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História Fix You - Epilogo


Escrita por: MaryFicwriter

Notas do Autor


Hey, gente.
Bom, como já agradeci tudo que devia no capitulo anterior não vou voltar fazê-lo aqui, né?
Ah, o epilogo ficou tão longo quanto o último, espero que não sejam preguiçosos, e leiam, haha.
'Fix You!' na reta final, recebeu mais duas recomendações no Nyah!Fanfiction, então o último capitulo é dedicado á Magic Mushroom e SayanGirl, ambas eu já agradeci por MP, mas aqui vai de novo o meu MUITO obrigado.
E do leitores do Social eu dedico ao Nanally-chan, pelo comentário maravilhoso no capitulo 12.
Aos demais, boa leitura.

Capítulo 13 - Epilogo


Fix You

– Como você acha que vai ser a partir de agora? – O de olhos azuis questionou Sasuke, este estava deitado ao seu lado sobre o capô do carro laranja metálico, um braço apoiava sua cabeça e o outro estava esticado, acomodando a cabeça cheia de fios claros.

Sasuke não respondeu de imediato, ficou em um silêncio reflexivo por alguns segundos; talvez dois ou três minutos. Naruto chegou a pensar que o moreno não responderia seu questionamento, e, assim sendo, sentou-se no automóvel para fitar o Uchiha nos olhos.

– Teme? – Chamou-o, vendo que o de olhos negros nem se dignou a olhá-lo. Parecia que aquele céu infinito e cheio de estrelas parecia muito mais interessante do que o Uzumaki naquele momento.

O Uchiha estava estranho.

Naruto reparou naquilo desde o momento que grande maioria dos alunos decidiu que, ao fim do baile, iriam ao parque que havia ali perto para finalmente desfrutarem como formandos, o que se resumia em beber até vomitar, ficarem loucos da cabeça, tirar suas roupas e pular no lago. Na presença de tantos professores eles não podiam comemorar como deviam, assim pensavam.

Kiba, inclusive, estava lá e já havia jogado a Yamanaka nas costas e saltado na água como um rebelde sem causa, mesmo com os gritos da loira para não fazê-lo, pois iria estragar o penteado que ela demorou horas para fazer.

Ele não pode estar zangado por causa da flor ainda, pode? – Questionou-se o de olhos azuis em pensamento.

Naruto agarrou as laterais do rosto mais pálido, trazendo-o para si. Ônix e cerúleos em uma batalha muda de entendimentos, nenhum ousando piscar ou desviar o olhar duro que se dirigiam. Como o Uzumaki gostaria de ter o poder de ler mentes naquele momento e desvendar o que aquela feição indiferente estampada no rosto do Uchiha significava.

Que merda!

Os azuis foram os primeiros a piscar quando um suspiro enfadado escapou dos lábios de Naruto, que cerrou as pálpebras em seguida.

– O que há com você hoje? – questionou, largando o rosto do Uchiha e virando-se para frente, vendo Kiba perseguir a garota loira pelo lago, esta nadando rapidamente e gritando desesperada pela ajuda de Tenten, que só fazia rir. – Você está estranho, mais que o normal, é claro. – pontuou com um leve tom de riso enquanto passava a mão no rosto para amenizar o nervosismo.

Ele não gostava de não estar a par do que estava acontecendo.

Sasuke se sentou ao lado do rapaz, mas não olhou em sua direção, olhou para o lado oposto, vendo Hinata sentada na grama tentando puxar conversa com Shino. Até agora o Uchiha não tinha entendido porque o rapaz de óculos escuros chamou a prima de Neji para o baile se nem sequer conversava com ela.

– Não tem nada acontecendo. – Ele retrucou, suspirando em seguida enquanto vestia o paletó, voltando sua atenção para a grama.

– Ah, não? – o de olhos azuis questionou, voltando-se para o Uchiha, este agora saltava para o chão. – Você está estranho desde que te vi falando com Sarutobi-san; aliás, o que o velhote queria com você?

Sasuke repreendeu o de olhos claros apenas com um olhar por cima dos ombros. Naruto era um desbocado, devia aprender a ter respeito pelos outros.

– Nós falamos sobre isso depois. – Respondeu brandamente.

– Depois? – O menor apertou os olhos de maneira perigosa. – Por que não agora?

– Porque agora eu quero ir pra casa. – Concluiu com um tom de que a conversa estava encerrada. – Podemos? Está tarde... – Observou, checando o relógio de pulso.

Naruto cruzou os braços e puxou as pernas para cima do capô do automóvel, indicando de forma muda que não sairia dali.

– Me diga o que está acontecendo, Bastardo. – Objetou. – Eu tenho a noite toda, e todo o tempo do mundo.

O de olhos negros virou-se para o mais novo com a expressão em branco. Se Sasuke não desfizesse aquela feição da qual o Uzumaki não conseguia ler sequer uma linha de expressão, o loiro iria obriga-lo a fazê-lo.

Eles entraram em mais um confronto de olhares. E desta vez não durou por muito tempo, pois alguém acabou por deixar algo cair, o que causou um som surdo contra a grama e chamou a atenção dos rapazes, que viraram suas atenções para a esquerda ao mesmo tempo.

Sakura, agora de pés descalços, pisava com força contra o chão, segurando a barra do vestido cor Pink. Marchava enfurecida em direção a um rapaz moreno que agora recolhia três livros no chão.

– Está fazendo errado de novo! – exclamou ela, tomando um livro grosso da mão do moreno e acertando a cabeça deste com o objeto. – Quantas vezes terei de repetir, Lee?! Postura ereta!

Naruto fez uma careta para a cena. Era aquilo que ele teria de aguentar?

Foi no mínimo uma surpresa para todos os estudantes quando a menina de cabelos cor-de-rosa surgiu no baile acompanhada do jogador do time de Suna.

Justamente a Haruno com alguém como Rock Lee.

– Mas, Sakura-san, não é tão fácil quanto você pensa...

– Você está me dizendo que não consegue, Rock Lee? – Ela exclamou fechando os punhos com força e Sasuke quase pôde ter certeza de que viu o brilho de uma brasa nascer nos olhos verdes.

– De maneira alguma, Sakura-san! – O rapaz respondeu, colocando os dois livros sobre a cabeça, ficando aliviado por ver a rosada suspirar e sorrir em seguida, colocando o terceiro livro sobre sua cabeça e lhe dando um beijo no nariz.

– Continue assim, e podemos chegar a algum lugar. – Ela garantiu a ele enquanto tocava seu queixo com o dedo indicador, então afastou-se para sentar-se junto de Tenten em um extenso banco que havia ali, vendo o recente affair caminhar em uma postura ereta, a qual ela julgava correta.

Se tudo tinha conserto nesta vida, ela também poderia se dar a chance de ser feliz com alguém que lhe admirasse. Lee não tinha tudo que ela gostaria em um garoto, mas tinha sentimentos verdadeiros por ela, e isso bastava.

Tentaria aprender com seus erros.

– Eu estou realmente com pena de você! – Naruto falou quando Lee aproximou-se dele e de Sasuke. – Sakura-chan é páreo duro! – Riu.

Lee parou de equilibrar-se como conseguia e virou-se para o loiro.

– Eu sei! – Exclamou com um sorriso enorme. – Não é perfeito? Ela é tudo que eu sempre desejei: inteligente, bonita, de personalidade e grande força! – Seus olhos ganharam um brilho sonhador.

– Eu fico feliz que esteja dando certo sobrancelhu... – Travou sua fala ao fitá-lo melhor. – O que aconteceu com suas sobrancelhas?

– Oh! – Ele abriu um grande sorriso ao mesmo tempo em que passava uma das mãos na sobrancelha. – Você notou?

– Não tem como não notar. As taturanas que estavam em cima dos seus olhos viraram... Minhocas! – Apontou.

Lee, por incrível que pareça, não se ofendeu com a hostilidade do Uzumaki e sorriu ainda mais, alisando a sobrancelha agora delineada.

– Ideia da Sakura-san! Ela disse que eu ficaria bem melhor se tirasse. – Contou. – Ela mesma quem fez, vocês gostaram?

– Eu acho que sou melhor designer que ela. E você, Teme, o que acha? – Questionou-o, voltando-se para Sasuke, que parecia mais interessado na conversa de Shino com Hinata. Franziu o cenho. – Teme! – puxou-lhe um punhado de fios pretos.

– Ai, Naruto! – Reclamou, agarrando o pulso do loiro com muita força, fazendo este largá-lo. – Qual é a sua tara em puxar o meu cabelo, hein?

– Eu estou falando com você! Por que está tão aéreo hoje? – Alterou o tom de voz.

– Vai querer mandar nos meus olhos agora, Uzumaki? – Questionou o de olhos negros com um tom debochado. – Eu vou olhar para onde eu quiser.

Mas hein?

Agora ele estava descontando sua raiva em Naruto? Por quê? O Uzumaki nem sabia o que estava se passando. Qual era a de Sasuke dando pití agora? Ah, mas não ia mesmo. Naruto tiraria a resposta, nem que fosse a força!

– Escuta aqui, Teme! – Apontou-lhe o dedo na cara. – Eu não sei o que aconteceu, mas não venha descontar em mim a sua frustração. E menos ainda mude de assunto.

– Eu mudando de assunto? Quem está se comportando como uma garota psicótica por causa de ciúme idiota aqui é você, Usuratonkachi! – Retorquiu, acertando um tapa na mão que lhe apontava o indicador de forma acusatória.

– O-Oi... – Lee tentou intervir.

– Não se meta! – O Uchiha e o Uzumaki falaram ao mesmo tempo, fazendo o rapaz de cabelo com corte de tigela erguesse as mãos em rendição.

– Desculpem, mas vocês não deviam discutir hoje... Quer dizer, hoje é um dia especial para todos e...

– Ah, Lee, você ainda não nos viu discutindo. – Retorquiu o Uzumaki, fitando Sasuke com os olhos azuis brilhando de forma presunçosa. – Você não vai me dizer o que está acontecendo? – Os cantos de seus lábios se moveram para cima.

Sasuke arqueou uma fina sobrancelha para o sorriso que se formou nos lábios do rapaz de cabelos claríssimos.

– Eu já disse, falamos sobre isso depois.

– Ótimo. – Naruto abriu um sorriso ainda maior, enquanto descia do capo do carro em um salto, afrouxando o laço da gravata em meio ao processo e entregou-a a Lee, que ainda não entendia nada. O de olhos escuros franziu o cenho. – Não diga que não te dei chances. – Precatou, olhando o moreno por cima dos ombros; arrancou o paletó, também jogando a peça para o jogador de Suna College.

– O que quer dizer com-

Antes completar a questão, Sasuke foi jogado no ombro do Uzumaki. Os ônix se arregalaram com a surpresa, e antes que o moreno pudesse fazer um escândalo sobre o que acabara de ocorrer, o loiro se pôs a gritar:

– Kiba, abre espaço! Eu 'tô chegando! – Kiba abriu um sorriso tão grande quanto o do Uzumaki enquanto se afastava para a beira do lago e via o amigo caminhar até ele, os passos ganhando força, até começar a correr pelo gramado com Sasuke em seus ombros.

O Uchiha desesperou-se ao notar o que o namorado faria. Debateu-se.

– Naruto! Eu to avisando, me coloca no chão, senão...

– Eu te dei a chance de resposta, Bastardo. – Interrompeu. – Arque com a consequência dos seus atos... – Foram as últimas palavras que teve tempo de ouvir antes do loiro saltar no lago, fazendo uma grande quantidade de água espirrar para o alto e molhar as garotas que estavam por perto, estas gritaram.

Quando o Uchiha voltou à superfície, agora totalmente encharcado, deu falta do rapaz de olhos azuis. Passou as mãos pelos fios negros, quando viu, um pouco mais distante de si, um punhado de fios loiros surgirem em meio a água juntamente com um par de olhos azuis que quase sorriam.

O brilho debochado que os anises transmitiam fez uma veia saltar na cabeça do moreno, que mais do que rápido se guiou para perto do mais novo.

– Faça isso de novo e eu... – Empurrou o loiro para baixo d’água novamente. – Te mato!

Os braços de Naruto começaram a debater-se, estava com falta de ar. Agarrou o antebraço de Sasuke e puxou-o para profundeza do lago junto com ele, fazendo afogar-se também.

Shikamaru perguntou-se se seria idiota questionar aos dois se eles já haviam saído do jardim-de-infância.

O afogamento continuou por mais alguns segundos, Naruto foi o primeiro a desistir, soltando o moreno e se afastando um pouco, o que consequentemente fez o Uchiha largá-lo.

Correu as mãos pelos fios claros, deixando-os completamente alinhados para trás para logo após sacudir a cabeça, tentando afastar toda aquela água de seus cabelos.

– Ótimo, Teme, agora eu estou surdo! – Reclamou, cutucando a orelha o dedo mindinho, tombando a cabeça para o lado e dando tapas na tentativa de tirar a água de seus ouvidos, vendo o moreno também voltar à superfície, jogando os cabelos para trás e lhe lançando um olhar mortífero logo após. Mordeu a língua na tentativa de segurar a gargalhada que queria escapar de sua boca ao ver o estado do outro.

Pegando impulso com os braços, o loiro nadou até Sasuke, não dando a mínima se os ônix brilhavam de tal forma que pareciam ganhar um tom escarlate.

Ele sabia o que fazer para o Teme desfazer aquela cara irritada.

– Nem adianta me olhar assim, a culpa é sua. – Acusou, chegando próximo, e quando o alcançou, lhe tirou os fios pretos e molhados da frente da pele branquíssima. – Se tivesse me dito, não estaríamos assim. – Apontou.

Sasuke virou o rosto para o lado oposto com as feições irritadas, e Naruto mordeu as bochechas para não rir do outro, que agora ficava com as maçãs do rosto mais rosadas; talvez pela vergonha, talvez pela raiva.

O Uzumaki beijou-lhe a bochecha de forma demorada, o de olhos negros tentou empurrá-lo, mas foi impedido quando o loiro passou o braço pela sua cintura. Logo depois o mais novo trilhava os lábios para próximo ao lóbulo de sua orelha.

Apreensivo, o Uchiha agarrou seu ombro, tentando afastá-lo de si, advertindo entre dentes:

– Não estamos sozinhos aqui, imbecil! – Impôs mais força em seus braços, querendo afastar o de olhos azuis de perto de si, e a boca deste de perto de seu ouvido. A sensação da carne quente lhe provocando estava causando um formigar em seu baixo-ventre.

– Ah, fala sério, Uchiha! Para nós, que já vimos coisa pior entre vocês, isso não é nada! – Foi Kiba quem gritou em alto e em bom som, rindo em seguida, e trazendo a atenção da maioria dos estudantes para os dois rapazes dentro do lago.

Sasuke fuzilou o de olhos azuis, este se afastou, voltando a afundar-se na água, fugindo de tanta atenção com as bochechas com marquinhas ficando vermelhas. Deixou Sasuke sozinho na superfície, desolado e irritado.
 

* * *
 

Os dentes do Uzumaki prenderam-se ao lábio inferior do moreno com força para conter um grunhido prazeroso que ameaçava escapar de suas cordas vocais enquanto Sasuke investia contra si vigorosamente.

Uma mão do moreno estava posicionada no travesseiro ao lado da cabeça cheia de fios claros, enquanto, com a outra, ele acariciava a extensão da coxa direita até o quadril, onde fincou as unhas, buscando tomar mais impulso para manter aquele vai-e-vem primoroso, perfeito.

Naruto sentia o coração palpitar e o sangue bombear em suas veias. Seu corpo queimava na ânsia de chegar auge. Seus olhos não se desprenderam dos ônix por um segundo, perdia-se no meio daquela escuridão.

O Uchiha fitou a boca ligeiramente aberta e agora mais vermelha devido aos beijos que trocaram anteriormente, não se conteve e abaixou mais seu corpo, colando seu peito ao do loiro e lhe tomando os lábios de forma afoita.

Ansiando sentir mais dele.

Naruto arfava, sentindo a carne quente entrar e sair de dentro do seu corpo com destreza, quase sempre lhe acertando a próstata. O Uzumaki passou os braços ao redor do pescoço do rapaz acima de si, abraçando-o com ternura, colando seu rosto na curva do pescoço pálido, mordendo-lhe o ombro para conter um som necessitado.

Se Mikoto ou Itachi acordassem, ele passaria uma vergonha maior do que a que a de alguns dias atrás.

– Me toque, Sasuke. – Pediu em um sussurro, e a mão que antes repousava em sua coxa guiou-se em direção o seu baixo-ventre. Os dedos longos logo estavam em torno de sua ereção, masturbando-a comedidamente.

As mãos que estavam ao redor do pescoço do Uchiha foram levadas até o traseiro pálido, que o Uzumaki apertou com gosto, puxando-o ainda mais de encontro a si, ouvindo o moreno grunhir em seu ouvido quando o sexo deste adentrou mais profundamente seu corpo.

O interior do Uzumaki se comprimiu em volta do órgão do Uchiha e o moreno chegou ao seu limite. O loiro, ao sentir que o parceiro estava próximo ao auge, não mais se conteve, arqueou o corpo em cima do colchão, escondendo suas íris ao fechar as pálpebras com força e seus lábios se abriram em um grito silencioso de satisfação, ao mesmo tempo em que suas unhas se cravaram na carne pálida do dominante acima de si; aquilo com certeza deixaria marcas mais tarde.

Sasuke fez um som de reprovação com a garganta, Naruto sorriu em meio aos olhos enuviados de prazer.

O moreno deixou seu corpo padecer sobre o de olhos azuis, ambos tentando acalmar seus batimentos cardíacos e o ritmo de suas respirações. Naruto acariciou os fios negros com carinho depositando beijos carinhosos no topo da cabeça do Uchiha, este por sua vez acariciava o quadril do loiro.

– Essas marcas vão ficar aí por semanas. – O de tez pálida foi o primeiro a cortar o silêncio. Rolou para o outro lado da cama, saindo de cima do Uzumaki.

– Essa é ideia, sabe? – O menor riu levemente, puxando os fios claros e suados que caiam na frente dos seus olhos e grudavam em sua testa. – Eu gosto de marcar o que é meu, Teme.

Sasuke, que agora deitava para o sentido oposto ao do rapaz de olhos azuis, deu um pequeno riso pelo nariz. O Uzumaki lhe abraçou, beijando as costas brancas com carinho e guiando seu nariz até a nuca cheia de fios escuros, inalando a essência do Uchiha com devoção.

– Assim ninguém chega perto. – Completou, beijando a nuca do mais velho.

– Como se eu fosse deixar alguém encostar aqui além de você, Usuratonkachi. – O moreno rebateu. Os cantos de seus lábios se repuxaram levemente e o Uzumaki teve de cessar a sessão de beijos que distribuía na nuca do moreno. Anises se arregalaram.

Puxando com pressa o ombro de Sasuke, o loiro depositou a palma da mão sobre a testa do Uchiha.

– Você está doente, Sasuke? Não foi uma boa temos entrado no lago. ‘Tá com febre? – Questionou com o olhar preocupado e indagador, agora descendo sua testa para tocar a sua com a do Uchiha; no entanto, foi empurrado a distancia pelo mais velho.

– Não seja idiota. – Resmungou.

– Ah, é que você concordar comigo e sorrir, para mim, é sinal de doença. Ou talvez o mundo esteja acabando. – Falou. Em seguida, abriu a cortina e olhou pela janela esperando ver uma bola de fogo gigante vindo na direção da Terra.

Ônix giraram em descaso e impaciência. Naruto era mesmo um idiota.

– Cala a boca, Dobe. E vamos dormir, eu estou cansado. – Reclamou, virando-se e buscando o edredom de cor azul para cobrir ambos os corpos.

Naruto grunhiu contrariado, mas voltou a se alinhar atrás de Sasuke, como antes, passando o braço por cima da cintura para abraçar o outro. No entanto, o Uchiha lhe agarrou a mão e segurou-a acima do peito.

Sobrancelhas loiras franziram em questionamento.

Já era o terceiro comportamento estranho da noite.

Primeiro, Sasuke age estranho, lhe escondendo coisas das quais ele sabia que o loiro devia saber; ao menos era isso que Naruto pensava, já que o Uchiha ainda não havia lhe dito o que o diretor conversara consigo durante a formatura. Segundo, ele concorda consigo e sorri por uma piada idiota feita pelo Uzumaki. E em terceiro, lhe trata com carinho após o ato que acabara de ocorrer?

– Quando eu digo que não te entendo eu não minto, Teme. – Sussurrou com um sorriso singelo nos lábios.

Nenhum som mais ecoou pelo quarto, apenas o suspirar do Uchiha. O Uzumaki pensou que este já tivesse caído no sono, e decidiu que iria se entregar a Morfeu também. Aconchegou seu rosto na dobra do pescoço do outro e suspirou, evidentemente relaxado.

– Eu te amo. – O tom de voz, apesar de soar baixo, conseguiu fazer com que Naruto abrisse os olhos abruptamente em surpresa. Seu coração disparou, talvez até batesse mais rápido que instantes atrás.

O Uzumaki praguejou em pensamento o instante em que o tom grave segredou-lhe aquelas três palavras, e, em pensamento, ele anotou:

Ok, quarto comportamento estranho da noite.
 

* * *
 

– Então deixa ver se eu entendi. – O ruivo começou, alisando o rosto cansado pela conversa repetitiva. – Ele disse: eu te amo e você calou a boca, como o Baka que você é?

O Uzumaki terminou de sugar a Coca-cola do canudo com presa para rebater a questão imposta por Gaara.

– Não é a questão do ‘eu te amo’, Sabaku! – Apontou. – É a situação toda, você não ouviu o que eu acabei de te contar? Ele vai embora! E se vai embora, por que dizer que me ama?

Os olhos verdes reviram-se em descaso.

Quando o loiro lhe ligou naquela manhã, não pensou que o convite para encontrarem-se no Shopping fosse resultar em um monólogo e que ele teria de bancar de psicólogo.

Isso é sério mesmo?

– Eu não acho que o fato do babaca do Uchiha ter usado as “três palavras mágicas” – fez aspas com as mãos – seja motivo para ignorá-lo por três dias e agir como um burro sem causa. – Pausa pensativa. – Se bem que você agir como um burro é normal, então... Continue, por favor.

Os olhos azuis se estreitaram em aviso.

– Por que eu estou pedindo conselhos pra você?

– Boa pergunta. Quando descobrir a resposta, me avise. – Sorriu de forma provocativa.

Encararam-se diretamente nos olhos, buscando entendimento em ambas as partes, até Naruto desistir e suspirar, pegando uma batata frita e levando à boca.

– Kiba está agindo como um idiota, não desgruda mais da Yamanaka. – Comentou, mostrando ao ruivo que ele havia mesmo pensado em um motivo para convidar o ruivo para desabafar ao invés do melhor amigo.

Gaara deu um pequeno riso com aquela constatação.

– O Nara também não desgruda de lá de casa – comentou, olhando em volta da praça de alimentação – desde que Kankuro foi para aquele intercâmbio no Canadá... – Ele viu Naruto lhe lançar um olhar significativo. -... Ah, como está sua mãe?

– Cala a boca. – Murmurou pesaroso. – Não acho que o fato do Teme estar preparado para aceitar uma bolsa na America seja algo ruim, é só... Parece que, ao me dizer aquilo antes de me contar sobre a viagem, ele colocou a escolha na minha mão.

Gaara deu um riso pelo nariz, para logo após um repuxar de lábios tomar o seu rosto em uma expressão presunçosa.

– Por favor, Uzumaki. Estamos falando do Uchiha. – Objetou. – Acha mesmo que ele é como aquelas meninas imbecis que até para irem ao banheiro precisam da opinião do parceiro? – Riu levemente ao notar as sobrancelhas loiras se juntarem e o Uzumaki fazer uma careta ofendida.

Até que Naruto percebeu que a constatação do ruivo fazia sentido.

– Talvez você tenha razão... – Retorquiu pensativamente.

– Eu sempre tenho.

Sasuke disse que o amava naquela madrugada, no entanto o Uzumaki não respondeu, ou melhor, o Uchiha ganhou como resposta um alto e fingido ronco. Na manhã seguinte, o moreno lhe contou sobre a viagem.

Como assim o Uchiha iria fazer intercâmbio de três anos para cursar administração na faculdade da Califórnia? E como ele lhe conta sobre isso depois de tanto tempo?

Uma traição; era como o Uzumaki julgava.

Após uma discussão fervorosa, na qual o Uzumaki mais gritava do que conversava, o Uchiha explicou que havia se inscrito para o programa que lhe daria a bolsa na universidade há alguns meses. Por ser um dos melhores alunos, acabou por conseguí-la, e era este assunto que Sarutobi lhe explicava durante o baile; o próprio Uchiha tinha se esquecido desta inscrição. Claro, com toda reviravolta que aconteceu no fim do ano e na vida dos dois colegas de classe, não era de se surpreender que Sasuke esquecesse de um detalhe tão pequeno.

– Por que ele não me disse? – Comentou pensativamente em um tom totalmente quebrado. Só pensar na possibilidade de ficar afastado do moreno durante tanto tempo lhe machucava.

Para de se comportar como um dependente químico, imbecil! – A consciência deu um tapa em sua nuca.

Exato, ele não era dependente de Sasuke; viveu maravilhosos 16 anos de sua vida sem conhecê-lo, por que iria se comportar como uma garota dependente justo agora? Se Sasuke quisesse ir para o quinto dos infernos, ele que fosse e...

– Pega. – Ele ouviu o tom brando do ruivo lhe pedir. Naruto ergueu os olhos para frente e viu Gaara ceder-lhe um guardanapo. – Se for começar a chorar agora é melhor que não me envergonhe.

– Idiota! Eu não ‘to chorando! – Esbravejou, ultrajado.

– Claro que não está. – Ironizou. – Lavar os olhos de dentro para fora é supernormal hoje em dia, Uzumaki.

Naruto passou o punho sobre os olhos e notou que estes estavam mesmo úmidos pelas lágrimas que estavam prestes a cair.

Pura reação fisiológica!

– É alergia. – Retrucou.

– Sim, quando eu como no McDonald’s também desabo em lágrimas; uma coisa! Você precisa ver. – Debochou, segurando uma risada que brotou na garganta. Naruto fechou a expressão. – Qual é, loiro, relaxa. Não era você que vivia tirando uma com a minha cara?

– Não o suficiente, pelo jeito. – Respondeu o de olhos azuis. – Mas vamos mudar de assunto, chega de falar de mim! Vamos, me diga: como vão as coisas com a tal Tayua...?

– Tayuya! – Explodiu. – Por que todo mundo erra o nome dela?

– Por que é difícil? – Riu. – Mas então, ela te encheu pelo telefone mais cedo não é? Namorada?

– Irritante. – Respondeu.

– Ahn?

– Isso mesmo. Ela é irritantemente... Irritante! – Contou. – Fala demais, cobra demais, exige demais... – Exclamou, finalmente feliz em falar sobre algo que não fosse os problemas do loiro a sua frente e por estar desabafando com alguém que não fosse Lee.

– Você está com a Sakura-chan? – Questionou, rindo em seguida.

Gaara dobrou o pescoço para a direita em uma feição irritada.

– Parei.

– Enfim, eu achei que as coisas com ela dariam certo, porque de alguma forma ela me lembrava... – Travou, pigarreando em seguida.

– Ela te lembrava...? – Anises ganharam um brilho curioso.

– Alguém. – Pontuou. – E, no fim, percebi que não teria dado certo, nem com ela, nem com... Alguém. – Voltou a pontuar, fitando os olhos azuis, sabendo que o Uzumaki era um lerdo.

– Sério? Poxa, que chato. – Torceu o nariz, coçando a nuca em seguida.

– Sem dúvidas. – Concordou. – Alguns são muito guerreiros em suportar pessoas tão faladeiras, hiperativas e mal-educadas.

– Ah, pode apostar, o Teme tem muita paciência. – O loiro comentou com casualidade e um sorriso filho da puta nos lábios, vendo os olhos verdes esbugalharem-se. – O quê? Acha mesmo queeu não sabia?

Ok, talvez o Uzumaki não fosse tão lerdo. Só um pouco.

– Desde quando?

– Desde sempre. – Apoiou o cotovelo sobre a mesa. – Mais especificamente no dia que você só faltou cortar os pulsos de tanta inveja que sentiu da Sakura, quando vim encontrá-la aqui.

– Como esse ego enorme cabe dentro de você, hein? – Questionou.

– Ah, pare de ser tão chato, Sabaku! – Guinchou, aproximando-se do ruivo para erguer os cantos do lábio deste com os dedos para forçar um sorriso. – Relaxa, seu segredo está guardado comigo.

– Uzumaki, você é um...

– Pinto pequeno. – O corte na frase do Sabaku não fora feito por Naruto, e sim por uma terceira voz. Ambos viraram para o lado, encontrando um rapaz de tez muito pálida, cabelos lisíssimos e roupas extravagantes: cropped top preto com a estampa prateada de uma caveira, calça jeans de cós baixíssimo e sandálias de dedos nos pés. O sujeito carregava duas sacolas de lojas de roupas em uma mão e uma bolsa Michael Kors, preta e de alça comprida, em um dos ombros, esta foi ajeitada antes de ele voltar a pronunciar: – Você por aqui?

Meu Santo ramén, para que tudo isso?

– Sabe, Sai, eu acho que qualquer pessoa que te ver num raio de um quilômetro nota que você é gay, não há necessidade de toda essa exposição, amiga. – O Uzumaki caçoou.

O de olhos negros ergueu uma sobrancelha pela ofensa.

– Olha só quem está falando. – Fez cara de nojo. – Aliás... – Observou com cautela a mão do Uzumaki, ainda pousada sobre a face do rapaz ruivo e de olhos verdes. – Seu lance com Sasuke-kunfoi tão rápido assim?

As sobrancelhas de Naruto se juntaram. Ele depois se voltou para onde a atenção de Sai estava focada, notando que ainda segurava o rosto do ruivo e estava próximo dele.

– Cala a boca, Sai, idiota! – Esbravejou, largando o rosto do ruivo e virou-se novamente para o colega de escola. – Eu estou com o Sasuke, e nós não temos um lance, seu babaca. Estamos juntos.– Pontuou, percebendo o tom de flerte com que o rapaz de cabelos lisos pronunciou o nome do seunamorado.

– Oh! – Ele levou a mão à boca, mostrando suas unhas de tamanho médio, muito bem-feitas e pintadas com base. – Sendo assim... – Empurrou o loiro de seu assento, fazendo-o cair no chão, e tomou seu lugar, próximo a Gaara. – Sou Sai. – Estendeu a palma da mão para ruivo com um sorriso nos lábios.

Anises se reviram enquanto um sorriso brincava na boca do Uzumaki.
 

* * *
 

Naruto dedilhava livro a livro com o dedo indicador.

O que ele fazia na biblioteca do shopping era uma incógnita para si. Talvez só quisesse matar o tempo que poderia estar pagando de vela para Sai e Gaara, naquele exato momento conversando na praça de alimentação.

Pegou um exemplar de Convergente, de Veronica Roth. Lembrava-se que na semana passada ele e Kiba haviam ido assistir Em Chamas, e muitas meninas escandalosas na sala de cinema comentavam sobre essa série, que seria muito parecida com o filme que assistiam.

O filme era muito bom, será que o livro tão parecido seria interessante também? Não é como se ele fosse comprar, é claro. Ele detestava ler.

– Sabe, você devia começar pelo primeiro. – O livro que folheava foi tomado de suas mãos, e colocado de volta na prateleira, sendo substituído por Divergente. – Não vai querer saber o fim antes do começo. – O tom feminino e pequeno lhe disse.

Naruto coçou a nuca de forma acanhada, encontrando os olhos perolados de Hinata, vestida em um avental de cor azul, cabelos presos em um rabo-de-cavalo no topo da cabeça e um pequeno e tímido sorriso.

O local era pequeno, apertado, escuro e lotado de livros nas prateleiras. Definitivamente deviam limpar aquele lugar direito: o cheiro se assemelhava a pó, umidade e coisas velhas. E para completar, o rádio tocava músicas clássicas. Naquele momento podia-se ouvir a voz grave de Pavarotti ao som de Nessun Dorma.

Isso não atrairá muitos clientes... – Pensava o loiro.

O shopping tinha várias livrarias todas impecavelmente limpas e organizadas. Perguntava-se o porquê daquela ser abandonada e as pessoas quase não entravam no local; agora o Uzumaki entendia.

– Não sabia que estava trabalhando aqui, Hinata. – Comentou o Uzumaki, seguindo a Hyuuga que agora tirava alguns livros de uma prateleira alta e entregava ao de olhos azuis.

Desde quando eu me ofereci para ajudar?

– Ah, sim. Preciso de um emprego para matar o tempo, e também já preciso começar a economizar para a faculdade. – Ela explicou, passando o espanador sobre uma prateleira e fazendo o pó cair em frente ao de olhos azuis. Naruto espirrou.

– É bom saber que você já encontrou algo tão rápido. - Comentou, colocando alguns livros excessivamente pesados em uma caixa de papelão ao seu lado, batendo em sua camiseta para limpar o pó que nela estava.

Aquilo não adiantou muito, pois a morena voltou a limpar mais uma prateleira, e mais uma grande quantidade de pó caiu sobre ele, fazendo-o esboçar um bico irritado e espirrar em seguida.

– Aburame-san quem me ajudou. – A de olhos claros explicou.

– Aburame-san? – Questionou o loiro, vendo a morena descer degrau por degrau e saltando para o chão quando faltavam apenas dois.

– Uhum! – Ela acenou, pegando as caixas cheias de livros do chão. O loiro até tentou repreendê-la, pois estava excessivamente pesada, mas deixou a ideia de lado quando viu a Hyuuga erguer o objeto com uma destreza invejável, como se na caixa não contivesse nada além de uma pena. – O pai do Shino-kun! – Completou.

Naruto piscou algumas vezes, abrindo a fechando a boca sem som algum sair, para então voltar à realidade ao vê-la dobrar a esquina de um corredor, seguiu-a.

– O sobrenome do Shino é Aburame? – O Uzumaki questionou, dando um pequeno riso, notando o quanto ele, e provavelmente o resto do time, ignoravam o capataz.

Hinata deu um pequeno riso tímido enquanto colocava a caixa sobre o balcão, passando a limpar livro a livro com o espanador.

– Shino-kun disse que vocês o ignoravam, mas não sabia que era para tanto! – Comentou ela.

– Shino é meio... Antissocial. Quase não nos lembramos dele para muita coisa. – Retorquiu o de olhos azuis, vendo a morena fazer um leve maneio com a cabeça e sorrir.

Eles entraram em um momento de silêncio. Enquanto a garota limpava os livros, o loiro olhava em volta do local com pouco interesse.

– Ah, Sasuke-kun me disse que está se mudando, não é? – Ela foi a primeira a falar.

– Viajar. Ele vai viajar. – Corrigiu-a. Sasuke estava indo, mas iria voltar, não era uma mudança permanente. – E sim... Ele vai. Como sabe?

A Hyuuga abriu e fechou a boca, vendo o olhar curioso do Uzumaki para com ela. Pegou novamente um livro e folheou.

– Ele veio aqui esses dias e me contou...

– Sasuke sabia que você está trabalhando aqui? – Questionou em um tom de riso. – Vocês se comunicam bastante pelo visto.

– Ah, nós trocamos telefones, acho que é importante ter alguns amigos, não é? Assim como você tem o Inuzuka-kun... – Ela comentou meio envergonhada.

Parece que eles andavam conversando muito mesmo.

– Sasuke te disse isso também. – Deduziu.

Era óbvio que o Uzumaki ainda mantivesse contato com Kiba, eles eram amigos há tempos, hora! E eles eram apenas amigos, e essa amizade de Sasuke e Hinata estava tirando-lhe a paciência.

– Você sabia sobre o que ele sentia, Hinata? – Cortou-a, voltando-se para ela, fitando-a diretamente nos olhos, o que fez a morena desviar os globos perolados e ficar com as bochechas rosadas de vergonha.

A garota colocou uma mecha azulada para trás de sua orelha, buscando outro livro na caixa e voltando a limpar.

– Ah, sim. – Respondeu baixinho. – Quer dizer. De primeiro momento eu não tive certeza, mas... Conversamos naquela noite.

Naruto sabia que ela se referia ao dia que a encontraram no bar.

– Ele te contou? – Questionou.

– Sasuke-kun pode falar muito quando quer, Naruto-kun. – Respondeu. – Acho que ele precisava de alguém para desabafar, só isso. Guardar sentimentos algumas vezes pode ser sufocante, eu bem sei...

O de olhos azuis franziu o cenho pela forma como o tom de voz da Hyuuga soou na última frase, mas não deu-lhe muita atenção. Talvez fosse algo somente dela.

– Entendo. – Realmente, ele entendia. Lembrando do quanto ele próprio sofreu por Sakura, imaginou Sasuke, que teve de vê-lo e ouvi-lo falar sobre a menina de olhos verdes e cabelos cor-de-rosa.

– Posso dizer que sou culpada. – Ela comentou, com um pequeno riso, depois de um pequeno espaço de tempo em silêncio. – Foi eu quem sugeri a ideia do encontro duplo.

Íris azuis dilataram em surpresa.

– Quem diria que a mente da pura e inocente Hinata poderia esconder planos malignos, não é? – Naruto comentou com um sorriso aberto e um brilho presunçoso nos anises, o que fez a garota ficar com as bochechas rosadas de vergonha.

Naruto estava mesmo elogiando-a.

– Mas eu até devia agradecer, não é? – Questionou o de olhos azuis. – Se não fosse pela sua ideia maléfica, eu não teria percebido que tipo de pessoa era a Sakura-chan... – Pausa pensativa. – Menos ainda estaria com o Teme...

– De nada, eu acho. – Devolveu, empurrando uma mecha negra para trás da orelha.

– Eu sinto muito, Hinata. – O loiro pediu, a forma como os olhos perolados lhe fitaram mostrou-o que a menina não entendia do que ele falava. – Algum tempo... Aliás, há poucos minutos eu pensei que você poderia ser uma ameaça. – Riu levemente.

E foi a vez da Hyuuga rir, até mesmo cobrindo os lábios para conter a risada. Fato que Naruto achou desnecessário, pois ela não era nem um pouco escandalosa como Ino ou Sakura, na verdade a risada da Hyuuga não tinha som algum.

Sobrancelhas loiras se franziram em questionamento.

– O que foi? – Anises ganharam um brilho curioso, fitando-a. – Eu... Disse alguma coisa engraçada?

A menina negou com a cabeça, ainda em uma risada silenciosa, começando a ficar vermelha. Naruto pensou em ir para trás do balcão e a ajudá-la, pois parecia que a menina estava ficando sufocada.

Finalmente ela puxou o ar para seus pulmões, o tom pálido voltando à coloração de seu rosto.

– É engraçado você pensar que eu teria algo a ver com o Sasuke-kun. – Retorquiu ela, rindo de leve.

– Por quê? – Questionou.

– Porque o Sasuke-kun disse a mesma coisa para mim naquela noite. – Contou ela, erguendo os olhos perolados para ele. – Mas... Não tive chances, nunca tive.

Oi?

– Você e o Sasuke, podem ser completos opostos, mas eu acredito que seja essa contradição de personalidades que vocês possuem que torna a relação tão... Única. – Ela disse. – Acredito que não possa ser outra pessoa, que não ele.

Espera. Novamente informações estavam perdidas na mente do Uzumaki. Parece que Sakura e Hinata tinham a capacidade de deixar a cabeça do loiro cheia de nós.

Argh! Mulheres.

– Foi por isso que desisti. – Ela completou, lhe abrindo um pequeno sorriso.

Espere um segundo, isso quer dizer que a herdeira dos Hyuuga tinha sentimentos, não pelo moreno, mas sim pelo amigo do primo?

Neji me mataria se soubesse.
 

* * *
 

Após alguns minutos, o Uzumaki saiu de dentro da biblioteca e caminhava de volta à praça, encontrando Sai despedindo-se do ruivo de olhos verdes. Sorrisos, toques sutis de mãos e olhares de duplo sentindo. Naruto franziu o cenho e reprimiu um sorriso; resolveu esperar que o rapaz pálido se despedisse à distância.

Após um beijo dado na bochecha, Sai afastou-se, ajeitando a alça de sua bolsa e caminhando com um sutil movimento nos quadris. Naruto riu de leve e foi até o de olhos verdes com um olhar cheio de malicia.

– Hn... – Provocou. – Se deu bem, hein, colega? – Riu, dando ao ruivo um toque no ombro.

– Cala a boca. – O outro retorquiu, tentando reprimir um sorriso. – Como nunca o vi na escola quando havia os jogos?

– Sai faz parte da turma de artes. – Explicou, vendo o rapaz pálido descer as escadas rolantes. – E fora que você acha mesmo que ele iria querer ficar vendo um bando de macho correndo atrás de uma bola? – Pausa pensativa. – É, talvez ele devesse gostar. Por que será que ele não ficava lá?

O Sabaku lhe deu um soco no topo da cabeça. Naruto lhe deu a língua.

– Tão maduro. – O outro rebateu jocoso.

– E então? Vão começar a sair? – Questionou erguendo as sobrancelhas de forma sugestiva, um sorriso provocativo nos lábios cheios, ignorando completamente a provocação do rapaz de cabelos vermelhos.

Olhos verde-água lhe fitaram com descaso.

– Vamos para casa. – Ditou, passando a caminhar; o Uzumaki dobrou o pescoço para o lado em desentendimento. – Ainda preciso procurar algo decente para vestir amanhã, e não gosto de dever telefonemas aos outros...

Os olhos azuis arregalaram-se levemente e um sorriso começou a se formar em seus lábios enquanto começavam a caminhar em direção à escada rolante e, logo depois, à saída do shopping.

– Então vocês vão sair mesmo? – O Uzumaki questionou. – Sai vai mesmo tirar o atraso depois de tanto tempo! – Exclamou. – E você hein... – Passou um braço sobre os ombros do ruivo. Gaara parou, e o loiro foi obrigado a parar junto com ele. – O quê? – Questionou olhando para a lateral do rosto do outro, que olhava para frente, e então se voltou na direção que o outro olhava.

Oh, merda.

Sasuke estava parado alguns metros à frente, fitando-os de maneira curiosa, enquanto Itachi olhava a vitrine de uma loja. Os ônix apertaram-se levemente quando os anises se viraram para ele, a boca estava posicionada em uma linha reta, o maxilar estava rígido.

O Uchiha estava irritado.

O Uzumaki tirou os braços de volta o ruivo devagar, e desviou o olhar dos olhos negros, passando a encarar qualquer outro lado da rua.

– Devíamos ir lá e falar alguma coisa? – Gaara lhe questionou em um tom baixo, recebendo um aceno negativo com a cabeça vinda do Uzumaki, que continuou a caminhar, indo até o carro.

Não era hora de fazer uma cena. E ele sabia que era isso que iria acontecer se fosse falar com Sasuke agora. O moreno estava bravo, e ele estava igualmente irritado.

– Entra, vamos cair fora. – Ditou o de olhos azuis, batendo a porta, logo o ruivo fazia o mesmo sentando-se ao seu lado.

– Ele vai te importunar depois. Sabe disso, não sabe? – Questionou, colocando o cinto de segurança.

– Mas não vai mesmo.
 

* * *
 

E realmente não aconteceu.

Depois de quase quatro dias sem receber sequer um telefonema de Sasuke, o loiro resolveu ceder e telefonou, no entanto, quem atendera todas as vezes em que ligou foi Itachi, sempre dizendo que o irmão mais novo não estava.

Naruto não era idiota, sabia que era uma mentira. Sasuke era caseiro demais para sair tantas vezes ao dia.

Agora estava lá, fitando a foto que tirara com o moreno uma noite antes da formatura, a qual usava no identificador de chamadas do celular. O Uzumaki aproveitara que o Uchiha dormia e tratou de buscar o celular, não iria perder aquela chance. A fotografia mostrava o moreno dormindo, e o loiro logo ao seu lado, com o rosto posicionado ao lado do seu, fitando-o e sorrindo.

Outra foto como aquela ele não conseguiria tirar.

Talvez literalmente, já que o moreno não queria lhe telefonar, e, pelo que se lembrava, o moreno iria viajar em três dias, e ainda não havia dado notícias. Será que Naruto devia ligar novamente?

Para ser ignorado novamente? Você é idiota ou o quê?

Talvez ele fosse idiota, porque, por mais sua consciência orgulhosa dissesse que não devia fazer, ele estava a um passo de fazê-lo.

Fora naquele momento que alguém bateu em sua porta.

– Entre. – Comandou, ainda fitando o celular.

– Você vai ficar fechado aí a noite toda? – Questionou Kushina. – É sábado, não devia aproveitar?

– Não to a fim de sair, Kaa-san. – explicou, desanimado.

A ruiva deu um leve franzir de cenho, vendo o loiro deitado de barriga para cima na cama. O prato de jantar que ela havia trazido há quase quarenta e cinco minutos estava intacto.

– Naruto, você precisa comer. – Recomendou.

– Estou sem fome.

– Não, não está. – Ralhou ela, adentrando o lugar. – Você é um poço sem fundo, eu sei disso e você também. – Caminhou até ele, lhe dando leves tapas na perna para que ele afastasse o corpo mais para o lado para que ela pudesse sentar-se. – Não quer dizer o que aconteceu entre você e o Sasuke-kun para você ficar assim?

Ambos os anises se encontraram, e loiro foi o primeiro a desviar o olhar, colocando o celular sobre o colchão e se mexendo na cama para deitar-se sobre as coxas de Kushina.

– Sasuke vai embora. – Começou, sentindo a mão de Kushina começar a afagar seus cabelos.

– Embora? Como assim? Para onde? – Franziu o cenho, confusa.

– América. Ele conseguiu uma bolsa de estudos para a Universidade da Califórnia. – Explicou.

– Mas isso é bom, não é? – Ela questionou, sorrindo levemente. – Qual o problema? Não vá me dizer que vocês brigaram por algo tão bobo.

– Bobo? Okaa-san! – O loiro sentou-se. – Se ele vai embora, como eu posso... Eu não sou muito inteligente, sabe? Eu não vou conseguir acompanhá-lo nessa etapa e além do mais...

– Além do mais... ? – Instigou-o.

Naruto coçou a nuca, desconfortável.

– Ele disse que me ama. – Resmungou, com um bico nos lábios.

– E? – Fez um gesto com a mão para que ele prosseguisse.

– Tudo é fácil para a senhora, né? – Questionou o loiro.

– Oras, e não é? – Colocou de forma óbvia. – Você não vê?

Ele a questionou com o olhar. Kushina fez um gesto de impaciência, tomando o rosto do filho entre as mãos.

– Ele vai te esperar. – Explicou, como se falasse com uma criança de cinco anos de idade.

– Me... Esperar? – Sobrancelhas loiras se juntaram de forma questionadora.

Kushina revirou os olhos, com um sorriso brincando em seus lábios. Às vezes, ela gostaria que o Uzumaki tivesse nascido com mais genes de Minato do que dela. Não que fosse uma completa tola, mas não havia como comparar o brilhantismo do seu marido ao dela, e Naruto com certeza era um pouco mais lerdo que a própria mãe.

– Sim, Naruto. Por que acha que ele disse que te ama? – Questionou.

– Por que eu sou lindo, loiro e de olhos azuis. – Brincou com um sorriso matreiro e ergueu as sobrancelhas de forma provocativa. Kushina arqueou uma sobrancelha e fez um bico de irritação. Ele sorriu amarelo. – Não?

– Cala a boca. – Retorquiu, soltando o rosto com marquinhas. – Naruto, se ele disse que te ama, claramente ele quis dizer: Estou indo, mas não pretendo desistir do que temos, porque...

O loiro pensou, e viu que ruiva esperava que ele desse continuidade à frase.

– Porque... Ele me... Ama? – Questionou.

– Viu? Duas cabeças pensam melhor do que uma! – Exclamou.

Tudo fez sentido. Isso era verdade. O Uchiha não estava dando-lhe a chance de escolha para que ele partisse ou não. Menos ainda estava desistindo da relação de ambos. Ele apenas estava dando a garantia e o pedido para que não abdicasse do que haviam construído até agora.

Ele iria esperá-lo, até que voltasse. Não importava o tempo de espera.

Naruto não pôde evitar que um pequeno sorriso se formasse em seus lábios quando a compreensão caiu bem diante de seu nariz.

Kushina aguardava a próxima reação do filho e sorriu quando o loiro lhe puxou em um abraço apertado, dando-lhe um forte beijo na bochecha.

– Obrigado, Okaa-san. Sempre sendo a melhor mãe do mundo! – Elogiou, colocando-se de pé, logo arrancando a camiseta de dormir que usava até agora e procurando algo decente no guarda-roupas.

– É, eu sei. – Ela gabou-se, vendo o filho vestir uma camisa xadrez azul, preta e branca, passando a abotoá-la com pressa.

– A modéstia te manda um abraço apertado também. – Usou as palavras usadas pelo Uchiha na primeira vez que dormiram juntos.

Talvez ele não fosse o único narcisista da família.

Kushina lhe acertou com um travesseiro nas costas, o que fê-lo reclamar de dor, mas não diminuiu o seu ótimo humor. Logo calçava o All Star e corria pelas escadas, com Kushina em seu encalço dizendo a ele para comer ao menos alguma coisa. O loiro passou pela sala, vendo Minato trabalhando no notebook que estava sobre suas pernas, saudou-o com um respeitoso aceno e logo foi à cozinha, pegando uma maçã e correndo para a saída.

Kushina ficou com cara de paisagem fitando a porta recém-fechada.

– Ele... – Balbuciou.

– Pelo jeito sua conversa com ele trouxe resultados. – O homem parabenizou, fitando a mulher parada quase no final da escadaria longa, ainda com um olhar abobalhado.

A ruiva sacudiu a cabeça, voltando ao planeta Terra.

– Ele foi atrás do Sasuke-kun, né? – Questionou ela, terminando de descer as escadas e jogando-se ao lado do homem no sofá.

– Aposto que foi. – Respondeu o loiro, pausando o trabalho por alguns segundos, e, tendo colocado o notebook sobre a mesa de centro, puxou a mulher para seu colo. – Eu não o vejo correr assim desde que você fazia ramén para ele quando era pequeno. – Falou pensativo, alisando a coluna da esposa, tomando a mão da ruiva e entrelaçando seus dedos aos dela.

– Isso quer dizer que o Sasuke é o novo ramén do Naruto? – Ela questionou com um pequeno sorriso de canto de boca e um olhar cheio de malicia assim como o do filho.

– Eu podia dormir sem ter a imagem mental na minha cabeça. Obrigado mesmo, Uzumaki. – Ele respondeu, negando com a cabeça e ficando vermelho, pois a imagem nada puritana automaticamente formou-se diante de seus olhos como uma fotografia.

– Não por isso, Namikaze. – A ruiva provocou, dando-lhe um beijo demorado na testa e rindo do homem pela sua vergonha exacerbada.
 

***
 

O Uzumaki desceu em frente à casa de classe média, bateu a porta do veículo laranja-metálico com força e seguiu em direção à porta da frente. Estava prestes a bater quando a madeira moveu-se.

Itachi pareceu tão surpreso quanto o loiro em vê-lo.

– Naruto? – O Uchiha questionou, achando-se idiota por fazer uma pergunta tão estúpida, visto que o loiro estava bem visível diante de seus olhos. – Que surpresa. Não esperava te ver tão... Cedo.

Naruto estava com o cenho franzido, fitando o ex-professor. Havia algo de diferente nas feições do primogênito dos Uchiha, o Uzumaki só não sabia dizer o que era.

Bom, não importava agora, ele veio aqui para outros compromissos.

– O Teme... Digo, o Sasuke está? – O loiro questionou-o.

– Está. – Respondeu, fechando os olhos em meio a uma pausa para pensar. – Está trancando no quarto desde de manhã, o que não me surpreende, ele não saiu ontem também. – Explicou. – Se conseguir fazer um milagre, sinta-se a vontade. Eu já estava de saída. – O homem fez um gesto com a cabeça para que o Uzumaki adentrasse a residência, este o fez sem pestanejar.

Quando o Uzumaki entrou, percebeu o que havia de diferente.

– Itachi-sensei! Gostei do cabelo. – Elogiou. Ao ver o professor de matemática de costas, pôde notar que os cabelos, que antes eram tão compridos, estavam agora na altura da nuca.

Porém, diferente do que o loiro pensou, o professor não pareceu contente com o elogio, pegando uma mecha negra e levando a frente do rosto.

– Ah, você notou... – Resmungou a contragosto, fitando os fios escuros quase com algo que se assemelhava a raiva. – Ideia do Sasuke de me fazer tirar “somente as pontas”, e aquela Barbie vem e corta metade do meu cabelo.

Barbie?

– Você ‘tá me dizendo que você deixou o Deidara encostar no seu cabelo? – Naruto questionou, segurando uma risada, visto que o irmão mais velho de Sasuke já não parecia no melhor dos humores naquele dia.

O Uchiha pareceu interessar-se naquela frase e virou-se para o outro.

– Deidara? É verdade. Esse é o nome. – Comentou para si próprio. – Deidara. – Repetiu, fazendo questão de não esquecer-se desta vez. – Obrigado, Naruto.

– Pelo quê? – Questionou.

Itachi lhe deu um sorriso de canto de boca; aquele tão parecido com os que Sasuke lhe dava; um sorriso quase que se assemelhava a malícia e que alcançava os olhos com um brilho luxurioso.

Naruto engoliu em seco sentindo seu coração perder o compasso com aquele simples gesto e seu rosto abrasar devido a vergonha.

Quando o homem pegou a carteira juntamente com a chave do carro e saiu pela porta, o Uzumaki permitiu-se soltar o ar que estava preso em seus pulmões.

Malditos sejam os Uchihas!

O loiro subiu as escadas, e logo estava batendo na porta onde havia vários adesivos e uma placa em vermelho: ‘Não entre’.

– Já disse que não estou com fome, Itachi. – O tom arrastadamente rouco respondeu.

– Eu não sou Itachi, Teme. – Naruto esclareceu, fitando o chão e mordendo o lábio inferior em insegurança.

Houve vários sons estrondosos no quarto, baques surdos, coisas caindo, até que o loiro ouviu passos que se direcionavam até a porta e a maçaneta foi girada.

Sasuke abriu a porta e o loiro surpreendeu-se por encontrar o moreno com um filtro branco preso entre os lábios, os óculos de leitura no rosto, calças de moletom azul-marinho e uma camiseta branca simples. Os cabelos preto-azulados estavam uma bagunça, parecia que o mais velho havia acabado de acordar.

– ‘Que o quê? – Arqueou uma sobrancelha de forma questionadora, os ônix ganharam um brilho instigador e impaciente, vendo o loiro fitá-lo dos pés a cabeça.

– Isso é jeito de falar comigo, Bastardo? – O loiro falou irritado, arrancando o cigarro preso nos lábios do mais velho. – E o que eu já te falei sobre isso? Combinamos que você iria parar!

Sasuke deu um riso cínico pelo nariz, revirando os olhos logo após.

– Não me lembro de ter assinado nenhum contrato sobre isso. – Retorquiu, voltando-se para o quarto, buscando seu maço de cigarros dentro da gaveta. O loiro adentrou o cômodo, fechando a porta atrás de si. – Mas você não me respondeu: O que quer? – Voltou a questionar, capturando um filtro com os lábios.

Naruto enfezou-se, andando em passos firmes em direção ao outro, tomando não só o cigarro de seus lábios, mas o maço todo, e amassou-o em seguida.

– Precisamos conversar. – ditou.

– Oh, agora você quer conversar? – Questionou arqueando uma sobrancelha negra, cruzando os braços frente ao peito. – Então me deixe ver: Me ignorou durante dias, não me ligou por quase uma semana, saiu com Sabaku, invadiu a minha casa e acabou com meu maço de cigarros. – Enumerou nos dedos. – Por que acha que eu tenho de conversar com você agora, Naruto?

"Naruto". O loiro ouviu aquele eco da voz grave e profunda recitar seu nome com frieza e descaso. Sasuke normalmente não lhe chamava daquela forma, e, se usava seu nome, decerto não era com aquele tom.

– Teme... – O Uzumaki tentou começar.

– Naruto, eu não estou nem um pouco a fim de falar com você, de verdade. Por favor, vá embora. – O outro pediu, virando-se para o lado oposto e seguindo até a cama onde se sentou, apoiando os cotovelos sobre os joelhos, enterrando o rosto entre as mãos.

Sentia-se mal. Parece que nunca naquela vida ele poderia abrir-se emocionalmente para alguém, pois logo desencadearia um milhão de problemas.

Ou melhor: será que nunca poderia abrir-se emocionalmente com Naruto?

– Mas eu estou. – O outro afirmou, decidido, indo até o mais velho, ajoelhando-se no meio das pernas do moreno. Segurou seu rosto e ergueu-o para que pudesse encontrar os olhos negros com os seus. – Vamos conversar, Sasuke. Sei que não mereço, sei que você tem todas as razões do mundo para estar bravo, mas...

– Se sabe disso, por que ainda está aqui? – Questionou o outro, tentando afastar o toque das mãos quentes do loiro de si; mas Naruto não cedeu.

– Porque você é meu namorado. – Afirmou, com os olhos determinados.

– Mesmo? E explicou isso para o Sabaku enquanto estava em um encontro com ele? – Questionou o de olhos negros.

– Eu não estava em um encontro com Gaara. – Rebateu, começando a irritar-se com o tom acusatório do mais velho. – Eu precisava de alguém para conversar sobre o que andou acontecendo, Kiba não estava livre e...

Sasuke apertou os olhos de maneira perigosa para o Uzumaki. A explicação estava tornando-se pior a cada palavra dita pelo outro. Naruto resolveu parar e recomeçar.

– Para avaliarmos melhor algumas situações precisamos de uma segunda opinião.

– E para que você precisa de uma segunda opinião? – O moreno perguntou, apertando os olhos irritados. – Hn? Sobre o que eu sinto por você, ou se deve continuar comigo ou correr para o Gaara? – Debochou imitando o tom do Uzumaki ao dizer o nome do ruivo.

Naruto trincou o maxilar, cansado das ofensas do moreno.

– Você vai continuar com esse ciúme estúpido? – Questionou o mais novo, soltando o rosto do mais velho, fitando-o com os anises mais intensos e escuros que antes.

– Estúpido, Naruto? – Indignou-se. – Estúpido? – A voz do moreno alterou-se. – Você praticamente termina comigo há alguns dias, depois te vejo zanzando por aí com aquele merda, todo sorrisos e conversas! E o meu ciúme é estúpido? – Empurrou o Uzumaki, que por sua vez caiu sentado no chão, e logo o moreno se colocou de pé.

O loiro seguiu o outro com o olhar. A boca do mais novo estava aberta, ele queria retrucar, mas não encontrou as palavras certas, visto que, analisando o ponto de vista de Sasuke, o moreno tinha razão para estar tão irritado.

– Estúpido sou eu! – O moreno esbravejou, vendo o loiro se colocar de pé.

– Não fale assim. – O Uzumaki pediu, fechando os olhos, tentando encontrar as palavras certas para não irritar mais o outro.

– Sou sim! – Rebateu. – Estúpido por apostar tanto em você, por sentir essa merda que sinto. Eu sou um estúpido, porque penso que os outros possam dar a mim o mesmo valor que dou a eles. Especialmente você – apontou-lhe o indicador - que é a primeira pessoa para quem me abro emocionalmente, e o como você me retribui?

Estava nervoso demais. Naruto e Sasuke não eram amigos antes de toda aquela reviravolta, mas o Uzumaki tinha consciência de que o moreno não era a pessoa mais amigável da Terra. Na verdade, muitos alunos julgavam-no esnobe e estúpido, simplesmente por ter uma inteligência maior que os demais. Não é a toa que o Uzumaki achou surpreendente quando moreno fora falar com ele no banheiro naquele dia em particular.

– Sasuke, o caso não é esse! – Refutou, também elevando o tom de voz. – Eu estava confuso, droga! Eu... Pensei que fosse perder você. – Seu tom diminuiu e saiu totalmente quebrado. – Quer dizer... Você faz tudo de uma vez, derrama sobre mim informações que eu não posso sequer absorver direito, me confunde. – Agarrou os cabelos loiros.

Foi a vez do Uzumaki sentar-se e alisar o rosto cansado pela conversa. Sasuke franziu o cenho, esperando pelas próximas palavras do outro.

– Você vai embora. – Começou, erguendo o rosto para fitar o outro. – Diz que me ama e depois vai embora... Eu não... Eu não sei o que pensei naquela hora. – Deu um pequeno sorriso, virando-se para o lado oposto. – Foram duas coisas tão bombásticas e tão diferentes ao mesmo tempo, simplesmente colocadas diante de mim de uma única vez. Como queria que eu reagisse?

– Diferente do que fez quando te contei. – O outro retorquiu. – Se ao menos conversasse ao invés de ficar gritando poderia ter entendido que o que eu disse era...

– Eu sei. – O loiro respondeu, voltando-se para o Uchiha. – Mas você sabe, Teme, e se não sabe, devia saber: comigo não há conversa. E sabe que eu sou um Uzumaki. – riu. – Eu ajo, depois penso.

Naruto se colocou de pé, os olhos azuis ganharam um ar de ‘cachorrinho sem dono’. O loiro fez um pequeno bico nos lábios enquanto se aproximava do mais alto, este, por sua vez, decidiu que não iria encarar o mais novo.

Naruto era um idiota, e ele não iria ceder.

O menor estancou diante do outro, mas Sasuke ainda não o fitava.

– Desculpa. – Pediu, apoiando a testa na omoplata do moreno, este respirou fundo, revirando os olhos logo após.

– Pelo quê?

Naruto resmungou em pensamento que o Uchiha era um filho da puta. Ele sabia o motivo, por que precisava ouvir as respostas do Uzumaki? Tsk.

– Por tudo. A ausência de resposta, a briga... O Gaara. – Completou meio consternado, mesmo sabendo que não fazia nada de mais com o ruivo; mas Sasuke iria lhe cobrar se não pontuasse este acontecimento também. – Eu sou teimoso e estúpido, mas como já disse, você me escolheu assim. – Desabafou o de olhos azuis. – Eu... Conversei com a Okaa-san, e ela esclareceu algumas coisas para mim e eu finalmente entendi...

Sasuke deu um riso baixo.

– Ainda tendo de esperar pela sua mãe para lhe enfiar juízo na cabeça? – Questionou o outro com deboche, mas ainda ignorando o Uzumaki, que agora o rodeava a cintura.

Naruto esfregou o nariz contra a pele do pescoço do outro, como um gato clamando por atenção.

– Você é um idiota. – o loiro acusou, afastando-se minimante do outro, soltando uma das mãos que usava para abraçar o corpo do mais velho simplesmente para puxar-lhe o rosto e poder fitá-lo.

A expressão do Uchiha amaciou levemente, porque nada lhe hipnotizava mais do que aqueles belos olhos azuis que pareciam enxergar sua alma vasculhando a mais íntima parte do seu ser.

– Um idiota tão grande... – O Uzumaki falou, aproximando seu rosto do mais velho, beijou-lhe o queixo. – Tão teimoso... – Beijou-lhe a maçã do rosto. – Tão arrogante... – Beijou a pele exposta do pescoço, Sasuke fechou os olhos.

– Obrigado por pontuar que sou cheio de defeitos, Usuratonkachi. – Resmungou, sentindo o nariz do Uzumaki trilhar um caminho invisível até sua orelha, inalando a sua essência.

– Eu amo seus defeitos, Bastardo. – O Uzumaki rebateu, subindo sua mão para os cabelos negros, onde afundou os dedos, e beijou o lóbulo do moreno, prendendo-o entre os dentes logo após. O mais velho ofegou. Naruto sentiu-se realizado. Voltou-se para trás para encarar os olhos do Uchiha, unindo suas testas. – Porque são eles que tornam você único para mim... – Beijou-lhe os lábios.

Sasuke tentou formular uma resposta, porém não conseguiu articular as palavras necessárias e, ante a sua hesitação, viu a face do Uzumaki se aproximando novamente. Não podia evitar o contato, então fechou os olhos e logo aqueles lábios tocaram os seus e aquela língua atrevida adentrou lhe a boca, provocando uma avalanche de sensações que não podia conter.

Sasuke passou os braços sobre os ombros do loiro em um abraço, sentindo o peito tomado novamente pelo sentimento que reprimia há alguns meses e que não mais conseguia impedir de transbordar nos últimos dias, indo além de si.

O beijo era calmo e singelo. Apesar de tudo, o moreno simplesmente correspondia, não conseguia ficar indiferente àquela caricia! Isso para a felicidade do jovem de madeixas loiras, que apertava o corpo mais velho contra o seu. Porém, havia um limite e esse foi imposto pela falta de ar. Sendo assim o Uzumaki afastou-se, com um leve mordiscar no lábio inferior do moreno.

– O que quero dizer é que... – Sorriu levemente envergonhado. – O sentimento é recíproco, babaca. – O mais baixo falou ainda de olhos fechados, o rosto próximo a boca do outro e com um pequeno sorriso e um leve rubor nas bochechas com marquinhas.

O sentimento? – O moreno franziu o cenho.

– Eu... – Deu um pequeno riso, afastando-se do moreno fitando os próprios pés, e então ergueu os olhos azuis para o Uchiha. – Eu também... Amo você.

Uma emoção que não sabia ser capaz de sentir envolveu o coração do Uchiha. Seu sentimento sufocante ultrapassou cada fibra do seu ser. Uma corrente elétrica pareceu passar por seu corpo fazendo-o estremecer, ao mesmo tempo em que um calor gostoso saía de seu coração para percorrer todas as suas células.

Sasuke, por breves instantes, não conseguiu pensar.

Incapaz de suportar tantas emoções, o moreno agiu. Agarrou a nuca do mais baixo, unindo sua boca à dele; dessa vez de forma tão afoita que o Uzumaki teve de esperar alguns segundos para entender o que acontecia. Os braços do rapaz menor envolveram o dorso do maior, fechando os dedos contra o tecido fino e macio, ao mesmo tempo em que sentia a língua do mais velho entrando em sua boca.

Uma nova sensação tomou conta de ambos os rapazes, era algo muito mais intenso do que tudo que já haviam experimentado, mesmo um com outro, nunca antes haviam sentindo algo tão grande assim.

– Sasuke... – O loiro chamou, afastando-se minimante para fitar os olhos escuros. O coração do Uzumaki estava aos pulos dentro de seu peito, e ele sentia que com Sasuke não era diferente.

Precisava dele, agora!

– Eu sei. – O outro retorquiu, sentindo o loiro adentrar a camiseta branca que usava, praticamente implorando de forma muda que ele deixasse arrancá-la de seu corpo.

Os corpos pareciam clamar um pelo outro, ardendo nas chamas que cresciam incontrolavelmente, transbordando, criando uma aura quase etérea.

Eles não queriam se separar naquele momento.

Sasuke o guiou a passos cegos pelo quarto até alcançarem a cama, onde o Uzumaki foi obrigado a deitar-se devido à queda brusca. Naruto rastejou o corpo até poder alcançar os travesseiros, retirando os tênis no processo e mordendo os lábios em expectativa. Sasuke arrancou a camiseta de seu corpo antes de debruçar-se sobre o Uzumaki novamente, tomando-lhe os lábios com euforia.

Naruto tentou corresponder na mesma proporção, passando os braços sobre o corpo que o sobrepunha em um abraço carinhoso. As bocas sedentas buscavam satisfazer a ânsia que ambos possuíam naquele momento em particular. Os dedos fortes do moreno apertaram mais o outro contra si, passando um dos braços em volta a cintura do loiro, puxando-o contra seu corpo, desejando que ele nunca mais escapasse de seus braços. Queria que o tempo parasse, que pudesse ficar com Naruto sem que algo atrapalhasse.

Sasuke afastou-se minimante para apreciar o rosto meio rosado de excitação do Uzumaki antes de aproximar novamente a sua boca da dele. Apertou os fios loiros e macios, firmando o dorso do loiro com a outra mão, agarrando-se ao tecido que ainda cobria o corpo do outro.

Por que ele ainda estava com aquela maldita camisa?

Quando o moreno desprendeu os lábios do outro abaixo de si, Naruto conseguiu puxar o ar para seus pulmões em meio a um pequeno riso.

– Isso tudo é saudades, Teme? – Questionou. – Ou será ciúme... – Murmurou baixinho, rindo.

A zombaria teria continuado se o Uzumaki não encontrasse aquele olhar.

As íris de Sasuke brilhavam de maneira intensa, a face normalmente inexpressiva agora tinha um ‘quê’ a mais de lascívia.

Naruto não mais relutou ou sequer abriu a boca para manifestar quaisquer piadas, pois estava completamente hipnotizado por aquele ser que chegava cada vez mais perto. Tudo o que conseguiu fazer foi fechar os olhos e se entregar.

Foi obrigado a dobrar o pescoço para o lado oposto, quando sentiu o moreno mordiscar sua pele, enquanto sua camisa era desabotoada botão por botão. Logo as mãos do Uchiha estavam explorando a área do seu abdômen, ora passando as unhas contra pele da barriga, ora tocando os mamilos com os dedos ágeis.

– Você não é o único que gosta de marcar o que é seu, Dobe... – O moreno provocou, abaixando o rosto para dar um chupão particularmente forte na clavícula do outro, ouvindo-o gemer manhosamente para si em troca.

A verdade é que eram os dois; sentia saudade de estar assim com o loiro, e também ele sentia ciúme, pois assim que viu aquele que já havia nomeado como seu tocando Gaara de forma tão intima, foi como se uma onda de raiva lhe enchesse até a borda.

Naruto deu um riso de leve, pois nunca vira o Uchiha agir daquela forma antes, nunca ministrava aquele tipo de caricia tão ousada. O moreno, às vezes, não o tocava mais que o necessário, talvez pela timidez ou vergonha.

Naruto até que gostava do moreno como estava sendo agora.

– Teme... – O Uzumaki grunhiu surpreso ao sentir seu mamilo esquerdo ser tocado pela língua do outro e mordiscado logo após; um arrepio correu em si. Envolveu os fios negros com os dedos, gostando particularmente daquela carícia, grunhindo em aprovação, sentindo sua calça cada vez mais apertada pela ereção que crescia a cada sugada que recebia na região sensível.

Sasuke sorriu com satisfação, notando que o de olhos azuis aprovou a sua atitude, repetiu o gesto no outro botão rosado, afastando-se somente quando se deu por satisfeito, vendo como ambos os pontos antes rosados estavam avermelhados e inchados. O moreno deteve-se por alguns segundos, apreciando o resultado de seus atos, e logo após voltou a beijar o Uzumaki.

Naruto passou os braços em torno do corpo do moreno, acariciando as costas nuas com carinho, ora até mesmo aranhando, deixando um caminho de riscos avermelhados na tez pálida. Desceu suas mãos até os quadris do outro e impôs sua virilha contra a do moreno, unindo suas ereções igualmente necessitadas.

Ambos gemeram com as bocas ainda unidas.

As mãos de Sasuke logo estavam caçando a fivela do cinto que prendia a calça do loiro, desafivelando com pressa, mas o Uzumaki o deteve, e com um girar rápido de corpos ficou por cima do moreno.

– Você não acha que está indo com muita sede ao pote, Teme...? – O Uzumaki questionou, descendo beijos pelo pescoço do outro. – E sendo egoísta também! – Beijou-lhe o peitoral.

Sasuke suspirou em aprovação.

– Quem está te impedindo de algo, Usuratonkachi? – Rebateu, remexendo seu corpo na cama para poder acomodar-se melhor do que a forma que fora imposta pelo loiro ao simplesmente inverter a posição que se encontravam.

– Ótimo – Naruto aprovou, após dar uma mordida na pele nua do peitoral do outro. – Então sossegue e apenas observe por agora... – Completou, escorregando pelo colchão.

Naruto deixou a língua provocar o umbigo de Sasuke languidamente, enquanto com as mãos ele tratava de puxar o cós da calça do mais velho juntamente com a cueca, que foi atirada para o chão rapidamente. Sentiu a ereção do mais velho roçar contra sua barriga, e logo foi agarrada por suas mãos e bombeada com movimentos comedidos, fazendo o Uchiha contorcer-se no colchão, gemendo de forma contida.

Uma ideia súbita correu pela mente do Uzumaki, decidindo que queria experimentar algo inédito entre eles, e assim deixou-se escorregar pela cama, até alcançar o chão, onde se ajoelhou prontamente, e agarrou as pernas do mais alto para que viesse até ele, assustando Sasuke.

– Naruto! – Esbravejou, assustado com o movimento inesperado. Foi obrigado a sentar-se na beira da cama, e só então percebeu o que o Uzumaki pretendia com aquela ação; os olhos azuis brilhando de forma lasciva não mentiam.

Os orbes negros arregalaram-se levemente e sua boca ofegou ao ver a ponta da língua de Naruto ser posta para fora de sua boca e ir de encontro a sua ereção, massageado uma veia saliente. Sasuke abriu a boca em um gemido sem som quando toda a carne quente da língua do loiro percorreu seu pênis, da base até a ponta.

Até que não é tão ruim... – O Uzumaki comentou mentalmente, enquanto arqueava uma sobrancelha loira com a descoberta.

Decidiu ousar ainda mais ao colocar a glande em seus lábios e sugar de leve, ouvindo Sasuke repreender um gemido ao prender o lábio inferior com os dentes.

Naruto ergueu os olhos azuis para ele, dando a Sasuke uma das visões mais eróticas que veria em sua vida: o Uzumaki estava com ele dentro de seus lábios. O moreno agarrou os fios claros e com a outra mão segurou a beira do colchão, contendo-se para não empurrar o mais novo, obrigando-o a receber mais de si dentro de sua boca.

– Caralho, Naruto... – Recitou o nome do amante longamente, jogando a cabeça para trás e escondendo as íris negras ao fechar os olhos.

O de olhos azuis nunca iria cansar de ouvir aquela voz chamar o seu nome, especialmente com aquele tom tão extasiado e profundo.

Os olhos negros voltaram a fitar o Uzumaki chupar seu sexo com desejo, os anises avaliando-o, buscando aprovação em qualquer mudança em suas feições.

Com cuidado, o loiro desceu os lábios pelo comprimento duro do Uchiha, acomodando-o dentro de sua boca, sentindo o sexo do outro quase alcançar sua garganta. As mãos do mais velho apertaram mais os fios claríssimos, enquanto seus olhos reviraram e fecharam-se, um gemido longo escapou de seus lábios.

Naruto sentiu-se realizado.

Estar dentro do Uzumaki era uma sensação sublime, sem sombra de dúvidas, mas estar dentro da boca de Naruto era inacreditavelmente excitante e delicioso. As bochechas com marquinhas foram comprimidas, ao mesmo tempo em que o loiro passou a movimentar a cabeça para cima e para baixo. Sasuke não mais suportou assistir, deixando seu corpo cair contra o colchão.

Com movimentos rápidos, o Uzumaki desatou o cinto de sua própria calça, abriu o botão e desceu o zíper e o jeans, logo após abaixando a peça intima com pressa, agarrando a própria ereção, notando como esta estava rígida mesmo sem o mínimo estímulo; foi então que percebeu que sentia extremo prazer em dar prazer, não somente em receber. O Uzumaki passou a acariciar seu pênis ao mesmo tempo em que praticava o sexo oral no outro, gemendo de forma impudica, enviando arrepios a Sasuke.

Em dado momento o moreno passou a gemer mais rapidamente em espaços curtos de tempo, e quando o gosto almíscar passou a estar mais presente no paladar do loiro, Sasuke resmungou, agarrando os fios claros para afastar a boca do loiro de si:

– N-não quero gozar na sua boca... Vem logo! – Comandou, com a voz tensa, ofegante e embolada.

Naruto afastou-se minimamente para retirar a calça que estava caída entorno de seus joelhos e atirou-a em qualquer lugar do quarto.

– Como quiser...

Com os olhos desejosos vidrados para o rapaz pálido, o loiro levou o dedo médio e indicador para dentro de seus lábios, sugando-os com força e deixando-os suficientes úmidos.

O loiro voltou a acomodar a ereção do mais velho em sua boca, e então passou a empurrar o dedo médio para o calor acolhedor que era o corpo do outro. Sasuke remexeu-se, levemente desconfortável com a carícia, gemendo por estar se sentindo estimulado de formas tão contraditórias e diferentes.

Em poucos minutos o dedo indicador estava adentrando o corpo do outro, juntamente com o dedo médio. Sasuke mordeu o pulso e engoliu um gemido. O Uzumaki rodeou o interior do outro, abrindo e fechando os dedos, alargando o interior do moreno para que estivesse propício a tê-lo dentro dele.

Houve uma ligeira movimentação de seus quadris, como se ele, Sasuke, estivesse tentando fazê-lo conhecer o ritmo que gostaria que o Uzumaki impusesse; e não demorou ao loiro encontrar um ponto dentro do corpo do mais velho que o fez tremer levemente e choramingar de prazer.

– Naruto... Você está enrolando. Anda logo, sua anta! – O moreno xingou, irritado. Naruto riu levemente, soltando o sexo do moreno por breves segundos.

– Qual a graça se eu não puder brincar com você ao menos um pouco, Uchiha? – o de olhos azuis questionou, em meio a uma penetração relativamente forte com seus dedos, fazendo Sasuke ofegar. – Ou você prefere sentir dor... Não conhecia esse seu lado, Teme...

– Naruto... - avisou.

– Wakatta. - riu levemente.

Logo não só a boca como os dedos de Naruto também se afastaram do corpo pálido. Ofegante, o Uzumaki se levantou e tratou de dirigir o olhar para o Uchiha. Naruto lambeu os lábios, provando o gosto salgado que tinha em sua boca, fitando o parceiro com desejo. O de olhos escuros encarava-o de forma igualmente predatória, estreitando os ônix.

Ah, Sasuke nunca lhe pareceu tão quente.

O abdômen reluzente pelo suor, a pele avermelhada, os ônix estavam brilhantes como brasa, os fios negros colados no rosto pálido, o peito subindo e descendo rapidamente e um pequeno sorriso no canto dos lábios, pois ele queria tanto Naruto que já não mais suportava; o comprimento rígido pingando pré-gozo.

– Você nunca me pareceu tão apetitoso, Sasuke... – loiro elogiou, subindo na cama para beijar os lábios do outro, ambos gemeram com o contato dos corpos nus, as línguas buscando uma a outra.

Sasuke engatinhou para trás, deixando o Uzumaki surpreso pelo afastamento, e, somente quando o moreno alcançou a cabeceira da cama e abriu a gaveta do criado-mudo, o loiro entendeu.

Sasuke lhe entregou um preservativo, que logo estava encapando seu órgão. Naruto aproximou-se do moreno, ficando de joelhos diante dele. As mãos bronzeadas tocaram a nuca do outro, instigando-o a vir até si. Sasuke foi obrigado a sentar-se sobre as coxas do loiro, o Uzumaki abraçou o corpo pálido, erguendo-o minimamente e beijando seus lábios, enquanto tomava ereção latente entre as mãos, guiando-a até o canal estreito do moreno.

– Ah, Sasuke... – o Uzumaki gemeu ao finalmente sentir o calor do outro juntamente com seu corpo. E, Kami-sama, Sasuke estava quente; não só por dentro, mas por fora também. – Você é tão gostoso... – Resmungou de olhos fechados, movimentando seu quadril para cima, adentrando o corpo do outro completamente.

– Naruto... – O outro murmurou, beijando-lhe os ombros, sentindo o Uzumaki correr a língua por seu pescoço.

Mesmo que a abertura não lhe tivesse oferecido resistência, ele ainda se permitiu olhar para Sasuke para se certificar de que estava tudo bem, e então novamente foi beneficiado com um sorriso, mas um menor desta vez. Sasuke arqueou uma sobrancelha em provocação para ele e Naruto não podia deixar de sorrir também.

O de olhos azuis tomou-lhe os lábios. Quando suas línguas se tocaram com desejo, Sasuke permitiu-se deitar, e o loiro inclinou-se juntamente com ele, com cuidado para não escorregar para fora de seu corpo. Os braços de Naruto foram postos ao lado da cabeça cheia de fios negros e Sasuke abraçou seus ombros. O menor quebrou o beijo por alguns segundos, e só então percebeu a carranca do mais velho.

Ele queria ação!

Sasuke desceu as mãos e cravou as unhas na carne farta do traseiro do outro, e consequentemente o sexo do loiro adentrou mais em si. Naruto gemeu com o ato por ele inesperado, com Sasuke não foi diferente. O Uzumaki passou a movimentar-se. Puxou seu órgão para fora e voltou para dentro novamente. O interior do Uchiha parecia sugá-lo cada vez mais fundo.

Assim, tão bom...

Foder Sasuke só poderia ser a oitava maravilha do mundo.

Ele podia ouvir sua respiração tornando-se uma única sinfonia com a de Sasuke, podia sentir a maneira como sua carne grossa deslizava dentro do corpo de moreno facilmente, conseguiria devorara imagem dele até que fosse impressa em sua retina.

Sasuke ergueu-se para capturar os lábios cheios do Uzumaki e logo após desceu pelo pescoço, correndo a língua por ali, até capturar o lóbulo da orelha, o qual mordeu e sugou.

Arrepios correram pela espinha do loiro.

Em seguida, as pernas de Sasuke foram envolvidas em torno de seus quadris e as mãos, fortes e ansiosas, foram para cima dele, tocando em todos os lugares.

Sentindo-o, possuindo-o e necessitando-o.

Sasuke inclinou a cabeça para trás, expondo seu pescoço em uma demanda clara. Naruto se inclinou, e, sem perder tempo, beijou e chupou a tez pálida, deixando sua marca onde sua boca conseguia alcançar, nunca cessando o movimento de seus quadris, afundando-se de forma dura e profunda dentro do outro.

– Ah... – Sasuke resmungou. O som parecia ao mesmo tempo doloroso e em êxtase, sentindo os dentes do loiro cravarem-se em seu ombro. – Ah, sim... Assim mesmo...

Naruto desceu os lábios e mordeu a pele exposta antes de capturar um mamilo rosado. Sasuke passou a expressar sons totalmente incoerentes.

Tudo parecia tão perfeito. Tudo! Cada palavra, cada gesto, cada movimento, a forma como eles se encaixavam... Tudo tão completamente certo, mas nunca o suficiente.

– Você está me apertando, Sasuke... Relaxe... – O loiro resmungou, sentindo o interior do moreno se comprimir, sentindo sua própria mente ameaçar perder-se naquela sensação. – Droga...

Naruto agarrou as pernas do mais velho, erguendo-as até que seus joelhos estivessem quase pressionados contra o peito. Ele sabia que não poderia acelerar a esta altura, mas ainda assim ele queria mudar para ir ainda mais rápido, ainda mais profundo.

– Puta merda, que bunda gostosa! - ele murmurou de olhos fechados, correndo suas mãos pela pele do moreno, guiando-as até as nádegas onde deu um aperto firme enquanto acelerava os movimentos de entrada e saída.

Sasuke cravou as unhas em seus ombros.

– Ah! Merda... – Sasuke resmungava com a voz entrecortada, contorcendo-se abaixo do loiro. – Merda, Naruto! Eu... Tão perto... Mais fundo! Mais rápido... - pediu, passando as unhas com força contra a pele das costas bronzeadas.

Naruto sentiu a pele arder com a força empregada por Sasuke e sorriu. Seus gestos desesperados mostravam a ele o quanto o Uchiha estava gostando daquilo, tanto ou mais que ele.

– Eu sei... – O Uzumaki retorquiu, curvando-se até alcançar o rosto do Uchiha, tomando-lhe os lábios, empurrando aquela maldita armação - que milagrosamente ainda estava no rosto outro - colocando-a de lado e alisando a face do moreno com carinho enquanto trocavam beijos curtos devidos os gemidos que não se calavam por um segundo.

Mãos pálidas logo estavam em suas nádegas, incitando-o a ir mais fundo dentro de si; desejando ter mais dele. Seu interior de repente abria-se e fechava-se em torno dele de uma maneira dolorosamente deliciosa. O loiro sentiu quando algo quente espirrou contra o seu peito, e a pressão das paredes internas de Sasuke o empurram para sua própria liberação.

Desabou; duro e em estado de êxtase. Enterrando seu rosto na curva do pescoço do moreno, ofegando audivelmente próximo ao ouvido do Uchiha.

– Sasuke – ele chamou num sussurro trêmulo, enquanto erguia-se para unir sua testa a do moreno, fechando os olhos por alguns minutos, buscando o ar perdido. – Eu te amo, Sasuke... Tanto... Tanto!

Sasuke sorriu e apenas acariciou as costas do Uzumaki, igualmente ofegante, puxando-o para um abraço acolhedor, afagando os fios claros molhados de suor, empurrando-os para trás não querendo perder a chance de observar o loiro daquela forma.

A tontura parecia durar para sempre e ambos tentavam acalmar suas respirações. Simplesmente ficaram ali, nos braços um do outro, recusando-se a moverem-se enquanto esperavam que seus corpos esfriassem e parassem de tremer.

Naruto considerou que seria fácil pegar no sono em cima do Uchiha, ele gostava do calor do corpo do macho abaixo de si, do som da batida do coração do outro adolescente em seu ouvido e o cheiro que exalava da pele do moreno.

– Não sei se aguento ficar sem isso por três anos...

– Você consegue mesmo estragar o clima, não é, Usuratonkachi? – o outro comentou irritado, entre o estado de sonolência e a consciência.
 

* * *
 

E, realmente, ele não estava mais aguentado.

Naquele dia em especial, fazia-se quatro meses que Sasuke havia partido para a Califórnia. Somente quatro meses que pareciam ser cinco anos para o Uzumaki, que já não mais suportava de saudade.

Quando ele disse ao moreno que não iria aguentar ficar sem ‘aquilo’ durante três anos, ele não se referiu somente ao ato sexual, que para falar a verdade era o de menos – nada que a chegada da madrugada, a camiseta de Sasuke e sua própria mão não resolvessem parcialmente – mas à saudade do Uchiha por completo.

Era de enlouquecer.

Certo que o moreno sempre dava um jeito de conseguir um tempo para conversarem, fosse pelo celular, fosse pelas chamadas de vídeo via Skype - que eram bem limitadas devido ao fuso horário completamente diferente - porém não era suficiente. Ele sentia falta do outro do seu lado, o calor do corpo, o cheiro...

– Naruto. A cabeça! – Ele ouviu alguém gritar, mas quando se virou já era tarde. Sua cabeça foi atingida por um tipo de prato verde, fazendo-o deitar na grama do parque, na qual estava sentado.

Logo um cachorro enorme e branco foi até ele, lambendo-lhe o rosto a procura do disco que estava abaixo do corpo do loiro.

– Tá, tá, Akamaru, espera! – O loiro falava, tentando segurar o animal. – Tira seu vira-lata de cima de mim, Kiba! – O de olhos azuis esbravejou, sentindo Akamaru lhe lamber de forma insistente, achando mesmo que o loiro brincava.

Logo Kiba veio em sua direção, puxando Akamaru pela coleira e segurando-o para que Naruto pudesse se erguer, limpando toda a baba que estava em seu rosto com uma careta enojada.

– Nii-chan, joga o disco! – Ele viu Konohamaru do outro lado do parque acenando-lhe com as duas mãos enquanto gritava a demanda. E assim o Uzumaki fez, arremessando o objeto em direção ao primo. Akamaru tentou soltar-se do agarre das mãos de Kiba para poder correr em direção ao objeto, sendo atendido pelo dono.

O cachorro enorme logo corria pelo gramado do parque, onde havia várias pessoas: casais, famílias e crianças que apostavam corridas com barcos de papel enquanto seus pais tiravam fotos da “competição”.

Kiba voltou-se para o amigo no chão, lhe estendendo a mão para que este ficasse de pé; o Uzumaki aceitou a oferta e, quando sua palma ganhou a do outro, teve o corpo puxado para cima.

– Você está mais aéreo que de costume. – Observou o de cabelos castanhos. – O que há? Saudades do Uchiha?

O de olhos azuis fez um bico amuado.

– Não to a fim de falar sobre isso, vira-lata. – Retorquiu num tom murcho enquanto coçava a nuca.

Kiba sorriu. Percebeu que o amigo loiro andava desolado nos últimos meses, mais especificamente nos últimos dias, o que era uma chatice, pois o humor sempre tão contagiante de Naruto agora estava como um céu cinza e sem vida, e acabava por afetar o círculo de amigos também.

– Bingo! – O tatuado provocou, vendo o loiro caminhar até um banco de concreto que havia ali perto e sentar-se. Caminhou até ele e empurrou-o para obter algum espaço. – O que foi? Ele não ligou hoje?

– Não é isso. – O Uzumaki respondeu, brincando com a pulseira de prata que estava em seu pulso, não trocando olhares com o amigo de longa data. – Acabei de me dar conta do quanto quatro meses podem ser um tempo longo...

– Então estou certo, é saudade. – O outro alfinetou.

– É, porra! Eu to louco de saudade, cacete! – Explodiu. – Não estou aguentando mais ficar longe daquele babaca filho da puta! – O outro gritou alterado, chamando mais atenção do que pretendia.

Kiba riu vendo uma mulher tapar os ouvidos de seu filho para que ele não ouvisse os palavrões que o rapaz desbocado estava soltando naquele momento.

– Cara, por que não tira alguns dias de folga. Tenho certeza que a Mikoto-san não se importaria se você fosse dar um ‘Oi’ ao nerd, afinal, Sasuke é filho dela. – Retorquiu ele.

Naruto fez um gesto de desaprovação com os lábios para a sugestão do outro.

– Trabalho é trabalho, Kiba. E eu preciso ganhar o meu. – Naruto retrucou, vendo Konohamaru correr pelo parque e sendo perseguido por Akamaru. – E fora que o Tou-san não me daria um centavo caso eu quisesse ir ver o Bastardo. Seriam despesas demais, passagem de ida e volta, estadia, comida, etc... – enumerou, mostrando a Kiba que já havia pensando naquela possibilidade.

– Isso é uma droga, cara. – O de bochechas tatuadas concluiu, apertando um dos ombros do Uzumaki para reconfortá-lo, Naruto segurou sua mão. – Uma pena que você não tenha tido a ideia de se inscrever para esse lance aí de intercâmbio... Não tem outro jeito de passar não?

– Agora? Só se substituíssem o meu cérebro, ou se eu tivesse aulas com o Albert Einstein. – O Uzumaki respondeu irritado.

Kiba ficou em silêncio por alguns minutos, depois um erguer de lábios surgiu nos do Inuzuka, e logo ele virava o rosto em direção ao melhor amigo. Naruto ergueu uma sobrancelha loira para o ato, com a feição contorcida como se dissesse ‘ o quê?’

– Você não tem o Albert Einstein, mas tem algo próximo. – O de longas presas falou com um sorriso médio.

– Ahn?

– Você não disse que seu “cunhado” estava com uma leve tensão sexual nos últimos dias? – Kiba passou a erguer as sobrancelhas de maneira sugestiva para o de olhos azuis, este arregalou as safiras.

– Que nojo, Kiba! – O loiro se colocou de pé, ultrajado pela proposta do outro. – Eu quero muito ver o Teme, mas não vou transar com o Itachi-sensei para isso, seu otário!

O amigo franziu a cenho, confuso com aquela resposta.

– Quem falou em você transar com o sensei, Naruto? – O Inuzuka questionou de forma mais contida se comparada aos gritos histéricos do loiro.

– Nem precisa você dizer! Ou vai me dizer que é você quem vai acabar com a tensão sexual dele? – Questionou o outro. Uma dupla de garotas passou por eles e riu do esbravejar do Uzumaki, Kiba revirou os olhos e lhe acertou um tapa na nuca.

– Cala a boca, idiota! – Ralhou. – Eu não estou falando de você, menos ainda de mim. – Resmungou, ficando com as bochechas levemente rosadas. – Mas... – Respirou fundo, tentando buscar as palavras certas para o loiro pudesse entender. – Você não disse que ele ultimamente tem andando muito pelo terceiro andar do shopping? – Arqueou uma sobrancelha.

Naruto franziu o cenho. Jogo de palavras definitivamente não era com ele. No entanto, após alguns longos segundos, as feições do Uzumaki foram se alterando de confusas para um sorriso quase malicioso e um brilho iluminador surgiu em meio àquele tom opaco que os anises apresentavam anteriormente.

Kiba nem se deu conta quando o loiro havia se soltado de seu abraço, pois em questão de segundos o Uzumaki corria rapidamente pelo parque.

– É por isso que eu te amo, sua cadela! – O Uzumaki gritou, assoprando-lhe um beijo. Ao menos três gritos de ‘Ei!’ foram dados por mulheres, pensando serem o alvo do "elogio" do loiro.

O Inuzuka revirou os olhos e deu um sorriso discreto, vendo o amigo loiro correr pelo parque, tomar a mão do primo menor e sumir em meio aos arbustos em busca de seu carro.

Naquele dia, eles haviam combinado de terem um tempo para eles. Há dois meses o Uzumaki havia começado a trabalhar como garçom no café de Mikoto e tinha poucos tempos de folga, portanto, a frequência de seus encontros foi altamente reduzida.

E quando finalmente tinham algum tempo livre, isso acontecia.

– Tsk.

O Inuzuka voltou a sentar-se no banco, e logo Akamaru veio ao seu encontro com o disco na boca, soltando-o no chão para que o dono jogasse, mas Kiba não o fez. Puxou o animal para perto de si; este repousou a cabeça sobre suas coxas enquanto o de cabelos castanhos lhe alisava o topo da cabeça.

– É, pelo menos você não me abandona, né, Akamaru? – O rapaz falou, porém, a ironia veio quando, naquele exato momento, uma cadela poodle resolveu passar por lá e o animal enorme saiu de perto do dono, deixando-o ultrajado. – Filho da mãe!
 

* * *
 

Dois meses depois.

Ele baixou a tela do notebook mais uma vez naquela noite, pegando o seu copo de café, abrindo a tampa e solveu uma pouca quantidade. Havia perdido a conta de quantas vezes havia repetido aquele mesmo gesto naquele dia.

Mal conseguiu se concentrar nas aulas de gestão e economia.

Já eram quase oito da noite e Sasuke ainda não havia conseguido se comunicar com o Uzumaki. Aquele idiota não havia ficado online sequer um segundo naquele dia, e nos últimos três dias não tiveram tempo para sequer se falarem de forma descente.

Será que ele está começando a cansar? – O moreno questionou, arqueando uma sobrancelha negra, pensando realmente na possibilidade.

Já haviam-se passado seis meses desde que estavam separados fisicamente e, apesar de não querer pensar sobre isso, sabia como a distância poderia ser um empecilho para eles. Especialmente para o Uzumaki, que era incapaz de segurar seu pênis dentro da calça! Assim pensava o Uchiha, que era o total oposto. Ele poderia ficar cinco anos longe de Naruto, iria permanecer fiel se assim o loiro quisesse. Seu coração e mente não o deixariam agir de forma contrária.

– Ahn... Excuse me. – Ele ouviu alguém lhe chamar. Ergueu os olhos para o lado, encontrando uma jovem de olhos verdes e cabelos castanhos lisíssimos, abraçando uma bandeja contra o peito. Ele arqueou uma sobrancelha negra, instigando-a a dizer o que queria. – Sorry, but we will close in a few minutes.

O de olhos negros olhou em volta da cafeteria da faculdade, notando que somente ele restava ali. Nem se dera conta de que todos já haviam saído do local, tão perdido que estava em seus pensamentos.

– Oh, sorry... – Ele ergueu-se, depositando seu café sobre a mesa de madeira, pegando sua bolsa e colocando o notebook dentro desta. - I'm leaving. How much do I owe you? – Buscou a carteira no bolso.

Logo o Uchiha se dirigia para a saída do local, o moreno colocou a touca de tricô de cor roxa escura, cobrindo seus cabelos, e ajeitou a gola do sobretudo preto antes de começar a dirigir-se aos dormitórios

Sasuke sentia saudades do inverno do Japão, ao menos por lá o frio não era tão cortante quanto estava sendo o da Califórnia naqueles últimos meses. O moreno, quando soube da bolsa de estudos, não pôde esconder a felicidade, porém, o desgosto veio junto, porque sempre que pensava nas cidades das Américas, especialmente a Califórnia, logo sua mente se arremetia a sol, praias e todo aquele clima quente que ele detestava.

Quando pisou em solo estrangeiro, veio a surpresa: Estavam no inverno.

O Uchiha sentiu o vibrar suave no bolso dianteiro de sua calça antes que toque de Home doThree Days Grace começasse a tocar. O moreno buscou o celular dentro de suas vestes e o nomeDobe brilhava na tela logo abaixo da foto do Uzumaki dormindo de boca aberta em uma pose nada elegante.

Sasuke sorriu de sua pequena vingança antes de aceitar a chamada.

– Teme! Onde você estava? – O tom de voz estridente soou tão alto que o moreno teve de afastar o aparelho de seu ouvido para retrucar.

– Eu? Onde estava você, Dobe? Estou tentando falar com você desde de manhã. – Reclamou. – Não te encontrei online uma hora sequer.

– Estive ocupado, desculpe por isso. Mas agora eu estava com um tempo livre. – O outro explicou com um leve tom de riso. Sasuke pôde imaginar o loiro coçando a nuca, como fazia quando estava sem graça.

– Hn. – Voltou a caminhar. – Então aguarde um pouco, já estou voltando para o dormitório. Aliás, o que eu já te falei dessas ligações para celular? Concordamos que isso é gasto demais.

 Mas isso não vale somente para as ligações internacionais? – O outro perguntou.

Sasuke girou os olhos pela burrice do outro.

– Exatamente, idiota.

– Ah, então não tem tanto problema, né? – Questionou o Uzumaki.

– Como assim? – O outro franziu o cenho, confuso.

– Olhe pra trás, babaca.

O coração do moreno disparou de repente, suas pernas pareciam ter sido feitas geleia, e devagar ele virou-se para trás, encontrando o campus completamente vazio, exceto por uma pessoa, que o fitava a poucos metros de distância, um sorriso enorme nos lábios e os olhos tão brilhantes que se destacavam no meio de tanto tecido.

Sasuke piscou algumas vezes antes de recuperar-se da letargia que o tomou por breves segundos. Piscou mais algumas vezes, achando estar vendo coisas.

Naruto estava ali!

O de olhos azuis estava excessivamente agasalhado, com uma blusa de veludo de cor preta, uma blusa de gola alta de cor cinza, um cachecol laranja e branco enrolado em volta do pescoço, calças escuras e botas marrons nos pés.

Em suas mãos o loiro trazia malas. Malas grandes.

– O que você... – O Uchiha parou, ao notar que ainda falava com o celular, soltou um "Tsk" pela sua burrice momentânea, antes de enfiar o celular no bolso do casaco e caminhar para perto do Uzumaki com cautela, este também guardava o aparelho de celular. – O que você está fazendo aqui?

Naruto abriu um sorriso tão verdadeiro que até mesmo seus olhos se fecharam. O nariz estava levemente vermelho, assim como suas bochechas devido ao inverno. Aparentemente, ele não havia se agasalhado o suficiente.

– Faculdade, dã. – O outro retorquiu.

– Faculdade? Você? Aqui? – O moreno questionou ultrajado.

– Ah, qual é? Assim você me magoa, tá? – O de olhos azuis rebateu, pousando as malas no chão para poder enfiar as mãos dentro dos bolsos do rapaz a sua frente, aproximando-os. – Já pensou que o que Kami me deu em beleza, ele distribuiu igual para o meu cérebro¹? – Riu levemente.

Sasuke girou os olhos pela ironia da frase.

– Não mesmo. Explique-se. – Pediu, querendo ignorar o fato de o Uzumaki estar tão perto dele depois de tanto tempo, controlando a vontade que tinha de puxá-lo para seu abraço e não soltá-lo.

Naruto fez um gesto de chateação com a boca.

– Itachi-sensei não vai mais precisar pagar para cortar o cabelo, só isso. – O outro respondeu com um meio sorriso. Sasuke franziu o cenho. Naruto girou os olhos para a lerdeza do mais velho. – Eu estou aqui, não é o que importa?

Sasuke sorriu levemente, tomando a nuca do Uzumaki, segurando o queixo do loiro entre o polegar e o dedo indicador, para só então colar os lábios juntos em um beijo recheado de saudade.

Naruto levou as mãos vestidas por luvas para a nuca do mais velho, aprofundando o ato, sentindo o coração palpitar em seu peito, seu estomago borbulhar e seu corpo amolecer nos braços do moreno.

Ah, como ele estava com saudades disso.

Sasuke foi quem quebrou o beijo, lhe dando pequenos selinhos estalados, alisando as bochechas com marcas e perdendo-se no meio dos olhos azuis do Uzumaki. Sentia tanto a falta daqueles anises que pareciam enxergar a parte mais profunda do seu ser. Afastou a franja loira da frente dos olhos claros.

– Em qual dormitório está? – Questionou.

O Uzumaki soltou uma das mãos que seguravam o moreno, e enfiou-as dentro do bolso, trazendo consigo uma chave, da qual girou no dedo indicador.

– 710. – sorriu. – Você acha que eu sou idiota? – Debochou. Sasuke arqueou uma sobrancelha negra, antes de sorrir de canto de boca.

– Na verdade acho. Porque, se a sua intenção era ficar no meu quarto, Usuratonkachi, essa foi fracassada, porque eu estou no 711. – bateu-lhe na nuca.

– Ahn! – Ofendeu-se. – Mentira! Peça transferência, agora!

– Eu? Você foi quem chegou agora, mude você. – Soltou-se do Uzumaki por completo para só então ajudá-lo com a bagagem.

– Mas Teme...! – O Uzumaki continuou balbuciando enquanto seguia-o, sequer notando o sorriso nos lábios de Sasuke.

Não importava quais fossem as barreiras que os impediam, pois o que sentiam era algo que podia unir qualquer coisa e ultrapassar qualquer obstáculo.

Mesmo que fossem completos estranhos. Mesmo que fossem completos opostos. Mesmo que se odiassem.

O tempo definitivamente se encarregaria de consertar tudo isso.

– Naruto. – O moreno chamou quando entraram no prédio escolar.

– Oi?

– O que realmente aconteceu entre você e o Itachi?

O Uzumaki sorriu levemente para o outro, notando o tom enciumado.

– Digamos que eu e o sensei tivemos uma pequena troca de favores...


Notas Finais


¹Referência ao capitulo 1
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SIDE-FIC DE "FIX YOU!" - http://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-naruto-yellow-2984030
Obrigado aos que acompanharam a fanfic. Para saber sobre futuras fanfic e afins, basta ir a minha página no meu Facebook: https://www.facebook.com/Maryficwriter?ref=hl
E é isso, nos vemos por ai.
Um comentário não dói a alma, e deixa um autor feliz. Já sabem, né?


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