História Fix Me (Malec) - Eu não tenho culpa

*Flashback de 12/03/2013*

-Desde quando você me esconde isso?-

-Desde quando você espiona meu celular? Como descobriu a senha?-

-A data do seu aniversário é muito óbvia mas isso não vem ao caso agora. Eu não vou aceitar isso- O tom de voz do Asmodeus era baixo porém assustador, coisa que por anos causou medo em Magnus; diferentemente de agora.

-Você não tem que aceitar. Eu já decidi- Virou as costas para seu pai e continuou arrumando suas malas, mal acreditava que estava fazendo aquilo, levou tanto tempo para criar tal coragem, sair de casa. Não tinha um emprego ainda mas juntou sua pensão por um bom tempo, o suficiente para comprar um apartamento ou loft e ir se virando por 3 meses até conseguir um emprego, fora isso, aos 20 anos receberia toda herança de sua mãe. Não queria continuar naquela casa e mesmo se quisesse, seus dias ali seriam ainda mais monstruosos do que antes, o motivo? Asmodeus descobriu o relacionamento de Magnus e Alec através de mensagens no celular de seu filho.

-Moleque, larga essas roupas e olha pra mim enquanto eu falo- Magnus parou e o olhou com cara de desprezo, agora o tom de voz de Asmodeus era mais alto -O que você pensa que está fazendo com a sua vida?-

-Pela primeira vez em 19 anos estou correndo atrás da minha felicidade-

-Com que dinheiro? Quem vai pagar sua faculdade? Está abrindo mão dessa mansão, da vida boa que leva por causa de um moleque doente igual a você?-

-NÃO CHAME O ALEC ASSIM- Alteou sua voz em nível de gritos e sentiu seu sangue ferver -Ele não é doente, eu não sou doente, doente são seus pensamentos homofóbicos. Quanto a minha faculdade, eu tenho notas bem altas e consigo uma bolsa com tranquilidade- Viu seu pai gargalhar e ficou ainda mais com raiva daquele homem.

-Pretende virar bolsista? Você é um Bane, não precisaria passar por isso tudo se seguisse minhas normas-

-Suas normas?- Dessa vez foi Magnus quem riu -Viver preso nesse inferno? Aturar suas humilhações? SENDO ESPANCADO QUASE TODO DIA? Essas são suas normas? Desculpa papai mas a criancinha boba cresceu -Voltou arrumar suas malas.

-Magnus, se você continuar com essa palhaçada eu...-

-Vai fazer o que?- Fechou o zipper de duas malas e colocou uma mochila nas costas -Vai me bater? Ótimo, siga em frente, continue jogando seu ódio em cima de mim mas eu não tenho culpa por você ser bissexual igual a mim, por você ser aquilo tudo em que chama de doença- Levou um soco no rosto e seu nariz sangrou mas Magnus riu em resposta, apenas riu -Ninguém nunca jogou a verdade na sua cara? Ninguém além do meu avô?-

-EU NÃO SOU GAY, MEU PAI SE ORGULHA DISSO, EU NÃO SOU DOENTE, EU ME CUREI DISSO À ANOS, EU LUTEI PARA CONSEGUIR TUDO QUE TEMOS HOJE, QUER SER MORTO NA RUA QUANDO DESCOBRIREM? QUER SER REJEITADO NO MERCADO DE TRABALHO? AS PESSOAS LÁ FORA NÃO ACEITAM ISSO E NÃO VÃO SUCEGAR ENQUANTO NÃO ACABAREM COM VOCÊ, FOI POR ISSO QUE EU ME CUREI, PORQUE MEU PAI ME MOSTROU O QUE ERA O MELHOR PRA MIM E EU ESTOU TE MOSTRANDO A MESMA COISA-

-Eu sinto pena de você, pena. As coisas não precisavam ser dessa maneira, você podia ter me apoiado e eu também te apoiaria, as coisas teriam sido tão mais fáceis mas você preferiu seguir outro caminho e tentou fazer que eu seguisse o mesmo caminho que você. Não existe cura para sexualidade pois não é uma doença, fingir que "virou hétero" vai te tornar melhor que ninguém, ser covarde vai adiantar nada. Não faça comigo o que seu pai fez com você e não se preocupe pois eu não vou contar ao Robert que você o ama- Saiu do seu quarto deixando Asmodeus perplexo pra trás e ao sair pela porta da sala, ao sair daquele lugar em que morou por tantos anos, teve certeza de que havia dado um dos maiores passos de sua vida.

*Fim do flashback*

-Eu... eu me lembrei do dia do nosso casamento- Magnus ainda chorava emocionado enquanto recebia um abraço forte de Alec que também se emocionou.

-Docinho... Eu sabia que você ia se lembrar, alguma hora você ia se lembrar, eu tinha certeza- Se afastou um pouco e encheu o rosto do indonésio de beijos indo para o pescoço e segurando as mãos do mesmo as beijando também, talvez aquilo fosse resultado da sua felicidade, felicidade essa que estava estampada no rosto de ambos -Aos poucos outras lembranças vão aparescer, mas me conte agora como se recordou do dia em que casamos?-

-Eu estava lendo alguns poemas e do nada começaram a me vir certos... flashs, então me concentrei e consegui me lembrar, foi meio estranho na verdade e minha cabeça está doendo um pouco mas a felicidade que invadiu meu peito compensa tudo isso- Um grande sorriso dominava o rosto de Magnus fazendo com que os olhos de Alec brilhassem cada vez mais.

-Não faz ideia do quanto estou aliviado, isso é um sinal que o resto de sua memória pode voltar sim, não sabemos quando mas sabemos que pode voltar, tem noção disso? Podemos ter esperanças incríveis- Voltou a abraçar Magnus como uma criança em que acabou de ganhar um urso de pelúcia, o abraço mais apertado e ao mesmo tempo mais cuidadoso possível.

-Alec... teve algo muito esquisito nas minhas lembranças-

-O que exatamente?-

-Sua mãe estava de mãos dadas com o Luke e meu pai estava de mãos dadas com Robert-

-Bem... como eu disse... Muitas coisas aconteceram nestes 5 anos-

-Quando o acidente aconteceu, eu havia feito as pazes com meu pai então?-

-Vocês voltaram a conversar mas não sei se o perdoo de coração, digamos que tinham um relacionamento complicado de pai e filho, ainda existiam certas mágoas mas no fundo você o amava e ele tentava de todas as formas demonstrar que se arrependeu, até que certo dia vocês dois saíram juntos para almoçar fora, aos poucos estavam tentando construir uma relação saudável, mesmo que fosse difícil. No meio do caminho um carro desgovernado veio em sua direção e o resto... você sabe-

-Ele salvou minha vida e foi atropelado em meu lugar. Perdi a memória e quebrei o pé quando fui empurrado com força e cai de mal jeito batendo a cabeça, o que me levou a ter coma por um mês me deixando fraco, mas logo meu pé melhora e minha memória começou a voltar hoje. Mas... eu só não entendo o por que de meu pai não querer me ver por enquanto, eu já disse que não ligo se está com cicatrizes feias ou algo do tipo, eu quero ver ele-

-Por favor, vamos respeitar a vontade do seu pai, logo vocês dois vão se reencontrar, mas não por enquanto, não por agora- Se desvencilhou do abraço e encarou aqueles olhos puxados que tanto amava -Pode ler algum de seus poemas pra mim?-

-Você já deve ter visto todos-

-Mas só decorei 16, por favor, leia algum da página 28 ou algo assim, não me lembro qual era o dessa página-

-Está bem- Sorriu um pouco tímido sendo encarado pelos oceanos de Alec que ainda ficava deslumbrado com aquilo, era tão raro ver as bochechas de Mag corar e agora recentemente isso estava acontecendo com frequência.

Bane abriu a página 28 e começou a ler.

"Peças e peripécias

A vida é cheia dessas

Horas as vezes calmas

As vezes desconexas

Tudo acontece tão rápido

As vezes tão devagar

Depende de com quem está

Não do lugar

Rimar pode ser fácil

Para alguns sim

Para outros não

Mas o importante dessas rimas

São quando atingem o fundo de seu coração

Ok, sei que exagerei e isso foi muito meloso

Mas fazer o que se perdo a noção do exagero quando se trata de ti

Meu gostoso

(espera, desconsidera essa Alec, pula pra página 29 logo porque a 28 foi um fracásso e está escrito de caneta no verso da pág 27) "

Parou de ler e começou a dar risadas junto com o Lightwood.

-Você disse que não se lembrava qual era o da página 28 mas garanto que fez isso de propósito-

-E você ficou vermelho ao ler o final dele, missão cumprida-

-Eu tentei te deixar corado nos últimos 5 anos?-

-Várias vezes e sempre conseguia. Espera um momento...- Alec do nada ficou paralisado como quem acabara de ver fantasma.

-O que houve?-

-Eu tenho alguns videos de nós dois. No seu aniversário à uns 3 meses atrás eu te acordei com o celular em mãos nos gravando, meu objetivo era gravar pedaços do nosso dia e futuramente assistirmos como lembrança, salvei no meu e no seu pendrive também como segurança, espere um momento- Retirou o celular do bolso e entrou em um dos videos que ambos tinham juntos.

*Inicio do video*

-Magnus, acorda- Alec cutucava Mag que estava deitado sem camisa dormindo -docinho, acorda-

-Oi- O indonésio abriu um pouco os olhos mas os fechou logo em seguida, estava nitidamente com sono.

-Feliz aniversário. Está na hora de levantar-

-Nós fomos dormir 03:00, de onde surge tanta disposição em você pra acordar cedo?- 

-Hoje é o aniversário da pessoa mais importante no mundo-

-A pessoa mais importante quer acordar as 10:00-

-Mas o marido da pessoa mais importante está ancioso para que ele levante e veja o café da manhã especial-

Magnus esfregou os olhos enquanto bocejava e os abriu percebendo a câmera.

-Alexander, pra que isso?-

-Ué, precisamos registrar alguns momentos-

-Estou sem maquiagem- Tentou esconder o rosto no travesseiro.

-Eu já disse que fica lindo de qualquer jeito, além do mais, só nós dois vamos ver esse video então não precisa esconder-

Magnus sorriu e o puxou para um beijo lento em que foi muito bem correspondido.

-O que seria de mim sem você? Pretty boy- Foi um quase sussurro no ouvido de Alec mas a câmera que estava virada para os dois capitou muito bem o que foi dito.

Alec deu um sorrisinho e foi beijado novamente.

-Eu que não sei o que seria de minha pessoa sem você- Alexander respondeu vendo Magnus se levantar -Docinho, o que vai fazer?-

-Eu vou pegar minha toalha e ir tomar banho, você pode desligar essa câmera e me acompanhar para mais tarde continuarmos gravando nosso dia ou pode sentar na porta do banheiro e se gravar enquanto nós dois conversamos. A primeira ideia me paresce bem melhor-

-Concordo com você- Alec sorriu olhando Magnus tirar a calça e logo o puxar.

O celular caiu na cama e a imagem ficou preta, era possível escultar alguns barulhos não identificados e ambos gemeram baixinho, foi quando algum deles se lembraram da câmera e decidiram desligar antes que algo a mais fosse capiturado.

*Fim do video*