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História Fire meet gasoline (Camren) - New love


Escrita por: chicamz

Notas do Autor


Oi, meus amores. Tudo bom?

Vamos lá? Vamos!

Boa leitura.

Capítulo 59 - New love


Lauren Pov

Acordei com uma baita dor nas costas por ter dormido no sofá depois de muito pensar e ensaiar estratégias para conseguir conversar com Camila. Tomei um chuveirada rápida e baguncei o cabelo para o lado. Catei uma camisa bem passada no armário e um jeans branco. Droga! Meus sapatos estavam no closet do meu quarto dentro da casa. Procurei algum par perdido e encontrei um Pumma clássico preto. Talvez não caísse assim tão mal em contraste com a camisa verde escura. Mas que coisa! Eu iria encontrar Camila e queria estar apresentável.

Passei pela cozinha e como ainda era muito cedo apenas Mary e Joanne estavam presentes tratando de preparar o café. Logo quiseram me servir mas eu dispensei. Tive medo que meu estômago me traísse e tomei apenas um iogurte para garantir que não. Corri para a garagem e entrei no ix35. Me olhei no espelho e respirei fundo. Calma, é só a Camila. É só a mulher por quem você é apaixonada há uma década.

[...]

Montei campana ao lado da saída do condomínio esperando o momento exato em que ela apareceria na portaria. Eu estava adiantada quase uma hora e quando a vi dentro de um carro conhecido, conversando animadamente com o motorista, quase bati a cabeça no volante. Ela estava no banco do carona do carro de Isaac, vizinho de Dinah.

Liguei para a minha melhor amiga e contei o furo. Ela xingou e foi repreendida por Normani que estava irritada por ter ficado de fora do plano. Dinah me aconselhou a esperar por novas coordenadas, mas eu decidi que iria improvisar.

Tirei o dia de folga, nem me lembro a última vez que fiz isso, e toquei atrás do Honda Accord prateado do coroa. Quando Camila desceu e se despediu do homem o agradecendo pela gentileza me esgueirei um pouco para o lado para que ela não me visse. Mesmo com o fumê nos vidros eu queria garantir.

Ela entrou no prédio do Departamento de Artes, dentro do Instituto de Cultura e Arte da UDC, balançando aqueles quadris graciosos envoltos pela longa e elegante saia de cor crua que contrastava bem com a camisa verde oliva de mangas três quartos perfeitamente ajustadas aos braços.

Ela estava linda como sempre. O seu caminhar parecia ainda mais confiante do que costumava ser. Se antes eu tinha medo de não ser suficiente para ela, agora eu tinha certeza que nunca seria, mas eu não deixaria que as nossas diferenças nos tragassem outra vez.

Eu mostraria a ela que eu mudei mas que o meu sentimento não. Prepare-se Camila Cabello, sua Lauren está voltando pra você.


Camila Cabello Pov

Saí do bloco onde fica o departamento com o contrato de admissão assinado e resolvi caminhar até a cafeteria do ICA, que ficava a alguns metros do lado oposto. O vento frio logo a anunciou a chuva repentina e eu não tinha mais como me abrigar pelo meio do caminho.

- Entra. - Aquela voz me chamou em um tom moderado pela porta aberta do carro parado ao meu lado e eu nem precisei pensar para saber de quem se tratava.

- Você tá me seguindo?

- O quê? Não?! Camila, entra no carro, sai dessa chuva.

Entrei no carro e passei as mãos pelo cabelo enquanto ela manobrava o veículo pela alameda do campus. Lauren estava ainda mais linda naquelas roupas menos casuais, embora já não lembrasse tanto a minha Lauren. O relógio caro no pulso tatuado com o nome da avó me fez suspirar.

Por que ela tinha que mexer tanto comigo depois de anos?

- Eu tô molhando o seu carro todo.

- Não tem importância. - Ela me olhou rapidamente e logo depois voltou o olhar para a frente. - Coloca o cinto, por favor.

Atendi ao seu pedido, mas ao ver a cadeirinha no banco traseiro pelo espelho retrovisor tive vontade de saltar do carro ainda em movimento. Ela era casada e mãe de uma esperta garotinha agora.

- Pra onde eu devo te levar?

- A chuva diminuiu, você pode me deixar aqui, eu chamo um táxi.

- Claro que não. - Negou com a cabeça. - Camila, eu quero conversar com você.

- Nós não temos nada para conversar, Lauren. Nós não nos odiamos e não precisamos passar por isso. Eu estou de volta ao DC e pretendo fazer parte da vida do meu afilhado, que por acaso é seu também e conto com a sua compreensão para não gerar nenhuma situação constrangedora na presença dele.

- O Luan é muito fofo, né? - Ela sorri para o horizonte ao falar do garoto.

Os dentinhos...

Para!

- Sim, ele é. - Concordo. - Sua filha também.

- Camila, eu gostaria de te explicar algumas coisas.

- Você não me deve nenhuma explicação, Lauren.

- Camila, por favor. A gente pode sair pra jantar hoje à noite?

- Não pense que nós vamos voltar a nos pegar como loucas pelos cantos como fizemos depois que eu bati na sua porta aquela noite a seis anos atrás, porque nós não vamos. Eu não vou ter um caso com você.

- O quê? Que caso? Eu estou te convidando para jantar.

- E eu estou dizendo que não. - Ela para o carro.- Você pode destravar a porta?

- Eu te deixo na casa de Dinah, não vou dizer mais nada o caminho inteiro, mas vou te deixar lá.

Dei de ombros.

Quando chegamos a casa de Normani e Dinah ela desligou o carro e se virou no banco para me encarar com aqueles olhos intimidantes.

- Eu prometi não falar nada durante o caminho, mas a viagem já acabou. Não quebrei a promessa.

Eu mordi a língua para não rebater.

Quem ela pensa que é pra falar de promessas?

Ela destravou a porta e o clique ecoou pelo veículo cheiroso.

- Camila, reconsidere a proposta do jantar. Se você mudar de ideia, saiba que o meu número ainda é o mesmo.

Não quis correr o risco de cair em tentação ao tê-la tão perto de mim depois de tanto tempo e saí do carro murmurando um obrigada já de costas. Ela não respondeu, pelo menos não audivelmente.

[...]

No fim da tarde Dinah retornou para casa com Ally e um Luan elétrico a puxando pelas mãos para me encontrar. Abracei a baixinha de quem eu tinha saudades e começamos a conversar. Dinah nos ofereceu uma bebida e sugeriu que fôssemos para a beira da piscina esperar por Normani enquanto ela conferia a mochila de Luan.

- E você já encontrou com ela? - Ally perguntou depois de experimentar o drink tropical que Dinah havia pedido para nos preparar.

- Duas vezes, uma pior que a outra. - Ally franziu as sobrancelhas bem feitas. - Encontrei com ela e a família ontem no supermercado e hoje ela me salvou da chuva com toda aquela alma principesca dela. Parece brincadeira!

- Tremeu ou não tremeu? Fala, Camilita, eu sei que você treme. Ela sempre foi linda, né? Mas o tempo e o luxo a melhoraram ainda mais. Aquelas roupas, os carros, o perfume. Você não tem ideia de como as mulheres se jogam pra ela. - Ally tinha um ar de orgulho ao falar da amiga.

- Deve dar um trabalho para a Melissa. - Comentei simplesmente.

- Então você conheceu Melissa?

- Claro, a esposa e a filha de uma vez. - Tomei um gole do líquido amarelo.

- Esposa? Ai, não, não acredito que isso aconteceu. Você confundiu Mel e Bea com esposa e filha.

- E não são?

- Não. Lauren nunca teve nem namorada imagina uma esposa. - Ela riu. - Não deveria ser eu a te contar isso, mas antes que você presuma mais coisas de forma errada acho melhor te esclarecer.

Ally me contou sobre a morte trágica de Blake e de como isso teve impacto na vida da Lauren. Contou sobre as mudanças pelas quais ela passou e fez questão de frisar que ela havia amadurecido muito ao longo desses anos. Ela agora era uma empresária de sucesso e tudo o que ela tocava virava ouro.

- É capaz de conversar em três idiomas, tem um corpo de dar inveja a um atleta e quando Dinah propõe festas aqui o menu fica por conta dela. Ela se converteu na esposa que qualquer mulher pediu a Deus, mas nunca apareceu com ninguém, Camila.

- Eu...

- Eu entendo que o tempo passou e tanto você quanto ela estão diferentes agora, mas o que eu quero dizer é que por trás de toda essa fachada de empresária e salvadora da pátria ainda está aquela Lauren moleque que nos colocava pra jogar bola na rua em dia de chuva. Ela ainda joga num campinho junto com os funcionários dela de vez em quando. Alguns velhos hábitos nunca mudam. - Tomou um gole do drink. - Ai, me desculpa ficar fazendo propaganda dela mas é que a gente torce tanto por vocês que é inevitável.

- Ela me convidou para jantar. - Ally abriu a boca em uma surpresa boa. - Eu neguei.

- Porque pensou que ela estivesse casada. - Assenti. - E agora?

- Acho que vou ter de ligar pra ela e dizer que venha me buscar às 21h. Preciso ouvir a versão dela sobre esses anos.

Ally bateu palminhas e levantou a taça oferecendo um brinde. Normani que vinha caminhando pelo jardim logo se juntou a nós e ficou toda sorridente pela boa nova. Depois de mais duas taças subi para escolher um vestido para o suposto jantar.


Lauren Jauregui Pov

Quando Camila me dispensou logo cedo eu bem que pensei em ir trabalhar, mas como já tinha mobilizado as pessoas para trabalharem na minha ausência decidi aproveitar meu tempo de outra maneira. Fui ao salão que eu costumava frequentar há um tempo e saí de lá me sentindo uma nova mulher.

Falei com Keana e avisei que iria buscar Gavin na escolinha logo mais a tarde, ela me avisou que ele estava na casa dos meus pais com a babá porque estava febril e meio tristinho. Nem pisquei e já estava em casa com meu garoto no colo. Ele segurava o lençol em volta da cabeça e fazia uma carinha triste.

- Ei, o que houve Gavs?

- A Camila me odeia.

Ai meu Deus, Camila arrasando todos os corações aqui.

- Que história é essa, meu amor?

- Bea e Luan já conheceram ela e eu não. Ela me odeia, só pode.

- Não odeia nada. Vou levar você e Bea para brincar com Luan, assim vocês vão poder tietar ela bastante, certo?

O garoto saltou do meu colo, jogou o lençol longe e começou a correr gritando com a boca superaberta. Dinah estava certa, o menino era um meme ambulante. Logo Taylor apareceu com um celular apontado para ele.

- Esse menino vai ser um sucesso na internet! - Neguei com a cabeça.

- Gavs, depois passo pra te pegar pra gente dar uma volta, tá? Não deixe a tia Taylor judiar de você.

- Se ela me atacar eu ataco de volta. - Sorrio para a interação dos dois e vou para o meu quarto.

[...]

Uma notificação.

Aquela notificação quase parou o meu coração. Ela mudou de ideia. Ela aceitou o jantar. Não sei o que a fez mudar de ideia tão rápido mas seria capaz de dar 5% da L27 para quem o fez. Corri feito louca pelo quarto e depois entrei no closet em busca da roupa perfeita.

Duas horas depois eu estava pronta. Tremendo dentro das minhas roupas como se fosse a primeira vez que fosse sair com uma garota. Analisei a roupa e me convenci de que estava boa. Nem muito formal, nem muito casual. Fechei o relógio no pulso e me certifiquei de que o perfume estivesse na medida certa. Apanhei a carteira e chequei o celular uma última vez antes de colocá-los nos bolsos.

Encostei o Audi R8 na garagem de Dinah para facilitar a entrada de Camila e esperei por ela ali. Não demorou nada e ela surgiu em meu campo de visão, linda como sempre mas especialmente deslumbrante naquele vestido vermelho justo e sem muitos detalhes. Os cabelos estavam soltos e naturalmente ondulados. Fechei os olhos e lembrei de como costumava cheirar aqueles lindos cabelos antes de dormir. Abri os olhos e ela já estava ao meu lado tentando prender o cinto de segurança, a ajudei com a tarefa e tentei não assustá-la na saída.

Manerei o pé no acelerador e dirigi da forma mais lenta que já fiz na vida. Primeiro, eu queria aproveitar o máximo da presença dela e segundo eu não queria que ela pensasse que eu havia me transformado numa louca descompensada. Ela parecia bem mais receptiva do que estava pela manhã e nós conseguimos manter uma conversa amena até o restaurante. Levei-a ao atual melhor restaurante da cidade, e como queria alguma privacidade reservei uma mesa na área privativa para reuniões.

O jantar transcorreu de forma cordial. Consegui esclarecer algumas coisas como a minha relação com Melissa e Bea, Keana e Gavin. Contei a ela alguns acontecimentos importantes, dentre eles o sucesso do gerador e foi quando ela sorriu pela primeira vez. Ela me contou algumas histórias também e sorriu pela segunda vez quando eu disse a ela que a minha família estava vivendo no condomínio ao lado. De resto, foi um bom jantar.

E só.

Eu já não sabia mais o que fazer para tentar me conectar a ela como antes e suspirei derrotada ao pedir a conta. Saquei meu cartão para saldar o valor total e não esperei que ela esboçasse alguma objeção. Agradeci ao manobrista que me entregou a chave todo sorridente e abri a porta para ela, que apenas agradeceu com um aceno de cabeça.

Encostei na garagem como fiz quando cheguei e vi Dinah espiar da vidraça do andar de cima com um binóculo. Quando será que essa mulher vai crescer?

- Muito obrigada pelo jantar. Eu adorei a comida. - Ela disse.

Eu adorei a comida.

A comida.

- Eu adorei ter você... Digo, eu adorei ter a sua companhia.

- Boa noite, Lauren. - E se preparou para sair.

- Camila, espera. - Estendi a pequena bolsa em sua direção. - Você esqueceu isso.

Quando ela estendeu a mão e seus dedos agarraram a bolsa eu inclinei meu rosto pra frente e toquei seus lábios suavemente com os meus. Apenas o breve contato me deixou em êxtase e Camila parece ter sentido o mesmo pois teve de respirar fundo para abrir os olhos e se afastar de mim.

- Me desculpe, eu quis fazer isso a noite inteira. Na verdade eu quis fazer isso desde quando você saiu correndo do meu carro hoje de manhã e continuo querendo. - Tentei uma nova investida mas ela espalmou delicadamente as mãos por meus ombros e me afastou.

- É melhor não. - Pegou a bolsa e arrumou o vestido antes de sair. - A gente se vê amanhã. Traga o Gavin.

Assenti.

Dirigi como uma pessoa normal até a saída do condomínio de Dinah, da pista para fora fiz um cavalo de pau e gritei feito louca dentro do carro fechado. Eu beijei aquela boca de novo. Ela quer me ver amanhã. Tudo bem que ela pediu para que eu levasse o Gavs, mas ela garantiu que vamos nos ver amanhã aaaaa.

Camila Cabello Pov

Entrei e fui direto a cozinha para tomar uma água bem gelada. Depois de sentir o meu peito resfriar com os longos goles levei os dedos aos lábios. Quase caí para trás quando Dinah surgiu na cozinha vestida em um pijama de tigresa nada sexy e com um binóculo pendurado no pescoço.

- Você quer me matar de susto?

- Chegou cedo demais pro meu gosto. Achei que só fosse te ver amanhã com cara de boba e caminhando estranho. - Apanhou uma maçã verde da fruteira e abocanhou. - O que aconteceu? A comida não caiu bem?

- A comida estava divina.

- Então o quê?

- Ela me beijou. - Digo e ela para a mordida na metade. - E esse foi o único momento em que ela me lembrou a minha Lauren. O calor da boca dela ainda é o mesmo e me incendiou inteira só com um beijinho. Ai, Dinah, o que vou fazer?

- Ela está muito diferente do que você se lembrava, não é? - Assinto.

- Ela veio me buscar naquele carro que mais parece uma nave espacial,  vestindo Empório Armani da cabeça aos pés, usando um relógio que com toda a certeza paga aquela moto que ela costumava andar quando nós ainda estávamos juntas. - Dinah negava com a cabeça. - Me levou no melhor restaurante da cidade e fez questão de pagar toda a conta com um maldito cartão preto. Aonde esteve a minha Lauren essa noite?

-  Entendo, mas ela falou de trabalho?

- Não. A nossa conversa foi muito esclarecedora, inclusive amanhã ela ficou de trazer Gavin e Bea aqui para brincarem com Luan. Prepare a creche!

- Meeeu Deus, o loirinho é meu menino, mas a menina é atentada, Camila. Eles quase sempre vem pra cá, já sabemos que cuidados tomar. Mas retornando ao assunto Lauren, em que pé vocês estão?

- Nenhum.

- Posso convidá-la para o almoço amanhã então?

- Céus, Dinah! Eu estou de visita na sua casa, ela é sua melhor amiga e além disso nós temos um acordo de boa convivência por Luan.

- Então vamos almoçar em família amanhã. Vê se para de esfregar os dedos nesses lábios e vai dormir que amanhã cedo o janelinha tá batendo na sua porta.

- Boa noite, Dinah.

[...]

Almoçamos em uma grande configuração familiar e eu quase não consegui desgrudar de Clara e Taylor. Mike e Dinah ficaram responsáveis pelas piadas e o almoço ficou por conta de Normani e Lauren. Devo admitir que fiquei impressionada com o dote culinário adquirido, mas fiquei desapontada por não poder conversar com ela como gostaria pois acabei ficando de babá para os três pimpolhos que me fizeram cantar, dançar e atuar para eles.

Eu queria conversar com ela de novo. Eu queria ficar perto dela. Eu queria tentar ser amiga dela pelo menos. Mas a casa estava cheia demais e depois que ela e Dinah foram colocar os pequenos para dormir no quarto do casal e a polinésia desceu com uma tromba enorme segurando a babá eletrônica com força, Lauren simplesmente não se aproximou mais de mim até a hora em que se despediu junto a sua família.

Gavin, que era um amor e muito engraçado, não queria mais desgrudar de mim apesar de ter ficado muito acanhado quando chegou. Ele agarrou no meu pescoço e Lauren teve de vir buscá-lo do meu colo para o levar para casa. Prendeu o garotinho na cadeirinha e ele me sorrio todo caricato.

- É impressão minha ou você se afastou de mim depois que subiu com Dinah? - Me encostei no carro e ela mordeu o lábio e encarou o chão.

- Ela disse, abre aspas: "Você estragou tudo com o maldito exibicionismo que eu te ensinei. Tá feliz, Lauren? Camila agora pensa que você é uma maldita nova rica fútil. Fica longe dela enquanto estiver usando esse rolex." - Tive de comprimir os lábios para prender o riso.

- E era isso que você queria?

- O quê?

- Uma desculpa para ficar longe de mim. - Fixo meus olhos naquela imensidão verde.

- Não. Claro que não. - Ela fecha a porta traseira e apoia o braço ao lado do meu rosto. - Eu quero que você diga a ela que precisa sair e me encontre na portaria às 22h. Eu prometo que você vai me reconhecer essa noite.

Trocamos um sorriso cúmplice e eu senti meu coração se aquecer diante da familiaridade do gesto. Caminhei de volta para casa e ela arrancou com o carro.

[...]

Enquanto me preparo para o meu encontro ultra secreto ouço Dinah e Normani tendo uma discussão acalorada com uma música conhecida de fundo. Termino a minha maquiagem leve e vou até a sala de tv do primeiro piso de onde vêm as vozes e me deparo com as duas sentadas no grande sofá em frente ao telão, uma em cada extremidade assistindo a um clipe de Dua Lipa e discutindo.

- Esposa linda do meu coração não viaja, elas não se parecem. - Normani gesticulava e negava com a cabeça.

- Sabe quando uma pessoa lembra a outra sem ser exatamente parecidas? É isso! Como quando uma pessoa feia lembra uma pessoa bonita e vice-versa, mas você consegue associar as duas imagens. - Dinah tentava convencer a esposa.

- Só se for, meu amor, porque a Dua Lipa fecha, arrasa, lacra e é um mulherão da porra, a Lucy: Vives.

Dinah se joga no chão e começa a rir escandalosamente diante da afirmação de sua esposa e eu vou em defesa da conhecida.

- Ela é charmosa, Mani!

- Mila, para, vai terminar de se arrumar pra Lauren que ela já deve estar te esperando seja lá aonde vocês marcaram. - Normani diz com desdém.

- Eu não vou...

- Sair com ela? Ata, quer mentir pra mim, amiga? Eu dizia pros meus pais que ia pra igreja e ia me amassar com Dinah na caçamba de uma picape por trás do vale. Ainda acha que pode me enganar? Espero que se entendam logo.

- Se ela não tirar aquele rolex do pulso eu arranco o braço dela amanhã. E é porque já namorou contigo por anos, mas parece que desaprendeu. - Dinah ralha indignada.

Nesse momento Luan chega à sala coçando os olhos, vestindo um pijama fofo e arrastando um lençol colorido.

- A tia Lauren namorava a tia Mila? É verdade tia Mila?

Não consegui responder.

- Espera só até eu contar pra Bea e pro Gavin.

- Pronto, aí a quadrilha vai estar formada. Menino, deixa de ser fofoqueiro. Não sei a quem esse menino puxou, esse menino não é meu filho não.

- Não é mesmo não, Dinah Jane, eu fiz com o dedo!

Luan corre e se joga nos braços de Dinah que começa a fazer cócegas e morder o pequeno que ri sem parar. Ainda bem qua a pequena criança sabe a mãe doida que tem mas que o ama acima de tudo.

Termino de me arrumar e vou ao encontro de Lauren. Quando chego à portaria meus olhos se recusam a acreditar no que vêm. Encostada naquele carro tão emblemático, vestindo um jeans e uma t-shirt de banda com as mangas cortadas com um boné enganchado no cós, Lauren me esperava sorridente.

- Lembra dele?

- Como esquecer?

- Podemos ir?

[...]

Ao contrário da noite anterior, essa me fez acreditar que o tempo não tinha passado e que a minha Lauren descontraída e simples continuava intacta. Ela me levou para lanchar numa hamburguería super charmosinha e depois me levou pra dançar. Colocou uma moeda na jukebox e escolheu a canção.

Meus ouvidos imitaram meus olhos em descrença total ao identificar o solo poderoso do saxofone de Careless Whispers de Sir George Michael. Ela me estendeu a mão e me conduziu ao centro do bar.

- Eu nunca mais dancei com ninguém do jeito que dancei com você. - Ela disse baixinho bem próximo ao meu ouvido me fazendo arrepiar. Suas mãos quentes atravessando o meu vestido e o modo como ela me conduzia naquele passo marcado bem junto de si estavam me deixando maluca.

Fui salva pelo fim da música.

[...]

No fim da noite, paradas em frente a casa de Dinah dentro do Fiat Uno que com certeza já não recolhia mais impostos de tão "velho", mas que estava incrivelmente bem conservado, Lauren já havia tirado todo o meu batom e eu não aguentaria um pouco mais daqueles beijos sem rasgar nossas roupas e nos consumir ali mesmo, por isso parei.

- Para, Lauren! Para antes que eu não consiga mais parar. - Ela migrou os beijos para o meu pescoço e eu me contorci toda ao reconhecer o toque macio de seus lábios naquela região. Ah, como eu sentia falta daqueles beijos. Só o meu corpo sabe e sente como eu estava sedenta daquela boca.

Ela havia me beijado pela primeira vez aquela noite quando saímos do bar. Puxou a corrente dourada pela gola da camisa revelando a aliança que eu havia deixado na casa de Dinah antes de partir, transpassada a ela.

- Eu não quebrei a promessa, Camz. Eu carrego ela comigo. - Meus olhos marejaram. - Não vamos falar sobre o tempo que passou essa noite. Me deixa te fazer lembrar do tempo em que a nossa única preocupação era sobre na casa de quem íamos dormir. Me beija, Camila. Me deixa te beijar e me beije de volta como se...

Não deixei que ela terminasse e pressionei meu corpo contra o dela fazendo suas costas baterem na lateral do carro antigo. Ficamos nos sentindo e reconhecendo nossos corpos com displicência até que os olhares ao redor nos flagraram e resolvemos sair dali.

- Dorme comigo. - Ela pediu ofegante me encarando com as pupilas dilatadas. - Eu não quero desgrudar de você, Estrela.

Eu senti o impacto.

- Não faz assim, Laur... Eu não posso subir com você pro meu quarto, eu já sou uma hóspede, e você não tem uma casa só sua, então é melhor parar. - Me desfaço de seu abraço, lhe roubo um selinho e saio do carro. Me inclino pela janela e ela se inclina para puxar minha mão e depositar um beijo em suas costas. - Quando você o comprou?

- O quê? Comprei o quê? - Ela pergunta confusa.

- Esse carro.

- Ah... Foi logo depois de comprar o meu primeiro particular. Memórias importantes devem ser preservadas. Uma latina bastante sábia me ensinou isso algum tempo atrás.

- Ela é muito esperta ela. - Brinco.

- Te vejo amanhã? Ops, aliás, mais tarde? - Conserta ao conferir o relógio.

- Pode apostar que sim.


Lauren Jauregui Pov

Eu ainda estava sem acreditar que beijei Camila outra vez. Dessa vez não foi um simples roçar de lábios foram vários beijos fervorosos. Eu me amaldiçoei pelo fato de não ter montado uma casa só pra mim depois de ter cedido o meu loft para Chris e Marianella. Ela queria ficar mais comigo, mas não tínhamos para onde ir.

Eu sou a mulher mais feliz do condomínio.

Mesmo tendo que ir ao escritório pela manhã para resolver contratempos o meu sorriso não se apagou um segundo sequer. Camila estava de volta e, o melhor, havia me deixado entrar em sua vida novamente.

Não fizemos novas promessas e não mencionamos status algum de relacionamento, mas, porra, a gente se beijou, a gente se abraçou, a gente dançou a nossa música. A música que ela me tirou para dançar no baile. Dessa vez fui eu quem a tirei. Não com toda a pompa que ela me ofereceu anos atrás, mas com os passos mais firmes graças às aulas que tomei por um tempo na academia de Normani.

Eu não conseguia parar de pensar na noite anterior. Nela. No cheiro dela. No toque suave. No toque rude e exigente ao me jogar contra o Uno 97, avançar sobre a minha boca e acabar arranhando meu abdômen sorrindo ao constatar que ele estava ainda mais firme do que ela lembrava.

Me joguei para trás na grande poltrona de couro giratória atrás da minha mesa. Atirei a caneta na cestinha e puxei meu celular.

"Saia da minha cabeça um instante para que eu possa fazer o meu trabalho com segurança, você já toma conta dos meus sonhos e ainda assim não é suficiente?

Mal posso esperar pra te ver de novo.

                                        - L."

Enviei.

Logo veio a resposta.

"Nesse caso você precisa fazer o mesmo por mim. Estou tentando preparar uma aula há horas, mas o que se inicia em Calderón de la barca termina no maldito relógio que adorna o seu pulso elegante.

- C."

Sorri e devolvi.

"Pensei que você tivesse odiado o relógio 'metido', senhorita superstar humilde.

- L."

Esperei.

"Eu realmente detestei. 5 estrelas ;)

- C."

E ao ler aquela mensagem era como se de repente estivéssemos de volta ao nosso joguinho de sedução por mensagens em nossa época de graduação.

E assim seguimos trocando mensagens durante o dia. Fiquei mais tempo na empresa do que eu previa e voltei para casa com um notícia que me deixou aborrecida. Eu teria que viajar a negócios no dia seguinte. Por uma semana. Logo agora que eu finalmente tinha Camila tão perto e em um clima tão bom. Eu não podia simplesmente desmarcar, e mandar alguém no meu lugar, embora fosse tentador, era algo que eu evitava fazer.

[...]

Depois de tomar um banho relaxante e me vestir confortavelmente para uma visita à casa das minhas comadres fui agressivamente insultada por uma quadrilha de três crianças. Bea, Gavs e até Luan me atacaram assim que entrei na sala de vídeo para beijá-los.

- Tia Lauren, a senhora foi muito burra! - Luan dizia bicudo e com ar de indignação.

- Mãe Lo, que micão! Como é que uma pessoa namora Camila Cabello e deixa ela ir embora. - Bea puxava os cabelos. Dramática como sempre. Gavin apenas sorriu e fez um sinal de joinha.

- Não vai dizer nada campeão?

- Só não perde ela dessa vez, tá bom?

- Ela falou alguma coisa pra vocês?

- Não. Vovó Mike disse que você chegou cantando ontem a noite e isso era sinal de gol. Perguntei pro tio Chris o que significava e ele disse que você e a Camila iam ficar juntas como ele e a tia Mar.

- Ok, crianças, se vocês pararem de me atacar e falarem bem de mim para ele eu prometo que levo os três ao parque de diversões.

Bea, a chefe da pequena organização criminosa infantil, logo se pronunciou.

- Vai ter que melhorar isso aí mamãe. Parque, shopping e cinema são muito fáceis, só pedir pra mãe Mel que ela nos leva.

- E que tal à praia?

- Aaaaaaaa eu adoro a praia. - Gavin vibrou.

- Tudo bem, vou até te chamar de Tia Lo agora. - Sorriu com os dentinhos da frente salientes.

[...]

Bati na porta do quarto no qual Camila estava instalada e a voz angelical murmurou um "entra". Ela estava linda rodeada de livros e papéis com anotações em cima da cama e parecia concentrada na organização.

- Hey... Oi, eu pensei que você só fosse aparecer mais tarde depois que os meninos chegaram com as babás. - Ela disse puxando o moletom cinza com a gola rasgada que usava um pouco mais para baixo. O short de algodão também não deixava muito para a imaginação e os cabelos presos deixando a nuca livre a revelavam como ela realmente era. Linda em sua essência.

Não soube como cumprimentá-la e depois que encostei a porta me aproximei para beijar sua bochecha e acabei beijando o canto de sua boca. Afastei meu rosto milimetricamente para observá-la de mais perto e recebi um sorriso acanhado em resposta.

- Vamos, Lauren, você pode fazer muito melhor do que isso.

Não precisei de mais nada para largar meus chinelos aos pés da cama e me atirar por cima dela a procura de sua boca, sedenta por seu gosto. O toque macio de seus lábios logo deram lugar à aspereza de seus dentes raspando meus lábios nas puxadas que ela dava entre um beijo e outro. Ela nos virou na cama ficando por cima de mim.

Minhas mãos corriam livres por suas costas nuas dentro do moletom e que Deus me perdoe mas eu mataria para ter os seios que comprimiam os meus em minha boca agora. Migrei os beijos para o pescoço fino e as clavículas salientes enquanto ela apertava as mãos na malha da minha camiseta me puxando mais contra si.

Desci minhas mãos de suas costas para o seu quadril e apertei a carne macia de sua bunda por sobre o short de algodão. Ato que lhe arrancou um gemido que rapidamente foi capitalizado pelo cérebro embriagado de tesão e repassado ao meu ventre em forma de fisgada.

- Lauren, a porta...

Empurrei seu quadril contra a minha coxa inclinada levando o atrito entre os nossos corpos ao máximo, ela arfou contraindo o abdômen e apertou os olhos em fendas mantendo a boca aberta.

Aquela visão poderia ser talhada em mármore e anexada à minha lápide.

Camila rebolou lentamente por três vezes contra a minha coxa se esfregando em meu quadril antes de sair de cima de mim e tombar de lado no colchão com um sorriso sacana nos lábios e a respiração ofegante. Eu não duraria mais um beijo com ela naquele fogo, era muita emoção para extravasar assim sem aviso prévio.

- Eu preciso de um banho.

- Posso ir com você? - Apoiei a cabeça no meu cotovelo.

- É uma safada mesmo. Falo sério, preciso de um banho.

- Seu cheiro continua sendo o melhor.

- Como vou fazer para escapar dos seus galanteios baratos, uh?

- Você realmente quer?

Ela não respondeu e caminhou pro banheiro a passos largos.

- Camz...Camz?

- Oi? - Respondeu do banheiro.

- Eu preciso conversar com você.

- Ah... Claro, me espera lá embaixo.

[...]

Fiquei às voltas na piscina pensando em como contar a ela que viajaria na manhã seguinte e retornaria uma semana depois, que nem me dei conta que ela estava me observando sentada na bancada do espaço gourmet ao lado. Levantei as sobrancelhas e ela me chamou com o indicador. Me mantive de pé no espaço entre suas pernas suspensas do balcão enquanto ela me abraçou, me beijou as bochechas e iniciou um carinho gostoso em meus ombros até que eu apoiasse as minhas mãos em sua cintura.

- Me fala. - Ela tinha o rosto sereno. - O que você quer conversar?

- Eu vou ter que embarcar amanhã numa viagem de negócios e devo ficar uma semana fora.

Ela mexeu as sobrancelhas finas como se processasse a informação.

- Tudo bem. Então, o que você quer? Um beijo de boa sorte ou...

- Queria mesmo era ficar com você, mas como isso não é possível... Quero te pedir pra me esperar.

- Como assim te esperar?

- Esperar que eu volte pra você.

- Você quer voltar para mim?

- Você não quer? - Arregalo os olhos e o medo me invade por alguns segundos.

- Dinah tem razão. A minha Lauren ainda está aí dentro. - Cutuca meu ombro com o indicador.

- Sua, uh? - Ela balança a cabeça afirmativamente.

- Lauren da Camila! - Fala debochada.

- Oh meu Deus, isso me lembra do dia em que eu te pedi em namoro e você me deixou apavorada com aquela história de perfil de casal.

- Se a sua promessa ainda está de pé as minha condições também estão. - Levanta sobrancelha em desafio.

- Se for pra você me namorar de novo eu faço o perfil e ainda curto e comento as nossas próprias postagens. - Dou de ombros.

Ela inclina a cabeça pro lado e aperta seus braços ao redor do meu pescoço me trazendo para mais perto.

- Está me pedindo em namoro de forma nada romântica outra vez, Lauren Michelle?

- E se eu estiver? - Devolvi.

- Eu diria que não se pede alguém em namoro num dia e fica longe por uma semana.

Meus ombros caem.

- Eu não quero mais perder tempo.

- Não é tempo perdido se eu estiver pensando em você.

Sorrio o mais grande que posso.

- E você vai estar?

- I can't stop thinking bout you... - Ela canta aquela a música da cantora bonitona com quem ela tinha tido um affair.

- Você não fez isso, Karla Camila. - Cutuco sua cintura duas vezes e faço uma careta para sua carinha sorridente. - Eu sei que não tem cabimento que eu sinta ciúmes dela, mas foi golpe baixo.

- Talvez se você soubesse que a Dua apenas interpreta a canção que foi composta por mim logo que cheguei à Costa Oeste você não fizesse essa cara. - O meu queixo cai.

- Essa música é mais uma das excluídas do ep? - Ela me encara surpresa. - O quê? Eu te acompanhei. Fiz até uma conta de fã. - Digo envergonhada.

- Mentira!

- Verdade.

- Sem chance.

- Sério.

- Qual o user?

- Camilioneira.

- Que previsível! E eu te respondia?

- Algumas vezes.

- Que loucura.

- Eu queria saber de você, mas como sempre você soube administrar muito bem a sua vida pública.

- Não dava para controlar o que eu queria que as pessoas soubessem. A maioria das coisas a impressa inventava. Foram tempos difíceis. Quando fui ao Japão consegui dar um tempo nos tablóides, no UK foi mais fácil de administrar.

- E quando descobrirem que você está aqui? Se é que não já sabem.

- Já sabem, me ligaram para confirmar.

- E como você está com relação a isso?

- Eu já não rendia tantas notícias assim no último ano. Todos sabiam que eu queria dedicar um tempo à docência, não seria nenhum furo. Eles devem estar esperando por uma notícia mais impactante. Algo como "Afastada dos palcos, Camila Cabello anuncia casamento com milionária do ramo das soluções tecnológicas". Pois é isso que vende e não "Atriz premiada dedica tempo para trabalhar com ensino e pesquisa na universidade em que estudou."

- Não brinca comigo com a possibilidade da primeira manchete ser uma realidade, porque eu entro com a papelada ainda hoje.

- Boba! - Estapeia meu braço para logo em seguida fazer um carinho no local. - Enfim, o que você quiser saber sobre como eu passei esse tempo basta consultar as minhas letras.

- E alguma delas foi feita para mim?

- Você sabe que sim, não se faça de tonta. Você me inspirou direta e indiretamente para cada uma delas.

- E são muitas?

- Algumas. A maioria não chegou a ser gravada ficou só no papel ou em alguma demo que eu gravei de qualquer jeito.

- Nada feito por você fica de qualquer jeito, Camila.

- Se você quer um beijo é só pedir, não precisa me bajular. - A agarro pelo cintura e deito minha cabeça em seu ombro. - Que manhosa você, nem parece que é uma empresária de sucesso que viaja amanhã cedo.

- Você poderia, por favor, não me lembrar que eu vou morrer de saudades.

- Aa viagens são uma realidade pra você agora. Isso ainda é um problema?

- Não, claro que não. Você está bem com isso, não está?

- Eu estou muito bem aqui aonde estou agora. - Me aplica um selinho e desce do balcão. - Começou a esfriar, acho melhor a gente entrar, não quero ficar resfriada na minha primeira semana.

- Ninguém quer isso, Estrela. - Passo meu braço por seus ombros e caminhamos juntas para dentro. Ao passar pela sala anuncio que vou acompanhar Camila até o quarto para me despedir e depois pegar os meninos.

Quando chegamos no topo da escada ouvimos os gritos de Dinah. "Tomara que eu morra! O meu casal tá vivooooo." E logo vem a repreensão. "Dinah Jane, temos três crianças em casa, olha o escândalo! Yaaaaaay."

[...]

Me despedir de Camila aquela noite foi difícil, mas não mais difícil que aguentar todo o peso de imaginar como ela se sentiu durante esse tempo após ouvir a música que Dua Lipa, quem ela garantiu ser uma boa amiga, acabara de gravar. A letra era de Camila e ela havia escrito depois do nosso desencontro na conexão Londres-Costa Oeste, quando ela confessou enfim ter jogado a toalha.

Eu estava em lágrimas naquele quarto de hotel, deitada naquela cama, apertando forte as pontas do nó do roupão felpudo enquanto digeria cada pedacinho daquela letra tão emocional e tão visceral. Aqui era tão Camila. Vinha de dentro e me acertava a boca do estômago em cheio a cada estrofe. Eu não podia receber uma declaração daquelas e sair ilesa.

New love (está na playlist)

N.A.: Atenção para a letra, gente.

"Querida futura esposa,

Acabo de ouvir na voz incrível, devo admitir, de sua amiga, um dos relatos líricos mais emocionantes que já li. Contudo, devo discordar que você precise de um novo amor.

Lamento que tudo tenha ficado calmo e azul. Reconheço que não foi justo (com a gente), mas ainda somos jovens e podemos recuperar o tempo.

Também não quero mais desperdiçar meu tempo sozinha. Você pode vir para mim, pode me chamar de sua e me tomar para você.

E eu também passei por outras montanhas e outros mares tentando te trazer de volta. Também estive longe, mas nunca fui tão profunda, e por mais que fosse difícil respirar eu nunca achei que precisasse de um novo amor...

Até te encontrar de novo.

E se o que vem fácil, vai fácil, por quê ainda estamos aqui?

Por quê não deixamos ir?

Estivemos esperando por um milagre, eu sei. E também sei que você não acredita em milagres.

Mas eu acredito. E acredito em muitas outras coisas, dentre elas acredito mais em você. Me chame de louca, mesmo depois de todo esse tempo eu sigo acreditando na gente.

O teu nome foi feito pra juntar com o meu.

Por favor, diga que sim.

Karla Camila Cabello Estrabao, casa comigo?

Eu não quero mais desperdiçar meu tempo sozinha.

Com todo o amor que houver na junção de nossas vidas,

Da sua, sempre sua, Lauren."

Enviei o email para ela com cópia para os nossos pais. A minha intenção era oficializar a nossa relação o quanto antes. Eu já esperei demais.

Você tem uma nova mensagem na caixa de email.

"Boa, garota!"

- Michael Jauregui.

Capitão da reserva do Corpo de Bombeiros Militar.

Valeu, ursão, mas eu estou mais interessada na resposta dela agora.

Nova notificação.

Camila Cabello respondeu ao seu email.

"Não acredito que você respondeu à minha música. Sabe que isso não se faz, não sabe? Sabe também que você não pode fazer um pedido dessa magnitude via email e adicionar nossos pais em cópia, não sabe? Agora que você já sabe tudo isso, espero que você pegue o primeiro vôo depois da sua última reunião amanhã e venha direto para casa pois eu vou sair bem cedo para escolher as nossas alianças.

Você é louca!

E eu amo você, do jeitinho que você é.

Ps.: Concordo com você. Nossos nomes são perfeitos para uma justaposição.

Da sua, sempre, Camila, agora, futura Sra. Cabello- Jauregui."


Joguei o notebook pro alto e pulei na cama fazendo a dança da vitória. Quantos anos eu tinha mesmo?

Não importa.

Eu vou casar.

Camila Cabello aceitou casar-se comigo.

Eu sou a mulher mais feliz de todos os condomínios do mundo inteiro.


Notas Finais


E vocês, estão felizes? Eu tô demais! Esse foi o penúltimo, mores. Devo demorar um pouquinho mais pra voltar com o último, um epílogo e uma cartinha pra vocês.

Com a gratidão de sempre,

Thams.

Megabeijo xx


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