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História Fixing You - I will try to fix you


Escrita por: deer_tokki

Notas do Autor


Mais uma fanfic para compensar o tempo que passei longe daqui... essa historia é mais madura, trata de algo que não se vê muito nas fanfics por aí, mas eu espero que gostem.

Essa historia foi inspirada em 'Fix You' do Coldplay, se quiser ouvir essa música depois, tenho certeza que você vai perceber a ligação entre a historia e a música. ^^

Boa leitura~

Capítulo 1 - I will try to fix you


A dor é uma coisa que muitos suportam, é uma coisa que todo mundo sente pelo menos uma vez por dia, várias vezes durante a vida. Dor física ou não, dor é dor. Alguns aguentam mais sentir dor do que outros. Alguns simplesmente desistem e perdem para a dor querendo mais do que tudo, parar de sentir ela.

 

 

Minho arrastou os pés pelo pavimento da calçada, o coração martelando dentro do peito, os olhos ardendo e a garganta crua. Minho nem mesmo se sentia ele mais, o corpo se movimentando sozinho pela calçada, andando para o tráfico, levando ele até onde a mente dele continuava dizendo que era o melhor lugar.

Para a morte.

Ele pisou na rua, os faróis dos carros cegando ele momentaneamente, buzinas enchendo os ouvidos deles e Minho sentiu uma onda de alívio encher o corpo. Estava acabando, logo ele não sentiria mais dor, logo tudo acabaria e ele finalmente poderia descansar, ficar longe de tudo o que machucava ele, de todos que machucavam ele.

Alguém gritou e o som alto de pneus fizeram Minho virar o rosto, olhando diretamente para o veículo e então tudo acabou e ele finalmente fechou os olhos quando sentiu o corpo bater contra algo duro, sangue jorrando dos lábios.

 

 

Jinki correu para fora da estação de metrô olhando para o relógio, ele estava atrasado porque o metrô tinha sofrido uma pane e agora ele teria que correr e se deus quiser, não tropeçar e cair de cara no chão na frente de todo mundo.

O celular dele começou a tocar dentro do bolso e Jinki se contorceu puxando o aparelho para fora enquanto corria, só faltava mais alguns metros e ele finalmente estaria chegando.

“Aonde no inferno você está?!”

Ele se encolheu com o grito que veio do celular e quase deixou ele surdo. “O metrô ficou parado no meio do caminho por causa de uma pane.” Jinki disse ofegante enquanto corria.

“Eu não me importo, você deveria estra aqui há quinze minutos!”

Jinki bufou. “Um enfermeiro chefe não deveria estar xingando dentro de um hospital.”

“Cale a boca e traga a sua bunda gorda aqui ou eu mesmo vou te buscar.”

“Eu estou chegando, Jesus.” ele murmurou e respirou fundo quando viu a fachada do hospital se aproximando.

Com o celular ainda na mão dele, Jinki entrou correndo e se curvando para as pessoas brevemente enquanto fazia o caminho dele para o vestiário, puxando o casaco dos ombros no meio do corredor e empurrando a porta com o pé.

Em cinco minutos ele estava vestido com o uniforme e pronto para começar o turno dele. Assim que Jinki saiu do vestiário, Kibum estava ali no corredor com os braços cruzados.

“Eu te disse, o metrô...”

“Esqueça sobre isso, nós temos uma emergência e precisamos de todos os enfermeiros disponíveis.” Kibum disse andando com passos rápidos e Jinki o seguiu.

“O que aconteceu?”

“Um grande incêndio em um restaurante, pelo o que eu ouvi consumiu o local em minutos. Muitas pessoas mortas e várias chegando.”

“Q-quantos?”

“Ainda não sabemos quantos, eles não param de chegar.”

“Oh deus, isso é horrível.”

“Sim, vá para...”

As portas se abriram e paramédicos entraram trazendo uma maca, um dos paramédicos estava em cima de alguém fazendo massagem cardíaca e tudo o que Jinki pôde ver foi uma mão caída para fora da maca, sangue pingando dos dedos e cortes por toda a pele.

“Esqueça, vá com esse,” Kibum disse empurrando Jinki em direção a maca e se virando para o médico que já corria para eles. “Doutor Kim Jonghyun, aqui.”

Jinki se virou e correu liderando o caminho para a sala de emergência desocupada, o paramédico tinha parado a massagem cardíaca mas continuava por cima da pessoa enquanto o outro continuava a apertar a bomba de máscara de oxigênio. Jonghyun puxou as luvas e perguntou sobre o que tinha acontecido, checando os sinais vitais do paciente e correndo ao lado da maca.

“Ele foi atropelado por um ônibus, mas pelo relato de algumas pessoas que viram a cena, ele fez isso de propósito.”

“Então ele tentou se matar.” Jonghyun constatou, terminando de examinar os sinais vitais do homem.

Os dois paramédicos assentiram e Jinki olhou para o homem deitado ali, o corpo coberto de sangue e cortes, o braço direito com uma fratura exposta e um corte profundo no abdômen. O cabelo estava ensopado de sangue, provavelmente por causa de algum corte e traumatismo, as roupas estavam rasgadas e os sapatos faltando. O coração dele bateu apertado dentro do peito. Por que alguém tentaria se matar e por que sendo atropelado por um ônibus?

A voz de Jonghyun chamando por ele, fez Jinki piscar e olhar para o médico.

“Nós precisamos entubar ele.” Jonghyun disse sem paciência, estendendo a mão.

Jinki assentiu e pegou o instrumento, dando para Jonghyun que rapidamente começou a trabalhar, virando a cabeça do homem para cima e introduzindo o laringoscópio, rapidamente Jinki entregou o tubo para o médico que o colocou no lugar, ligando o homem ao ventilador.

Jinki empurrou os pensamentos para o fundo da mente, se preocupando agora em fazer o paciente viver. Ele poderia pensar mais tarde quando o homem estivesse fora de perigo de vida.

 

 

O turno tinha sido cansativo, tinha dias em que o hospital era estranhamente calmo, calmo na medida que um hospital poderia ser, e em outros dias, como aquele tinha sido, era um caos e Jinki mal tinha tempo para respirar.

Ele não gostava de dias assim e não era porque ele não gostava de trabalhar, o que de fato ele gostava, mas sim pelo caso de que isso significava que tinha mais pessoas sentindo dor, mais pessoas doentes e mais acidentes que resultavam em pessoas machucadas e mortas.

Apesar de Jinki trabalhar como enfermeiro e de uma certa forma estar acostumado com isso, ainda era difícil para ele. Kibum costuma dizer que ele tem o coração mole demais, principalmente para alguém que lida com a morte todos os dias como eles fazem.

Bem, Jinki só se sentia mal. Ninguém gosta de ver pessoas sofrendo, não importa em qual situação elas estejam ou se elas estão acostumadas com aquilo ou não. É uma coisa da humanidade se sentir triste e querer ajudar os que sentem dor, ou pelo menos a maioria das pessoas deveriam ser assim.

No final, com o incêndio do restaurante, vinte e quatro pessoas tinham morrido no local e quarenta e oito tinham chegado ao hospital, na maioria em estado crítico. Dessas quarenta e oito, vinte não tinha sobrevivido, resultando em um total de quarenta e quatro pessoas mortas. Mas isso também não queria dizer que as pessoas que tinham sobrevivido estavam fora de perigo, tudo poderia acontecer durante esses dias.

Finalmente o turno de Jinki tinha terminado e ele poderia ir para casa, mas antes de sair ele se encontrou indo até a UTI, indo até aonde o homem, ainda desconhecido, estava internado.

“Como ele está?” ele perguntou para a enfermeira que estava chegando os sinais vitais dele.

Amber se virou para ele e suspirou. “Eu não sei. Ele está vivo por enquanto, mas nem mesmo os médicos sabem dizer se ele vai realmente sobreviver. Ele só não morreu no local porque o motorista do ônibus viu ele e tentou frear, mas como você pode ver, não foi o suficiente para diminuir o impacto.”

Jinki olhou para o homem deitado ali e sentiu um caroço se formar na garganta dele. Ninguém deveria passar por isso, mas tinha uma coisa, esse homem tinha feito isso ele mesmo, tinha tentado se matar por algum motivo desesperado e isso fazia Jinki ficar triste pelo homem.

Ela suspirou. “Isso é triste, né?!”

Ele olhou para Amber que olhava para o homem com uma expressão de pena.

“Eu quero dizer,” Amber continuou. “Ele tentou se matar se jogando na frente de um ônibus e agora ele não está nem morto e nem vivo. Preso em um estado quase vegetativo.”

“Por enquanto.” ele murmurou.

Amber balançou a cabeça. “Eu não acho que ele vai sair dessa. O corpo dele está todo quebrado e o cérebro não mostra sinais de que vai voltar ao normal.”

“Pra quem não sabia como ele estava, você tem bastante certeza sobre as coisas.”

“E por que você está tão preocupado afinal? Você nem mesmo conhece ele, ou conhece?”

“Não, eu não o conheço, mas eu sinto muito por ele e pela família dele.”

A enfermeira deu um tapinha no ombro de Jinki. “Você não deveria, só vai sofrer quando ele morrer.”

“Oh meu deus, você é muito agorenta, jesus cristo.”

“Eu só sou realista.” ela disse dando de ombros e saindo.

Ele não sabia explicar, mas Jinki sentia uma necessidade de proteger e cuidar daquele homem. Mas talvez fosse só o sentimento que todo enfermeiro e medico sentia para com os pacientes que eles tratavam. Vai ver era isso.

Jinki se virou e saiu do quarto, andando lentamente pelos corredores do hospital até sair do prédio. Já se passava das sete horas da manhã e as árvores ao redor do hospital balançavam com a brisa do outono, fazendo as últimas folhas alaranjadas que restaram a cair no chão formando um belo tapete.

Um sorriso apareceu nos lábios dele e Jinki fechou os olhos inspirando o ar fresco do dia. Apesar de tudo o que acontecia dentro do hospital, ele era feliz por estar vivo e fazendo o melhor que ele podia para salvar outras pessoas também, mesmo sendo apenas só um enfermeiro.

Enquanto ele caminhava os metros restantes para o apartamento dele, Jinki se pegou pensando novamente sobre o homem que tinha tentando suicido, e ele mordeu o lábio. Jinki deveria parar de pensar sobre ele e descansar, porque logo ele estaria trabalhando novamente e o turno da noite era sempre o mais cansativo.

Taemin estava longe de ser encontrado e Jinki caiu na cama se enrolando no edredom e dormindo sem nem mesmo se trocar.

Quando Jinki acordou, tinha uma nota de Taemin colada no celular dele, dizendo que o almoço estava pronto e que ele tinha ido para a faculdade. Alegremente ele comeu a comida, lendo as notícias no celular quando o mesmo tocou.

“Hey Joohyun-ah, o que foi?”

“Foi descoberta a identidade do homem que se jogou na frente do ônibus. Você me pediu para te avisar caso isso acontecesse.”

No mesmo instante Jinki ficou atento. “O quê? Como?”

“Eles acharam a carteira e o celular dele, com o impacto as coisas caíram do bolso dele e foram parar um pouco longe, mas alguém encontrou e entregou à polícia.”

“E...”

“O celular dele como você deve imaginar está quebrado.”

“Eu já imaginava.” ele disse um pouco impaciente.

“Bom, o nome dele é Choi Minho e a data de nascimento é 09/12/1991. Nada muito além do documento, alguns papéis e um número de telefone.”

“E a família dele?”

“Ainda não conseguimos entrar em contato com nenhum deles, mas o hospital está uma loucura por causa do incêndio, talvez eles apareçam também.”

“É, e o número de telefone na carteira dele?”

“Ninguém atende também.”

Jinki suspirou, parecia que tudo conspirava para manter aquele homem misterioso e sozinho.

“Obrigado por me avisar, Joohyun-ah.”

“Sem problema, se tiver mais alguma notícia eu te aviso.”

A coisa era, Jinki queria saber o que tinha acontecido com Minho, ele queria saber o que tinha feito o homem a tentar se suicidar. Ele queria ajudar aquele homem de alguma forma e nem mesmo sabia o porquê, ele só sentia uma grande necessidade de descobrir os segredos por de trás daquelas pálpebras.

 

 

Tinha se passado um mês que Minho tinha chegado ao hospital e ele continuava em coma. A condição dele não tinha mudado muito, mas os machucados lentamente começavam a melhorar. O braço dele que tinha sofrido uma fratura exposta ainda não tinha se recuperado mas regularmente um fisioterapeuta ia até o quarto para fazer alguns exercícios, mas não tinham tanta certeza se ele voltaria a usar o braço normalmente como antes.

No final, Jinki estava pagando pelo tratamento de Minho e apesar dos amigos dele acharem isso um absurdo, ele não se importava. Ele até mesmo entrou em algumas brigas, principalmente com Kibum, sobre o assunto, mas ele não se importava com o que os outros pensavam e o dinheiro era dele, então Jinki podia fazer o que quisesse.

No horário de almoço Jinki sentava ao lado da cama e conversava com Minho, contando sobre o dia dele e falando sobre a cidade e o tempo. Ele falava sobre coisas aleatórias e fazia perguntas como se Minho pudesse responder, mas Jinki sabia que isso ajudava as pessoas que estavam em coma e como o homem mais novo não tinha ninguém além de Jinki, ele fazia isso.

Ele sentia o coração se apertar toda vez que pensava na família de Minho, e pensava se isso tinha alguma coisa a ver com a tentativa de suicídio do homem mais novo. Jinki não tinha certeza, mas lá no fundo da mente dele algo dizia que podia ser o caso.

O irmão do pai de Minho tinha ido até o hospital depois de muita insistência, mas tinha sido totalmente em vão já que o homem, que Jinki odiava mais do que tudo, tinha se recusado a reconhecer Minho como parte de família e disse que não tinha nada a ver com ele mais. E foi aí que Jinki resolveu cuidar de Minho ele mesmo, se tornando o responsável pelo homem mais novo.

Como alguém podia ser tão ruim, como alguém podia ignorar uma pessoa que nem mesmo podia responder por si mesmo, que estava correndo o risco de morrer ou pior, ficar em coma para o resto da vida simplesmente porque Minho não era do jeito que eles queriam que fosse. Isso era ridículo. Jinki não conseguia entender e nem mesmo queria. Ele mesmo cuidaria de Minho, muito obrigado.

Quarenta e sete dias depois Minho acordou e surtou quando percebeu que ainda estava vivo e não morto como ele queria estar. Jinki foi chamado até o quarto do homem mais novo e rapidamente ele foi até lá tentar acalmar Minho, mas como ele faria isso se o homem mais novo nem mesmo conhecia ele?

Minho estava desesperado e gritava em plenos pulmões que ele queria morrer, implorando para que eles o matassem, que eles deixassem ele fazer o que queria e Jinki assistiu a essa cena com os olhos cheios de lágrimas e ali ele viu a confirmação dos medos dele. O homem mais novo iria fazer de tudo para morrer e precisava de ajuda.

Ele não se atreveu a entrar no quarto naquela hora com medo de assustar ainda mais Minho, que recebeu uma dose de calmante direto na veia enquanto dois enfermeiros seguravam o homem mais novo, e em segundos Minho tinha parado de gritar, os olhos agora vidrados encarando o teto, rastros de lagrimas pelo rosto.

Com passos lentos Jinki entrou no quarto e olhou para Minho em silêncio por alguns minutos, sentindo o coração quebrar a cada batida, sentindo dor por ver o homem mais novo daquele jeito.

Como se tivesse se aproximando de um animal raivoso, Jinki se aproximou da cama mordendo o lábio enquanto esperava os olhos de Minho se focar nele, mas depois de alguns minutos sem movimento, ele suspirou.

“Você está bem?” ele perguntou praticamente sussurrando.

Minho não disse nada por alguns minutos e quando Jinki desistiu de esperar por uma resposta, o homem mais novo respirou fundo. “Você veio aqui me matar?” ele sussurrou lentamente.

Jinki vacilou e os dedos que seguravam a barra de proteção da cama tremeram. “Não, eu vim aqui para te ajudar.”

Nada mais foi falado e depois de dez minutos em silêncio Jinki suspirou, os olhos ainda em Minho que parecia uma estátua na cama com os olhos vidrados no teto e peito subindo e descendo com a respiração.

“Eu só quero ser seu amigo.”

“Eu não te conheço,” ele murmurou, a língua parecia pesada dentro da língua. “Eu não preciso de amigos, eu só quero... morrer.”

Uma onda de raiva subiu por ele e Jinki tremeu, respirando fundo. “Eu não vou deixar você morrer.”

E assim ele saiu do quarto sem esperar por uma resposta de Minho, porque isso era um fato, Jinki não deixaria o homem mais novo morrer nem que pra isso ele tivesse que vigiar Minho vinte e quatro horas por dia.

Mas Jinki não podia fazer isso, ele não podia vigiar Minho nem que quisesse, porque afinal ele precisava trabalhar, mas isso acabou sendo feito pelo hospital já que o homem mais novo não estava cooperando com o tratamento e a cada oportunidade que tinha, tentava se matar de alguma forma.

Ele ficava com Minho o tempo que podia, conversando ou falando sozinho enquanto o homem mais novo olhava pela janela, mas Jinki podia dizer que aos poucos Minho estava começando a ficar mais confortável com a presença dele ali e não ignorava mais Jinki como antes, as vezes ele ganhava alguns olhares mas já era alguma coisa.

Apesar do tempo ter passado, Minho nunca tinha comentando uma sequer palavra sobre os pais dele e Jinki respeitou isso, esperando até que o homem mais novo estivesse confortável o suficiente para falar sobre isso. A única coisa que Minho tinha feito era perguntar se eles realmente estavam mortos e infelizmente Jinki teve que confirmar que sim, que os pais, o irmão a noiva do irmão dele estavam mortos. Todos eles.

Em um daqueles dias em que Jinki estava mais tagarela do que o normal, ele resolveu que tentaria falar sobre o trabalho de Minho, tentando de alguma forma melhorar um pouco o ambiente pesado e fazer o homem mais novo se abrir, tem uma conversa sobre algo que ele se interessaria.

“Eu ouvi que você é um pintor.”

“C-como você sabe disso?”

Jinki olhou para Minho que encarava ele com os olhos arregalados, era a primeira vez que o homem mais novo olhava para ele tão abertamente assim.

“O s-seu tio me disse.”

“O quê? Ele veio aqui? Você conversou com ele?”

“Eu tentei,” Jinki suspirou. “Mas... ele é uma pessoa difícil.”

“O que ele veio fazer aqui?” Minho perguntou trêmulo.

Ali ele se arrependeu de tocar no assunto, mas agora não tinha mais volta. “Ele foi chamado pelo hospital para ser responsável por você depois que foi confirmado que a sua família tinha...”

“Morrido?”

“S-sim. Mas ele não aceitou.”

“Eu imaginei,” ele murmurou desviando o olhar para a janela novamente. “Mas então quem está pagando a conta do hospital?”

Ele sabia que uma hora ou outra ele teria que falar sobre isso. Mordendo o lábio, Jinki desviou os olhos para as próprias mãos. “Eu.”

“Por quê?”

“Porque eu queria, eu... você precisava de alguém e esse alguém sou eu.”

Minho balançou a cabeça. “Eu não preciso de você e você não deveria gastar o seu dinheiro comigo, eu não valho a pena, eu não mereço nada disso.”

Jinki arregalou os olhos. “Não diga isso, todo mundo merece viver, todo mundo merece ser....”

“Feliz?” ele disse amarguradamente. “Isso não existe, não pra mim.”

“M-Minho-ah...”

“Eu quero ficar sozinha agora.” ele disse em um tom firme, encerrando a conversa.

Sem saber mais o que fazer Jinki se levantou e saiu do quarto se sentindo idiota por ter falado sobre o tio de Minho. Ele podia dizer que tinha algo errado na família do homem mais novo e mesmo assim ele falou sobre isso.

“Eu sou tão estupido.” ele murmurou.

“O que você fez agora?”

Ele olhou para Kibum e suspirou. “Eu não sei mais o que fazer.”

“E quem disse que você precisa fazer alguma coisa? Ele está tomando remédios e fazendo seções com um psiquiatra e sinceramente, se ele não quer viver, uma hora ou outra ele vai se matar e conseguir dessa vez.”

“Eu não vou deixar.”

“O que, você se apaixonou por ele?”

Jinki arregalou os olhos. “Eu não sei do que você está falando, Kibum-ssi.”

Kibum balançou a cabeça e puxou Jinki, saindo do meio do corredor do hospital e indo até a sala de descanso. “Você está apaixonado por ele e eu não quero ver você sofrer porque eu posso ver no fundo dos olhos de Minho que ele ainda deseja morrer, ainda tem aquele desespero dançando no olhar dele e parece que ninguém pode mudar isso.”

“Eu posso, eu... eu tenho que mostrar que ele não está mais sozinho, que eu estou aqui.”

“Então você admite que está apaixonado por ele.”

Ele abaixou a cabeça e soltou um longo suspiro, as mãos soltas ao lado do corpo. “Eu estou, eu nem sei por que ou como isso aconteceu, eu só... eu só quero fazer ele feliz.”

“E se você não conseguir?”

Aquelas palavras de Kibum atormentaram Jinki no caminho para o apartamento dele, atormentaram Jinki enquanto ele tomava banho e comia o jantar, atormentaram Jinki enquanto ele encarava o teto do quarto dele tentando dormir.

“Você parece incomodado com algo.”

Jinki virou o rosto e viu Taemin parado ao lado dele, os olhos ainda um pouco sonolentos. “Você acordou agora?”

“Sim, eu tenho que terminar um projeto para a faculdade. Você acabou de chegar?”

Ele desviou o olhar para o relógio e suspirou. “Umas duas horas atrás.”

“E você ainda está acordado. Como eu disse, tem algo te incomodando. O que é? É sobre o Minho?”

“Como... como você sabe?”

Taemin bufou e deitou ao lado de Jinki na cama, abraçando ele e deitando a cabeça no ombro dele. “Eu te conheço.”

“Eu... Kibum descobriu que, bem... você sabe que eu estou tentando fazer Minho desistir de se matar, tentando fazer ele ser feliz e....”

“E você se apaixonou por ele e Kibum disse algo maldoso para você, como do tipo ‘Isso é irresponsável e você vai se machucar, porque você tem um coração mole.’” Taemin disse imitando a voz de Kibum.

“Jesus cristo, Taemin-ah. Como... como você sabe de tudo isso?”

O mais novo riu. “Você é muito fácil de ler e Kibum sempre acha que é o mais velho do grupo e a voz da razão.”

Jinki olhou para o teto novamente e deixou outro longo suspiro escapar por entre os lábios. “Eu não sei o que fazer.”

“Eu sei que é difícil, mas tenho certeza que você vai descobrir o que fazer. Você só precisa de um tempo para si mesmo, para pensar no que você quer, se compensa tudo isso o que você está fazendo, se Minho vai retribuir a tudo isso.”

“Você não está ajudando em nada agora.” ele disse fazendo bico.

“Hyung,” ele disse rindo contra o pescoço dele. “Não aja como o mais novo aqui, esse sou eu.”

Ele riu e cutucou Taemin que levantou a cabeça. “Obrigado.”

“Ah, o que você faria sem mim, huh?!”

“Oh, olhe só para você todo convencido,” ele disse fazendo cocegas em Taemin que rolou para o lado na cama, tentando fugir dos dedos de Jinki, mas acabou caindo e levando Jinki junto com ele.

Os dois começaram a rir alto e por algum tempo Jinki esqueceu tudo o que lhe afligia.

Taemin estava certo, Jinki precisava de um tempo para si mesmo e no dia de folga dele, em vez de ir passar o dia com Minho como ele sempre fazia, Jinki resolveu ir ao lugar preferido dele, o lugar onde ele podia ficar sozinho e pensar.

O jardim secreto do palácio de Changdeokgung era o único lugar onde Jinki conseguia encontra paz e depois de tantos anos indo lá, ele já sabia os horários das visitas e ia quando não tinha ninguém.

Depois que ele salvou a vida de um dos guias que acabou tendo uma reação alérgica muito séria durante uma das visitas, Jinki conseguiu passe livre para entrar no palácio quando não tivesse ninguém e isso era o que ele mais adorava fazer, principalmente quando precisava de tempo para pensar, o que era o caso no momento.

Aquele lugar era magico de tantas formas diferentes que cada vez que Jinki ia até lá, ele descobria uma coisa nova. As árvores balançavam com o vento gelado que soprava por lá, assoprando as folhas alaranjadas que caíam pelo chão e as plantas aquáticas deslizavam pelas aguas do lago.

Jinki se sentou ali perto do lago, olhando os peixes que vez ou outra iam até a superfície, e desligando a mente de tudo o que estava fora daquele jardim, se concentrando nas coisas que estavam ao redor, na natureza que sempre era tão bela e calma e que trazia tanta paz a ele.

Olhando para o relógio, ele viu que já tinha passado da hora de ir embora e com um longo suspiro Jinki se levantou limpado a grama da roupa e saindo rapidamente, para que ninguém reclamasse que ele estava lá.

Mas como sempre, ir até o jardim secreto fazia muito bem a Jinki e ele se sentia revigorado, mais calmo e certo do que ele precisava fazer.

Ele chegou em casa com um sorriso sereno nos lábios e Taemin vendo como Jinki estava, sorriu e deu um tapinha no ombro dele.

“Que bom que você está melhor agora.”

“Eu estou.” ele disse assentindo.

“Agora você sabe o que fazer? Está decidido?”

Jinki riu, passando o braço pelos ombros de Taemin e trazendo o mais novo para perto enquanto ia para a cozinha e levando Taemin com ele. “Vamos, eu vou fazer o jantar hoje.”

“Oh deus, vamos ter que chamar os bombeiros de novo?!” ele disse saindo do braço de Jinki e dando um passo para trás.

“Yah, isso só aconteceu uma vez!”

Taemin caiu na gargalhada.

 

 

No dia seguinte quando Jinki chegou no hospital, Kibum praticamente arrastou ele para dentro do vestiário novamente, a expressão totalmente irritada.

“O quê? O quê?” ele perguntou estremecendo com o aperto de Kibum no braço dele.

“Aonde você estava ontem e por que no inferno você não veio aqui?” Kibum assobiou como um gato raivoso. “Eu tentei te ligar várias vezes.”

“Era a minha folga, por que eu viria aqui?” ele disse puxando o braço livre do aperto de Kibum.

O homem mais novo bufou e olhou pata Jinki, estalando a língua. “Quer saber, esqueça. Vamos voltar ao trabalho, eu ainda tenho mais uma hora até meu turno acabar e eu estou realmente cansado.” ele disse se virando e abrindo a porta.

Jinki franziu a testa, Kibum não agiria desse jeito se não tivesse algo de errado, e agora o homem mais novo não queria dizer? Kibum era sempre assim.

“Só me diga o que há de errado.” ele disse suspirando.

Kibum se virou. “Você sempre está cuidando de Minho, sempre preocupado com ele e mesmo que eu ache isso totalmente errado e sem sentido, você o ama.”

“E daí?” ele perguntou desviando o olhar. Ainda era um pouco embaraçoso falar sobre isso com Kibum, mesmo que eles fossem amigos e que aquilo fosse verdade.

“Bem, por alguma razão o tio de Minho veio visitar ele ontem.”

Ele ficou tenso no mesmo instante e os olhos se arregalaram. “O-o quê?”

“É, e fomos obrigados a chamar a polícia, ele... deus, eu não sei como alguém pode tentar fazer algo assim.”

“Caramba Kibum, diga logo!” ele disse exasperado, o coração martelando dentro do peito com tanta força que estava começando a doer.

“Ele tentou matar Minho sufocado com o travesseiro e.... e Minho só ficou lá deitado, ele não fez nada, ele não tentou se defender, só deixou aquele... aquele monstro sufocar ele. Se uma enfermeira não tivesse entrado no quarto naquele momento, eu tenho certeza que ele teria matado Minho e quando descobrissem seria tarde demais.”

Jinki estava totalmente sem reação, sem saber o que fazer, como agir. Todos os pensamentos bagunçados dentro da mente dele e parecia que o corpo dele tinha perdido os movimentos, como se o cérebro dele não soubesse mais como funcionar.

“Por causa do traumatismo craniano que ele tinha sofrido e agora por falta de oxigênio no cérebro, ele quase não sobreviveu e teve que ser internado na UTI novamente.” Kibum disse suavemente.

“Deus,” ele murmurou caindo sentado no banco ao lado dele, o rosto enterrado nas mãos. “Tudo isso aconteceu porque eu não estava aqui, porque eu desliguei a porra do meu celular para não ser incomodado.” ele choramingou.

“Pelo menos ele está vivo e isso é o que importa, certo?”

Ele levantou a cabeça e olhou para Kibum. “Certo. Eu posso... eu posso vê-lo? Só por alguns minutos, eu prometo que eu vou começar a minha ronda assim que ver Minho.”

“Sim, você pode ir, mas só por cinco minutos.”

Jinki assentiu e com as pernas trêmulas saiu do vestiário em direção a UTI.

Isso era tudo culpa dele, ele tinha deixado Minho sozinho, tinha abandonado a pessoa que não tinha ninguém, que era sozinho e que só tinha Jinki ao lado dele. Como ele pôde fazer isso? Como ele pôde não estar ao lado do homem mais novo em um momento como aquele?

As imagens de Minho depois da tentativa de suicídio deitado na maca, praticamente morto, inundaram a mente de Jinki que rangeu os dentes para não choramingar ali mesmo no corredor, na frente dos outros.

Não era do mesmo jeito, Minho não estava tão machucado como daquela vez, mas estava ligado a aparelhos, respirando através de uma máquina e em um coma induzido. O corpo que mal tinha começado a se curar estava novamente sofrendo, a mente que lentamente começava a se recuperar da depressão estava novamente perturbada e tudo porque um uma pessoa que já tinha ido embora resolveu aparecer novamente.

“Por que você deixou ele fazer isso com você? Você não pode morrer, você não pode ir embora e me deixar aqui. Não me deixe,” ele sussurrou segurando delicadamente a mão de Minho e mordendo o lábio em uma tentativa de segurar as lágrimas. “Não me deixe, eu te amo Minho.”

 

 

“Hey, eu só estou ligando para avisar que vou passar a noite no hospital.”

“Mas hoje o seu plantão não foi durante o dia? Por que você ainda está aí?” Taemin perguntou confuso.

“Eu preciso ficar ao lado de Minho, finalmente ele foi tirado do coma induzido e eu não quero que ele esteja sozinho quando acordar.”

“Então foi isso o que você decidiu.”

Um pequeno sorriso apareceu nos lábios de Jinki. “Eu me decidi, Taemin-ah, eu decidi ficar ao lado dele não importa como.”

“Que bom que você decidiu o que fazer, agora você pode seguir em frente e não ter arrependimentos.”

“Sim.”

“Me ligue de amanhã, okay?”

“Te amo, Taemin-ah.”

Taemin riu. “Te amo também, hyung.”

Ele deslizou o celular para dentro do bolso e entrou no quarto, essa seria a primeira vez que Jinki passaria a noite com Minho, afinal ele não pensou que precisaria fazer isso já que o homem mais novo estava no hospital e ficaria protegido. Ninguém poderia imaginar que uma pessoa da família, um parente, tentaria fazer uma coisa tão hedionda como aquela.

Quando Minho tinha acordado, Jinki ainda não tinha terminado o turno dele e quando ele chegou no quarto, o homem mais novo estava dormindo novamente.

Sentando na cadeira ao lado da cama, Jinki olhou para a figura de Minho que estava cada vez mais magro. Pelo porte de Minho, Jinki podia dizer que o homem mais novo era alguém que gostava de praticar esportes, os músculos, principalmente das pernas, eram bem construídos e do peitoral e braços também. Agora Minho estava definhando em uma cama de hospital, a cada dia que passava ele perdia cada vez mais a vontade de viver e a cada dia que passava Jinki se desesperava mais.

“Eu não vou deixar você morrer, você me ouviu? Eu não vou permitir que você acabe com a sua vida.”

“Eu não tenho motivos para viver.”

Jinki se assustou e olhou para Minho que abriu os olhos, focando no teto acima dele. “Minho-ah? Você está bem, sentindo alguma dor?”

“Não.”

“Não, o quê? Não você não está bem ou você não está sentindo nenhuma dor?”

Minho suspirou. “O que você está fazendo aqui?”

“Te fazendo companhia. Hoje eu vou dormir aqui com você.”

“Você está com medo que eu tente me matar de novo?”

“Não, eu só quero ficar aqui com você.” ele disse colocando as mãos nos bolsos, tentando esconder os dedos trêmulos.

“Você é um mentiroso. Se você quisesse ficar aqui, você não tinha sumido naquele dia.”

Ele piscou, até mesmo parecia que Minho estava reclamando, que o homem mais novo tivesse sentido falta dele.

“Se eu tivesse aqui, aquele... aquele monstro não tinha feito aquilo com você, não tinha te machucado. Eu deveria ter vindo aqui e ficado ao seu lado como sempre.”

O homem mais novo balançou a cabeça e virou o rosto, olhando pela janela e ficando em silêncio. Jinki olhou para o rosto de Minho com cuidado, prestando atenção na expressão do homem mais novo, era como se Minho estivesse lutando contra si mesmo, como se ele estivesse ponderando se falaria ou não o que estava pensando.

“Por que você sempre está ao meu lado? Por que você... está aqui agora?”

“Porque eu quero, eu quero estar ao seu lado sempre.”

“Por quê? Eu não mereço isso, eu não mereço nada. Eu sou um imprestável que merece morrer, por favor Jinki-ssi, só me deixe mo...”

“Não diga isso nunca mais na sua vida,” ele disse sério, quase com raiva. “Você não é um imprestável e merece viver e ser feliz como todo mundo, eu nunca vou deixar você fazer algo contra si mesmo, nunca mais. Eu... eu vou me certificar de que isso nunca aconteça.”

Minho fungou baixinho e Jinki arregalou os olhos quando percebeu que o homem mais novo estava chorando. “Por que você se importa tanto com uma pessoa que você nunca viu antes?”

Ah, o que Jinki poderia dizer naquele momento, o que ele poderia dizer para mostrar que Minho era amado sem dizer essas exatas palavras? Ele não podia assustar o homem mais novo dizendo que amava ele. Se ele fizesse isso, só assustaria Minho que já estava frágil demais.

“Eu não sei, mas desde o primeiro momento que eu te vi entrando por aquelas portas praticamente morto, eu senti que precisava te proteger, que você precisava de mim.” ele disse esticando a mão e enxugando uma lagrima que rolou do rosto de Minho com os dedos que tremiam mais do que as folhas das árvores lá fora com o vento.

“Eu não preciso de você.” ele disse virando o rosto longe dos dedos de Jinki.

Doía ser rejeitado assim, mas Jinki ainda não estava pronto para desistir. Ele sabia que Minho estava machucado demais para aceitar qualquer gesto de carinho, sendo esse de amor ou amizade, então ele iria tentar mais uma vez.

“Mas eu preciso de você.”

O homem mais novo olhou para ele com os olhos arregalados. “O quê?”

“Eu posso ser egoísta e querer ficar ao seu lado? Porque eu preciso ter você ao meu lado, eu não quero desistir de você e não quero que você morra. Mesmo que você não precise de mim, você pode me deixar ficar ao seu lado?”

“Você... do jeito que você fala, parece que...”

“Que eu estou apaixonado por você? Bem, eu meio que estou.”

Aí estava, no final Jinki acabou falando o que não queria, mas agora não tinha mais volta.

Minho ficou em silêncio olhando para Jinki que só conseguia ouvir um único som, o da própria pulsação nos ouvidos, o coração batendo como louco dentro do peito.

“Eu não...”

“Eu sei e não se preocupe com isso. Eu não estou pedindo para você aceitar os meus sentimentos, eu só quero que você me deixe ficar ao seu lado e cuidar de você. Só isso.”

O silêncio no quarto era pesado e Jinki simplesmente se sentou ali ao lado da cama de Minho tentando reunir os pensamentos e tentando não pensar na rejeição. Ele tinha prometido a si mesmo que cuidaria de Minho e ele faria isso, não importando se o homem mais novo amava ele de volta ou não.

Jinki estava dormindo no sofá, enrolado debaixo do próprio casaco quando o choro começou baixo, ele não prestou muito atenção a isso mas depois de algum tempo começou a ficar mais alto e acabou despertando Jinki do sono. Imediatamente ele se virou e viu que Minho estava se debatendo na cama, murmurando e chorando.

Rapidamente ele pulou em seus pés e correu para a cama, segurando os ombros de Minho, tentando controlar o homem mais novo.

“Minho-ah, Minho-ah... hey, acorde. Ninguém vai te machucar, você está a salvo, você está a salvo.”

Os olhos do homem mais novo se abriram arregalados, os cílios molhados com as lagrimas que escorriam pelo rosto, os dedos segurando o lençol com tanta força que os nós estavam brancos.

“J-Jinki-hyung?”

Os joelhos de Jinki tremeram e ele teve que afundar ainda mais os dedos nos ombros de Minho para não cair. Ouvir o homem mais novo chamar ele de hyung era uma coisa que ele duvidou ouvir algum dia.

“Eu estou aqui, eu estou aqui. Você está seguro.” ele sussurrou com os olhos cheios de lagrimas.

Minutos depois uma enfermeira entrou, mas Minho já estava mais calmo e ela saiu sem dizer nada. Jinki não sabia exatamente como agir mas parecia que o homem mais novo não se importava com mais nada, então ele só fez o que achou certo, deitou ao lado de Minho na cama, abraçando ele apertado e sentindo o corpo tremulo contra o dele.

Os olhos de Jinki se encheram de lagrimas mais uma vez e ele mordeu o lábio para não chorar, simplesmente ficou ali deitado segurando Minho que se agarrou a ele com força, os dois em silêncio.

Demorou muito tempo para Jinki dormir, o corpo tenso segurando Minho, mas quando finalmente o homem mais novo adormeceu ele sentiu o corpo relaxar e ouvindo a respiração suave de Minho, ele adormeceu.

Jinki lentamente abriu os olhos e piscou com a luz do sol que entrava pela janela, e assim que os olhos dele se focaram, Jinki se encontrou encarando Minho que olhava para ele estranhamente. Imediatamente ele deslizou os braços para fora do homem mais novo e sentiu o rosto queimar de vergonha, eles estavam em uma posição um tanto que embaraçosa.

Rapidamente Jinki tentou se levantar, mas eles estavam deitados em uma cama de hospital, uma cama que cabia somente uma pessoa e com isso perdeu o equilíbrio, caindo para o lado. Imediatamente uma mão segurou o braço de Jinki, o impedindo de cair totalmente da cama e ele olhou envergonhado para o rosto de Minho.

“Me desculpe.” ele murmurou finalmente se levantando da cama e tirando o braço do aperto de Minho, a pele do braço onde tinha sido tocado formigando.

“Tenha cuidado.”

Assentindo, Jinki mordeu o lábio. “Você está bem? Ontem à noite...”

“Eu estou bem.”

“Oh, okay, que bom. Eu... eu estava preocupado e....”

“Ontem eu fiquei sabendo que não vou poder mais pintar, meu braço,” Minho disse olhando para o membro como se fosse algo inútil. “Não vai melhorar.”

O coração de Jinki se apertou dentro do peito e ele teve que respirar fundo para responder. “Eu... eu sinto muito.”

Minho balançou a cabeça, olhando brevemente para Jinki e depois desviando o olhar. “Mais um motivo.” ele sussurrou.

“Minho-ah...”

Uma enfermeira entrou empurrando um carrinho, sorriso estampado no rosto. “Bom dia senhor Choi.”

Minho ficou em silencio e a enfermeira sorriu, colocando a bandeja ao lado da cama e depois olhando para Jinki.

“É melhor você ir, está quase na hora do seu turno começar.”

Jinki piscou e olhou para o relógio, aparentemente ele tinha dormido demais. “Oh, você está certa. Obrigado Sooyoung-ah.” ele disse sorrindo e saindo do quarto, mas antes de fechar a porta, ele olhou para Minho e a última coisa que ele viu foram os olhos do homem mais novo.

 

 

Jinki estava lendo uma revista, ou tentando ler quando ouviu Taemin grunhir, imediatamente ele levantou os olhos da revista para ver o que o homem mais novo estava fazendo.

“Isso é muito chato,” Taemin reclamou, empurrando o livro para longe dele. “Eu não aguento mais estudar.”

Rindo, Jinki virou a página da revista. “Você precisa de ajuda aí?”

Taemin se virou para ele, os olhos brilhando. “Yeah eu preciso, me dê comida.”

“O que?” ele perguntou rindo. “Como isso deveria ajudar?”

“Eu preciso de comida para sobreviver, eu não posso viver apenas de estudos.”

“Você está sendo dramático, só faz duas horas que você está aí e....”

“Hyung,” ele disse cortando Jinki. “Me dê comida agora!”

“Você está fazendo bico, sério? Você é um bebê ou algo assim?” ele perguntou rindo. “Talvez eu devesse ligar para nossa mãe.”

“Bem,” Taemin disse se levantando da cadeira. “Ela vai trazer comida?”

Jinki riu alto e Taemin acabou rindo com ele. “Okay você venceu, vamos comer alguma coisa.”

“Eu realmente estou afim de comer pizza hoje.” Taemin disse animado, saindo do apartamento e Jinki sorriu.

A pizzaria estava fechada, então eles acabaram indo comer hambúrgueres e Taemin estava mais do que feliz em finalmente ter comida na frente dele. Jinki adorava o irmão dele mais do que tudo e ver o homem mais novo feliz, era a melhor coisa.

“Então,” Taemin disse com a boca cheia, empurrando algumas batatas para dentro. “Você não me contou sobre a noite que você passou no hospital com Minho.”

“Ele teve um pesadelo,” ele disse respirando fundo. “E parecia ser um ruim. Ele estava chorando e se debatendo na cama, foi desesperador ver ele daquele jeito.”

Taemin assentiu. “Parece que ele tem vários demônios dentro da cabeça.”

“Exatamente, e ele desistiu de lutar contra eles. Eu queria poder ajudar mas eu não sei como.”

“Pra você ajudar ele, ele primeiro precisa deixar você entrar, ele precisa confiar em você, mas depois de tanto tempo ele ainda não fez isso.”

“Mas acho que talvez isso esteja mudando, ele falou informalmente comigo hoje, até mesmo me chamou de hyung. Hoje foi a primeira vez.”

“Bem, isso já é alguma coisa pra quem passou todos esses meses fingindo que você não estava por perto.”

“Não é assim, ele conversa comigo as vezes. Mas eu meio que... eu disse que tinha me apaixonado por ele.” ele disse com os olhos fechados.

“Jesus, hyung. Você acha que foi uma coisa boa? Quero dizer, ele não está bem agora e....”

“E ele praticamente me rejeitou, então não se preocupe com isso.”

O homem mais novo franziu a testa. “E você está bem com isso?”

Ele riu amargamente. “Você estaria?”

“Yeah, acho que não.”

“Mas não era como seu eu estivesse esperando que ele sentisse algo por mim, provavelmente ele nem é gay, então estranhamente eu não estou tão chateado como achei que estaria.”

“Você não precisa mentir pra mim, hyung, eu posso ver.”

Jinki suspirou. “Eu estou tentando ser positivo.”

“Você não precisa,” Taemin disse entrelaçando os dedos deles juntos por cima da mesa. “Eu estou aqui e você pode me dizer tudo.”

Apesar de Jinki já saber disso, era reconfortante ouvir as palavras de Taemin. Ele não estava sozinho e isso era o mais importante, então tudo o que Jinki precisava fazer era mostrar isso para Minho, fazer Minho entender que Jinki estava lá para ele.

Podia se dizer que Jinki estava ansioso para ir trabalhar no dia seguinte e ver Minho. Talvez as coisas fossem melhorar e o homem mais novo iria confiar mais nele.

“Hyung,” Taemin disse batendo na porta e entrando. “Você já tá dormindo?”

“Não, o que foi?”

“Eu estava pensando. Você disse que queria ajudar Minho, mas ele não se abre com você, certo?”

“Yeah.”

“Você alguma vez chegou a perguntar diretamente para ele o que aconteceu?”

Ele piscou. “É claro que não, só de mencionar os pais dele ou qualquer coisa que esteja relacionada com a vida pessoal dele, Minho recua.”

“Mas eu acho que é esse o problema, tentar instigar ele a falar não vai adiantar, mas acho que se você perguntar, pedir para ele te contar, talvez ele possa te dizer. Talvez tudo o que ele precise é que alguém pergunte.”

“Eu não posso fazer isso,” Jinki disse balançando a cabeça. “Tenho certeza que a terapeuta dele já perguntou e se ele... ela teria me contado.”

“Esse é o ponto, hyung. Minho não tem intimidade com a terapeuta, mas com você ele tem.”

Isso meio que fazia sentido. Será que Jinki deveria tentar?

“Você acha que vai funcionar?”

Taemin deu de ombros. “Só tem um jeito de descobrir.”

“Okay,” ele disse assentindo. “Eu vou tentar.”

 

 

Jinki salivou só de olhar para o sanduiche, ele estava morto de fome e já tinha passado a hora dele comer. Assim que ele deu a primeira mordida no pão, Kibum entrou na sala de descanso e Jinki suspirou.

“Um ônibus capotou e os feridos estão vindo para cá, vamos.” Kibum disse antes de desaparecer pela porta.

Todo mundo começou a se mexer e Jinki olhou mais uma vez para o sanduiche dele, talvez mais tarde ele tenha tempo de comer, era isso o que ele esperava.

Estava um caos no pronto socorro e Jinki se apressou para ajudar, indo onde precisavam dele. Tinham muitas vítimas do acidente, dois ônibus tinham se chocado de frente e um deles era um ônibus escolar. O coração de Jinki estava apertado em ver tantas crianças machucadas.

Quando todas as vítimas tinham sido atendidas, Jinki finalmente teve um tempo para respirar e talvez comer alguma coisa, mas o problema era que ele estava tão cansado que nem fome ele tinha e quando percebeu, estava parado na frente da porta do quarto de Minho.

O dia estava tão agitado que Jinki não teve tempo de ir visitar o homem mais novo e ele estava se sentindo culpado por isso, principalmente depois que Minho finalmente estava falando informalmente com ele, confiando mais nele.

“Minho-ah,” ele chamou batendo na porta. “Eu estou entrando.”

Não teve resposta e Jinki franziu a testa, abrindo a porta. Minho não estava no quarto, o que era estranho e ele ficou ali parado no meio do quarto sem saber exatamente o que fazer. Onde será que o homem mais novo estava?

A porta se abriu e ele se virou, pensando que era Minho, mas na verdade era o ajudante de limpeza, que naquele dia estava encarregado de trocar os lençóis da cama.

“Lee Jinki-ssi?”

“Hey.” Jinki disse um pouco sem graça.

“Você está esperando por Minho? Acho que ele está na fisioterapia agora.” ele disse enquanto trocava os lençóis rapidamente, fazendo sem nem mesmo pensar.

“Oh, eu não sabia.”

O homem cantarolou, esticando o lençol limpo na cama. “Eu ouvi as enfermeiras dizendo que ele talvez iria receber alta, você deve estar feliz.”

Jinki congelou no lugar, os olhos arregalados. Minho ia receber alta? Isso não fazia sentido nenhum.

“O que? Ele vai receber alta, onde você ouviu isso?”

“Você não sabia? Eu não sei dos detalhes, eu só ouvi as enfermeiras conversando lá fora.” ele disse dando de ombros.

Ele correu para fora do quarto antes mesmo que o homem pudesse terminar de falar. Jinki precisava de respostas e ele sabia exatamente com quem falar.

“Jinki-ssi, o que você está fazendo aqui?” Boah disse sorrindo quando ele bateu na porta do consultório dela.

“Você está ocupada?”

“Não, entra.” ela disse se sentando na cadeira dela e indicando para Jinki se sentar.

Sentando na cadeira, Jinki se inclinou para frente, ansioso para obter respostas. “Eu ouvi que Minho vai ter alta, isso é mentira, certo?”

Boah franziu a testa e balançou a cabeça. “Por que seria uma mentira? Minho está muito melhor, mentalmente eu quero dizer, e ele precisa voltar a sociedade, ele não pode ficar trancando dentro do hospital para sempre.”

“Mas ele não está bem,” Jinki disse desesperado. “Esses dias atrás ele estava tendo pesadelos, gritando e chorando enquanto dormia, ele ainda não acha que merece viver.”

“Eu sei disso, mas ele precisa sair, ver que a vida continua, ver que ele também precisa continuar a viver. Jinki-ah,” ela disse se inclinando sobre a mesa, sorrindo para ele. “Você não precisa ter medo, Minho é capaz de fazer isso se tiver alguém ao lado dele.”

“Eu não sei se isso é o mais certo a se fazer, ele...”

“Olha,” ela disse suavemente. “Você não precisa se preocupar tanto com isso agora, ele não vai ser liberado nesse exato momento, Minho ainda precisa se recuperar fisicamente de todos os danos que ele sofreu, mas mentalmente ele só vai se recuperar quando sair daqui.”

“Você realmente acha isso? Você acha que ele pode ter uma vida normal fora daqui depois de tudo o que ele passou?”

A psiquiatra sorriu. “Sim, apesar de tudo o que aconteceu, apesar da depressão que ele ainda está lutando contra, Minho pode ter uma vida normal, como muitos pacientes com depressão tem. Como eu disse, se ele não estiver sozinho, tudo vai dar certo.”

Mas o problema era que Minho não tinha ninguém, como ele não ia ficar sozinho quando a única pessoa que o homem mais novo tinha era o próprio Jinki?

Andando pelos corredores do hospital, Jinki se sentia incerto sobre aquilo tudo. Ele estava com medo, é claro que ele estava e era perfeitamente normal ele se sentir assim. Como é que que ele podia ficar aliviado, ficar feliz em saber que Minho teria alta e que voltaria a viver sozinho, quando o que ele mais precisava era de alguém ao lado dele.

É claro que uma hora Minho iria receber alta, é claro que o homem mais novo não iria viver para sempre no hospital, como Boah mesmo tinha dito, mas Jinki não achou que isso fosse acontecer assim tão rápido.

Ou talvez fosse Jinki que queria ter Minho por perto o máximo de tempo possível.

A vida de Jinki tinha mudado drasticamente depois que Minho tinha entrado na vida dele, agora que ele tinha o homem mais novo, ele se sentia completo, mesmo que ele não tinha Minho do jeito que ele queria, que ele desejava. Jinki não era ganancioso.

Quando Jinki entrou no quarto de Minho novamente, uma das enfermeiras, a Seulgi, estava saindo do banheiro, as roupas levemente molhadas. Por causa da lenta recuperação do braço de Minho, o homem mais novo ainda não conseguia fazer muitas coisas sozinho, e tomar banho era uma delas, então ele precisava de ajuda para as coisas mais simples.

“Jinki-oppa, você está aqui.” Seulgi disse sorrindo.

“Seulgi-ah, você precisa de ajuda?”

“Oh, talvez você pudesse ajudar Minho-ssi a terminar de se trocar. Eu sei que ele fica um pouco desconfortável quando eu faço isso.” ela disse baixinho, olhando por cima do ombro para ver se Minho não estava escutando.

“É claro.”

Seulgi assentiu e sorriu, saindo do quarto para ajudar o próximo paciente.

Jinki respirou fundo e bateu na porta do banheiro, entrando sem seguida. “Minho-ah, eu vim te ajudar.”

Repetindo para si mesmo que Minho era só um paciente e não a pessoa por quem Jinki estava apaixonado, ele tentou o máximo possível não olhar por muito tempo para lugar nenhum.

“E-eu posso fazer isso sozinho.” Minho disse desconfortável, enquanto Jinki abotoava a camisa dele.

“Eu sei, mas você precisa evitar de usar seu braço para esse tipo de coisa por enquanto.”

Minho balançou a cabeça. “Eu me sinto um inútil quando vocês fazem isso, eu não consigo nem mesmo abotoar a minha própria camisa.”

Ele percebeu que Minho disse que ele se sentia um inútil por não conseguir abotoar a camisa e não que ele era um inútil. Era uma coisa pequena mas ali Jinki percebeu que Boah estava certa, que o homem mais novo estava melhorando, lentamente mas estava. Talvez nem Minho tenha percebido isso, mas era um grande progresso.

“Jinki-hyung?”

Levantando os olhos, Jinki percebeu que estava ali parado na frente de Minho, perdido em pensamentos. “Aí está,” ele disse sorrindo. “Tudo pronto.”

O homem mais novo franziu a testa e Jinki sorriu ainda mais.

“Você quer dar uma volta lá fora? O dia está tão bonito.” ele disse olhando pela pequena janela do banheiro, e Minho fez o mesmo.

“Eu não sabia que eu podia sair daqui.”

“Você nunca quis,” Jinki disse dando de ombros. “Mas nós podemos fazer isso agora, você quer?”

“T-talvez...” Minho murmurou, desviando os olhos de Jinki que sorriu.

“Okay, então deixe eu pegar um suéter para você, está um pouco frio lá fora. Eu já volto.” ele disse abrindo a porta de saindo apressado.

Por sorte Jinki tinha um suéter extra no armário e foi isso o que Minho estava usando, as mangas estavam um pouco curtas, já que o homem mais novo tinha os braços um pouco mais longos do que o dele.

O tempo estava agradável apesar do frio, o sol brilhava esquentando um pouco e os dois sentaram em um banco debaixo de uma árvore que agora não tinha nenhuma folha.

“É bom aqui,” Jinki disse com um sorriso nos lábios, respirando fundo e sentindo o ar gelado entrar nos pulmões. “Eu gosto do inverno.”

“Eu prefiro o verão, eu fico com frio muito rápido.” Minho casualmente, olhando para os próprios pés.

“Oh, eu não sabia disso. Então não devemos demorar muito tempo aqui fora.”

Os dois ficaram em silêncio depois disso e Jinki respirou fundo, reunindo a coragem que tinha para começar.

“Ontem eu saí com o meu irmão para jantar. Fazia um tempo já que nós não saíamos juntos, já que passo a maior parte do tempo no hospital.”

Minho cantarolou, indicando que estava ouvindo, mas não disse nada de volta.

“Você... você se dava bem com o seu irmão?”

O tempo pareceu parar e Jinki mordeu o lábio, esperando enquanto Minho parecia uma estátua no banco. Ele estava tentando fazer o que Taemin tinha dito, perguntar, mas ele não sabia que iria funcionar ou não.

“Na verdade não,” Minho disse devagar. “Minseok é.... era dez anos mais velho do que eu, então quando eu finalmente tinha idade para brincar, ele já tinha os amigos dele, já não estava interessado em brincar com uma criança.”

“Você deve ter se sentido sozinho.”

O homem mais novo deu de ombros. “Às vezes, mas eu nunca me ressenti com ele e Minseok não era um irmão ruim, nós só não tínhamos muitas coisas em comum. Eu sempre vivi na sombra dele, ele é um... era um advogado, tinha uma bela noiva e meus pais sempre tiveram muito orgulho dele.”

“Mas tenho certeza que seus pais também tinham orgulho de você.”

Minho sorriu amargamente. “Não, mas eles me amavam mesmo assim, me apoiavam mesmo eu sendo do jeito que sou.”

Jinki franziu a testa, o tio do Minho tinha dito algo parecido antes, dizendo que era por causa que o homem era do jeito que era, que ninguém iria aceitar ele. “O que você quer dizer com isso?”

“Primeiro de tudo, eu não fiz faculdade, eu sabia desde sempre o que queria fazer, o que eu era bom, então fiz cursos de pintura, aprendi tudo o que precisava e achei que não era necessário fazer faculdade. Mas você sabe, isso não é assim tão bem visto na sociedade e minha família, cheia de médicos e advogados, não aceitou muito bem.”

Ele não sabia o que dizer, então simplesmente assentiu, esperando, esperançosamente, que Minho continuasse a falar.

“Apesar de tudo,” Minho disse depois de alguns minutos em silêncio, olhando brevemente para Jinki. “Meus pais não me discriminaram nem nada, nem mesmo depois que descobriram que eu... que eu sou gay.”

E então Jinki ofegou, a boca caindo aberta em choque assim que as palavras de Minho chegaram nos ouvidos dele. O homem mais novo era gay, tipo... como ele?

“O-oh...” ele falou estupidamente.

“Uma das coisas mais vergonhosas e desonrosas para se ter em uma família,” Minho disse amargamente. “Um gay, uma coisa imunda e errada que deveria ser exterminada da face da terra.”

“O qu...”

Minho balançou a cabeça, calando Jinki. “Eu ouvi isso a minha vida toda, desde o momento que eu descobri o que era, que meus pais, acidentalmente, descobriram o que eu era. Por isso minha família me odeia, por isso meu tio me odeia tanto. Meus pais, apesar de tudo, não me expulsaram de casa nem nada disso, mas eu podia ver nos olhos deles que eu causava sofrimentos a eles, e foi por isso que eu me mudei, fui morar sozinho no meu pequeno estúdio, tentei não envergonha-los mais do que eu já fazia.”

Jinki, sem nem mesmo pensar no que estava fazendo, segurou a mão de Minho, que olhou para as mãos deles juntas por alguns segundos, mas não se afastou do toque. “Eu sinto muito.”

“Você provavelmente sofreu as mesmas coisas.”

“De uma certa forma sim,” Jinki disse respirando fundo. “Minha mãe é a única que sabe que eu sou gay e me fez prometer que nunca contaria para ninguém. Meu pai nem sonha com isso.”

“Eu não sei o que é pior,” Minho disse suspirando. “Esconder ou contar para todos.”

“Yeah, mas então meu irmão iria começar a faculdade aqui em Seul e nada mais obvio do que morar comigo, seria fácil para nós dois, mas minha mãe não queria dizendo que eu ia corromper Taemin, transformar ele em gay, como se isso fosse alguma doença contagiosa que passa por contato ou algo assim. Mas meu pai não conseguia entender a birra da minha mãe e ela não podia explica sem dizer a real verdade, então no final Taemin veio morar comigo e eu tive que prometer que não levaria homens para casa enquanto ele estivesse lá, como se eu fosse uma prostituta.”

“Eles sempre pensam assim.”

Ele assentiu e os dois ficaram em silencio novamente, as mãos ainda se tocando, como se ficar de mãos dadas fosse algum comum entre eles e Jinki sabia muito bem que não era. Minho não deixava Jinki tocar nele e dificilmente falava tanto que nem naquele momento, então ele não podia deixar aquela oportunidade escapar.

“Eu posso ter perguntar uma coisa?”

“O que é?” Minho perguntou cautelosamente, com medo da pergunta.

“Você... você pode me dizer o que aconteceu naquele dia?”

“O que voc....” de repente Minho tirou a mão da de Jinki e franziu a testa, parecendo estar em dor, agonia.

Ele não queria machucar Minho, Jinki só queria ajudar. “Só se você quiser me contar.”

“Eu não quero falar sobre isso.” ele disse se afastando de Jinki no banco onde eles estavam sentado.

Mas Jinki ainda não podia desistir, só mais um pouco, ele ia pressionar Minho só mais um pouco.

“Você viu?”

Minho congelou no lugar, os olhos arregalados. “O que?”

Engolindo o caroço na garganta, Jinki olhou para Minho. “Naquela noite, você viu o que aconteceu, não é?!”

Jinki viu Minho tremer, o corpo balançando e dedos ficando branco e tudo o que ele mais queria era abraçar o homem mais novo e dizer que estava tudo bem, mas ele já estava passando dos limites ali e não queria piorar as coisas ainda mais.

“Eu não... eu...”

“Você sabe, guardar tudo para si não vai ajudar, Minho-ah, não está ajudando. Eu sei que você não contou o que aconteceu para a doutora Kwon e isso só vai te machucar.” ele disse mordendo o lábio nervosamente.

“Dói demais.” ele sussurrou.

“Eu sei.” Jinki disse baixinho, se arrependendo de ter começado aquela conversa. Ele já não sabia se tinha sido uma boa ideia.

“Dói, dói lembrar o que aconteceu. Eu ainda consigo ouvir os gritos deles.” Minho disse colocando as mãos contra as orelhas, os dedos tremendo tanto que Jinki chegou mais perto, colocando a mão na coxa dele, dizendo para Minho que ele não estava sozinho.

“Tire isso de dentro do você,” Jinki sussurrou. “Eu estou aqui com você.”

O homem mais novo abaixou as mãos, olhando para Jinki que assentiu, encorajando Minho a falar. “Eu estava atrasado, um cliente importante apareceu naquele dia com um pedido para um trabalho para ser entregue no dia seguinte e eu não podia recusar. Trabalhei o mais rápido possível, tentando terminar o máximo que podia e quando vi tinha perdido a hora. Minha mãe me ligou, perguntando aonde eu estava, eu estava quase chegando... eu lembro que ela me disse que estava tudo bem, eles estavam esperando. Foi a última vez que eu ouvi a voz dela.”

“Quando você chegou lá, o restaurante...”

“Todo mundo estava gritando, correndo pela rua e eu não conseguia entender, até que eu vi o restaurante e.... e então eu tentei entrar, meus pais estavam lá dentro, meu irmão, minha família toda estava lá, mas... mas as chamas estavam bloqueando a entrada e eu não consegui fazer nada, eu não sabia o que fazer. As pessoas gritando, as coisas queimando e estalando, o prédio ruindo... tudo estava acontecendo rápido demais e então alguém me empurrou, falando sem parar e eu não conseguia entender nada, eu não conseguia ouvir nada além dos gritos, minha cabeça estava rodando. Quando eu percebi, eu estava vagando pelas ruas e....”

“E então você tentou se matar.”

“Como... como eu poderia viver sem minha família? Eu não sou nada sem eles, eu... eu não queria ficar sozinho, eu preferia ficar com eles, eu preferia morrer... eu não aguentava aquela dor,” ele disse apertando o peito, e Jinki percebeu que os olhos de Minho estavam cheios de lagrimas. “Aquilo precisava acabar e então foi isso o que eu fiz.”

Ali nos olhos do Minho, Jinki viu aquela determinação que ele tinha visto nos primeiros dias em que o homem mais novo tinha acordado, aquela determinação em terminar o que ele tinha tentado e falhado. Mas dessa vez Minho não estava sozinho, não totalmente, Jinki estava lá para o homem mais novo e ele só precisava convencer Minho disso.

“Eu realmente sinto muito, eu nem mesmo consigo imaginar a dor que você sentiu, que você ainda sente.”

“Ainda dói.” Minho assentiu e uma lágrima escorreu no rosto dele.

“Eu sei,” Jinki disse se aproximando de Minho mais uma vez, tocando na perna dele levemente. “Mas você não está sozinho, não mais. Se você quiser, eu estou bem aqui.”

Minho olhou para Jinki, os olhos brilhando com as lágrimas. “Por quê?” ele perguntou a voz fraca, olhando intensamente para Jinki. “Por que você ainda está aqui?”

Ele podia entender errado a pergunta de Minho, mas depois de tudo o que o homem mais novo tinha contado para, ele entendeu muito bem o que Minho estava querendo dizer.

“Porque pra mim, nada mudou. Eu posso não te conhecer mas o sentimento que sinto desde o dia que eu te vi pela primeira vez, ainda está aqui,” ele disse colocando a mão contra o coração. “Eu ainda te amo apesar de tudo, apesar de você não querer nada de mim.”

Um dos lados da boca de Minho levantou em um pequeno e tímido sorriso e isso era tudo o que Jinki precisava para continuar, era o incentivo que ele precisava. Jinki não ia desistir de Minho, não agora que ele estava vendo que o homem mais novo estava se abrindo para ele, confiando nele. Talvez com o tempo, Jinki conseguisse entrar no coração de Minho e ficasse lá.

 

 

Jinki entrou na ala de fisioterapia, olhando para os pacientes que estavam por ali fazendo os exercícios diários, ele sorriu vendo a felicidade no rosto daqueles que lentamente e com trabalho duro, estavam melhorando, isso era realmente recompensador.

Daesung estava ajudando um dos pacientes que tentava se equilibrar nas barras, manter as pernas retas e os pés no chão. Jinki podia ver que o homem estava se esforçando, mordendo o lábio enquanto o suor escorria pelo rosto, mas lentamente conseguia se mover.

“Você está indo bem, Sunghan-ssi, só mais alguns passos e você pode descansar.”

O homem franziu a testa, se concentrando ainda mais no que estava fazendo e Jinki ficou por ali, esperando até que Daesung estivesse livre.

Depois de alguns minutos Daesung finalmente tinha terminado com o paciente e Jinki pôde ir até o fisioterapeuta, que sorriu assim que viu ele se aproximar.

“Você esperou por muito tempo?” Daesung perguntou enquanto guardava alguns equipamentos no lugar e Jinki o ajudou.

“Não, eu acabei de chegar.” ele disse balançando a cabeça, mesmo sabendo que Daesung tinha visto que ele estava lá o tempo todo.

O fisioterapeuta sorriu e assentiu, puxando Jinki para algumas cadeiras que estavam no fundo da sala. “Eu queria falar com você,” ele disse ficando sério de repente. “Sobre o Minho.”

“O que tem ele?” Jinki perguntou franzindo a testa, confuso.

“O braço dele, não vai melhorar,” Daesung disse balançando a cabeça. “Não vai ficar como antes e.... e ele não vai mais poder pintar.”

“Espera... o que?”

Daesung suspirou, olhando diretamente para Jinki. “Alguns dos movimentos da mão direita dele não vão voltar e ele até pode fazer muitas coisas, coisas de rotina, mas ter a precisão para segurar um pincel ou até mesmo um lápis, ele nunca mais vai ter.”

Aquilo era terrível e Jinki nem mesmo sabia como reagir, ele simplesmente ficou ali sentado, os olhos fixos nas próprias mãos.

“Ele já sabe disso?” ele perguntou um pouco trêmulo.

“Bem, ele provavelmente já percebeu, mas eu vou conversar com ele sobre isso hoje.”

“Eu não sei nem o que pensar, deve estar sendo tão difícil para Minho e ele nem mesmo falou comigo sobre isso.”

“Talvez ele só precise de um tempo,” Daesung disse colocando a mão no ombro de Jinki e apertando de leve. “Me deixe falar com Minho primeiro.”

“Falar o que?”

Os dois levantaram a cabeça e olharam para Minho que estava parado ali na frente deles, parecendo irritado com alguma coisa. Jinki nunca tinha visto aquela expressão no rosto do homem mais novo antes.

“Minho-ah...” Jinki se levantando, mas Minho se afastou.

“O que?”

“Você chegou cedo hoje, Minho-ssi.” Daesung disse se levantando também, mas Minho nem mesmo olhou para o fisioterapeuta, os olhos grudados em Jinki.

“Yeah.” Minho finalmente disse olhando para Daesung que sorriu de lado, olhando de soslaio para Jinki.

Sem saber exatamente o que fazer ali, Jinki achou melhor ir embora e deixar Daesung conversar com Minho, afinal ele não estava naquele hospital por diversão mas porque estava trabalhando. Jinki não podia ficar perdendo tempo.

“Eu... eu passo mais tarde no seu quarto para conversar um pouco, okay?” Jinki disse um pouco sem graça de falar aquilo na frente do fisioterapeuta, mas todos naquele hospital sabiam da ‘relação’ que Jinki e Minho tinham, então era meio sem sentindo.

Minho não respondeu, ainda tinha aquela expressão zangada no rosto, mas Jinki assentiu, escolhendo por ignorar aquilo, talvez o homem mais novo conversasse com ele mais tarde e talvez ele iria contar o que estava acontecendo.

Enquanto Jinki fazia o trabalho dele, trabalhando no automático, a mente dele derivou para a conversa que ele tinha tido com Taemin no dia anterior. Jinki tinha dito que estava preocupado, os dias estavam passando rápidos e não iria demorar até que Minho finalmente tivesse alta do hospital. O que ele iria fazer, era assustador pensar no homem mais novo sozinho novamente, era assustador pensar que talvez o homem mais novo iria tentar se matar de novo.

“Então traga ele para morar aqui.” Taemin disse dando de ombros, os olhos grudados na televisão.

Jinki engasgou com a própria saliva, os olhos arregalados. “O que? D-do que você está falando?”

“Não seria mais fácil assim? Minho não iria ficar sozinho e você iria poder manter um olho nele.”

“Não é assim que funciona, Taemin-ah, se nossa mãe descobrir que ele veio pra cá, mesmo que seja só um amigo, ela iria fazer da nossa vida um inferno.”

Era assustador só de pensar no que aconteceria.

“Você pode estar certo,” ele disse desviando os olhos da televisão e olhando para Jinki. “Então você simplesmente deveria ir morar com ele e talvez resolver tudo isso de uma vez e ficarem juntos.”

“Você está louco, não é assim que as coisas funcionam e.... e não é só porque nós somos ambos gays, que vamos ficar juntos, okay?”

“Hyung, por favor, olhe só o que você está dizendo,” Taemin disse revirando os olhos. “Você bateu na porta do coração dele e pelo o que eu percebi, Minho já abriu, ele só não te convidou para entrar. Então tome coragem e entre, sinta-se em casa, se faça confortável onde você quer estar.”

“V-você está falando bobagem.” ele disse trêmulo, tentando ignorar o coração batendo rápido dentro do peito.

“Eu estou? Eu não acho.”

“Jinki-ssi?”

Jinki piscou e olhou para Jonghyun que estava parado na frente dele, uma expressão divertida no rosto. “Yeah?”

“Eu deveria fazer isso para você?” ele perguntou apontando para a seringa na mão de Jinki.

Olhando para o paciente, que claramente estava um pouco nervoso e desconfortável, Jinki se curvou. “Oh, eu sinto muito, senhor.”

O homem assentiu e virou o rosto assim que Jinki espetou o braço dele com a agulha, profissionalmente e rapidamente tirando o sangue para fazer os exames que o médico responsável tinha pedido.

“Pronto, o senhor já está liberado.” ele disse sorrindo agradavelmente para o homem que se levantou da cadeira e rapidamente saiu.

“O que está acontecendo com você hoje?” Jonghyun perguntou andando atrás de Jinki que estava preparando outro kit para exames. “Você está distraído, mais do que o normal.”

Jinki bufou. “Eu não sou distraído.”

“Sim, você é,” Kibum disse entrando na sala de exames. “Mais do que eu gostaria.”

Jonghyun riu e Jinki mostrou a língua para Kibum que cruzou os braços e estreitou os olhos.

“Vocês são chatos. Me deixem trabalhar.” Jinki disse pegando outra prancheta e saindo da sala para chamar o próximo paciente.

Kibum revirou os olhos mais uma vez e puxou Jonghyun para fora do quarto. Rindo, Jinki balançou a cabeça.

 

 

“Eu meio que já sabia disso, você sabe?” Minho disse olhando rapidamente para o braço e depois desviando o olhar.

Jinki cantarolou, indicando que estava ouvindo e Minho suspirou antes de continuar a falar.

“Eu podia sentir, eu podia ver, mas mesmo assim fui idiota, mesmo assim tive esperanças de que se eu continuasse, de que se eu insistisse na fisioterapia, eu conseguiria alguma coisa. Agora eu tenho esse membro inútil.”

“Hey, isso não é verdade. Se você não tivesse insistido, se você não tivesse continuado, não tivesse feito fisioterapia por todo esse tempo, o seu braço não iria estar como está agora, estaria pior. Aí sim seria inútil.”

Minho balançou a cabeça, nem um pouco convencido com as palavras de Jinki. “Tudo foi em vão, hyung, não adianta.”

“Lógico que não, você está falando bobagens agora. Existem várias pessoas pelo mundo que perderam não só os movimentos dos braços mas como os braços e mesmo assim eles continuaram. Você vai desistir agora, depois de tudo o que você passou?”

Engolindo, Minho cerrou a mandíbula. “Eu desisti de tudo, passei por tudo o que passei na minha vida para me tornar um pintor, para fazer o que sempre amei e agora tudo isso se foi. O que eu vou fazer da minha vida agora? Era melhor eu ter morrido naquele dia.”

“Claro,” Jinki disse irritado. “Porque morrer resolve tudo, não é?”

O homem mais novo olhou para Jinki. “Hyung, você...”

“Se você tivesse morrido naquele dia, o que seria de mim, o que seria das pessoas que te amam, os seus amigos?”

“Amigos?” Minho bufou. “Você viu alguém vim aqui me visitar? Eu não tenho ninguém nessa vida, eu já te disse isso, as únicas pessoas que eu tinha, que me amavam, morreram naquele dia.”

“Mas não é mais assim,” Jinki disse balançando a cabeça. “Você não vê? Você tem as pessoas do hospital que te amam, que te protegem e te querem bem, e você tem a mim que estou aqui para você, que vou sempre estar. Eu te amo e tudo o que quero é ver você feliz.” ele disse ofegante, percebendo que tinha falado demais, agora não tinha como voltar atrás.

Era difícil, toda vez que Jinki falava de amor, Minho se fechada, trancava tudo o que estava fora dele, se escondendo dentro dos próprios muros que o homem mais novo tinha construído anos atrás.

“Você... você não pode me amar?” Jinki sussurrou.

Minho olhou para Jinki, os olhos arregalados. “Não é.... n-não é isso, é que... eu não sei o que eu tenho de errado.” ele disse desviando o olhar.

Ele então sorriu. Aos pouquinhos as rachaduras na armadura de Minho estavam aumentando, ficando maiores, revelando a linda criatura que se escondia dentro.

“Você não tem nada de errado,” Jinki disse suavemente, chamando a atenção de Minho que olhou para ele. “Você só está assustado e isso é totalmente normal, depois de tudo o que você passou, depois de tanta dor, é normal tentar se proteger, mas você não precisa mais fazer isso, eu posso te proteger.”

O tempo parou quando Minho olhou nos olhos de Jinki, tinha tantos sentimentos ali dentro, tantas dúvidas e incertezas que fez ele ficar em choque quando o homem mais novo chegou mais perto, deslizando os longos dedos nos de Jinki.

É claro que eles já tinham segurado a mão um do outro antes, Jinki já tinha feito isso várias vezes, mas essa era a primeira vez que Minho fazia isso, que Minho iniciava o contato. Jinki não poderia estar mais feliz.

“Eu...” Minho disse com a voz um pouco embargada. “Não sei como você pode amar alguém como eu, alguém tão quebrado como eu.”

“Eu sou persistente.” Jinki sorrindo e apertando de leve os dedos de Minho que riu um pouco.

Com certeza Jinki queria ouvir Minho rir mais.

“Eu posso ver isso.” ele disse, rindo um pouco ainda. “Mas,” Minho disse soltando a mão de Jinki que sentiu o coração se apertar, sem saber o que ele iria ouvir. “Eu não sei mais se algum dia vou ser capaz de amar de novo.”

Era assustador pensar que agora que Jinki estava finalmente conseguindo fazer Minho se abrir, tudo seria em vão. É claro que ele tinha dito para si mesmo que ele não iria forçar nada, que só de estar perto do homem mais novo já era o suficiente, mas Jinki não podia ser hipócrita e dizer que ele não queria Minho.

Essa era a última tentativa.

“Talvez você já esteja e só não percebeu ainda.” Jinki disse suavemente, as palavras se agarrando na garganta dele.

Minho franziu a testa. “Eu estou o que?”

“Apaixonado.”

Os olhos de Minho se arregalaram e ele se afastou de Jinki que estremeceu, tentando não se mover, não fazer nada. “Você... eu... eu preciso ir,” ele disse se levantando. “Eu sinto muito.”

Jinki suspirou, olhando para Minho que rapidamente fez o caminho de volta para o prédio. Ele tinha estragado tudo.

“Eu sou realmente a pessoa mais idiota que existe na face da terra.” ele disse irritado consigo mesmo.

Quatro dias tinham se passado e Jinki ainda não tinha visto Minho depois do que tinha acontecido. Não era que o homem mais novo estava evitando Jinki ou algo assim, na verdade era ele quem estava evitando Minho.

Jinki estava com vergonha do que tinha feito, vergonha por ter pressionado Minho, vergonha por fazer algo que ele tinha dito para si mesmo que não iria fazer.

Ele estava punindo a si mesmo por tudo e ficar sem ver Minho, com certeza era uma punição.

Porém, isso não queria dizer que Jinki estava bem com aquilo, porque ele não estava. Ele percebeu como a vida dele tinha mudado drasticamente, como ele tinha se tornado dependente de Minho, mas não de um jeito ruim. Jinki só precisava do homem mais novo na vida dele para que assim, ele fosse mais feliz.

Talvez Jinki precisasse ficar sozinho por um tempo, evitar Minho por mais alguns dias e assim ele iria ser capaz de descobrir o que fazer.

 

 

Era deprimente aquela situação, Jinki era um idiota covarde que não sabia mais o que fazer. Ele estava ali escondido atrás de uma árvore, olhando para Minho que estava andando do outro lado do pátio encolhido dentro de um casaco, totalmente alheio ao olhos de Jinki.

Depois de uma semana inteira sem ir até Minho, Jinki estava mais do que deprimido, ele estava se sentindo um lixo e praticamente se arrastava por aí, e mesmo que aquilo tudo era puramente culpa dele, Jinki não conseguia reunir coragem o suficiente para olhar para o homem mais novo, para pedir desculpa por ter forçado aquela situação.

Como ele iria consertar aquilo? Será que tinha algum jeito?

“Ainda se escondendo, huh?!”

Jinki pulou, quase gritando de susto com a repentina voz. “Jesus cristo, Daesung-ah, você quase me matou de susto.”

Daesung simplesmente balançou a cabeça, olhando brevemente para Minho. “Por que você está fazendo isso com ele e com você?”

“E-eu não estou fazendo nada.”

“Jinki-ah,” ele suspirou. “Vá falar com ele, vá consertar o que é que você tenha feito. Eu não quero ver você sofrendo e nem Minho merece sofrer.”

“Ele... ele está sofrendo?” Jinki sussurrou.

“É claro que sim. Minho está sentindo a sua falta, qualquer um pode ver isso.”

Ele não tinha parado para pensar nisso, Jinki achou que por causa do que ele tinha feito, Minho ira preferir ficar longe dele por um tempo. A última coisa que passou pela cabeça de Jinki era que o homem mais novo fosse sofrer por isso.

“Oh, eu não fazia ideia.” ele disse um pouco trêmulo.

O fisioterapeuta puxou Jinki, o abraçando apertado. “Então vá fazer o que você tem que fazer, converse com ele e volte a ser o Jinki de sempre. Eu não gosto de te ver triste desse jeito.”

Jinki assentiu, abraçando Daesung de volta que deu um tapinha nas costas dele. “Eu vou.”

“Você já almoçou?” ele perguntou se afastando do abraço, mas mantendo um braço nos ombros de Jinki.

“Não, ainda não.”

“Então vamos almoçar, eu estou com fome.”

“Você vai pagar?” ele perguntou seguindo Daesung para dentro do hospital.

“Pagar?” Daesung perguntou com uma sobrancelha levantada. “Você acha que eu sou rico?”

Ele bufou. “Eu sei que você é.”

“Suas fontes estão erradas.” Daesung disse balançando a cabeça e fazendo Jinki rir.

Horas depois que Jinki tinha almoçado com Daesung, ele finalmente estava pronto para tentar conversar com Minho e consertar o que ele tinha feito. Por um tempo ele ponderou o que seria melhor, se era ir até o quarto do homem mais novo ou ‘encontrar’ ele casualmente pelos corredores do hospital. No final Jinki decidiu que seria melhor ir até o quarto de Minho e conversar com ele lá, com mais privacidade.

Batendo de leve na porta, Jinki entrou no quarto de Minho que ficou tenso assim que os olhos deles se encontraram. Jinki engoliu em seco.

“Hey...” ele disse trêmulo, mas Minho não respondeu. “E-eu... eu queria falar com você.”

Minho simplesmente ficou ali sentado na cama olhando para Jinki que suspirou. Ele podia ver no olhar do homem mais novo que não seria fácil a conversa, que não seria fácil para Jinki consertar a merda que ele tinha feito.

“Primeiro de tudo... eu, eu queria me desculpar.”

“Pelo o que?” Minho perguntou ríspido, fazendo Jinki se encolher com o tom da voz dele.

“Pelo o que?” ele disse coçando a cabeça. “Pelo o que eu falei aquele dia... eu... eu não deveria ter te pressionado daquele jeito.”

“Oh, você sente muito,” ele disse rindo amargamente. “Mas mesmo assim fingiu não me conhecia, me ignorou por todo esse tempo.”

“Eu estava com vergonha do que tinha feito,” Jinki disse desesperado. “Eu não tinha o direito e depois que você saiu, eu percebi o quão errado tinha sido tudo aquilo e eu não sabia como agir perto de você mais.”

O homem mais novo estreitou os olhos. “Então você achou melhor procurar companhia de outros homens por aí, mesmo depois te ter falado que me amava.”

“Outros homens?” ele perguntou confuso. “Do que você está falando, Minho-ah?”

“Eu vi você, eu vi vocês dois cheios de carinho pelo hospital.” ele disse com raiva.

“Com quem?”

“Doutor Kang,” ele cuspiu. “Você me esqueceu bem rápido, huh?!”

Espera um pouco, Jinki estava totalmente confuso ali. Ele não conseguia entender o que Minho estava falando. Ele e Daesung cheio de carinhos pelo hospital? Quando Jinki fez isso que ele não se lembrava?

“Eu não fiz isso... Daesung é meu amigo.”

“Yeah, sei.” ele bufou, desviando o olhar de Jinki.

“Você está com ciúmes, de mim?”

Minho olhou para Jinki, os olhos arregalados. “É claro que eu não estou com ciúmes de você, por que eu estaria?”

“Pra mim, parece que você está com ciúmes.” ele disse com o coração batendo rápido dentro do peito, as mãos tremendo de leve.

“Eu não estou.”

Jinki então se moveu no lugar que estava parado desde quando tinha entrado no quarto, se aproximando da cama de Minho que olhou brevemente para ele antes de desviar o olhar, olhando pela janela.

“Eu não pretendia te ignorar por todo esse tempo e eu realmente sinto muito por isso,” ele disse baixinho. “Eu estava com medo e sentindo vergonha de mim mesmo. Apesar de tudo, apesar de ter te pressionado e te assustado naquele dia, eu amo você e não outra pessoa.”

“Eu... eu acho que estou confuso,” Minho disse esfregando a mão no rosto. “Eu não sei mais o que estou fazendo.” ele murmurou contra a mão.

Ele conhecia muito bem aquele sentimento, Jinki mesmo não sabia mais o que estava fazendo mas mesmo assim ele continuava indo para frente, continuava tentando. Só tinha um jeito de saber o que iria dar no final e desistir não ajudaria em nada.

“Eu sei, eu também estou com medo, mas eu queria tentar, só uma vez.”

“Tentar?” Minho perguntou com a testa franzida. “Você quer dizer, tentar ficar junto?”

“Sim, só se você também quiser. Nós podemos ir com calma e ver no que dá,” ele disse respirando fundo. “Você me ama, Minho-ah?”

O homem mais novo olhou para Jinki por alguns segundos em silêncio, e ele mordeu o lábio, esperando a resposta. Tudo o que Jinki queria era ouvir Minho dizendo aquelas palavras, era tudo o que ele precisava.

“Eu acho que sim.” ele sussurrou hesitante e Jinki sorriu, mais feliz do que ele imaginou que ficaria.

“Obrigado por me dizer.” ele disse trêmulo, excitação correndo pelo corpo todo quando ele deslizou a mão na de Minho que riu um pouco.

“Você sabe, nós já fizemos isso antes,” ele disse puxando a mão de Jinki de leve. “Eu não vou quebrar.”

“Oh.” ele suspirou por entre os lábio, quando Minho puxou ele ainda mais perto.

Os olhos de Jinki vibraram fechados assim que os lábios deles se tocaram, não foi nada demais além de um pressionar de lábios, mas significou tanto para ambos que Jinki sentiu a pernas ficarem bambas.

Enquanto Jinki estava sentindo o amor que ele sentiu por Minho desde muitos meses atrás sendo finalmente reciproco, Minho estava finalmente se deixando ser amando, se deixando ser cuidado por Jinki. Ambos estavam confiando um no outro, ambos passando por cima dos próprios medos para tentar algo novo entre eles que poderia ou não dar certo, mas a chave era tentar e não desistir.

 

 

Nada demais aconteceu entre Minho e Jinki depois daquele dia além de toques aqui e ali e beijos roubados quando ninguém estava vendo. Jinki era enfermeiro daquele hospital e Minho o paciente, eles não podiam estar em um relacionamento, não enquanto o homem mais novo não recebesse alta.

Depois de muitas vezes tentando arrumar coragem o suficiente, no último dia Jinki trouxe à tona o assunto sobre Minho ficar sozinho depois que ele recebesse alta do hospital e por mais que ele tivesse achado a ideia absurda, Jinki se encontrou falando que a melhor opção fosse os dois morarem juntos por um tempo, como Taemin tinha sugerido.

O problema era que Minho não queria depender de ninguém, estava cansado de ser cuidado pelos outros e queria poder fazer as coisas sozinho, mas Jinki sabia que não iria ser fácil e por isso ele insistiu.

“Pelo menos por alguns dias, Minho-ah, por favor.”

“Por quê? Eu não sou um inútil, eu posso cuidar de mim mesmo.”

Jinki balançou a cabeça. “Eu sei disso, é claro que você não é um inútil, eu não estou falando isso. Eu só estou preocupado, eu não posso?”

Minho respirou fundo. “Você está com medo que eu tente suicídio de novo?”

Bem, era exatamente isso, Jinki não podia negar.

“Mais ou menos.” ele disse mordendo o lábio nervosamente.

“Eu não vou.” Minho disse suavemente, chegando mais perto e batendo o ombro contra o de Jinki. Um ato carinhoso que os dois compartilhavam para não serem óbvios demais.

“Você promete?”

“Eu não posso prometer isso,” Minho disse depois de alguns minutos em silêncio. “Mas eu tenho você agora e não vou desistir sem lutar, eu não estou mais sozinho como antes.”

Ele sentiu os olhos se encherem de lágrimas e com muito esforço não chorou ali depois de ouvir as palavras de Minho. “É m-muito bom ouvir isso.”

“Então fique tranquilo, okay?”

“Me prometa uma coisa então,” Jinki disse piscando as lágrimas dos olhos. “Me prometa que você vai me ligar se acontecer alguma coisa, se você se sentir sozinho.”

“Isso eu posso prometer,” ele disse sorrindo. “E você pode ir me visitar sempre que quiser, na verdade meu estúdio não fica assim tão longe do hospital.”

“Oh, sério?”

“Yeah, sério.” ele disse rindo um pouco.

“Eu vou fazer isso então,” ele disse assentindo, se sentindo mais aliviado depois de ter tido aquela conversa com Minho. “Mas tem outra coisa.”

“O que é?” ele perguntou cauteloso.

“Agora que você não pode mais pintar, o que você vai fazer?”

“Apesar da minha família me odiar,” Minho disse suspirando. “Tem o dinheiro do seguro do meus pais e eu tenho alguns quadros que posso vender. Eu ainda não sei exatamente o que vou fazer da minha vida agora que não posso pintar, mas eu vou dar um jeito.”

A única coisa que Jinki podia fazer naquele momento era confiar em Minho.

“Okay.”

“Hey, hyung?” ele disse chegando mais perto de Jinki que estremeceu. “Posso fazer uma coisa?”

“Hm.” ele cantarolou, sentindo o calor do corpo de Minho perto do dele e tentando não sorrir feito idiota.

E então os lábios de Minho estavam nos dele, pressionando suavemente uma, duas, três, quatro vezes, bicadas rápidas e que só fez Jinki ficar com vontade de aprofundar o beijo, sentir o gosto do homem mais novo. Eles se afastaram e Jinki olhou rapidamente por cima do ombro para ver se alguém estava olhando.

“Você não deveria fazer isso aqui,” Jinki disse um pouco ofegante, lambendo os lábios, querendo mais. “E se alguém nos ver?”

“Ninguém está olhando e eu realmente queria te beijar.”

As bochechas de Jinki ficaram levemente vermelhas e ele desviou o olhar, limpando a garganta. “Amanhã você vai voltar para casa,” ele disse mudando de assunto. “Como está se sentindo sobre isso?”

“Eu não sei, depois de tanto tempo nesse hospital, eu não sei como vou me sentir quando estiver finalmente sozinho.”

“Você prometeu ligar.” Jinki disse preocupado, já se arrependendo de ter cedido tão fácil.

“E eu vou fazer isso.”

Confiança era a base para qualquer relacionamento e Jinki iria confiar em Minho.

No dia seguinte, no dia em que Minho iria receber alta, Jinki estava de plantão e não achou ninguém que pudesse trocar com ele, o obrigando a ficar no hospital enquanto o homem mais novo ia embora, sozinho. A vida era muito injusta.

“Me ligue quando chegar em casa, okay?” Jinki disse apressado, olhando por cima do ombro para ver se tinha alguém chamando ele. Por sorte ainda não.

“Eu não sou um bebê, hyung.”

“Eu sei, mas mesmo assim.”

Minho suspirou, puxando a alça da bolsa para cima do ombro. “Eu não tenho um celular e nem tenho o seu número.”

Como Jinki não tinha pensando nisso?

“Oh, é verdade.”

“Mas você pode me dar seu número e assim que eu comprar um celular, eu te ligo.”

Não tinha outro jeito e Jinki suspirou derrotado. “Me deixe pegar um pedaço de papel, espere aqui, okay?”

O homem mais novo assentiu e Jinki se apressou para dentro do hospital, indo até a recepção e pedindo papel e uma caneta.

Minho estava parado no mesmo lugar, ainda segurando a mala dele, olhando para longe, pensativo e Jinki diminuiu os passo, contemplando a figura do homem mais novo parado ali, sentindo o coração se encher de felicidade em saber que Minho estava bem e saudável, diferente do homem que tinha chegado meses atrás no hospital praticamente morto.

“Aqui está.” Jinki disse se aproximando de Minho que se virou para ele, um pequeno sorriso nos lábios.

“Você sabe,” ele disse pegando o papel da mão de Jinki e guardando no bolso. “Eu pensei que seria mais aterrorizante voltar ao mundo real depois de tanto tempo, mas acho que estou pronto para voltar a viver mesmo que uma parte minha tenha morrido com a minha família naquele dia.”

Jinki pegou a mão de Minho sem pensar duas vezes. “Você não está mais sozinho.”

“Eu sei, tenho você e estou agradecido por você nunca ter desistido de mim, por continuar aqui.” ele disse deslizando a outra mão no rosto de Jinki que sorriu.

“E vou sempre estar, até quando você me quiser por perto.”

O táxi que Minho estava esperando chegou naquele momento e o homem mais novo se afastou de Jinki, apertando a mão dele uma última vez. “Eu vou te ligar depois, okay?”

“Se cuide.”

Então Minho se foi, indo embora do hospital depois de cinco meses internado. Jinki ficou por ali mais alguns minutos, antes de entrar e voltar à rotina normal, estava na hora de trabalhar.

 

 

O turno da noite é sempre o pior de todos e Jinki sempre se sentia mais esgotado do que ele normalmente se sentia. Aquele dia tinha sido tão cansativo que ele nem mesmo trocou de roupa antes de deitar, caindo na cama e dormindo do jeito que estava.

O celular começou a tocar estridente ao lado dele na cama, que por causa do cansaço tinha esquecido de colocar o maldito aparelho no silencioso. Rolando para o lado, ele deslizou a tela sem nem mesmo abrir os olhos, cansado demais até para pensar.

“Yeah?” ele disse grogue, a voz grossa e baixa por falta de uso.

Um suspiro foi ouvido do outro lado da linha. “Você está dormindo.”

Jinki abriu os olhos, olhando para a tela do celular que mostrava um número de celular desconhecido. Com o coração batendo rápido dentro do peito, ele sentou na cama, pressionando o aparelho contra o rosto.

“Minho-ah?”

“Oi, hyung,” ele disse suavemente pelo telefone, fazendo o coração de Jinki pular uma batida. “Desculpa te acordar.”

“Não não, está tudo bem,” ele suspirou passando a mão pelo cabelo bagunçado. “Aonde você está? Eu pensei que você... eu... eu nem sei o que eu pensei.”

“Me desculpe.”

“Já faz uma semana, Minho-ah, uma semana inteira que você foi embora do hospital.”

“Eu sei, eu sei. Me desculpe por ter sumido,” ele murmurou. “Eu tinha muita coisa pra resolver. Minha vida ficou em stand-by por cinco meses, é muita coisa.”

Soltando o ar, Jinki tentou se acalmar, de uma certa forma Minho estava certo, mas tinha sido tão difícil ficar sem notícias por todo esse tempo, principalmente porque ele estava acostumado a ver o homem mais novo todos os dias no hospital.

“Eu acho que está tudo bem, você está bem, certo?”

Minho riu um pouco. “Eu estou bem, não se preocupe. Eu queria te ver, mas acabei te acordando.”

“Está tudo bem,” ele disse olhando para o relógio, já faziam quatro horas que ele estava dormindo. “Eu não me importo.”

“Nós podemos nos encontrar hoje então? Você poderia vir aqui em casa.”

“Yeah, eu posso ir. Tenho que estar no hospital às oito, antes disso eu estou livre.”

“Okay, eu vou te mandar meu endereço e você vem quando puder.”

Dormir com certeza podia esperar, o mais importante era ver Minho e Jinki não iria mais perder nenhum segundo.

“Eu vou estar aí daqui a duas horas, okay?”

“Claro,” ele disse rindo. “Eu vou estar te esperando.”

Demorou alguns minutos para o coração de Jinki desacelerar as batidas, o cérebro um pouco sonolento ainda processando o que tinha acabado de acontecer. Minho tinha ligado, depois de uma semana inteira de agonia, e estava bem, soava bem. Agora eles iam se encontrar não mais como enfermeiro e paciente mas como... namorados? Jinki ainda não tinha certeza como rotular o que eles tinham mas eles tinham tempo.

Taemin assistiu Jinki correr pelo apartamento como uma galinha sem cabeça, rindo quando ele bateu, três vezes, a cabeça na mesa da cozinha enquanto Jinki tentava pegar o anel que tinha rolado lá.

“Você parece uma garota se preparando para o primeiro encontro com o crush.”

“Cale a boca,” Jinki murmurou enquanto colocava o casaco, checando mais uma vez o cabelo antes de sair. “Eu estou indo.”

“Se comporte.” Taemin gritou antes de Jinki bater a porta fechada.

Como Minho tinha dito, o estúdio ficava realmente perto do hospital e com as mãos suando, Jinki tocou a campainha.

O que Jinki viu quando a porta foi aberta, fez ele sugar a respiração. Minho estava parado ali na frente dele parecendo tão lindo, tão normal, não mais o homem depressivo e machucado que Jinki conheceu.

“Entre.” Minho disse sorrindo e dando um passos para o lado para que Jinki pudesse passar.

O estúdio de Minho era um lugar pequeno mas parecia aconchegante, atrás de uma porta, ficava uma pequena sala conectada com a cozinha e depois o quarto, tudo muito simples mas confortável para uma pessoa que mora sozinho.

“Obrigado.” Jinki disse sorrindo quando Minho entregou a xícara de café para ele.

Minho riu, sentando ao lado dele no sofá. “Eu não sei cozinhar muito bem, mas eu posso fazer um café bom. Eu estava pensando em te levar para um encontro hoje mas eu... eu ainda não me sinto bem saindo de casa.”

“Está tudo bem,” ele disse balançando a cabeça e colocando a xícara na mesinha depois de tomar um gole. “Eu não me importo e eu gostei daqui.”

“Eu estou feliz por ouvir isso, então você pode voltar sempre que quiser.”

Jinki assentiu, sorrindo grande, feliz demais por estar ali para tentar disfarçar. “Eu vou então.”

“Eu queria te contar uma coisa, eu vou começar a fazer um curso de pintura, para aprender a usar minha mão esquerda. Eu resolvi que não quero parar de pintar, não importa o que.”

“Você está falando sério?” ele perguntou excitado, se virando para olhar para Minho no sofá, que assentiu, sorrindo feliz, algo que Jinki raramente viu.

“Sim, eu aprendi com alguém muito especial, que eu não devo desistir fácil das coisas, eu preciso lutar.”

“Q-quem?” ele perguntou com o coração batendo rápido.

O homem mais novo se inclinou, deslizando a mão no rosto de Jinki e o trazendo mais perto. “Você.” ele disse olhando nos olhos de Jinki tão intensamente que parecia que ele iria derreter ali.

Nunca que Jinki iria imaginar que Minho fosse tão charmoso e galanteador daquele jeito, não conhecendo o homem mais novo nas condições que eles se conheceram. Lá estava ele se apaixonando ainda mais por Minho, tão injusto.

Eles se beijaram, a um beijo de verdade, a ótimo beijo, um beijo que fez Jinki se inclinar ainda mais para Minho, pressionar os lábios ainda mais e soltar um leve gemido quando a língua do homem mais novo escovou contra a dele, mandando arrepios por todo o corpo. As mãos automaticamente acharam a camisa de Minho e os dedos se enrolaram no tecido, puxando o homem mais novo ainda mais perto, estremecendo quando ele foi de bom grado, pressionando Jinki contra o braço do sofá.

Assim que eles se afastaram, Jinki abriu os olhos, encarando Minho que olhava para ele com amor e isso fez ele se sentir quente por dentro, se sentir especial, se sentir feliz.

“Obrigado por me trazer de volta,” Minho sussurrou, ainda tão perto de Jinki. “Por ser a luz que guiou meu caminho de volta para a vida, obrigado por consertar meu coração partido.”

E então as lágrimas que encheram os olhos de Jinki caíram, deslizando pelo rosto livremente e ele tinha o maior e mais lindo sorriso nos lábios.

“Eu te amo.” ele engasgou com as palavras que já tinham sido ditas outras vezes, mais agora elas soaram ainda mais fortes do que antes.

“Eu sei,” ele disse limpando as lagrimas das bochechas de Jinki com os dedos. “Eu também te amo.”

 

'Lights will guide you home and ignite your bones…and I will try to fix you.'

Coldplay - Fix you



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