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História Fire meet gasoline (Camren) - Movin'on part1


Escrita por: chicamz

Notas do Autor


Oi meuzamô, voltei mais rápido do que eu previa e com uma proposta. Que tal uma mini maratona com 3 capítulos? Amanhã no mesmo horário solto o próximo e no sábado o mesmo esquema, certo? Estamos bem perto do fim e eu só queria agradecer por tudo.

Boa leitura!

Capítulo 56 - Movin'on part1



Camila Cabello Pov

Viver na Costa Oeste é como dormir e acordar em um clipe da Lana del Rey. As palmeiras balançando com a brisa do mar de praia fria, a classe e o glamour das pessoas desfilando pelas ruas, a vibe sensual que emana pelo ar e o poder oculto em detalhes dão o tom Delreyniano ao ambiente.

Tudo seria perfeito se ela estivesse comigo.

Desvia, Camila.

Aqueles olhos verdes já não estão mais no seu horizonte de possibilidades.

Agora era focar na carreira e aproveitar a proximidade com a minha família, apesar de não estar mais morando com eles. Após abandonar o DC de vez negociei um bom apartamento à beira-mar da Costa Oeste, eu precisava de um lugar só meu para me permitir o luto. Trabalhava muito, dormia tarde e precisava do meu cantinho.

Do meu breve silêncio.


Lauren Jauregui Pov

E não parei mais de fumar nas noites de insônia desde que Camila se foi. Guardei o bilhete que ela me deixou dentro do meu exemplar de "Não se exponha tanto ao sol" e segui com a vida. Meus gostos logo se moldavam ao novo papel social que eu desempenhava, e eu substituía aos poucos a cerveja  pelo uísque, as camisetas de super-heróis pelas camisas sociais e a moto pelo carro.

Quem te viu, quem te vê, Lauren Jauregui.

A cerveja foi substituída por algo mais forte para aguentar o baque de perder aquela que eu pensei nunca deixar. As camisas por uma mera questão de adaptação social, que por sinal eu detestei mas depois de passar por alguns constrangimentos e de tantos olhares tortos ao estacionar no programa de pós-graduação e descer com roupas de trabalho ou minhas habituais t-shirts e de ser questionada quanto à procedência dos gordos cheques em nome da minha empresa por conta dos trajes, resolvi me render e agora andava sempre com uma camisa bem passada dentro de uma capa apropriada na mala do meu carro. Sim, depois de um ano batalhando grana na L27 eu enfim consegui comprar um carro, e a demora não foi por questão financeira, foi tempo, cabeça e falta de tesão.

Tesão era o que eu menos sentia esses últimos meses, mas ao entrar no Cruze e me olhar no espelho interno eu não pude evitar sentir uma pontinha da sensação. E agora aqui estou eu, engomadinha, dirigindo um sedan enquanto batuco os dedos no volante ouvindo uma canção que parece me traduzir. O mundo gira, gira sem parar.

Hoje eu me encontraria com o Sr. Mitchell para saldar mais uma parte da dívida, as coisas iam bem mas nada caía do céu. Antes passaria na LMJSound para despachar algumas ordens de serviço para a nova empreitada de ambientações. Austin estava todo animado com a ampliação dos serviços e mais ainda com a volta que ensaiava com Rebeca, a mãe de sua filha, essa que por sinal estava ótima e quase não lembrava a garota frágil que eu reencontrei no hospital.

Rosie já não me chamava de 'Lólen', o que me deixou meio decepcionada quando ela me agradeceu pelo novo urso enorme com o qual eu a presenteei quando ela deixou de vez o hospital. Agora eu era a tia 'Lóren' e a Dinda Lern, mas isso por obra de meu amigo e mais recentemente sócio e compadre, Blake. Beatrice, ou pequena Bea como eu a chamava, havia nascido no comecinho do ano.

Crianças... E eu que há pouco tentava me acostumar a ideia de ter quatro, agora tinha uma sobrinha postiça e uma afilhada.

Alguém mais além de Austin estava esperançoso por uma volta, mas essa estava mais para a volta dos que nunca existiram. Mitchell, como ele me aconselhou a chamá-lo, estava mais do que empolgado para um reencontro entre mim e sua neta. Parecia enxergar em mim uma espécie de solução para a vida desregrada de Shay. E eu? Fugia as léguas. Além de não estar nem um pouquinho interessada em revê-la, eu não podia deixar de achar a atitude machista.

Muito devido à influência de certa latina em minha vida.


(Karla) Camila Cabello (Estrabão) Pov

Filmar uma série era total e completamente diferente de atuar no teatro, sobretudo em musicais. Eu estava completamente apavorada no dia em que o piloto da série foi ao ar. Aquele era um teste. A temporada já estava gravada e devo confessar que eu não me agradei do resultado final para nada. A emissora resolveu investir na divulgação e liberar o piloto para testar a recepção do formato, que era basicamente uma ficção meio caricaturada da minha vida.

E eu não sei aonde estava a minha cabeça quando eu aceitei fazer parte daquilo. A série se tornou um viral e o sucesso fez a emissora renovar por mais duas temporadas, o que me rendeu uma publicidade enorme e uma boa grana, mas também trouxe sérios problemas.

Dinah e Normani comemoraram o sucesso na nova tentativa de fertilização após muito conversarem sobre o assunto depois do trauma da gestação interrompida no ano passado. Normani aproveitou o aval do médico e viajou até aqui para me ver e contar as novidades, já que eu não voltaria ao DC tão cedo.

- Mila, você é um sucesso! A internet quebra quando você aparece, o povo na rua comenta sobre você, lá na academia depois dos treinos e das aulas só se fala de você. Do mais velho ao mais novo, você está na boca do povo.

- Eu ainda não me acostumei, sabe? Foi tão rápido! A Tv tem disso, o sucesso é instantâneo. Eu fui à padaria aqui perto na primeira semana após a estreia e eu quase não consegui voltar para casa. Tirei tantas fotos e quanto mais eu tirava mais aparecia gente, parece que eles passam a localização. - Sorri. - Ao mesmo tempo em que é bom sentir o carinho das pessoas é assustador como eles agem como se te conhecessem, sabe?

- Ih, minha filha, Dinah está toda prosa dizendo que é sua amiga. Esses dias ela até se lamentou por ficar distante de você nas nossas fotos antigas e que se arrependeu de não ter te pedido para cantar no nossa casamento, mas que na renovação dos votos você não escapa.

- E como é que ela está com a expectativa para a chegada do baby?

- Ai Mila, ela está mais insegura que eu, quase não me deixa vir pra cá, ficou comigo até o embarque. Precisei ligar para o médico e pedir para o coitado repetir três vezes que não faria mal algum que eu viajasse. Mas fora o medo de que aconteça novamente ela está empolgadíssima, já fez até as contas e se tudo correr como o planejado a criança vai ser pisciana. Já pensou?

- Uma mãe dessas...

- Só peço a Deus paciência pra lidar com essas duas crianças.

- Não tenho dúvidas de que ela será uma ótima mãe, Mani.

- Eu também não. Ela tem feito um trabalho tão lindo lá na Secretaria, Mila, e me ajuda tanto na academia. É mais que uma esposa, é uma companheira de verdade.

Baixo os olhos diante de sua declaração.

- Mila...

- Mani, não.

- Não se preocupe, nós mantemos o voto.

Assenti e sorri sem mostrar os dentes.

[...]

No dia 27 de outubro eu tomei um porre de uísque e em vez de tomar um banho, pôr um disco na vitrola, deitar e chorar até dormir, decidi que era uma boa sair para aproveitar a noite na Costa Oeste. Naquela noite eu coloquei meus pés em terrenos perigosos.

Encontrei Jade de saída do bar em que eu iria entrar, ela tinha uma mochila nas costas e um álbum de partituras nas mãos. O que uma garota talentosa como ela fazia tocando naquele bar? Tudo bem que era uma bar conceitual e que uma bebida ali deveria custar umas 50 pratas, a mais barata, mas Jade não tinha perfil para pianista de bar chique.

- Camila Cabello! - Ela disse sorridente.

- Jade! - A abracei meio de lado.

- Nova estrela da tv, hein?

- Costa Oeste, uh? - Ela assentiu sorrindo. - E a Perrie, como vai?

- Não estamos mais juntas. - Deu de ombros. - E o casamento pra quando é, soube que a Jauregui tem ido bem e...

- Não. - Levantei a mão e ela logo entendeu.

- Wow! Me desculpe, eu...

- Uh uh.

- Pois é, então.. Eu estou de saída agora, mas deveríamos tomar um café qualquer dia desses. - Ela ofereceu com aqueles olhos amendoados meio inseguros.

- Por quê não? - Rebati deixando a boca entreaberta e encarando aqueles olhos.

- Você deveria me dar seu número então, sabe, pra eu te ligar pra marcarmos.

- Uh uh. - Estendi meu aparelho já desbloqueado para ela que entendeu o recado e rapidamente anotou seu número. - Eu te ligo. - Deixei um beijo em sua bochecha e entrei no ambiente luxuoso e aura sensual.

Uma cantora mega charmosa vestida com uma camisa de tecido floral, saia de vinil e tênis brancos cantava no palco intimista. A voz grave e potente, os lábios cheios e as sobrancelhas grossas logo me fizeram lembrar alguém. Resolvi sentar no balcão mesmo e ficar de costas para aquela maldita mulher que parecia uma deusa e me fazia lembrar de quem eu queria esquecer.

Não demorou muito para que começassem a me oferecer bebidas, que eu gentilmente recusava. A clientela era "fina" e se fazia de discreta, por isso ninguém pediu por fotos. Um homem branco, alto e forte, aparentando uns 30 anos, usando uma t-shirt branca sem detalhes, um bom jeans e umas timberlands caramelo nos pés se aproximou de mim. Pediu uma bebida e se certificou de que eu acompanhava o processo passo a passo. Deslizou o copo pelo balcão em minha direção e me encarou.

- Eu não sei por qual motivo 60% das pessoas desse lugar te mandaram bebidas, mas eu me senti na obrigação de oferecer uma também. - Arqueei a sobrancelha. - Bom, eu percebi que você estava brincando com esse gin e te pedi um igual. Aceite, por favor.

Que ótimo, alguém que não vai me tratar com a Camila Cabello da Tv. Isso pode ser divertido. Virei-me na direção do grande homem observando alguns detalhes. Ele tinha um corte de cabelo jovial, a barba estava ralinha por fazer e o pescoço era enorme de grosso. Passei a língua pelos lábios e ele acompanhou o movimento.

- E eu deveria aceitar uma bebida de um estranho no bar?

- Me desculpe. Hunt, Sam Hunt! - Estendeu a mão e o seu toque era grosso apesar da delicadeza que usou.

- Ai meu Deus! Eu posso tirar uma foto com você? - Uma garota loira que aparentava uns 18 anos surgiu ao meu lado e nos chamou atenção. - Eu amo a série, mal posso esperar para a segunda temporada.

Tiramos duas fotos e eu a pedi para que postasse somente ao fim da noite para evitar qualquer situação embaraçosa no local. Ela concordou e saiu sorridente.

- Você não faz a mínima ideia de quem eu sou não é? - Ele assentiu culpado.

- Me desculpe, eu não costumo ver tv, eu trabalho viajando então...

- Ok, eu me chamo Karla, Karla Estrabao e sou a mulher para quem as pessoas pagam bebidas que eu não tomo e pedem fotos que eu peço para que postem depois que eu sair do lugar.

- Acho que posso lidar com isso. - Ele disse divertido.

- E com o quê exatamente eu teria que lidar caso aceitasse a sua bebida?

- Bom, eu sou o cara que constrói prédios enormes.

Engenheiro? Sai da minha noite, sua maldita!

-  Mora em aeroportos e descansa em quartos de hotéis ao redor do mundo, mas que às vezes abre mão do descanso para arriscar a sorte em bares.

- E a sua mão está boa hoje?

- Nunca lancei dados tão precisos. - Sorriu. - Você não vai mesmo beber?

- Eu posso ter bebido uma garrafa de uísque quase toda antes de sair de casa. - Confessei brincando com a borda da taça.

- Então nesse caso retiro a minha oferta de bebida. - Afastou a taça no balcão. - Quer que eu te leve em casa?

- Ei, bonitão, eu sei chegar e sei sair, não preciso que ninguém me leve pra casa.

- Tudo bem. - Levanta as mãos em rendição. - Pelo menos já sei que você me acha bonitão.

O telefone dele toca e ele se afasta para atender a chamada que parece importante. Logo depois que retorna com uma cara frustrada vira sua dose e suspira.

- Preciso retornar ao hotel para resolver um assunto de trabalho urgente. Se tivéssemos nos conhecido antes eu até te convidaria para ir comigo, mas não quero ser abusado. - Coça a nuca com a grande mão e sorri sem jeito. - Então... Já que você me acha bonitão, que tal me dar seu telefone?

- Eu deveria? - Ergo a sobrancelha.

- Me diga pelo menos o nome da série. Quero descobrir o que você faz de tão fascinante para que mais da metade do bar te ofereça bebidas e a cantora não pare de te olhar um segundo sequer.

Olho por cima do ombro em direção ao palco e meus olhos encontram os da magnífica mulher que agora canta uma das minhas preferidas de Etta James. Que mulheres!

- Ela é boa! - Volto meu olhar para ele.

- Tem uma linda voz.

Não só a voz.

Penso e sorrio.

- Tenho certeza de que você vai descobrir, Hunt. - Ele assente.

- Não me acha mais bonito?

- Boa noite, bonitão. - Sorriu e pego a caneta do bolso do garçom rabiscando rapidamente um guardanapo. Estendo em sua direção e ele sai sorridente.

O show termina e eu decido que é hora de ir para casa, mas antes que eu termine a minha bebida e abandone o bar sinto um braço esguio deslizar pelo meu ombro.

- Pensei que ele nunca fosse embora. - Encarei aqueles olhos decididos, aquela boca tão convidativa e ouvi aquela voz aveludada imaginando que talvez não fosse assim tão má ideia continuar a ouvi-la em um show privado.


Lauren Jauregui Pov

Meu aniversário já não tinha o mesmo sabor de antes. Ela não estava lá e por mais que eu desejasse ter qualquer sinal que ela lembrava daquela data sabia que não era justo com ela. Não era justo com a decisão que eu a obriguei a tomar. Minha vontade era ir pra casa encher a cara ouvindo som alto no sistema que Austin instalou a alguns meses atrás para testar o conhecimentos que havia adquirido no curso que fez, e depois ir dormir.

Me fizeram uma festa na L27 com direito a presença de Bea, minha afilhada que agora estava com 10 meses e alguns dentinhos. Desisti de curtir uma fossa e aproveitei a companhia de todas aquelas pessoas que me amavam, torciam por mim e me suportavam apesar de.

Apesar de todas as coisas idiotas e covardes que eu pudesse fazer.

Mas na calada da noite, depois de conferir os presentes e as demonstrações de carinho que recebi, liguei para o meu casal, sim, meu casal de corridas favorito. Eu já tinha percebido que Liam tinha um carinho e proteção para com o maluco do Zayn muito grande para serem apenas amigos de racha, mas a confirmação só veio com um flagra que dei nos dois na garagem de negócios do mais velho quando em uma das minhas visitas para mexer no Corolla 93 que eu mantinha sob a custódia dos dois.

Austin me ligou para saber se eu iria a corrida pois não tinha perguntado antes por ser meu aniversário e eu estar entre amigos e família. Confirmei e ele logo me avisou que tinha algo para me mostrar. Saí com o carro e dei umas voltas sentindo a potência do motor. Parei no semáforo mas não por código de trânsito e sim por reconhecer o Vectra que me passou  por uma lanterna quando corri pela primeira vez com o carro de Liam. Encostei e os vidros baixaram imediatamente revelando a figura sorridente da radialista mais chata e boa praça da região. Veronica Iglesias, ou Queen V.

- Vai comemorar com a cachorrada agora que dispensou a família?

- Gostaria daquela revanche como presente.

- Desculpa, L27, mas eu não vou deitar pra você como um presente.

- Quem falou em me dar a corrida? Eu quero a revanche de presente, ganhar fica por minha conta.

- Tá confiante, né?

- Tô experiente.

- Fechado, tudo ok agora que a Camila não é mais problema. - Ela comenta dando de ombros e eu engulo o nó na garganta. - Te encontro na pedreira na saída da cidade, e já adianto que a cachorrada tá grande lá, viu?

- Eu ouvi dizer que ia rolar uma daquelas bagunças que rola em dia de corrida.

- Vai ser mais. Preciso passar para pegar Lucy e já vou indo.

- Lucy vai com você? - Ela assente. - E vai te deixar correr?

- Tudo é questão de diálogo, Jaguar. - Pisca e arranca com o carro me deixando com um novo nó na garganta e as mãos fixas no volante.

[...]

O lugar estava cheio e o que chamava atenção era um paredão enorme de som tocando um reggaeton pesado. Austin. Filho da mãe me organizou uma festa paralela.

Muita bebida e gente animada. Várias pessoas me abraçando, me felicitando, me passando a mão. Opa!

- Cuidado aí, garotas. - Sorrio sem graça.

- Desistiu de correr, Jaguar? - Zara passou o braço por meus ombros.

- Não, nem bebi esperando a Iglesias.

- Ela está dentro do carro só esperando o sinal. Acho melhor você tomar essa coroa dela hoje, Mi. - Piscou e saiu caminhando ao som de Safari do J Balvin, Pharrell Williams, BIA e Sky.

Aquilo estava começando a esquentar. Algumas mulheres dançavam em cima do som chamando a atenção e Austin fazia pose ao lado do Voyage 89 reformado segurando o controle. Neguei com a cabeça e caminhei até o carro preto. Quando ia abrir a porta senti um par de mãos delicadas cobrindo meus olhos.

Segurei as mãos desconhecidas e dei a volta por meu pescoço colocando a dona das mãos de frente pra mim. Keana Marie.

- Kea! - A puxei pela cintura e a abracei apertado. - O que faz aqui?

- Longa história, Mi. Preciso me divertir. Homens são um saco, bem que você poderia me deixar te fazer esquecer a bunduda, uh? - Sugeriu enquanto quebrava bem próxima a mim seguindo a batida envolvente da música.

- Adoraria te ver tentar. - Pisquei e dei a volta entrando no carro. - Agora eu preciso resolver uma questão de honra. Mais tarde a gente se vê.

[...]

Vencer Verônica foi revigorante e no outro dia eu fui trabalhar com um sorriso de orelha a orelha. Não só por isso, mas teve uma grande contribuição. Venci com vantagem e ela tentou jogar o papo de que tinha me deixado vencer, mas fui eu quem viu o olhar perplexo dela quando a deixei para trás.

Ainda encontrei Sam de saída do local. O loiro tinha uma barba rala meio ruiva e o cabelo estava comprido, porém preso num coque. Nos abraçamos e batemos um papo rápido. Eu não o via desde a formatura, onde também não pudemos conversar muito. O Dr. Evans acabara de retornar de uma missão humanitária na África e me encantou com o seu relato sobre sua ação em alguns países do continente. Quando o gerador estivesse em processo de produção em larga escala eu com certeza faria uma visita a algumas comunidades africanas.

[...]

Caí de cara no trabalho e terminei o dia numa conferência com Blake e Thomas ao meu lado encarando o meu projeto mais arrojado e maior sonho prestes a ser realizado. O ano seguinte seria o ano da virada na minha vida. Talvez eu ainda não soubesse que tipo de reviravolta viria, mas eu esperava ansiosamente pelo melhor.

Não sabia o quão rápido a mudança chegaria. A morte é mudança. Mudança de planos inesperada e mesmo quando aguardada traz o caos. Foi assim quando recebi aquele telefonema no meio da madrugada com o anúncio da morte de minha avó. Minha Angélica havia partido. Meu anjo já não estava mais no mesmo plano que eu.

Peguei o primeiro avião disponível com destino ao Norte e me abracei ao velho Simon que agora ficara sozinho. Bátima me lambia desesperado e eu lembrei de quando o trouxe para cá. Voltei para o DC dois dias após o sepultamento e decidi colocar algumas ideias no papel.

[...]

Saí do estúdio de tatuagem acompanhada de Ally e conferi o resultado da marca em minha pele. Escrevi seu nome no punho e uma libélula na nuca. Vovó sempre me contava histórias sobre libélulas. Angélica estava marcada em meu coração e agora em minha pele.

Descanse em paz, Vovó.

[...]

Janeiro chegou com tudo e o aniversário de um ano de Bea foi um sucesso. Eu fiz questão de pagar e participar, da maneira que pude, da organização. A pequena estava tão feliz.

Em março mais uma alegria, Luiz Antônio nasceu. Pois é, amizade, a Dinah venceu e deu o nome para o menino. Gordinho e com a vasta cabeleira preta o garotão colocou Dinah pra chorar, que nem criança, tanto quanto ou mais do que no dia de seu casamento, ao segurá-lo pela primeira vez.

Antes de sair da casa de minhas amigas pude ouvir a voz daquela que eu evitava pronunciar o nome ou deixar que as pessoas desconfiassem que eu ainda pensava nela, ecoar pelos autofalantes da tv em uma chamada de vídeo para ver o pequeno.

Naquele mesmo dia recebi uma chamada de Alexa e fui para a república me encontrar com Keana que estava chorosa no sofá. Quando ela retirou as mãos do colo pude ver o contorno da barriga pelo moletom grosso.

- Cinco meses, Lauren. Eu descobri no terceiro mês, ele disse que ia deixar a mulher pra ficar comigo e agora o safado deu no pé. Me disse um "tira, se vira."

A abracei.

- O que você quer fazer? Nós estamos aqui com você. - Disse e todas as presentes concordaram.

- Ele já tem quase cinco meses, Lauren. Se eu não estou louca eu até senti mexer. - Ela chorava.

- Dá ele pra mim, Keana. Eu crio seu bebê. O dinheiro tá começando a entrar eu posso me comprometer. Não chora, a gente vai dar um jeito.

- Lauren, eu...

- Vamos marcar consultas e tomar os cuidados necessários, Kea. Ele ou ela vai ser muito amado. E você também.

- Eu estou tão perdida, Laur. Ele era meu chefe, o que quer dizer que eu estou sem emprego.

- Quer trabalhar comigo? Pronto, trabalha pra mim agora. Vai desenhar lindos projetos e nós vamos mandar executar.

- Você só trabalha com gesso e estruturas de suporte, Lauren.

- Estamos em expansão. Diga que topa e eu resolvo tudo. Vamos cuidar desse bolinho, Kea. - Beijo sua testa.

[...]

Em julho viajei ao Japão pela primeira vez para trazer o primeiro gerador nas mãos. Uma empresa nipônica se interessou pela ideia e topou investir em troca de 20% da patente. Eu topei. Era hora de jogar o tudo ou nada.

Em 27 daquele mês nasceu o loirinho mais fofo da minha vida. Saudável, Gavin chegou para trazer ainda mais luz para a minha vida. Keana resolveu encarar a maternidade de frente e eu ganhei mais um afilhado. Quem diria eu que não era muito afeita a ideia de filhos, agora, tinha 4 afilhados.

O protótipo do gerador deslanchou e eu dei até entrevista em canal nacional. Toda essa atenção me servia de divulgação para o negócio em expansão e o já instalado. Ruim foi a atenção negativa que isso me trouxe.

Depois de me reunir com o meu orientador e ele aprovar o texto final da minha dissertação e marcar a qualificação para duas semanas, resolvi acompanhar Thomas ao banco para resolver o pagamento dos funcionários, que eram 20 agora. Parei o carro e ele desceu. Só então percebi a movimentação estranha na rua paralela. Liguei pro Thom para que ele não saísse da agência. Droga! Ele estava no banco, sua tonta. Mandei mensagem e rezei para que ele visualizasse antes de sair.

O primeiro disparo me sobressaltou. Arranquei com o carro a toda cantando pneu e chamando atenção. O Santana branco entrou em perseguição a mim, eu tive que desviar ziguezagueando e escapando das balas. Filhos da puta!

[...]

Escapei com vida mas com o Cruze crivado de balas. Ali percebi que tinha que contratar mais funcionários. Seguranças, para ser mais precisa, armados. Thomas insistiu para que eu blindasse o carro e eu acatei a sugestão. Troquei o Cruze furado por um Santa Fé preto com blindagem pesada. Os rapazes me zoaram dizendo que agora sim eu tinha um carro de patroa.

A inveja mata um mas eu estava no caminho certo e não iria desistir.

Liguei pro Blake contei o ocorrido e de quebra tivemos a ideia de investir num app de segurança para veículos. O mal nunca vence! Quiseram me prejudicar e me deram uma baita ideia para multiplicar ainda mais o que eles queriam tomar. Agradeci a Deus pelo livramento e iluminação. Ultimamente eu tinha muito o que agradecer.

Marquei a minha pele mais uma vez, agora com o meu número da sorte. Data do meu aniversário, marca da minha empresa, nascimento de Gavin, tantas lembranças lindas.

Lembrei de certa noite na casinha dos motores e respirei fundo.

Encarei a marca em números romanos em meu antebraço e sorri.

Mantenha o foco, Lauren.

Próximo passo: Comprar uma bela casa e trazer minha família pra perto de mim.

Procurei a casa certa para abrigar a minha família e achei uma ótima no condomínio vizinho ao de Dinah. Não era tão luxuoso quanto o dela, mas era muito aconchegante e seguro. Blake também comprou uma no mesmo condomínio e não demorou para se mudar com a família. Melissa pediu transferência do programa e conseguiu aproveitar os estudos da residência no HUDC.

Tudo dando certo.

Defendi a dissertação e ao sair da sala de defesa, que estava cheia, recebi um convite para uma publicação. Me pediram para escrever um artigo a ser publicado em uma complicação organizada pela faculdade com os êxitos de seus recentes ex-alunos de graduação. Dediquei essa conquista à minha avó Angélica e aceitei sair à noite para comemorar com a galera.

O problema foi que eu esqueci de conferir a minha agenda.

Grande erro.

Nunca vou me perdoar.



Notas Finais


Até amanhã, mores ;)


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