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História First Sensibility - Voice Message


Escrita por: bangdane

Notas do Autor


Annyeong meus amores :3
E não é que eu voltei rápido dessa vez? hahaha
Peguei o fio da meada e desenvolvi mais rápido que o previsto então dividindo minha empolgação com vocês aqui está :3
Torço para que a leitura não seja cansativa já que esse capítulo ficou bem extenso.
Espero que gostem e boa leitura!

Capítulo 12 - Voice Message


Fanfic / Fanfiction First Sensibility - Voice Message

Uma vez que começaram a cair, as lágrimas não cessaram durante boa parte da noite. Eu sabia que estava errado mas não conseguia aceitar o fato de viver sem Minhee. O que eu faria sem sua companhia, seus beijos, seu sorriso? É como se eu tivesse um ano inteiro desperdiçado ou até mesmo perdido um pedaço de mim mas nada mais estava valendo a pena porque eu não a tinha aqui.

Já havia retornado a meu quarto e dessa vez inicio minhas tentativas de ligação. O telefone chamava insistentemente e ela simplesmente não me atendia. Não desisto até receber avisos eletrônicos de que o número estava desligado. Em últimas tentativas eu enviava várias mensagens a ela, com esperança que ao menos uma fosse respondida, pelo menos visualizada. Situação pela qual esperei a noite inteira, totalmente sem retorno. Eu queria apenas uma oportunidade para que pudéssemos conversar. E pela maneira como as coisas estão agora eu não conseguiria.

Eu precisava dela de volta, e insistiria eternamente se preciso. Não era apenas um capricho ou vontade minha. Eu a amava, queria que ela tivesse certeza disso e que apesar dos pesares eu estava disposto a fazê-la feliz.

E se ao conversar com ela, ela me fizesse escolher entre ela minha atual vida? O que eu faria? Esses pensamentos consumiam-me profundamente, eu não sabia o que fazer, estava completamente destruído, como se tivesse sido pisoteado por centenas de pessoas, quando apenas uma pessoa era o motivo de tudo aquilo.

Depois de passar a noite em claro com minhas lágrimas quase que incessantes, adormeço sem sequer um sinal de Minhee. Mas eu não desistiria assim.

[...]

Dentro do táxi o telefone toca por uma, duas, três, quatro, n vezes até minha paciência se esgotar em ver aquele maldito nome no visor seguidas vezes, me forçando a desligar o telefone para não ter que aturar aquilo por mais tempo.

Qual parte do acabou ele não tinha entendido? Eu estava imensamente irritada com ele e apenas a visualização de seu nome me fazia estremecer por dentro. Eu não pretendia mais falar com ele e assim o seria. Não haviam mais motivos para nos falar, nem mesmo que para buscar uma peça de roupa que fosse em sua casa.

Alguns minutos depois eu já estava entrando em meu apartamento. Decido por deixar o telefone ainda desligado e recorro a algum meio de falar com Soo e pensava em como o fazer sem que ele visse que eu estava on line onde quer que seja. Se ele achava que eu daria alguma brecha para que ele me procurasse, ele estava muito enganado.

Considerando o que Soo me disse que ia fazer, ligo meu computador rapidamente, abrindo o navegador e digitando o endereço do tumblr, lugar onde poderíamos conversar sem interrupções dele.

- Ótimo, ela está online. - digo para mim mesma ao ver seu status indicado por uma pequena bolinha verde.

~mensagens on

Soo? Está aí? Precisamos conversar

Aguardo sua resposta, onde sou respondida dentro de alguns minutos.

Min? O que está fazendo aqui? Não está na casa de Yongguk?

Antes de qualquer coisa nunca mais repita esse nome pra mim.

Como assim? O que aconteceu? É por isso que estamos conversando por aqui?

Sim Soo, é por isso que estou falando por aqui, é o único lugar no qual ele não pode me encher o saco.

Min mas o que aconteceu? Me conta.

É muito pra te falar por mensagem. Você pode vir pra cá?

Você vai mesmo me matar de curiosidade até eu chegar aí?

Por favor Soo. É algo realmente sério.

Tudo bem. Eu vou arrumar minhas coisas e chego em meia hora.

Está bem. Fale comigo por aqui. Até já.

Até já amiga ^3^

~mensagens off

Deixo a página aberta no notebook enquanto trato de tirar aquela roupa. O cheiro de seu perfume ainda estava impregnado nela, bem como em minha pele, fazendo com que eu me dirija ao banheiro para tirar todo e qualquer resquício dele que esteja em mim. Eu apenas queria me livrar de tudo e faria isso hoje mesmo. Não ficaria mais nenhum rastro dele em mim.

Já me ensaboava no chuveiro quando ao passar a mão por meu braço de olhos fechados sinto tocar pequenas tiras. Mais um vestígio dele. Abro meus olhos e ainda debaixo do chuveiro, desfaço o nó daquela pulseira e tirando a tampinha do ralo, a jogo lá dentro sem nenhum remorso. Mantendo os olhos em meu braço, seguindo para as mãos, estava ali o maldito anel de compromisso. Que teria o mesmo destino da pulseira. Eu já estava decidida. Não ficaria absolutamente nada que o lembrasse.

Ao colocar a tampa de volta ao ralo, concentro-me em me lavar tirando o sabonete restante, saindo em seguida para me secar. Volto para o quarto e jogo a roupa que havia tirado no cesto de roupa suja. Olhando para a tela do pc havia mais uma mensagem de Soo dizendo que estava a caminho. Visto meu pijama e sigo para a sala. Me mantenho distraída no tumblr lendo algumas postagens e depois de alguns minutos ouço batidas a porta e corro para abrir. Soo havia chegado.

- Você me disse que era algo sério mas não parece tanto assim… - ela diz ao tirar os sapatos e me acompanhar.

- E por que não parece sério? - caminho a sua frente, voltando para o sofá e fechando o notebook.

- Você parece bem calma pelo o que possivelmente aconteceu entre você e Yong - a interrompo quando ela colocava sua mochila no chão.

- Por favor Soo fale o que quiser menos esse nome.

- Tudo bem, me desculpe… Mas o que houve? Não foram jantar? Ia dormir na casa dele.

- Ele é um mentiroso Soo. É isso. Ele mentiu pra mim um ano inteiro. Eu terminei com ele e não tem mais volta. E não adianta dizer que pessoas merecem uma segunda chance. A mentira dele não tem segunda chance e sinceramente, ele não merecia nem a primeira.

- Terminaram? Mas Min são um ano juntos, as coisas não podem terminar assim. E você não está triste com isso?

- Triste? Fala sério Soo! Eu não vou derramar uma lágrima sequer por aquele vagabundo porque nem isso ele merece de mim. - me levanto indo até a cozinha, eu precisava tomar algo para refrescar minha mente.

- Ok Min o que foi que ele fez de tão grave? - sua voz me acompanha e ao me voltar para abrir a geladeira a vejo recostada no balcão.

Respiro fundo e antes de dizer qualquer coisa pego na geladeira duas latinhas de cerveja, oferecendo uma a ela e me recostando no balcão de frente pra ela.

- Soo antes de qualquer coisa tem que me prometer que isso vai ficar entre nós duas. É algo mais grave do que pode imaginar e eu ainda não decidi o que fazer sobre isso.

- Tudo bem Min. Você sabe que eu não conto. - abro minha latinha com o término de sua fala e ela faz o mesmo.

- Lembra de todas aquelas coisas que aconteceram? O homem me perseguindo, o atentado contra nós dois, o “latrocínio” que eu estava investigando… - dou um gole na cerveja e ela me olhava atentamente.

- Claro que lembro. Mas o que isso tem a ver com vocês dois?

- Tudo. Ele está relacionado com o latrocínio que não é  latrocínio e sim assassinato. O homem que nos perseguiu é seu inimigo. - faço uma breve pausa ao dar mais um gole na bebida. - É ele quem lidera a quadrilha responsável pelos últimos assaltos às joalherias também. - a vejo arregalar um pouco os olhos cada vez que eu acrescentava um detalhe. - Ah e adivinha só? Seu namoradinho faz parte da quadrilha dele, assim como aqueles quatro idiotas que sempre os acompanham. - ela estava levemente boquiaberta e mal conseguia tomar sua bebida.

- Ok, tudo isso é muito assustador. E ele não é meu namorado, só saímos duas vezes. - ela se justifica.

- Enfim, eles são uma quadrilha Soo. Estivemos cercadas de bandidos por um ano inteiro. - suspiro pesado ao terminar de contar.

- E-Eu não sei o que dizer. - o que era raro já que Soo sempre tinha uma resposta na ponta da língua pra tudo.

- E você acha que eu sei? Eu só sei que nunca mais quero saber dele nem de nada relacionado a ele. E sugiro que faça o mesmo com relação àquele outro.

- M-Mas eu bem que desconfiava… - ela diz após outro gole na cerveja.

- Do que está falando? - a questiono.

- Da última vez que saí com Jongup… Tinha uma mancha de sangue em sua calça. Eu não perguntei nada pois achei que poderia ser outra coisa. Sem contar que ele sempre andava armado.

- Sempre?! - exclamo. - Soo e você nunca perguntou nada a ele?

- Min eu não me vi no direito de perguntar ok? Nós nunca tivemos nada sério. Por que acha que eu nunca mais saí com ele? - sua fala me faz suspirar pesado mais uma vez, quando penso que devia ter tomado a mesma atitude de Soo com relação aquele cafajeste.

- Eu não acredito que ele me enganou desse jeito. - tomo o último gole da cerveja, me voltando para a pia, atirando a latinha com força.

- Min não adianta ficar assim. Vocês já terminaram e pr - a interrompo novamente

- Soo você acredita que ele teve a cara de pau em me convidar pra fazer parte daquilo? - digo ao me voltar pra ela novamente.

- Como é? - havia um tom de indignação e raiva em sua voz.

- Isso que ouviu. É isso que me deixa com mais raiva ainda. Não basta mentir pra mim por um ano ele ainda acha que vou achar lindo o que ele faz e simplesmente o seguir. Eu devia escrever tudo o que sei pra coluna do jornal essa semana. Dividir em partes, fazer uma série de exposição. - a ideia já me animava.

- Você não vai fazer isso! - ela termina sua latinha, a trazendo para a pia também.

- Por que não? Por que o def - dessa vez ela me interrompe.

- Porque você não sabe do que ele é capaz. Estiveram juntos por um ano mas considerando a atual situação você não sabe quem ele é, não o conhece. Se você expõe tudo isso, o que vai acontecer? Pense um pouco Min, não aja no impulso da raiva, as coisas podem ficar ainda piores. Antes de qualquer coisa preze por você. Você é inteligente, vai conseguir pensar em uma saída inteligente.

- A inteligente que foi enganada por um ano…

- Pare com isso Min. Estamos sujeitas a isso, lidamos com pessoas. - ela abraça meu braço após suspirar. - Venha, vamos esfriar um pouco a cabeça, que tal uma maratona de Friends? - e suas palavras me fazem sorrir.

- Eu acho ótimo. - digo ainda sorrindo.

Friends era um dos meus seriados favoritos e reassistir os episódios com Soo me fariam muito bem. Nos sentamos juntas ao sofá e decido ligar o celular novamente, mantendo-o desconectado da internet. Quando o aparelho inicia, o número indicativo de notificações de ligações perdidas aumentava como se não fosse parar nunca, bem como a caixa de mensagens começava a se encher.

- Tsc. Quanta insistência. - resmungo baixo enquanto via o número de notificações aumentar.

- Pelo visto ele não vai desistir fácil. - Soo se aproxima, acompanhando comigo o estado do meu celular.

- O problema é dele. - abro a agenda apagando seu contato como primeiro ato.

Seguindo para a caixa de mensagens, as apago sem ler, bem como me livro do registro de ligações perdidas e bloqueio seu número. Ao voltar a tela inicial do aparelho uma foto nossa estava ali e como me dava ódio aquele maldito rosto, aquele maldito sorriso que havia feito eu me perder. Eu o odiava mais que tudo. A galeria era o próximo aplicativo a abrir e selecionando todas as nossas fotos eu as apago de uma vez, as retirando da lixeira também para evitar qualquer recuperação, afinal eu não queria recuperar nada daquilo. Defino uma imagem aleatória como novo papel de parede e assim ele desaparecia cada vez mais de mim, como devia ser.

- Se quiser eu posso terminar isso pra você. - Soo volta a falar.

- Não se preocupe amiga, é algo que eu preciso fazer. E também não falta muito. Mais tarde eu o bloqueio no aplicativo de mensagens e onde mais estiver faltando.

- Tem certeza? - ela insiste.

- Tenho certeza. - esboço um sorriso largando o celular em seguida. - Vamos começar essa maratona antes que eu desista. - sorrio.

- Ok, vamos começar. - ela sorri, dando play no primeiro episódio.

Fui capaz de rir muitas vezes enquanto a sequência de episódios se seguia. Estava conseguindo me manter distraída, por mais que meus pensamentos se desviassem um pouco por alguns instantes. Eu estava intrigada e em dúvida, precisava fazer algo com essa informação que tinha em minhas mãos, era definitivamente algo valioso e que resolveria todos os casos que estive investigando nesse tempo. Se eu apenas escrevesse e esclarecesse sobre tudo eu seria reconhecida com isso, quem sabe até mesmo eu pudesse conseguir um cargo melhor ou até mesmo mudar de jornal e o mais importante de tudo, eu os colocaria na cadeia e os faria pagar por o que fizeram. Mas por que eu simplesmente não os entregava para a polícia? Eu sabia seus nomes, o endereço de um deles, por que simplesmente não chegar e dizer a polícia tudo o que sei? E esse último pensamento me faz paralisar internamente. Por que eu não conseguia?

Não sentia pena deles, muito menos remorso por ter saído da casa dele daquele jeito e o abandonado lá, eu estava me sentindo livre de tudo aquilo, mas por que ao mesmo tempo eu me sentia presa? Algo dentro de mim não me deixava pegar o telefone e ligar para a polícia, muito menos me dirigir até a delegacia. Talvez eu ainda estivesse confusa com relação a tudo e tentando descartar os pensamentos o máximo que posso, apenas volto a ocupar minha mente na série com Soo. Aquilo era tudo que eu precisava para que não pensasse alguma besteira. Fomos capazes de ver boa parte da primeira temporada aquela noite, fizemos bobagens para comer, bebemos mais um pouco, rimos juntas, conversamos sobre outros assuntos e eu estava me sentindo bem. Já era madrugada quando o sono nos vence, fazendo com que ficássemos largadas no chão da sala depois de termos espalhado cobertores e travesseiro. Era uma típica festinha do pijama nossa, algo que não fazíamos a muito tempo.

Em determinado instante me acordo de repente e noto que já era manhã, porém bem cedo. Permanecendo deitada me estico e resolvo cutucar Soo para que ela se levante e pudéssemos descansar mais um pouco em nossas camas. O quarto vazio de meu apartamento praticamente pertencia a ela já que ela dormia ali com frequência, de alguma forma o lar era nosso, mesmo que ela não morasse de fato comigo. Me levanto com a cabeça um pouco pesada pela bebida e vejo Soo se levantar, pegando alguns lençóis e travesseiros.

- Eu vou dormir mais um pouco porque não sou obrigada a estar acordada essa hora da madrugada. - e sua fala me faz rir.

- Vá amiga, também vou dormir mais algumas horas, se eu permanecer acordada minha cabeça vai me matar de tanta dor. - digo pegando meu celular e os travesseiros restantes.

Cada uma entra em seu quarto e ao me jogar em minha cama penso que pelo horário seria seguro eu verificar minhas redes sociais sem ser incomodada por ele e assim o faço. Depois de acordar eu sempre tinha dificuldades em voltar a dormir então usaria meu celular como distração até que eu pegasse no sono de novo. Celular conectado e mais uma enxurrada de mensagens, dessa vez vindas do aplicativo. Como ele podia ser tão chato e insistente assim? Apago as mensagens mais uma vez sem ao menos visualizar e o bloqueio em todos os lugares possíveis, mais tarde eu pretendia trocar meu numero de celular e apenas me ver livre de tudo aquilo. Por mais que ele estivesse bloqueado, nada o impedia de ligar para mim de outro celular e eu queria evitar isso a todo custo. Fora as mensagens de insistência não havia nada novo nem nada interessante a continuar verificando e apenas largando meu celular da maneira que estava, eu adormeço novamente.

#Yongguk POV#

Me acordo com dificuldade para abrir meus olhos aquela manhã e ao sentir meu físico responder daquela forma, a noite de ontem volta em meu consciente como uma forte ventania batendo em uma janela. Tinha dificuldade em abrir meus olhos por conta do inchaço causado pelo choro que fui acometido, minha cabeça também doía como se o choro tivesse contraído todos os músculos da mesma. Ao conseguir abrir os olhos depois de um tempo a primeira coisa a fazer era verificar o celular e ele estava do mesmo jeito que deixei quando dormi. Nenhuma notificação de Minhee, nenhuma mensagem, nenhuma ligação, sequer minhas mensagens ela tinha visualizado.

Em pensar que agora ela deveria estar acordando ao meu lado mas estava tão distante quanto nunca esteve. Meu coração aperta mais uma vez ao abrir uma das redes sociais e me deparar com o primeiro bloqueio feito por ela, sigo para a próxima rede social e mais um bloqueio. Sinto como se estivesse correndo por um labirinto, encontrando paredes e mais paredes a cada tentativa de escapar. Meu coração aperta cada vez mais e ao ficar assim como ontem o choro retorna. Me perguntava o por que de doer tanto, o por que de me sentir tão preso e dependente daquela pequena mulher… “Aquela pequena mulher que me fazia grande”, meu cérebro parecia me responder, fazendo com que o choro se instalasse ainda mais. Me encolho mais um pouco na cama e largando meu celular tento me manter calmo para ver as possibilidades do que fazer, pois eu querendo ou não, hoje haveria mais uma de nossas reuniões, Daehyun e Youngjae diziam ter conseguido mais informações e eu não podia deixar transparecer a eles nada do ocorrido.

Alguns minutos se passaram e ao conseguir controlar meu insistente choro, decido tomar uma ducha fria com a esperança de que ela me desse um pouco de alento e expulsasse as coisas ruins que eu sentia. Me dirijo rapidamente ao chuveiro e pouco tempo depois de iniciar minha higiene, noto o primeiro pedaço de Minhee em mim. A pulseira que ela comprou para nós no passeio na vila nunca havia saído de meu braço, bem como também estava no braço dela. A nossa forma de nunca esquecer um do outro através dela sempre funcionou, pois ao olhar para aquele simples objeto eu era capaz de relembrar todos os momentos vividos com Minhee, todas as vezes que ela me fez sorrir, esteve comigo e me fez o homem mais feliz do mundo. Nunca tive a intenção de esquecê-la e muito menos de me dar por vencido com sua ida e por esse motivo a pulseira ficaria em meu braço. Termino de tomar banho e depois de me retirar do cômodo correspondente, eu começo a me vestir até visualizar outro objeto que remetia a nós. Nossa aliança de compromisso. Retiro-a de meu dedo e considerando a atual situação decido por guardar até que algo de concreto fosse firmado. Mas uma coisa era certa, se eu voltasse ou não com Minhee, aquilo ficaria guardado para que eu tivesse sempre uma lembrança daquele dia que foi um dos mais especiais pra mim. A verdade é que eu pretendia ter Minhee sempre comigo. Ela voltando ou não.

Pego o celular mais uma vez e faço mais tentativas de ligações, totalmente sem sucesso e que me obrigavam a deixar mais e mais mensagens de voz em sua caixa postal. Minha luta agora era para que o choro não voltasse e eu pensasse em maneiras de conseguir falar com ela. Ao terminar de me vestir eu pretendia sair um pouco para que minha cabeça tivesse uma distração e penso que seria uma boa ir onde praticamos nosso tiro esportivo. Levaria algumas de minhas armas favoritas e me manteria por lá até a hora da reunião com eles. Terminava de colocar meu relógio quando meu telefone toca e o coração dispara, seria Minhee? Olho na tela e número desconhecido, só me restava atender.

- Alô? - falo com esperança de ouvir sua voz do outro lado.

- Bom dia Bang Yongguk. - aquele tom de falar era característico dele.

- Dia. - respondo seco. - O que você quer? - mantinha meu tom ríspido com intenção de não manter contato por muito tempo.

- Nossa quanta grosseria. - ele volta a falar e respiro fundo.

- Wooyoung… O que você quer?! - esbravejo a pergunta e estava prestes a encerrar a ligação.

- Calma, calma! Estou ligando porque precisamos tratar de alguns assuntos…

- Não temos nenhum assunto pra tratar. Não me ligue mais. - afastava o aparelho quando ouço sua fala.

- Nem mesmo se o assunto for Minhee? - aquele desgraçado!

- O que disse? - trago o telefone para perto novamente, me sentando a cama.

- Isso que ouviu, o assunto é sobre ela.

- Fala de uma vez! - levanto o tom de voz novamente.

- É o seguinte. Seu amigo Himchan não é tão seu amigo assim... As perseguições a Minhee e os tiros contra seu carro… Foi ele quem tramou. - esboço uma risada.

- Ok agora você passou dos limites com suas fantasias. Eu sei que você armou pra mim porque ficou chateadinho porque não te dei o carregamento. Ainda está magoado com isso? Guardar rancor faz mal pro coração. - falo as últimas frases em tom irônico.

- Ele se juntou a mim para fazer isso. Ele pediu minha ajuda. Disse que ia tomar seu lugar e que dividiria comigo o que conseguisse. - ele me arranca uma risada de vez.

Aquilo era engraçado pois demonstrava que Himchan não tinha lealdade nem com ele próprio e o babaca do Wooyoung ainda caiu na conversa dele. Dois idiotas agindo como idiotas, nada que surpreendesse no fim das contas.

- Não me interessa que negócios fez com o idiota do Himchan. O que você quer me contando isso? Que eu peça sua parte em alguma coisa? Que eu o defenda?

- Eu s- o interrompo.

- Não estou nem aí pra você e o Himchan. Por mim vocês poderiam morrer. - faço uma pausa. - Sinceramente Wooyoung? Vai se foder, não me enche mais o saco e vê se aprende a cuidar dos seus negócios e da sua própria vida. Se o Himchan conseguiu te passar a perna, qualquer um pode conseguir. - e antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa eu finalizo a chamada.

“Então isso foi você também Kim Himchan?” digo para mim mesmo ao encarar a tela do celular ainda acesa. A única coisa que conseguia pensar agora é que a reunião seria divertida.

[...]

Sooyoung passou o dia inteiro comigo, até precisar sair para resolver um problema na loja de sua mãe. Os pais dela eram donos de uma aconchegante padaria no bairro em que moravam então as vezes apareciam pequenos problemas com entregas de mantimentos e essas coisas. Me aproveito de sua saída e resolvo fazer algo que ainda estava pendente.

Eu não pretendia sair hoje. Usaria esse tempo de folga pra mim. Colocaria uma música e faria a limpeza necessária em meu computador para tirar todo e qualquer vestígio dele que ainda pudesse estar lá para finalmente ficar em paz comigo mesma, e poder utilizar meu próprio computador sem me sentir importunada com qualquer que fosse o resquício dele que estivesse ali. Coloco meu álbum favorito do Ramones pra tocar, aquele trabalho de estreia de 1976 era impecável pra mim e ele sempre me distraía de uma boa maneira quando precisava me manter concentrada.

Respiro fundo antes de iniciar o pesado trabalho que seria apagar tantas coisas, mas eu pretendia ser rápida para que aquilo não pudesse causar nenhum sentimentalismo aparente. Abro as primeiras pastas e aumento o volume e como eu sempre gostei, cantava acompanhando a música, me fazendo um bem ainda maior. Selecionava as imagens cuidadosamente para que eu não pudesse perder nada que fosse importante e a cada shift + delete pressionado eu me sentia ainda mais livre. Organizadas em ordem cronológica decrescente, as fotos mais recentes foram embora primeiro e aos poucos me tornava mais submersa naquela pasta. As fotos de um show que eu havia ido com Soo acabam aparecendo e abro a primeira imagem da sequência, passando uma por uma com cuidado, relembrando aquele dia tão divertido. Ele não estava conosco pois estava “viajando a negócios” e agora eu me sentia feliz dele não estar inserido ali. Continuo sorrindo ao visualizar as imagens seguintes até que ao apertar a seta direita no teclado mais uma vez, meu coração palpita e um leve arrepio me percorre.

Ali estava uma foto nossa tirada no dia em que fiz minha primeira tatuagem. Me sinto paralisar no primeiro instante e uma leva de sentimentos parece me invadir. Volto meu olhar para o desenho em meu pulso e todo sentimentalismo que queria evitar com aquele trabalho se manifesta de uma vez só e isso faz com que meus olhos fiquem vidrados na fotografia e minha mente se foque em observar os detalhes, principalmente os dele. E totalmente contra minha vontade, estava tudo saindo ao contrário do que eu desejava.

O modo como seu cabelo estava arrumado, as roupas que estávamos vestindo, o nosso sorriso… O nosso sorriso era diferente. Não era o mesmo quando eu tirava fotos sozinha, não era o mesmo quando eu tirava fotos com Soo, não era o mesmo em nenhuma situação, com nenhuma outra pessoa. Era o sorriso que eu tinha ao estar com ele. Em Yongguk não era diferente, ele parecia tão radiante que seria capaz de ofuscar qualquer um que estivesse próximo. O coração dispara. Continuo estática. Não é possível que você o ame depois do que ele fez Minhee, não é! Era como se meu coração se partisse em dois, metade dele o queria bem distante de mim, a outra metade dizia “volta”.

E como um grito dentro de minha cabeça, aquele “volta” parecia se repetir, ecoar. Eu era mesmo capaz de fazer isso? O apoiar naquilo ou simplesmente fingir que não acontecia, apenas para estar com ele? Eu seria capaz de largar tudo, ir de contra tudo, só pra ficar com ele? Yongguk valia esse esforço, valia minha mudança? Eu deveria simplesmente dizer um foda-se pra tudo, o abraçar e dizer “nunca mais eu vou embora”?

- Aish o que você está pensando Minhee? - e como em um estalo em meu cérebro, fecho a janela correspondente a foto que me paralisou. - Eu não posso voltar com ele, eu não VOU voltar com ele. Eu não vou ceder a seus malditos caprichos e orgulhos, eu não vou apoiar nada disso. Esse maldito sorriso vagabundo não vai me enganar de novo. - apago a foto. - Eu não vou cair na sua de novo Bang Yongguk.

#Yongguk POV#

Na duas vezes em que dirigi para ir e voltar de onde eu tinha ido praticar tiro esportivo, retornei as ligações para Minhee e continuava sem sucesso. Havia saído de casa para me distrair e funcionou. Quando eu estava lá. Eu simplesmente não conseguia desistir dela e pretendia procurá-la nos próximos dias, eu não me permitiria perdê-la assim.

Depois de um tempo não muito longo dirigindo, entro com o carro e depois de estacionar respiro fundo, sabendo que eles já estavam lá dentro e que tinha um assunto a resolver com Himchan. Abro a porta e jogo as chaves na cômoda na entrada. Ouvia suas vozes na sala e sem dar a menor atenção me dirijo logo a cozinha, pegando uma cerveja para aguentar a fatídica noite que me esperava.

- Hyung é você? - ouço a voz de Jongup vir da sala.

- É sua mãe! - respondo impaciente com a pergunta, escutando a risada dos outros. Quem ele esperava que fosse?

Abro a cerveja e deixando a tampa no balcão da cozinha, caminho a passos despreocupados até a sala, dando os primeiros goles.

- Ele apareceu na hora certa hoje, deveríamos aplaudir? - Himchan fala e o encaro.

- Quer controlar meus horários também? - mantenho os olhos nele. - Ah esqueci, não são meus horários que você quer controlar… É uma pena que essa tenha sido a única coisa que sobrou não é? - percebia Himchan irritar-se a medida em que eu falava, era tão fácil atingi-lo.

- Você pensa que é a única coisa que sobrou. Mas sabe que não tem mais nenhuma autoridade sobre nós, sabe q - interrompo sua fala.

- Daehyun, Youngjae! - meu tom de voz era firme sem se alterar. - Onde estão as informações colhidas esse mês? E qual a nossa porcentagem de progresso atual? - mantinha meu olhar sobre eles agora.

- Aqui estão hyung. - Daehyun coloca uma pasta na mesa e a abre, continuando a falar, retirando algumas folhas. - Nós estamos com 70% de progresso, possivelmente até um pouco mais, mas esses 70% são nossa certeza. - eu o ouvia atentamente.

- Temos o mapa dos andares principais, localização dos cofres, informações sobre os funcionários ligados à administração e a segurança bem como as senhas do sistema que gerencia o banco. Estamos trabalhando agora no acesso às câmeras junto com Junhong.

- Olho para Himchan e podia perceber o quão irritado ele estava por queimar sua língua quanto a minha liderança sobre o grupo, que permanecia a mesma, menos pra ele, que estava dando uma de rebelde e precisava de uma lição quanto a isso. Ainda não satisfeito, volto-me para o mais novo.

- Zelo como está indo com o sistema? - tomo mais um gole da cerveja.

- Conseguimos acesso ao cadastro dos clientes, relatórios de transações internas, sabemos quanto entra e quanto sai e quanto vai entrar, portanto podemos definir o melhor dia para agirmos. O acesso às câmeras e alarmes está complicado mas nada que uma quebra de criptografia aqui e ali resolva. Daehyun-hyung me disse que está trabalhando para conseguir a senha, assim o nosso tempo com isso vai diminuir. - Zelo relata tudo em detalhes.

- É eu sei de que jeito ele está trabalhando. - Youngjae se manifesta.

- Se você tivesse uma colega de trabalho como a minha ao seu lado você faria a mesma coisa Youngjae, você não é santo. - Daehyun responde.

- São tão espertos que deixaram ela saber o nome de vocês. - Himchan provoca.

- Como é? - volto meu olhar a Daehyun e Youngjae. - Vocês tem identidades falsas pra isso! Pra que ninguém saiba quem vocês são! - aumento um pouco o tom de voz e ouço Himchan segurar uma risada.

- Ela não sabe meu nome hyung. - Youngjae volta a falar, apenas do Daehyun.

- Como ela soube seu nome? - me volto para ele e o vejo suspirar.

- Eu pedi para que ela me chamasse assim.

- O que?! Você é burro Daehyun? Como pede pra ela te chamar pelo seu real nome? Você é retardado?! - Himchan exclama dessa vez, soltando a risada presa em seguida. - Vocês são uma piada.

- E por que pediu pra ela te chamar assim? Não tem noção do risco que está correndo? - continuo olhando para ele, sem dar atenção a Himchan.

- Eu inventei uma desculpa. Disse que era o nome que minha mãe iria me dar mas que minha avó escolheu esse outro. Disse que gostava de Daehyun, minha mãe me chamava assim às vezes e que gostava de ser chamado assim. Então ela chama. Apenas ela. É como algo só nosso pra ela, assim eu ganhei sua confiança e foi assim que consegui as senhas que temos hoje. - ele olha para Himchan. - De nada Kim Himchan que quase deixou o território ser invadido. - ele sorri falso e Himchan se levanta para atacá-lo, parado por Jongup.

- Quando ia me contar sobre isso Himchan? - e o vejo engolir em seco.

- Ele não ia contar hyung. - Jongup fala dessa vez e volto meu olhar pra ele. - Aconteceu essa madrugada.

- Onde estava? Não te mandei tomar conta de tudo? - coloco a garrafa na mesinha de centro, me aproximando dele e Jongup mantinha o braço a frente do peito de Himchan, possivelmente receoso de que ele fizesse algo.

- Mandou? - ele sorri sarcástico. - Você não tem nenhuma autoridade sobre mim. - era incrível a petulância dele. - Eu não vou tomar conta de porra nenhuma e se quiser pode me m - e desfiro um soco contra seu rosto, fazendo com que seu corpo incline-se para o lado e antes que ele pudesse reagir, Jongup segura seus braços para trás, ficando atrás dele.

- Você fala demais. - tomo mais um gole da cerveja. - Já matei pessoas por muitos motivos, mas acho que você vai ser o primeiro a morrer por tanta rebeldia. - me aproximo mais um pouco e havia um misto de revolta e medo em seu olhar. - Eu sei o que está tentando fazer, você ainda tem tempo de desistir do seu plano ridículo. - ele se debate a primeira vez nos braços de Jongup, me fazendo socar seu estômago dessa vez. - Leve ele pra lá e o amarre. - dou as ordens a Jongup que carrega Himchan sem muitas dificuldades, já que o mesmo estava com dificuldades pra respirar e se manter equilibrado.

- Hyung isso é m- interrompo Youngjae.

- Você quer ir com ele? - o encaro e o vejo balançar a cabeça em negativo.

- Himchan hyung não seria torturado sem motivo Youngjae, você sabe disso. - Daehyun responde. - Alguma coisa ele fez.

- Junhong vá ajudá-lo. - ordeno ao mais novo e ele se retira de imediato. - Daehyun tem razão. - tomo o último gole da cerveja, colocando a garrafa na mesa novamente. - Jongup estava me mantendo informado do que estava acontecendo, então eu sabia de tudo o tempo todo.

- Então quando o território foi tomado sem seu consentimento, você sabia hyung? - Youngjae pergunta.

- Sim. Eu sabia de tudo. Agia como se não soubesse para Himchan achar que tudo estava dando certo, até ele passar dos limites se aliando a Wooyoung.

- O que?! - eles exclamaram em uníssono.

- Isso mesmo. Quando Jongup descobriu, me contou. E hoje mais cedo o próprio Wooyoung me ligou, me contou o que eu já sabia e mais um pouco.

- Então espera hyung. Considerando a situação… - Youngjae inicia.

- Ele traiu vocês dois. - Daehyun completa.

- Exatamente. - me levanto. - Agora vou fazê-lo confessar. Se ele não contar vocês já sabem. - me levanto e depois de pegar mais uma cerveja, me dirijo a segunda porta no corredor, a qual dava para uma outra sala, não tão grande quanto a principal, mas grande o suficiente para a qual ela era destinada.

Na cadeira ao centro Himchan já estava com seus braços e pernas amarrados e ao me ver entrar o vejo bufar, não demoraria até que ele começasse a gritar mais coisas inúteis. A esquerda da sala uma comprida mesa de aço era o suporte a facas de diversos tamanhos, bem como de algumas armas, que a sucediam em uma organização minuciosa de tamanhos e calibres.

- Vai me matar desse jeito? Você é tão covarde! - estava demorando pra que ele abrisse a boca.

O ignoro e abro a cerveja, tomando um longo gole, a deixando na ponta da mesa e escolhendo uma das facas.

- Você não vai morrer se disser o que eu quero saber. - me aproximo, encostando a faca em seu pescoço. - É você quem vai decidir por sua vida Kim Himchan, não eu. - afasto a faca mais uma vez, indo de encontro a garrafa e dando mais um gole. - Vamos começar considerando que eu não estou com tanta paciência pra você. Quando se aliou a Wooyoung? - me aproximo mais uma vez.

- Eu não - o interrompo.

- Resposta errada! - faço um corte em uma de suas pernas, escutando seu grito. - Vai optar mesmo por perder sua vida? - toco com a ponta da faca no corte feito, a empurrando lentamente. - Você acha que eu não sou capaz de te matar? Ainda mais depois que tentou fazer isso comigo e com Minhee? - vejo-o arregalar os olhos assustado e sorrio de canto. - É Himchan eu sei, e agora eu quero que você confesse! - puxo a faca de uma vez e vejo o sangue escorrer mais um pouco ao som de seu grito.

- S-Se você já sabe por que quer que eu diga? - ele fala ao mesmo tempo em que estava ofegante, tentando controlar sua dor.

- Eu quero que você admita! - volto a apontar a faca para seu pescoço, o sujando com seu sangue. - E quero que diga o que mais esteve tramando por minhas costas. Acabou Himchan! Seus planinhos fracassaram. Ou você me conta que merda foi essa que você jogou no ventilador e espalhou por todo lugar ou eu te deixo a cargo do Wooyoung e você sabe muito bem do que ele é capaz, sem contar que seria divertido te ver morrer pelas mãos dele… - passo a faca lentamente por seu pescoço, onde um leve corte superficial se abre.

- Eu não vou te contar nada! - ele esbraveja, me fazendo fincar a faca em sua coxa e escutar seu grito ecoar mais alto.

- A escolha foi sua. - e me voltando para a mesa, volto a pegar a garrafa tomando o restante da bebida.

A bebida esfria um pouco meu corpo que estava quente, a raiva que eu sentia de Himchan e seu orgulho era enorme, naquele momento eu era realmente capaz de matá-lo, mas não sem que ele dissesse algo. Com isso pego outra faca, analiso seu corte e ao perceber que ela não estava precisa o suficiente, vejo que aquela era a melhor escolha, pois a força que eu precisaria fazer para ferí-lo, descontaria um pouco da raiva que eu estava sentindo naquele momento.

- O que eu deveria arrancar primeiro? Seu olho? - encosto a ponta da faca bem abaixo de seu olho esquerdo.

- É bem lamentável que morra desse jeito hyung. - Daehyun estava encostado na porta fechada.

- Ele ainda tem chance pra falar até que eu arranque a língua dele. - olho para Daehyun e volto a olhar para Himchan, sorrindo de canto. - Estou sendo bonzinho com você, te dando mais uma chance de falar… - começo a por força, empurrando a faca no local, a respiração dele ofegava cada vez mais, até ele gritar.

- TÁ BOM! TÁ BOM! EU CONTO! - ele ofega, respirando fundo depois de gritar.

- Pode começar, estamos ansiosos. - ironizo, me afastando um pouco dele.

Himchan conta que seus planos eram de me tirar da liderança, assumir meus negócios e depois fazer o mesmo com Wooyoung, tornando um monopólio dele. Na sua visão nós éramos irresponsáveis e alguém tinha que pôr ordem no que era feito antes que tudo pudesse se perder. Suas declarações me faziam rir. Himchan não era capaz de cuidar de seu próprio nariz e achava que podia comandar tudo de uma hora pra outra, ele era completamente ridículo.

- Você até que foi esperto por pensar em tantas coisas. Uma pena que não seja esperto o suficiente para executar… Eu já te perguntei uma vez e pergunto de novo Himchan, o que te faz pensar que pode comandar tudo isso? Você ACHA mesmo que seria capaz? - estava bem próximo a ele novamente. - Você que é uma piada, a maior piada dentre nós seis e você sabe disso, por isso está com tanta raiva. - sorrio de canto. - Eu vou te dar uma escolha Kim Himchan e você vai ter um tempo para que ao menos dessa vez tome uma boa decisão na sua vida. Se quer mesmo continuar a fazer parte disso, ter sua porcentagem de volta e principalmente não morrer, você vai fazer o que é ordenado. Sem reclamar, sem hesitar e principalmente sem desobedecer minhas ordens. Sua segunda opção é ser entregue a Wooyoung com o aviso de que ele pode fazer o que quiser com você. A escolha é sua.

Ele tinha uma respiração forte, como se fosse explodir de raiva a qualquer momento. Himchan não queria nenhuma daquelas opções, ele queria ser o dono de tudo e que se explodisse todo o resto. Ele era tão egoísta quanto nós.

- Eu quero um aumento da minha porcentagem. - e sua fala me faz gargalhar.

- O que disse? Você acha mesmo que está em condições de pedir algo como isso? - mantinha meu rosto próximo a ele. - Você foi um filho da puta me traindo e acha que está com a razão em querer mais um pouco? Não seja ainda mais rid - e ele interrompe minha fala ao cuspir no meu rosto.

Me afasto e ao limpar meu rosto com as costas de minha mão, vejo-o sorrir sarcasticamente e descarregando toda a raiva que vinha acumulando desde o começo daquela conversa. Faço um corte com a faca cega um pouco abaixo de seu olho e com a mão livre faço questão de retirar a faca fincada em sua perna e fincar em outro ponto da mesma. Seus gritos não me incomodavam, muito menos seu sangramento, a ideia agora era vencê-lo no cansaço, até que ele pudesse se posicionar e eu sinceramente estava esperando que ele aceitasse a primeira opção, perder um homem no bando não estava nos meus planos. Devolvo a faca cega a mesa, volto a pegar minha cerveja e chamando os quatro que assistiram a tudo, saímos da sala para que eu desse a última ordem daquela noite.

- O que faremos com ele hyung? - Youngjae parecia preocupado.

- Por enquanto vamos apenas o observar. Vamos nos revezar em turnos e não vamos permitir que ele durma essa noite.

- Quarto escuro? - Jongup pergunta.

- Exato. Nós vamos o forçar a tomar essa decisão rápido, estamos perdendo muito tempo com as idiotices dele. Zelo ligue as câmeras dessa sala. O primeiro do turno é você. Quando você perceber que ele está prestes a dormir, acenda a luz no rosto dele. Ainda temos algumas horas até amanhecer. - olho no relógio de pulso notando que eram 10 horas da noite. - Estão livres para fazerem o que quiser até a hora do seu turno e vamos revezar a cada duas horas. Zelo é o primeiro, Jongup, Youngjae, Daehyun na sequência e eu fico por último, assim converso com ele ao amanhecer para saber que decisão ele tomou. - faço uma pausa, tomando o último gole para acabar mais aquela garrafa de cerveja. - Jongup-ah, vá la dentro, limpe a faca em cima da mesa e deixe a lâmpada mais perto do rosto dele, apague as luzes e mantenha a porta trancada.

- Certo hyung. - o mais novo me atende logo fazendo o que foi pedido.

- Eu vou tirar essas roupas e descansar um pouco. - me dirijo ao balcão da cozinha colocando a garrafa ali. - Junhong seu turno começa agora, não se esqueça de suas obrigações. Vejo vocês mais tarde. - digo ao olhar para Daehyun e Youngjae, subindo as escadas em seguida e me encaminhando para meu quarto, mais um instante com Himchan e minha cabeça explodiria.

Ao abrir a porta minha mente é invadida pela imagem de Minhee mais uma vez. Tiro o celular do bolso e não havia nada novo a mostrar. Era hora de procurá-la e eu faria isso amanhã sem falta.

O dia puxado fez com que eu fosse capaz de dormir rápido aquela noite, senti que fui capaz de descansar um pouco até a hora do meu turno.

Ao finalmente ver Himchan pelas câmeras já de manhã, pude notar o estado deplorável o qual ele ficou. Eu não desejaria estar em sua pele nesse momento e eu tenho certeza que ele também não. Enquanto o observava tive de acender as luzes por mais vezes que eu esperava e pude ver o quão irritado ele ficava, possivelmente ele achou que esqueceríamos dele em algum momento e simplesmente o deixaríamos dormir. As 8 da manhã meu turno se encerra e era hora de conversar com Himchan e saber que decisão ele havia tomado.

Entro na sala acendendo as luzes por completo e vejo-o fechar os olhos com força.

- Bom dia! - exclamo alto com a intenção de irritá-lo mais um pouco. - Espero que tenha tomado sua decisão. - caminho em direção a ele e tiro a faca que deixei fincada em sua coxa e ele grita. - Parece que ainda está com bastante disposição. - digo jogando a faca na mesa. - Vamos, diga o que decidiu, não tenho o dia todo. - me aproximo mais uma vez, o fazendo levantar a cabeça e olhar pra mim.

- E-Eu fico… Aqui… - ele diz com dificuldade por estar ficando fraco.

- Oh, sábia decisão. - desamarro um de seus braços e me encaminho a porta. - Junhong! Jongup! Youngjae! Daehyun! - levanto a voz os chamando e aos poucos eles começam a aparecer, ainda sonolentos. - Preciso sair, cuidem dele. Ele disse que vai ficar. - e sem esperar resposta deles eu apenas me viro e saio de casa. Eles saberiam o que fazer.

7 meses depois…

[...]

Não fazia muito tempo que eu tinha chegado em casa, já era inicio de noite e sentia meu corpo cansado. A semana estava acabando e por ter trocado a sede do jornal a qual trabalhava, o caminho era mais longo e por isso mais cansativo. Decidi trocar de sede por motivos óbvios e considerava mudar de apartamento já que não era incomum que ele surgisse na portaria a minha procura.

- Preciso de férias! - digo ao tirar meus sapatos e me jogar no sofá em seguida.

Mal eu tinha me aconchegado e o interfone toca, me fazendo respirar fundo e levantar preguiçosa para atender.

- Sim? - atendo sem disposição.

- Senhorita Minhee, aquele homem está aqui de novo e disse que dessa vez nada vai tirá-lo daqui até que fale com ele. - respiro fundo juntando toda a minha paciência.

- Diga o de sempre, que não vou recebê-lo e que ele desista. Ou eu mesma vou chamar a polícia. - escuto o porteiro repassar meu recado.

- Ele disse que quer falar com a senhorita mesmo assim. - o porteiro responde.

- Passe o telefone pra ele por favor. - digo já controlando o restante de paciência que eu ainda tinha aquele horário, eu precisava me mudar urgentemente.

- Está bem. - ele responde novamente.

- Minhee? - aquela voz me faz estremecer, fazia muito tempo desde a última vez que a ouvi.

- Vá embora por favor. Eu estou prestes a chamar a polícia e não é só sobre estar me perseguindo que eles vão saber. - respondo firme.

- Minhee por favor, se me deixar entrar, eu prometo a você que essa vai ser a última vez que te procuro. Eu não irei mais a lugar algum e te deixarei em paz. Me deixe entrar e essa será a última vez que vai me ver.

- Por que insiste tanto nisso? - confesso que a proposta de não vê-lo nunca mais era tentadora. - Já são sete meses, nós temos que seguir nossas vidas. Você está se prendendo em algo que não existe mais!

- Por favor!!! - sinto sua voz se alterar levemente e embargar um pouco. - Por favor… É a última vez e se eu não cumprir com isso você pode ir a polícia e contar tudo o que sabe. - ele abaixa seu tom de voz ao comentar. - Eu só preciso conversar com você. Nem que seja a última vez. - respiro fundo com sua fala.

- Tudo bem… - cedo a seu pedido com a proposta irrecusável de não vê-lo nunca mais. Ele entraria, falaria o que tinha pra falar e depois iria embora.

- Ele pode mesmo entrar senhorita? - o porteiro estava de novo na linha.

- Sim. Deixe-o subir, qualquer coisa eu aviso.

- Está bem.

A chamada é desligada e já preparava meu psicológico para aquilo, fazia um tempo desde que terminamos e talvez vê-lo de novo seria um choque. Um nervosismo me invade e eu só queria que ele entrasse logo, para que pudesse sair logo e eu ficasse livre de todas as suas insistências. Batidas na porta fazem meu coração disparar. Mas que droga de nervosismo era esse? Respiro fundo e me dirijo a porta, a abrindo e vendo aquela figura que me fez engolir em seco. Ficamos paralisados naquele primeiro instante, Yongguk parecia não estar acreditando que eu estava a sua frente de novo e que iríamos nos falar como ele tanto queria. Quanto a mim? Bem eu não sabia o que estava sentindo. Borboletas reviraram em meu estômago, minhas mãos esfriaram e não conseguia me mover.

- E-Eu posso entrar? - sua voz me faz estremecer por dentro e parece me acordar.

- Pode… - e conseguindo dar os primeiros passos para trás, pude reparar em como ele estava.

Yongguk aparentava ter perdido um pouco de peso, suas bochechas tinham diminuído e seu rosto estava tão fino quanto de costume. Sua camisa branca de botões e sua calça jeans não era nada diferente do que ele costumava usar e em uma de suas mãos ele segurava minhas flores favoritas, um pequeno buquê de violetas.

- Achei que ia gostar de receber suas flores favoritas. - ele me estende o buquê.

- Vai tentar me comprar com flores? Você já fez melhor… - digo pegando as flores, as olhando brevemente.

- Apenas para que eu não viesse de mãos vazias. Não estou tentando te comprar. - coloco as flores no balcão.

- Ok, agora fale o que veio falar. O que quer conversar comigo? - caminho em direção ao sofá e me sento com ele me acompanhando e sentando logo em seguida.

- Antes de qualquer assunto a tratar eu quero te pedir perdão. Perdão por ter mentido pra você por tanto tempo. A cada dia ficava mais difícil pra mim, era mais difícil continuar escondendo, continuar mentindo pra alguém que amo. Me desculpe também se a ofendi ao te convidar. Eu deveria imaginar que se sentiria assim mas na hora eu só pensei que se participasse de tudo aquilo comigo eu teria você do meu lado pra sempre e não que você fosse alguém como eu. Quando eu pedi seu apoio, eu não quis a envolver em nada daquilo, eu queria apenas que dissesse que ficaríamos juntos… Me desculpe. - ele olhava em meus olhos e apenas conseguia o ouvir atentamente.

Eu poderia dizer que o conheço, que sei quando ele está mentindo mas seria muito irônico de minha parte quando não soube distinguir suas mentiras por um ano inteiro.

- E por que eu deveria acreditar em você depois de ter mentido pra mim por tanto tempo? - havia certa tristeza em seu olhar com minha pergunta.

- Porque eu te amo Minhee e sou capaz de amar até o fim dos meus dias. - suas palavras me causam um forte arrepio. - Desde aquela noite que foi embora, eu não deixei de pensar em você um dia sequer. Eu posso ter mentido pra você sobre o que eu faço, mas nunca menti sobre quem eu sou, por isso eu espero que acredite em mim. Você é a única que amei e que amo de verdade e é por isso que estou aqui agora, é por isso que não desisti de você esse tempo todo. - suas palavras me fazem respirar fundo, eu estava confusa agora.

- E o que você quer Yongguk? - sentia que começava a acreditar nele aos poucos, por mais que eu não quisesse.

- Eu quero mais uma chance. A última delas. Pra te fazer a mulher mais feliz do mundo. - ele faz uma pequena pausa. - Independente do que eu faça, independente do que eu sou. Eu sei que isso te incomoda e eu peço desculpas. - ele segura minhas mãos. - Mas eu não posso simplesmente deixar isso de lado, muito menos te deixar ir. Eu quero te provar que alheio ao que eu faça, o meu amor por você é maior do que tudo e se é de sua vontade eu posso sim largar essa vida, por mais que eu precise de um tempo pra isso. Deixa eu te mostrar, provar o quanto eu amo você. Eu só quero que me dê essa última chance. - e naquele momento só consigo abaixar um pouco minha cabeça, eu não conseguia falar.

Eu não sabia o que dizer, muito menos o que fazer. Ele realmente seria capaz de largar isso por mim? Muitas dúvidas me invadiam agora mas a única coisa que eu não podia duvidar era de seu amor por mim. Como ele conseguia isso? Fazer com que eu acreditasse naquilo sem mais nem menos? Será que eram suas insistências diárias em me procurar que me faziam crer em suas palavras? Ou eu simplesmente nunca deixei de amá-lo? E esse último pensamento faz com que meu coração acelere ainda mais. Como eu odeio te amar Yongguk!

- Vai mesmo largar tudo isso por mim? - volto a olhar pra ele e sinto suas mãos segurarem as minhas mais firme.

- Se isso vai te deixar feliz, então sim. Depois de te perder eu sou capaz de qualquer coisa Minhee, qualquer coisa pra te deixar feliz do meu lado. Antes de tudo que eu tenha planejado, meu maior objetivo agora é te fazer feliz e eu não vou desviar disso. Me deixa te fazer a mulher mais feliz do mundo? Me deixa ficar do seu lado mais uma vez? Me deixa cuidar de você e te amar com mais força ainda? Me deixa pertencer a você, pois é somente a você que pertenço. - e suas palavras me arrancam um sorriso involuntário.

- Você é inacreditável. - falo ainda sorrindo enquanto balançava a cabeça em negativo levemente. Era um misto de indignação por estar cedendo a ele com a felicidade de ouvir aquelas palavras saírem de sua boca da maneira mais convincente possível.

- E então? Você está comigo nessa? - nossas últimas falas eram como as da nossa última conversa.

- Eu… - hesito um pouco antes de falar e ele me olhava atento, nossos rostos estavam próximos e confesso estar me controlando para não o beijar. Aperto forte suas mãos e complemento minha fala. - E-Eu estou. Estou nessa com você. - e antes mesmo que meu sorriso se tornasse completo, Yongguk me toma em um beijo que faz meu corpo se arrepiar por completo.

Eu estava em seus braços de novo, eu o beijava de novo e era apenas nisso que conseguia me concentrar. A saudade imensa que escondi dentro do meu peito todo esse tempo ainda estava ali, guardada. Eu me dou conta do quanto também menti pra mim mesma. Eu repetia todos os dias que não o amava e que não sentia saudades mas era tudo mentira, era algo que eu queria ficar convencida. Eu não conseguia mensurar o quanto eu senti falta de seus beijos, do seu corpo no meu, das nossas respirações descompassarem juntas… O quanto eu sentia falta daquele homem que fazia com que eu me sentisse uma mulher incrível. O quanto eu sentia falta de amá-lo.

Apenas me afogo em seu beijo e deixo que ele mate toda a saudade que eu negava existir mas que me consumia. Sou puxada por ele até seu colo e o toque de suas mãos demonstravam o tamanho de sua saudade. Não existia mais cansaço em mim e eu apenas queria estar em seus braços a noite inteira.

Continua...


Notas Finais


Gostaram do capítulo apesar de enorme? hahaha
Agradeço a quem leu até aqui e até a próxima ^3^ ~kissus


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