhas, nariz inchado, olhos ainda marejados e uma expressão tão quebrada, que por mais que quisesse cair de joelhos e juntar-me a ela em um abraço eu não consegui por medo de machucá-la ainda mais. Fiquei em silêncio observando atenta a cada mínimo movimento esboçado por ela.

- Eu falei com ela. Eu falei com ela, Lauren. E me arrependo. Não entendo como uma mãe se faça incapaz de compreender um filho. - Fungou e limpou os olhos. Estendeu a mão e eu prontamente a levantei e a apertei em meu abraço. Ficamos nos olhando juntas no espelho em silêncio por um tempo que eu não sei precisar. - Mas eu não quero mais falar sobre isso. Por que você some, hein? O que você aprontou dessa vez?

- Quer mesmo saber? Desce comigo que você vai descobrir.

- Preciso trocar de roupa?

- Não, inclusive, eu amo quando você usa esses shorts folgadinhos de algodão. Você fica tão fofa e sexy ao mesmo tempo que me deixa confusa. - Me estapeou o braço antes de se apoiar em meus ombros e me fazer caminhar em sua frente enquanto ela me seguia aos pulos. Que vontade de guardar essa menina em um potinho. Deus!

Chegamos a rua e Camila estranhou o fato de X-tina estar estacionada junto ao meio fio. Apontei para a moto e assinalei com os braços.

- Tcharam!

- Ué, você trocou de moto ou... - Camila parecia confusa diante da " nova" cor da minha companheira de duas rodas.

- Eu apenas retirei o adesivo. Ela sempre foi dessa cor e, a propósito, ontem ela já estava assim. Eu quem bebo e você se esquece. - Neguei com a cabeça fingindo decepção.

- Que??? - Colocou a mão no peito fingindo passar mal. - Não me diga isso. Eu vivi uma mentira todos esses anos.

- Não era isso que eu queria te mostrar. Era... Isso. - Apontei para o carro preto ao lado.

- Um carro aleatório da rua?

- Gostou?

- Você só pode estar louca, mas respondendo a sua pergunta, não, eu não gostei. Detesto carros escuros.

- Ei, Camila, por que tu é  antipática, hã... minha filha, hã? - Tirei a chave do bolso. - Eu peguei esse carro emprestado com tanto gosto pra ti. - Fingi decepção.

Parecendo não acreditar, Camila tomou a chave de minha mão e acionou o alarme do carro. Ouvindo o soar da trava sendo liberada e o bipe sonoro ela arregalou os olhos e os conduziu ao meu rosto.

- Você..? Como assim? Como conseguiu esse carro, Lauren Jauregui?

Abri a porta do motorista e fiz sinal para que ela entrasse e tomasse o assento. Ela hesitou pro alguns segundos, mas entrou e logo se familiarizou com o volante e o painel. Bati a porta e dei a volta tomando lugar no assento do carona.

- Consegui com o Pascal, vulgo Véi Pêdo. - Antecipando sua pergunta dei a resposta. - Não... Eu não gastei dinheiro com isso, talvez minha alma, mas segue o fluxo sem pressa. - Ela me encarava com a cabeça inclinada. - Bom, como esse carro é da mesma fabricante do seu anterior acho que você não terá dificuldade com a direção. Vamos dar uma volta?

- Lauren, você... Eu não sei mais o que te dizer. Você supera todas as minhas expectativas. - Tomou meu rosto entre suas mãos e me beijou seguidas vezes nos lábios e nas bochechas. - Que filha da mãe que você é. - Me estapeou o braço. - Sua mãe deve ser mesmo um mulherão da porra pra ter criado uma filha tão maravilhosa assim. Agora chega de te enaltecer porque você vai ficar convencida demais. Coloca o cinto!

Mandona.

 

[...]

 

Depois de darmos uma volta pelo quarteirão para Camila sentir o carro voltamos para o prédio. Ela avisou ao porteiro que anotou a placa e liberou a entrada do veículo no estacionamento privativo. A latina manobrou sem muita dificuldade e alinhou o carro robusto em uma de suas vagas. Antes de descermos a alertei para checar o porta luvas e vi seus olhos brilharem ao decodificar os incensos dentro da caixa. Subimos ainda comentando amenidades, e eu rezava a Deus que mantivesse o barco calmo por uns dias. Eu não queria ver Camila tão quebrada outra vez.

Anoiteceu e nem nos demos conta. Esqueci completamente a maldita prova que teria amanhã. Com sorte eu não iria tão mal, tinha estudado bem a matéria na semana anterior.

- Amor, preciso ir embora. - Informei a contra gosto para uma Camila concentrada em sua impressora que lhe jogava os papéis impressos de um ensaio que ela entregaria amanhã.

- Ah não, fica mais um pouco. - Enlaçou seus braços em volta do meu pescoço e me beijou devagar. - Você quer revisar a matéria, não é?

- Na verdade não. Pensei em jantar e jogar um pouco de videogame.

- Você é uma namorada muito sacana, Lauren. Sabe disso, não sabe?

- Não, estrela, falando sério... Preciso lavar umas roupas e dar uma revisada básica na matéria. - Ela fez um bico fofo. - Isso aqui é a vida real, babe. Minhas roupas não vão se lavar sozinhas. Embora a máquina faça grande parte do trabalho, ainda assim preciso dar início ao processo. E além do mais, não posso dormir aqui todos os dias.

- Ok, ok, eu já entendi. A gente pode sair pra comer e depois você se compromete com a lavadora e esse amaciante dos deuses que te perfuma as roupas. Que tal?

- Camz, hoje é segunda-feira. A maioria dos bons lugares está fechada. Que tal se eu te preparar um "sâmblêi"? - Arqueei as sobrancelhas em expectativa.

- O quê?

- É uma réplica fajuta do subway criada por mim mesma. Topa?

Seus olhos de taurina faminta e dissimulada não cabiam disfarce em sua vontade de experimentar a guloseima preparada por mim. Abriu a geladeira e me ajudou com os ingredientes do sanduíche.

 

[...]

 

Depois de limpar a baguncinha que Camila e eu fizemos na cozinha acabamos por nos enroscar no meio do corredor e terminamos no quarto. Eu não queria acreditar que estávamos compensando falhas com sexo, mas diante da frequência com que fazíamos ultimamente não me restava muitas opções de negativa. Camila enredava suas mãos em meus cabelos enquanto eu explorava seu sexo com mais profundidade e avidez.

- Isso, Laur! Bem assim. - A essa altura eu não observava mais seu rosto, me concentrava somente em caprichar nos movimentos leves e precisos de minha língua entre suas dobras e ao redor de seu clitóris.

Eu não tinha planos de penetração. Conhecendo aquele corpo como eu bem conhecia podia afirmar que ela não duraria muito mais e, apenas com seus gemidos deliciosos e a carícia gostosa que ela fazia em minha nuca e cabelos, eu também não.

Camila arqueou as costas no colchão e eu assisti a seu abdômen ondulando em meio aos espasmos provocados por seu orgasmo. Eu gozava com a visão quente de minha namorada se contorcendo enlouquecida em seu próprio prazer, tão livre, completamente nua e dona de si.

- Acho que preciso aumentar o nosso top list, você está impossível. - Comentou despretensiosamente enquanto encarava o teto com a plenitude facial de quem acaba de gozar.

- Eu deixo a contagem pra você, pequena máquina. - Saltei da cama e procurei minhas roupas. - Não disse do quê. - Me vesti como um flash, se eu ficasse mais tempo na companhia de Camila eu não iria embora hoje. E por mais que eu quisesse ficar, eu precisava ir.

- Não acredito que você não vai me conceder uma revanche... Ou me dar uma segunda rodada. - Camz sentou-se na cama e os cabelos avolumaram-se desgranhados e cobriram seus seios me dando uma das visões mais lindas do dia.

- Não posso, esse dia já valeu por uma semana, e por mais que eu queira bancar a durona também preciso descansar.

- Você é uma falsa escorpiana, isso sim. - Se jogou no colchão novamente e riu pro nada.

- Você que é uma safada, Camila Cabello. - Atirei a calcinha minúscula que ela havia atirado no criado mudo quando caímos na cama. - Vou precisar correr pra te acompanhar, mas eu chego lá. Tô até pensando em frequentar alguma academia, essa vida de subir e descer escadas não está surtindo efeito nessa pequena barriga que ameaça se expandir.

- Lauren! - Exclamou espantada me assustando. Corri para a cama e me aproximei a examinando.

- O que houve?

- Eu detestei essa ideia de você numa academia sendo desejada por olhos famintos. - Disse numa voz mais baixa. - Mas, me desculpe, eu esqueci a sua escada nova a retrátil mil e uma maravilhas e blabláblá no carro porta-malas do carro que foi levado. - Baixou os ombros.

- Putz.. Esqueci completamente.

- Eu vou comparar outra amanhã mesmo, me diga onde posso encontrar uma igual.

- Eu comprei online. Não precisa se preocupar, eu compro outra depois.

- Assim não é justo, Lauren. Você está sempre aqui para mim e eu nem posso te retribuir.

- É porque aqui é onde eu quero estar. Não precisa me compensar, mas já que estamos nessa onda de esquecer... Esquecemos de usar os incensos que encontrei no carro. Por que não pensa em alguma situação para relaxarmos com ele no final da semana quando todo essa tensão de provas passar?

- Ok. Combinado. - Selou nossos lábios e saltou da cama completamente nua. Tive de desviar meus olhos rapidamente antes de me despedir e partir para o meu covil, digo, loft.

 

[...]

 

O sol já brilhava soberano no céu por entre algumas poucas nuvens muito alvas quando eu parti voando baixo em duas rodas para a bendita prova. Na noite anterior apesar do cansaço do dia ainda consegui lavar minha roupas, tomar duas cervejas e reler minhas anotações sobre os conteúdos programáticos.

Cheguei ao campus com folga de vinte minutos do horário da aplicação da avaliação e resolvi mandar uma mensagem para a minha namorada. Pensei em algo como "Bom dia, meu amor. Já estou com saudades." Nah! Se fosse assim não seria eu.

" Bom dia, estrela. Dormiu bem? Fiz um plano de seis meses naquela academia que fica perto do antigo apto de Dinah. Tudo bem pra você, né? E o carro? Estancou muito ou tá sussa? Um beijo."

Tomei um café bem forte na cantina antes de caminhar em direção a sala e antes que eu cruzasse a porta sinto meu telefone vibrar com a notificação.

" DETESTEI, 5 estrelas. Bom dia, te odeio e espero que você erre várias regras de três. O carro é muito bom, obrigada. Você sempre me surpreendendo quando o assunto é veículo. Almoça comigo? <3"

Sorri para a tela e neguei com a cabeça. Responderia quando saísse da prova. Um almoço com ela cairia muito bem, mataria um pouco da minha saudade antecipada. Eu não tinha contado nada para ela, mas minha agenda essa semana me impediria de passar tanto tempo quanto eu gostaria ao seu lado.

Respondi a prova em tempo hábil e acredito não ter ido mal. Passei os braços pela mochila e rumei para o estacionamento. Respondi a mensagem de Camila me atendo à última parte.

Almocei com Camila e Normani em um clima descontraído para a situação em que estávamos. As três em semana final, Camila e a relação conturbada com os pais, Normani e todo o caos da mudança, eu e toda a minha correria para dar conta de todas as coisas que faço e, agora, para cuidar de Camila também.

A latina foi para o seu primeiro ensaio da peça do texto francês que nunca lembro e Normani seguiu seu caminho. Cheguei a boutique do carro e Thomas me recebeu de braços abertos e sorriso no rosto.

- Lolo! - Me abraçou pelos ombros e manteve o sorriso aberto.

- Nossa, eu sei que você gosta de mim, mas isso tudo é por me ver?

- Sim, você e a lembrança da sua namorada abençoada que conseguiu a proeza de vender aquele carro com um dia de uso apenas. Recebi uma ligação agora a pouco a procura do veículo. Foi tipo "Oi.. É a moça linda do Focus preto? Tenho interesse. " E bem baixinho rolou um "não disse em quê."

Eu estava vermelha e podia sentir minhas bochechas esquentarem. Eu estava com raiva do tal comprador e começando a me irritar com Thomas.

- Isso foi ideia sua?

- O que? Não. Papai só me informou do empréstimo depois.

Suspirei alto. Além de lidar com a cantada ridícula tinha mais um problema, eu precisaria conseguir outro carro para Camila, urgente.

- Então, o que eu faço?

- Peça para ela passar aqui quando terminar as atividades do dia. Já separei outro carro para ela, e se ela vender esse também vou lhe lançar uma proposta de freelancer.

- Cai fora, Thom. Cadê o carro?

Thomas me sinalizou um i30 azul escuro tão brilhante que meus olhos brilharam junto. Eu me amarrava no modelo, tinha vontade de andar por aí num desses no fim de semana, mas era um carro caro para os meus padrões, fora de cogitação.

Parecendo ler meus pensamentos Thomas me jogou as chaves e eu não me fiz de rogada. Tomei assento, reclinei o banco like a gangster, liguei o ar e ganhei a pista. Testei freios, aceleração, consumo e controle de estabilidade. O couro claro dos bancos e o espaço interno me ganhavam. A direção levinha e a estabilidade ganhariam Camila, com certeza.

Mandei mensagem para Camila e pedi que ela me encontrasse na boutique. Pouco depois das 19h ela chegou. Parecia cansada e aquilo me fez ficar cautelosa. A rotina agitada da latina e o baque da retaliação de sua mãe logo em meio a correria do fim de semestre não ajudavam com sua saúde. Essa troca de carros sem tempo para se acostumar não ajudariam também.

Expliquei com cautela o ocorrido e Thomas Augusto logo se aproximou com seu jeito doce descontraindo o ambiente e ganhando a atenção de Camila. O que não me deixou muito feliz, devo admitir. Minha namorada ria a valer de suas teorias a respeito de como Camila supostamente teria vendido aquele carro.

Demos umas voltas no i30 pelo quarteirão e depois Camila me deixou na boutique para que eu pegasse a moto. Partimos para nossas respectivas casas. Precisávamos desse tempo de concentração, mas como não conseguíamos evitar o chiclete de casal recém formado, mesmo que apenas oficialmente, porque nós já estávamos juntas a bem mais tempo do que as aproximadamente 72 horas oficiais, resolvemos nos pendurar no telefone.

- O que achou do Hyundai?

- Ótimo! Muito bom mesmo. - Camila parecia realmente satisfeita.

- Eu gosto muito da montadora. Já fui dona de um por uns dias, não esse modelo, um mais básico, é claro.

- Quanto custa esse?

- No estado, umas 40 mil pratas. Completo, todo lindinho, é um modelo de 4 anos atrás e a procura de seu terceiro dono ou dona.

- Acha que seria um bom negócio para mim?

- Hum... Mau não seria, mas acredito que passando essa semana de correria eu consigo pesquisar um melhor pra você.

- Eu gostei desse, mas pensando bem ele tem mais a sua cara mesmo. Você quer ele?

- Querer eu até quero, mas o consumo dele não casa com o meu bolso, e além do mais não é como se eu tivesse as 40 pratas em mãos.

- Se você não fosse tão cabeça dura...

- Camila, nem comece... Nós não precisamos de mais drama nesse momento. - Cortei sua fala rapidamente me arrependendo logo depois.

- Você acha que eu te trago muito drama? - Falou com a voz mais baixa e contida.

- Não foi isso que eu quis dizer... Camz...

- Tudo bem. Como foi sua prova hoje? - Ela muda de assunto.

- Acho que fui bem. E a entrega do ensaio? - Repliquei.

- Tudo ok. O ensaio da peça é que foi desgastante, mas... - Boceja. - Precisamos redobrar o cuidado essa semana, Lo. Eu não quero descarregar minha tensão em você.

- Olha que dependendo da posição... Eu adoraria. - Riu sacana.

- Você é uma safada mesmo..

Rimos juntas e passeamos por outros assuntos até ela bocejar novamente e decidirmos que já era hora de dormir.

 

Camila Cabello Pov

A sexta-feira chegou como um raio e em meio a toda aquela correria lá estava eu indo entregar outro carro na oficina do Pascal, ou seria de Thomas? O jovem rapaz me recebeu muito bem e teceu várias piadas acerca da minha "nova carreira" de vendedora-modelo de carros seminovos. Tomamos um café e com toda a sua cortesia ele contou algumas de suas aventuras com Lauren quando os dois eram pequenos e se tratavam por Lolo e Thontom.

Ele era um bom rapaz, educado, de uma doçura descomunal para homem de sua idade e realmente muito charmoso. Me perguntei se Lauren já o havia cogitado com algum interesse amoroso, se bem me lembro ela já tinha me contato que sua sexualidade nunca foi tabu em casa e que seus pais sempre lidaram bem com sua total falta de interesse por garotos, mas enfim...

- Mila, eu lamento, mas não tenho nenhum outro carro disponível para te emprestar. Eu posso tentar uns contatos, mas agora mesmo eu só tenho um Uno 98.

- Desculpa, Thomas, eu não faço ideia de que carro é esse que você está falando. Eu não entendo muito de modelos, Lauren fica impaciente comigo. - Dei de ombros e ele sorriu.

- Lauren é uma chata! Sabe tudo. Vem comigo que eu te mostro, mas tenho quase certeza que você não vai gostar.

Saímos do escritório e ganhamos o pátio coberto do grande lugar. Eu tinha mandado mensagem para minha digníssima namorada que estava prestando um serviço de refrigeração em algum lugar dessa cidade e logo chegaria aqui. Nos aproximamos dos fundos da oficina e eu senti um calor no abdômen e meus olhos arregalaram-se por certo.

Encostado num canto, como se estivesse abandonado, lá estava ele. O Uno 98, agora eu o reconhecia por nome, mas jamais esqueceria aquela lataria e a pintura com remendos. A caixinha de fósforo sem ar-condicionado, travas, vidros elétricos e com uma direção que era um verdadeiro treino para os braços que Lauren tinha usado para me levar ao nosso primeiro encontro oficial.

Desconfio que meus olhos brilhavam, pois, Thomas me olhava confuso, e quando sua boca se abriu não foi sua voz que eu ouvi e sim a dela, minha motociclista favorita.

- O calhambeque de novo? - Tinha um ar de riso e as mãos na cintura. - O que houve com o i30?

- Ela vendeu! - Thomas fez um gesto como se arremessasse uma bola da cesta e apontou para mim.

- Nossa! A maior vendedora de carros que você respeita. - Lauren se aproximou e me beijou a testa. - Então... Eu vou ter de dirigir pra você ou..?

- Que tal me dar umas aulas amanhã? - Ela assentiu.

- Aqui estão as chaves. - Thomas me entregou. - A proposta de emprego ainda está de pé. - Disse antes de voltar para seu escritório.

- Tal pai, tão filho! - Lauren atirou uma flanela na direção do jovem. - Mercenário! - Gritou.

- Você me adora, Lolo. Admita!

- Vai pentear teu cabelo, menino. Cadê tua mãe? Se fosse meu filho não andava assim.

Ele lhe soprou um beijos piscou para mim antes de fazer seu caminho de volta.

- Eu vou limpar e dar uma geral nessa joça rapidinho e depois te levo em casa, tá? - Virou-se para mim.

- Ok. - Respondi simplesmente.

- Vai lá pro escritório papear com ele que eu já sei que vocês estão bem amiguinhos. - Ela disse bicuda.

Beijei aquele bico lindo antes de saltitar para o escritório de Thomas e confabular sobre uma viagem rápida para as montanhas em um futuro próximo. Depois de algum tempo nos dirigimos ao pátio coberto onde estavam Lauren e um rapaz franzino que eu logo soube chamar-se Braz, créditos para o berro que Lauren deu quando ele sacudiu um dos tapetes em cima dela.

- Porra, moleque! Cai fora. - Enxotou o garoto. - Ei, minha pequena estrela, sua carruagem tá prontinha. - Apontou para o carro, agora, limpo e com os tapetes no lugar.

- Obrigada, Lo. - Selei nossos lábios muito brevemente. - Eu nem sei como te agradecer. Você é incrível, mas precisa de um banho urgente. Acho que o Braz te empanou com a poeira do tapete. - Ela fechou a cara.

- Vamos?

- Vamos.

 

[...]

 

Lauren não reclinou o banco e nem fez graça. Dirigiu calma e atentamente fazendo questão de me explicar cada movimento que realizava dentro do veículo e me passando os macetes para manobrar o carango.

O garoto, Braz, havia deixado a moto de Lauren em frente ao meu prédio e antes de correr para, literalmente, se jogar na parte traseira de uma pick-up que passava do outro lado da rua mostrou a língua para Lauren que buzinou seguidas vezes em resposta. Sinalizei para que Kim liberasse a entrada do carro e anotasse a placa para a lista de liberações permanentes, era a terceira vez que ele fazia isso essa semana. Eu e minha saga de troca de carros.

Lauren correu para o banheiro e de lá só saiu depois de um bom tempo. Cabelos úmidos, pele fresquinha, e os olhos tão clarinhos que derreteram meu coração. Ela vestia um dos meus shorts de algodão e uma camiseta branca colada. Se jogou em minha cama e esparramou-se gemendo baixinho. Era nítido que seu corpo precisava de um bom descanso, mas não era isso que eu estava disposta a lhe dar.

Eu queria lhe dar outra coisa.

 


Notas Finais


Como estamos?
Já poso subir o próximo ou vocês querem tomar uma água?


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