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História First Snow - First Snow (Capítulo Único)


Escrita por: YuukiOno

Notas do Autor


Oi, oi!
Vim dizer que essa oneshot está dramaticalmente, dramática, e que fiz me inspirando nas músicas First Snow e Peter Pan. Incríveis músicas, muito bonitas. :v
Fiz com toda minha inspiração que tinha, gastei um tempinho.
Espero que gostem!
Boa Leitura!!

Capítulo 1 - First Snow (Capítulo Único)


 

Dia 24 de Dezembro, 16:00 horas.

Véspera de Natal.

 

  Era para ser um dia especial. Vésperas de Natal sempre foram algo bom...

Sempre.

  Uma palavra empregada tão facilmente, mas com um significado tão abrangente... E por incrível que pareça, essa única palavra montada em uma única frase, me iludiu desde a primeira pétala que desabrochou em meus pensamentos cheios de cores vividas, até os últimos tons escuros vistos antes de esfarelarem diante do vento soprado fortemente em minhas vertentes.

Ainda sentia aquela profunda dor, que mesmo depois de um ano sentindo-a, ela me enforcava, me sufocava, me destruía completamente ao zero. Lembro-me tanto das primeiras palavras de Byun Baekhyun quanto as suas últimas, fortemente ditas me encarando com frieza.

Nunca me esquecerei.

Sofro durante um ano por causa de sua expressão insensível, quase intocável, ditando palavras onde o "Feliz para sempre" já não era o final da nossa história. Seus olhos me perfuravam piores do que gelo ríspido, as palavras livremente pronunciadas me machucavam como garras de uma Fênix em fúria. Não consegui acompanhar seu olhar frio, mas por algum motivo, consegui sentir seu sofrimento enquanto tentava manter a postura. Sim, de onde tive essa impressão boba nem eu mesmo sei. Ah claro, já estava me esquecendo...

Prazer me chamo Park Chanyeol. O homem que teve a coragem de deixar sua maior felicidade ir embora, mas não teve a afoiteza de dizer palavras para impedi-lo.

 

“Quando te encontrei meus olhos se encheram de lágrimas,

o estúpido ‘eu’ não pôde dizer nada.”

 

Não iria comemorar nenhum Natal, porque para mim, era só mais um dia contado no calendário sem a presença de Byun Baekhyun.

Somente isso.

  Decidi arrumar algumas coisas em casa para deixá-la em ordem o máximo possível. Meus pais iriam me visitar no final de semana, e claro, precisava passar uma boa impressão. Como um bom filho que sou, limpei a casa inteira. Cozinha, sala, banheiro e até o quintal. Deixei meu quarto por último claro, tiraria todas as coisas que não usava mais, guardaria em caixas ou doaria.

Foi questão de segundos para eu estar jogando tudo ao chão do cômodo que eu chamava de quarto. Revirava de ponta a ponta meu guarda roupa todo bagunçado, encontrando objetos que nem eu sabia da existência dos próprios. Fui colocando as coisas de pouco a pouco em ordem, até ficarem perfeitamente distribuídas para facilitar na hora de guardar.
Sentei ao chão do quarto respirando profundamente antes de começar a arrumar.

Encontrei nostalgias enormes por ali, eram coisas simples onde participaram da minha infância com tanta força, que me admirava por ter tido uma mente tão fértil nos velhos tempos. Eu amava Gibis e todos os tipos de desenho animado, todos os meus lápis, estojos, materiais escolares, brinquedos e até mesmo roupas intimas, eram relacionadas a algum dos temas de gibis, mangás ou cartoons.
Aquilo fazia minha mente esvaziar os fatos ruins para entrarem somente lembranças boas.
Estava sendo uma terapia para mim, mas obviamente, tinha que terminar de arrumar as coisas e não podia ficar o dia inteiro ali. Coloquei tudo em uma única caixa. Talvez guardasse para futuras gerações Park. Enfiei novamente dentro do guarda roupa. E começara um ciclo infinito de objetos que não acabavam mais, guardava e colocava no lugar que deveria estar, mais vulgo guarda roupa. Esse ciclo se repetia constantemente, até os objetos começarem a sumir do meu piso revestido a madeira, e eu começar a enxergar o tom amarronzado com alaranjado totalmente riscado.
Me sentei novamente, vendo uma pequena caixa de sapato ainda exposta ao chão, era o último recurso contido para acabar com a minha pequena faxina.
Peguei a pequena caixa com cuidado, e me deixando levar pela inconveniência abri ela suavemente, me deparando com outra cena nostálgica, porém dolorosa. Ali haviam pequenos objetos representantes de lembranças frias, onde os protagonistas principais eram Byun Baekhyun e Park Chanyeol.
Observei muito bem a primeira foto que tiramos juntos. Baekhyun fora sempre um garoto vaidoso, usar maquiagem já estava escrito em seu cotidiano. Amava roupas e tinha um estilo impecável, não saia de moda nem por custo. Os olhos delineados com os lábios brilhantes de gloss caiam perfeitamente bem nele.

 

“— Aish Chanyeol, vai catar coquinho então! — Baekhyun expressava raiva em seu rosto, mas tudo o que eu conseguia enxergar era como ele ficava bonito todo bravinho.
Baekhyun queria postar fotos nossas dentro de redes sociais, e eu nunca foi fotogênico, além de nem chegar perto da beleza daquele baixinho, por isso mesmo que não queria. Mesmo tendo um Baekhyun mimado ao seu lado tentando te convencer.

— Baek, a gente não precisa mostrar nosso amor para todo mundo. — Falei tentando ser o mais calmo possível, para que talvez eu tenha uma chance dele desistir. Empinou o nariz e virou a cara para o outro lado. Talvez não... Revirei os olhos e cocei minha nuca. — Bae...

— Xiu, eu sei que você não quer então não vou ficar insistindo. — Se deitou de barriga para baixo no sofá, soltou um suspiro longo e fechou os olhos.
Sorri de lado. Ele parecia uma criancinha birrenta pedindo doces para a mãe.
Me aproximei dele, coloquei meu joelho na ponta do sofá e me inclinei até seu pescoço branquinho, passei a ponta da língua em um caminho curto de sua orelha até a volta de seu pescoço, sugando de leve, e sentindo seus pelinhos se arrepiarem e seu corpo contrair. Baekhyun continuava com os olhos fechados, porém com a respiração um pouco mais descompassada. Peguei meu celular e o coloquei na câmera frontal, aninhei meu rosto em seus cabelos e fechei os olhos igualmente a ele, tirando uma foto um tanto quanto romântica.
Me desvencilhei dele e entrei no tão famoso Facebook, postei nossa foto, marcando-o. Esperei alguns segundos e a notificação já apitava no celular de Baekhyun que se esticou até a mesinha, pegou o aparelho com certa dificuldade e se sentou com as pernas de borboleta, desbloqueou a tela e observou nossa foto juntos. Sorriu de canto e me olhou por cima do celular.

 — Idiota.”

 

Aquela foto me trazia recordações incríveis. Me davam uma sensação ótima, purificavam minha alma. Me peguei sorrindo igual um idiota, e depois de tudo, ainda sentia que ele deveria estar ao meu lado.
Além dessa foto, haviam variadas a mais. Depois daquele dia, Baekhyun quis marcar todos os dias relacionados a nós dois. Então haviam variados tipos de imagens selecionadas, eram fotos que nem eu sabia da existência. Ele não me falava quando as revelava e colocava nessa pequena caixa de papelão. As memórias vinham de pouco a pouco sobre os dias em que saímos juntos. Me lembrava dos tempos de chuva e sol que já havia esquecido.

 

“Lembro-me das fotos que esqueci todo esse tempo.

Os pequenos tremores começaram a brotar pelo meu corpo.

É um pouco triste que eu não possa voltar a esses tempos.”

 

Passei as fotos e as deixei de lado, observei novamente o conteúdo da caixa; ainda havia algo dentro dela, algo que eu havia receio de pegar. Eram lembranças escritas, um diário.

O diário de Park Chanyeol.

Tinha medo das palavras expostas de uma brisa fria, cortante. Tinha medo de lê-las pelo simples fato de não querer lembrar, mesmo tendo tudo nitidamente em minha mente, como se o pesadelo houvesse acontecido há alguns segundos atrás. Suspirei, precisava tirar tudo do meu subconsciente. Um ano se passou e você ainda não se recompôs Chanyeol. Parabéns, você é um belo idiota.

Sem que eu pensasse duas vezes, já folheava as páginas abertas nas primeiras frases da minha composição. Continha aquele diário velho a mais ou menos três anos seguidos, adicionando questões, escrevendo sobre o cotidiano e até poemas; as folhas apresentavam uma coloração amarelada, os pequenos rasgos eram nítidos, e continham algumas pequenas folhas em avulso. Até poeira ele tinha. Mas nada me impediu de continuar lendo e observando tudo o que me fez feliz um dia.

 

“Eu escovo meu diário desgastado e,

De repente, nas páginas abertas,

Você está claramente lá. “

 

"Baekhyun."

Era o nome mais visto depois do “eu” dentro da escrita. As histórias contadas daquele rustico diário, foram recordações que valiam realmente a pena relembrar.

Eu e Baekhyun não namorávamos ainda, mas mesmo assim, nesse dia, eu descobri minha paixão oculta por aquele ser.

 

"— Eu nunca vou subir num treco desses!! Pode ficar esperando em um banquinho! — Baekhyun morria de medo dos brinquedos que envolviam altura, ainda mais quando tinham relações com terror. Literalmente, emburrou, empinou o nariz e por fim virou a cara, me fazendo revirar os olhos e bufar. Tive que zombar dele com a maior cara de pau possível.

— Está com medo baixinho? — Ri nasalado da cara de emburrado que o mesmo fez.

— Cala boca idiota, você é o único gayzão daqui.

— Vamos ver então, porque pelo o que eu saiba você é o único homem que eu conheço onde passa maquiagem e se chama de hétero. — Rebati calmamente e reparei em sua expressão de indignação, vermelho igual pimenta e com a boca em um perfeito formato 'O'.

— NÃO — Me deu um tapa. — FALA — Outro tapa. — ASSIM — E outro. — COMIGO — E mais um. — SEU — E outro. — POSTE — Outro. — ORELHUDO! — E o último estalado com força.

— Ai. Seus tapas doem. — Fiz cara de sofrido. Porque realmente os tapas dele não eram qualquer um.

— Vamos nesse negócio logo antes que minha mão vá na sua cara. — Baekhyun virou de costas e foi em direção ao brinquedo. Entrando na fila que havia.

 

Nem te conto o que aconteceu depois.

 

Baekhyun gritou mais que menina sofrendo por causa de uma barata.

Nós fomos lado a lado, indagou ele de que a ideia fora minha e ele precisava ouvir meus gritos para depois me zuar. O que na verdade aconteceu totalmente ao contrário. Ele se agarrava em meu braço esquerdo como se fosse um travesseiro, e gritava com aquela vozinha de criança.

Meus ouvidos quase sangraram.

Mas o prazer de me imaginar tirando sarro da cara dele depois foi muito, relativamente grande, e então consegui aguentar todos aqueles surtos que o baixinho dava.

Mas as coisas nem sempre acontecem como você espera.

Por algum motivo, o observei mais que o devido, e comecei, simultaneamente, reparar em detalhes desnecessários; como a cor dourada tingida de seus cabelos, seus olhos perfeitamente delineados, sua boca rosada com traços finos e seu rosto meio pálido por causa de seus sustos constantes. Conseguia enxergar tudo isso no breu que estava ao local, porém via perfeitamente cada detalhe e cada traço delicado, como se ele brilhasse diante daquele escuro. Era incrivelmente chamativo, não conseguia desviar o olhar de maneira alguma, estava preso perante sua beleza. Por isso me cedi facilmente a heresia do líbito.

Sem muitas falas e movimentos bruscos, meu corpo foi movido como imã diretamente ao corpo de Byun; puxei seu pescoço para perto do meu rosto, com a outra mão toquei em seu queixo levemente e guiei seu olhar para o meu. Não vi qual era sua reação, e nem pretendia saber. Selei nossos lábios com carícia, voracidade, desejo e paixão."

 

Talvez esse momento tenha sido uns dos maiores constrangimentos que já passei e o mais melancólico de todos os tempos.

Depois dessa cena, eu e Baekhyun tomamos distância por um tempo. Não falávamos um com o outro, não saíamos juntos nem quando os encontros eram em grupo. Se ele ia, eu evitava o máximo para não ir.

As coisas ficaram assim por um bom tempo, e nesse meio período eu acabei caindo na popularidade da escola. Fiquei famoso entre as mulheres, participava do time de basquete na região, praticava todos os tipos de esporte, sem contar que ainda me esforçava para tirar notas relativamente altas. Posso dizer que tingi meus cabelos para um prata acinzentado, e repiquei-os deixando com um ar de rebelde. Garotas tinham fila para conseguir um olhar meu. Mas meu mundo já era direcionado a outra pessoa. E essa pessoa se escondeu de mim, não me deixando chegar perto e muito menos toca-la para dar um "Bom Dia". A barreira entre eu e ele fora se expandindo, até eu começar a padecer diante da realidade e jogar todas as minhas conquistas para o ar como folhas caindo em plena estação de outono.

Lia tudo aquilo com uma pequena dor no coração, eram lembranças da minha parte que estavam plenamente marcadas, mas já tinham se passado, e mesmo assim, não conseguia me desvencilhar das correntes que me prendiam do antigo artigo de lembranças.

Fora só um fato ruim.

Até eu começar a ler a página seguinte do diário, as lágrimas já desciam silenciosamente entre as minhas bochechas; fazendo uma trajetória única dos meus olhos úmidos, até as folhas amareladas do velho diário; molhando pequenas palavras do texto escrito.

Somente deixei-as rolar. Tranquilamente. Em paz. Não iria impedir nada. Já havia derramado tantas lágrimas que não ligava mais.

Apenas deixei meu coração se desabar diante meus tácitos prantos de socorro.

 

“É realmente uma coisa estranha...

É só pensar em você que as lágrimas caem.”

 

"Não aguentava mais essa distância, larguei praticamente tudo por causa dele. A popularidade tinha abaixado pra mim, não saia com amigos, não ia para festas. Somente fiquei nos esportes, que eram algo como terapia para mim, nada me tirava de uma quadra.

Fui a escola como em um dia normal. Baekhyun já era popular mesmo quando nós éramos amigos, sua popularidade só aumentou e consequentemente as pessoas em sua volta aumentaram também. Provavelmente ele já havia ficado com tantas garotas ou garotos nesse meio tempo, que só de pensar nisso meu sangue borbulhava e minha cabeça queimava.

Simples, eu tinha ciúmes. Um ciúme talvez sádico. Não era atoa que a empregada dizia para minha mãe que eu era um garoto bem estranho e podia ter transtornos no futuro. Minha mãe nem ligou, mas talvez ela — a empregada — estivesse certa.

Entretanto, naquele dia, eu simplesmente adorei em todos os sentidos e palavras que poderia descrever, adorei levar um tapa na cara vindo de Baekhyun. Bem estalado. E ainda levar um sermão bem dado.

— SEU IDIOTA! — Baekhyun olhava pra minha cara de babaca espantado ao mesmo tempo. — EU ESPEREI VOCÊ TODO ESSE TEMPO, E VOCÊ IDIOTA SE REMOENDO SOZINHO! PORQUE VOCÊ NÃO VEIO FALAR COMIGO TROUXA...! — Me deu outro tapa na cara. — Por quê...? — A essas circunstâncias, as pessoas já olhavam para gente como se fossemos extraterrestres e estivéssemos falando em grego. Porém, havia um Byun Baekhyun na minha frente, e não queria de jeito algum dar um passo pra trás se quer. Por isso consegui tomar uma atitude improvisada depois de tanto tempo. Me inclinei diante dele, puxei sua cintura com força para perto de mim ouvindo um pequeno gemido manhoso, e sem dizer nenhuma frase selei nossos lábios em um encaixe perfeito entre eu e ele. Por incrível que pareça, Baekhyun me retribuiu com força, enrolou seus braços em meu pescoço e puxou levemente os fios do meu cabelo. Beijávamos como se não houvesse amanhã, nossas línguas se exploravam em uma dança sem fim, seus lábios finos encostados aos meus me davam arrepios dos pés à cabeça. E a famosa sensação de borboletas no estômago me preenchia por inteiro. Sincronizados em uma melodia sem fim, como se nossos corpos necessitavam da essência, do cheiro, do calor um do outro.

As coisas começaram a esquentar, porém Baekhyun cortou por simples falta de ar. Coloquei minha cabeça entre seu pescoço e sussurrei em seu ouvido.

— Te amo baixinho... — Senti seus pelos se eriçarem e seu corpo levemente se contrair.

— Também te amo idiota..."

 

Isso foi um final feliz para nós dois. Tudo aconteceu como bem pretendíamos. O que infelizmente agora, não funcionava mais. Ele estava feliz com seu outro amor, então não iria interferir nunca. Nem nos meus últimos momentos de vida, porque simplesmente, ver Baekhyun sorrindo, era minha vida, meu mundo, minha alma. Mesmo se aquele belo sorriso não fosse direcionado para mim.

Eu Park Chanyeol, estava lendo e felizmente lembrando de memórias que já foram um presente, mas agora viraram fatos passados. Estava desabrochando em águas salgadas e cristalinas que eram minhas lágrimas, em um silêncio constante, só ouvia as pequenas gotas manchando o diário da nossa história sem um final definido. No escuro do quarto, na escuridão da minha paixão, nos secos pensamentos passageiros, na fraqueza do meu coração, as próximas palavras eram uma triste canção onde não queria recitar. Minhas mãos, trêmulas, conseguiram virar a página, e meus olhos, mesmo pesados, conseguiram distinguir de uma letra suja, a frase tão inédita onde me deixou fraco e quebrado por dentro.

"Chanyeol, precisamos terminar. Agora, para sempre."

Eram as últimas folhas restantes, folhas do meu sofrimento intrigante por aquele ser. Não conseguia passar dali, simplesmente não conseguia, aquelas palavras soaram tão sôfregas que para mim, ele só estava me deixando por um motivo próprio, mas se passaram um ano, e nada de amor.

Baekhyun onde você se escondeu?

Minhas mãos foram ágeis, não poderia deixar um momento tão ruim assim em folhas banhadas for momentos felizes. Somente peguei uma borracha e comecei apagar as letras deformadas ali encontradas, não queria ler e não precisava saber.

 

"Onde eu escrevi sobre você, ainda tenho forças para ler.

Vou apagar os textos tristes.”

 

As frases iam sumindo de pouco a pouco, e a história ia se dissolvendo junto com ela. Tudo em um tempo perfeito e sincronizado. Eram as últimas frases a serem apagadas, mas algo me impediu de fazê-las. O tom era diferente agora.

"Mesmo que o mundo desmorone, mesmo que você fique triste, mesmo que você se acabe em prantos, lembre-se, eu estarei sempre com você... Sempre.

- Rua ********* Número ***"

Aquela caligrafia perfeitamente redonda e meio inclinada a direita, marcadas de quem inibia o grafite fortemente contra a folha. Não havia dúvidas, eu sabia, reconhecia aquela letra. Não era mais de ninguém além do ser, Byun Baekhyun. Me ansiei. O abrupto susto escancarava-me os olhos. Haviam mensagens com o intuito de serem anônimas, mas já havia entendido tudo.
Voltei as fotos que tinha posto de canto, observando o verso delas. Claro. Como não elucidei aquelas pequenas frases antes?

 

“Porque não posso, simplesmente não sei...”

Ir em frente. Uma frase que sempre guardarei, mas talvez não consiga completa-la sem você.”

 “Viva comigo até a morte. Queria você ao meu lado, mas acho que não aguentaria suas lágrimas em meu rosto.”

“Aquele que impede nosso amor é um machucado mútuo, não posso cura-lo e muito menos dissimula-lo.”

“Quando conseguir minha poção, as palavras irão chegar até você como um simples sopro do vento. A natureza se expande quando estamos juntos.

 “Tudo em mim é errado para você, tome distancia de minha vida, pois não quero faze-lo sofrer...

 “Mas para sempre seremos só um, entende?”

 

Eram frases bem complexas, no começo pensei em só ser algumas pequenas palavras de quando Baekhyun estava inspirado. Porém entendi seu real significado.

“Posso ir em frente até a morte. Nosso amor se expande quando estamos juntos. Não quero faze-lo sofrer... Mas para sempre seremos só um.”

Aquelas palavras me atingiam de uma maneira esplêndida. Não sabia se chorava consternado, ou chorava realmente aprazível. Baekhyun havia sofrido também... Não era somente eu.
Porém ainda necessitava de uma resposta, e aquele endereço era o fim dos meus problemas.

 

(...)

 

Já andava diante da cidade, havia saído de casa o mais rápido possível. Procurava o endereço contido em minhas mãos agora cobertas pelas luvas de lã. Observava em todos os cantos possíveis daquela rua marcada no papel do diário, procurava intensamente o número fortemente colocado em baixo do endereço escrito.

Diante de tanta confusão, tinha me esquecido subitamente que naquele dia, era véspera de Natal. Fazia frio, porém não nevava. Havia famílias dentro de suas casas iluminadas pelos pisca-pisca coloridos, uma gigante árvore enfeitada com laços natalinos e a estrela ao topo.

As pessoas estavam felizes, era o momento das famílias se reunirem e ficarem se divertindo à espera da meia noite.

 

“Eu ando sozinho em uma rua cheia de luzes,

Todos parecem felizes. Eu pensava que você sempre estaria lá, como o ar,

Mas eu estupidamente te deixei ir.”

 

Achava-me ao meio daquela maluquice sem fim, eram números passando rapidamente e nada de achar a casa exata. Já havia andado meia hora sem parar, aquela rua me parecia uma reta sem fim. Encostei sob uma parede que havia ali, precisava parar um pouco, descansar. Felizmente meus olhos se deparavam com o número não tão visível da velha casa que estava ali. A rua estava correta, e agora o número estava correto. Havia chegado ao meu ponto de destino. Minhas mãos já suavam, e meu coração batia fortemente acelerado. Iria encontra-lo depois de tanto tempo... Atravessei a rua pouco apressado, chegando ao outro lado e começando uma pequena corrida até o portão da casa feita a madeira. Estava em frente ao portãozinho de ferro, com algumas tonalidades visíveis de laranja por causa da ferrugem, abri devagar passando adiante, subi alguns pequenos degraus e parei diante da porta. Pigarreei, ajeitei meu casaco, fiquei totalmente ereto e respirei profundamente o ar em minha volta o soltando levemente. Minha mão se deu formato de um punho e bateu a porta meio ríspido. Esperei alguma resposta, porém não obtive muito tempo antes de raciocinar, já abriam a porta para mim revelando uma senhora de idade, onde aparentemente parecia ser gentil.

— Com licença... Por acaso, algum Byun Baekhyun mora aqui?

— Oh... Você deve ser o garoto tão dito pelo antigo dono da casa. — Minhas expectativas se quebraram em cacos de espelhos irreparáveis, jogado em um azar de sete anos. Meu sorriso desabou como minha mente virou em branco. Antigo...? — Nossa, já se passou muito tempo desde que ele saiu dessa casa. Deixou um recado comigo, porém nunca pensei que você demoraria tanto para vim recebê-lo. Realmente o amor hoje em dia é bem diferente... 

A velhinha adentrou em sua casa e seguiu até um móvel visível para mim da porta; abriu uma das gavetas rústicas e retirou um envelope simples, branco, com alguns tons amarelados em sua ponta. Voltou até mim com esse cartão em mãos, e estendeu-o diante da minha pessoa. 

— Foi o que ele me mandou entregar. — Peguei o envelope de suas mãos com um cuidado, observando casa detalhe do mesmo.  — Se me permite dizer, vocês realmente formam um casal bonito. Ele me dizia muito sobre você, e realmente comprovo o tanto da beleza que expunha. — Sorri de canto. 

— Obrigado por esperar todo esse tempo. Eu... Vou tentar acha-lo. — Sorri sinceramente para a senhora, que me retribuiu igualmente assentindo com a cabeça. 

Me virei à rua com o envelope em mãos, passei a mesma trajetória de entrada para agora sair. Encostei o portão, e segui com passos leves no meio das calçadas iluminadas pelos feixes de luz amarelados; a brisa fria cortava minha pele morna fazendo um choque térmico pouco desconfortável. Caminhava em direção a praça que estava logo após alguns quarteirões. 

Baekhyun estava em algum lugar nesse mundo, sofrendo por algo que ainda era desconhecido por mim, variadas informações alheias que se embaralhavam cada vez mais em meu consciente. E sem perceber havia chegado a praça deserta. Ninguém além de Park Chanyeol — vulgo eu — se encontrava naquele local. 

Sentei em um dos bancos feitos de mármore, observando mais uma vez a carta em minhas mãos. Respirei fundo e apertei os olhos firmemente. Abri calmamente o envelope, puxando a folha fina que havia ali dentro, encontrando sua caligrafia perfeitamente colocada entre as linhas do papel. 

E infelizmente, comecei a ler o que não devia.

 

"13/04 Domingo, ás 14:47.

 

Querido Park Chanyeol, 

 

Devia ter-lhe avisado com mais antecedência, porém meus instintos diziam para não correr atrás. 

Devia ter te amado mais enquanto ainda estávamos juntos, porém meus instintos disseram para não ficar contigo nunca mais. 

Devia ter ignorado detalhes idiotas que minha cabeça imaginava. Mas meus instintos falavam para nunca deslembrar. 

Devia ter confiado em sua força enquanto ainda tive chances com você. Mas meu instinto falou para não acreditar. 

Devia ter visto através de seu olhar que ainda me amava o bastante para entender o que estava se passando. Porém meu instinto disse para apenas ignorar. 

De todas as deliberações tomadas em direção ao instinto, uma única fora tomada através de palavras onde o coração me contou. E essas palavras foram as que me implementaram a escrever esse pequeno texto, talvez inútil, mas que esclarece alguma coisa.  

Te amo muito, e quero lhe comunicar um detalhe: tudo o que escreverei aqui não se passa de um amor quebrado, destruído, por uma circunstância onde eu desconhecia minha passagem. No final, meus instintos falaram mais forte que meu pobre coração partido, dizendo que eu deveria quebrar minha segunda parte e tirá-la de mim se não quisesse vê-la machucada. 

E assim eu conto a história desse indivíduo. Ele quebrou seu castelo de cartas com um único sopro. Toda sua frieza no momento do término fora vingada quando o mesmo se sentiu só e desprotegido. A consciência lhe maltratava como um escravo.  

Só a morte lhe restava.

E então digo e confirmo:  

Sim, esse é meu ser por você. Queria que enxergasse... Meu sentimento não vai se findar, nunca vou me desvencilhar de suas declarações zelosas e dos seus sentimentos realçados com firmeza. Frases vindas de sua voz foram carimbadas em meu consciente. Carimbadas em tinta permanente. 

Não tenho outro, nunca tive, e nunca vou ter. Até minhas últimas gotas de essência, meus pensamentos irão ser voltados a nós. A Park Chanyeol. 

Meu prazo estás se esgotando, então por favor venha me ver... Não aufiro passar meu tempo sem encostar em seu rosto e contempla-lo pessoalmente. 

Quero pedir seus lábios aos meus mais uma vez... 

 

Rua ********** 

Clínica *******"

 

O termino da carta se foi e eu estava insatisfeito por lê-la. 

Meu mundo estava a se tingir ao negro.  

Se eu pudesse voltar ao tempo, optaria não ter lido nenhuma menção dessas palavras... Flamejantes como fogo, tortuosas como chicotadas nas costas, tenebrosas quanto um passo definitivo para a morte.

Mas.

As mais belas frases ditas em versos ritmados, em uma seguida melodia, com o frescor do amor. 

Sem qualquer delonga, meus pés já se encaminhavam para a clínica onde iria vê-lo... Os arrepios aleatórios rondavam em meu corpo tomando conta facilmente da minha ansiedade, teria minha última sensação com ele... Minhas últimas conversas. Minha última esperança. 

 

“A parte do meu coração onde você não está dói,

É como uma ilha solitária.”

 

(...) 

 

Havia entrado na clínica afobado, já perguntando onde ficava o quarto de Byun Baekhyun. 

Por muito estranho que pareça as lágrimas não desceram, não quiseram molhar-me novamente. Estavam secas. 

Não conseguia demonstrar muito, as pessoas não me viam como um preocupado, apaixonado; meus olhos negros e não deixavam os indivíduos enxergarem além daquelas orbes escuras sem brilho. 

Mordia com força meu lábio inferior e sentia o pequeno gosto salgado invadir meu paladar aos poucos. Me fraturava totalmente por dentro enquanto esperava a elevador subir até o terceiro andar.
Era fascinante como eu, Park Chanyeol, fui tão trouxa a ponto de descobrir exclusivamente hoje. Queria me socar. Como queria que Baekhyun estivesse tão bem quanto eu para me dar um tapa. Mas infelizmente não era possível....

O pequeno barulho do elevador apitou, avisando a chegada ao meu local de destino.

Sala 354.

Apressei meu passo, quase correndo entre corredores. Era um labirinto sem fim, onde minha chegada era desnecessária. Mas felizmente, esse labirinto se destruiu me deixando um único caminho a ser seguido, onde já havia achado meu ponto de chegada.
A porta branca se iluminava para mim, era como o inferno ou o céu? Não sabia, apenas senti a pequena brisa quando a abri, era a fragrância de Baekhyun.

Me desabei. Me destruí. Me enforquei. Mas me enchi com uma essência chamada felicidade, conhece? Bom, se não, não consigo descrever o que ela é com ralas palavras. Só sei que me preenchi o vendo.

Tão vulnerável, tão só, tão essencial, tão... Celeste.

— Chanyeol...? — Baekhyun me olhava com a expressão paralisada. Sua voz fraca ecoava em minha mente. Seu corpo deitado naquela maca branca me inquietava.
Seus olhos castanhos se embaçaram em lágrimas pesadas, e meus olhos negros ainda continuavam presos e secos. — Chanyeol! Você... Veio? — Seu sorriso era minha fonte de vida.

Não pude conter minha ansiedade, meu corpo se moveu sozinho indo em direção ao seu o pegando em um abraço apertado e quente. Ele retribuía com a força que continha.
Sentia o quanto tinha emagrecido, via o quanto tinha se tornado pálido, e me tocava o quanto seu olhar tinha mudado, não haviam mais o brilho profundo que tanto me admirava.

Seus lábios se encostaram aos meus iniciando um breve beijo.

Realizava-se o pedido da carta.

Seus braços se entrelaçaram em volta do meu pescoço, enquanto puxava-o de leve pela cintura aprofundando e mesclando nossos sentimentos em um. Entrei em passagem, e nossas línguas se encontraram, criando aquele encaixe perfeito onde somente acontecia com Byun. Estalos de saliva eram ouvidos com o ecoar da sala, soando prazeroso o nosso pequeno momento juntos; explorávamos cada canto como nunca tivéssemos sentido antes, era algo que parecia novo.
Baekhyun me empurrou de leve, desgrudando nossos lábios a procura de ar.
Sorriu feliz. Lágrimas escorriam em seu rosto como gotas escorridas em puro prazer da chuva, encostou nossas testas fechando os olhos e aproveitando o nosso momento.

— Que bom... Senti-lo novamente... — Sua respiração descompassada fazia com que sua voz falhasse em meio de frases ditadas. Quis pergunta-lo, mas ele me impediu encostando um de seus dedos em meus lábios em sinal de silencio. Ficamos assim por segundos... E minutos... Somente com o barulho suave da ventania que adentrava pela janela e o singelo barulho do polar.
Estávamos um com o outro, nos sentindo, nos amando por dentro, bem simples, sem ditar nenhuma frase.

Porém. Não senti, não consegui ouvir, me centrei muito, e me arrependi amargamente por isso.

Não ouvi o apito altamente estridente chocar contra meus ouvidos, não senti sua respiração parar, mas consegui distinguir quando nossa ligação se rompeu brutamente, sem ao menos deixar um adeus.

Queria que aquilo fosse somente um sonho, então não queria abrir meus olhos, a realidade era muito áspera para mim.
Mas infelizmente, abri eles, me sentindo em uma situação desesperadora, porém não conseguindo mover um músculo se quer. Contemplava sua imagem de olhos fechados, com suas bochechas úmidas pelo choro.
Agora me sentia solitário, as lagrimas começavam a fluir umedecendo minhas ameixas e meus olhos secos. As pequenas gotas caiam sobre seu rosto alvo percorrendo um caminho já percorrido até os lençóis brancos. Meu choro se transformava em uma mágoa profunda, sem fim. Meu sofrimento era mudo, em um mútuo silêncio, não realizava escândalos, somente se reprimia até remoer pequenas partes já quebradas do meu coração, destruído.

O padecimento era continuo, e não me deixava gritar. Minhas perguntas, meus sonhos, meus desejos não foram respondidos, e nem correspondidos; somente se reprimiam para mim como sempre acontecera.

Erámos fogos de artificio onde se explodiam em cores vividas e brilhantes, porém seu resto eram cinzas espalhadas por uma cor considerada neutra. No final eram somente lembranças amassadas e queimadas ao fogo, onde restavam somente pó, da mesma maneira em que morremos.

E então, a primeira neve se desabrochou do céu, caindo levemente diante da janela, se expondo em tonalidade representante da paz.

 

“Quando a neve cair,

Será que meu coração ferido

Vai ser coberto com branco?”


Notas Finais


Espero que tenham gostado! ^^
Kisses, até a próxima!


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