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História Fire Memories - Dez Anos


Escrita por: KanaBelikov

Capítulo 8 - Dez Anos


Kai se olhou no espelho e fitou seus olhos azuis cansados. As rugas já começavam a despontar nos cantos. Ele lavou o rosto e o secou na toalha, saindo do banheiro e vestindo sua roupa para ir trabalhar. Ele observou pelo canto de olho Himuro se mexer na cama.

- Que horas são? – ele murmurou se levantando.

- Pouco depois das sete da manhã. – Kai respondeu.

- Merda, merda. Eu tenho uma reunião às oito. – Himuro saiu da cama e se vestiu apressado. – Vejo você depois. – ele deu um selinho em Kai e saiu batendo a porta da frente. Kai suspirou e terminou de se vestir. Himuro era sempre assim pelos oito meses em que estiveram saindo. Aparecia tarde da noite e saia pela manhã. Kai estava cansado, pra falar a verdade. Mas também não estava a fim de discutir o término da relação. Porque ele sabia que Himuro pediria por isso. Advogados adoravam o som da própria voz. Ele saiu de casa sem tomar café da manhã e dirigiu até o hospital. Keisuke e Masamune estavam no refeitório envoltos na própria bolha como sempre. Se tivessem dito que esses dois ficariam juntos à dez anos atrás, Kai teria rido na cara da pessoa. Mas aqui estavam eles, namorando à quase cinco anos. Ele pegou um copo grande de café e um sanduíche e foi atrapalhar o momento.

- Você parece tão amigável hoje. – Keisuke disse com ironia.

- Obrigado, vim melhorando minha cara de “sou um cara legal” nos últimos oito meses. – Kai rebateu e tomou um longo gole de café.

- Apenas o chute pra fora da cama de uma vez. – Masamune murmurou. Kai o ignorou.

- Oh, parece que tem um novo médico na área. Neurocirurgião. – Keisuke mudou de assunto. Kai levantou as sobrancelhas.

- Isso foi rápido. O velho Yamazaki mal se aposentou. – ele comentou.

- Parece que o novato já estava de olho na vaga por algum tempo.

- Recém-graduado? – Kai perguntou curioso. Keisuke deu de ombros.

- Eu ouvi do supervisor que ele terminou a faculdade em menor tempo e já tem uma especialização. Ele estava todo orgulhoso. – Masamune respondeu. Kai estava definitivamente surpreso agora.

- Por que ele viria pra essa cidade? Só temos cinco hospitais aqui. Aposto que ele se daria melhor em uma cidade grande. – apontou.

- Por que você está aqui então? – Keisuke disse. Kai sorriu.

- Eu nasci aqui. E eu gosto da cidade.

- Exato. Você tem seus motivos, ele tem os dele. Além do mais, a cidade é grande. – Keisuke rebateu. Kai levantou os braços em rendição.

- Ele já está em serviço? – perguntou. Masamune assentiu.

- Começou ontem. Aposto que em algum momento o veremos por aqui.

- Acho que sim. – Kai disse dando de ombros. Ele sorveu o resto do café e levantou. – Vou deixar vocês, pombinhos, em paz. Até depois. – ele saiu com as mãos no bolso do jaleco. Podia quase ver Keisuke revirando os olhos para ele. Kai cumprimentou a recepcionista e pegou o horário das suas consultas. Tinha ganhado um consultório há seis anos atrás, e sua agenda tinha se acalmado. Nada dos horários irregulares de sono e refeição. Ele quase sentia falta da correria da emergência. A vida tinha caído na rotina, mesmo que ainda fosse chamado em alguns casos urgentes. Ele caiu na sua cadeira e suspirou, esperando o primeiro paciente.

Kai teve um vislumbre do novo médico uma semana depois. Mais alto que ele e de cabelos negros foram as únicas características que ele conseguiu extrair das costas do neurocirurgião. As enfermeiras cochichavam pelos corredores sobre como ele era bonito e simpático e Kai não conseguia conter o sorriso. Elas provavelmente o estavam deixando sem espaço. O médico se agachou em frente à uma menina que aparentava ter uns cinco anos e colocou uma mãos em seus cabelos. Ela falou algo e ele riu. Kai parou no lugar. A risada era familiar. Uma lembrança distante. A menina o notou e o encarou, fazendo o médico se virar na direção de Kai e o olhar com escrutínio. Ele levantou e se despediu da menina e sua mãe rapidamente antes de caminhar até Kai, que estava preso no lugar, olhando para aquele rosto familiar e ao mesmo tempo estranho, maduro. Tão diferente do rosto adolescente de dez anos atrás e tão parecido. Shin parou na sua frente e sorriu, os cabelos estavam maiores, mas fora do rosto, e os olhos permaneciam os mesmos.

- Eu lembro de você. – ele disse. Kai arregalou os olhos. Ele lembra? – Você foi o médico que cuidou de mim quando eu sofri um acidente dez anos atrás. Eu só te vi uma vez, e nunca tive a chance de agradecer. – ele estendeu a mão e Kai a pegou. O toque familiar de Shin trouxe lembranças, que Kai nunca tinha esquecido, de volta. Mas Shin não se lembrava delas. Então ele nunca recuperou a memória. – Acho que você não lembra de mim, fazem dez anos, afinal. – ele disse ainda sorrindo, quando Kai não respondeu. – Meu nome é Ishikawa Shin.

- Araki Kai. – ele respondeu. Eu lembro, ele queria dizer. Eu lembro de cada detalhe. Mas ele não disse nada e apenas sorriu. – Então você se tornou neurocirurgião. A perda de memória teve algo a ver com isso? – ele perguntou antes que pudesse se conter. Merda, merda.

- Ah! Então você lembra. – o sorriso dele não vacilou, apenas cresceu mais. Kai suspirou internamente. – Sim, devo dizer que foi uma parte do motivo. – ele meneou a cabeça. Então ele continua com a honestidade crua. Isso é bom.

- Fico feliz que tenha conseguido o emprego aqui. – Kai disse sorrindo. – Nos vemos pelo hospital. – ele se despediu. Shin acenou uma despedida para ele e Kai caminhou até o refeitório, levemente entorpecido pelo encontro. Ele sentou em uma das mesas e cruzou os braços sobre o peito, perdido nas lembranças. Só notou que Masamune e Keisuke tinham se juntado à ele quando dedos foram estralados na sua frente. – Oh.

- “Oh”? O que você tem dessa vez? – Masamune perguntou de cenho franzido. – Não é o idiota do Himuro outra vez, é?

- Himuro? – ele perguntou sem entender. – Ah, não, não. Não é nada. – ele disse.

- A última vez que você me disse que não era nada foi há dez anos e eu te encontrei se debulhando em lágrimas alguns dias depois. – Masamune alfinetou. Ah, sim. Foi quando eu descobri sobre a perda de memória de Shin.

- Oh, aquele é o novo neurocirurgião. – ele ouviu uma das enfermeiras dizer em algum lugar das suas costas. Ele estava de costas para a porta do refeitório, mas podia imaginar que Shin estava entrando. Ele viu Keisuke franzir a testa e Kai desviou o olhar para longe dos dois. Ele ouviu o outro xingar.

- O que foi? – Masamune perguntou para Keisuke. Este bateu na mesa, chamando a atenção de Kai, que olhou o mais calmamente possível para ele.

- Kai. – ele disse em dúvida. Kai assentiu para ele. Keisuke xingou mais uma vez.

- O que, porra? – Masamune perguntou com raiva.

- Você está vendo o novo médico, Masamune? – Keisuke apontou com o queixo para onde Shin tinha sentado, em algum lugar atrás de Kai. Masamune olhou para Shin e depois para Keisuke novamente e assentiu confuso. – Seu irmão estava, hã, envolvido com ele dez anos atrás. – ele disse relutantemente. Masamune fez um barulho surpreso.

- O que? Ele era um adolescente na época! – ele disse sem acreditar. Kai conteve um estremecimento. Parecia algo absurdo depois de dez anos. – O que? Sério? – ele perguntou para Kai quando este não negou.

- Você não tem outra expressão além de “o que”? – Kai ironizou.

- Você não respondeu. – Masamune franziu os lábios. Kai deu de ombros.

- Sim, eu me envolvi com um adolescente, e dai? – ele suspirou. – Não aconteceu nada mais que alguns amassos, pelo amor, não precisa ficar tão chocado. – ele acrescentou quando o seu irmão o olhou descrente.

- Isso foi há dez anos! Por que eu só soube agora? – ele perguntou.

- Porque eu não vi necessidade de contar. – Kai rebateu.

- Ele não voltou pra cá por você, não é? – Keisuke perguntou.

- Ele lembra de mim como nada mais que o médico que cuidou dele dez anos atrás! – Kai soltou um riso sem humor. Keisuke o olhou surpreso.

- Ele não recuperou a memória? – Kai negou com a cabeça.

- Duvido que ele sequer se lembre do assassinato da mãe. Provavelmente soube pela boca do pai. – Kai disse baixo. Masamune olhou de um para o outro esperando uma explicação. Kai suspirou e levantou. – Explique para ele, antes que ele resolva começar a gritar. – ele caminhou para longe dos dois, cumprimentando Shin com a cabeça antes de sair pela porta, sentindo o olhar de Keisuke perfurando suas costas.


Notas Finais


Eu ando tão bleeeeh esses dias.
Nem sei se é culpa do Enem ou só minha vida mesmo.
Terminei esse cap com mt luta e ficou bem menor do que eu queria
~suspira
Não me matem, se alguém ainda lembrar


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