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História Flamma Amoris - Vulto


Escrita por: KarlaVieira

Notas do Autor


Obrigada a todos que estão lendo e comentando! Espero que estejam gostando!

Capítulo 11 - Vulto


Niall Horan POV – Tarde de 04 de Abril.

 

Bati na porta da casa dela três vezes, antes que eu ouvisse passos apressados lá dentro e ela aparecesse. Assim que me viu, sorriu. Seu sorriso era belo, encantador. Iluminava-a de uma forma tão angelical que me fazia senti-me pequeno perto dela. Meu coração começou a bater mais rápido assim que meus olhos encontraram os dela. Minha mente se esvaziou enquanto eu me perdia no mar acastanhado de seus olhos, e esqueci-me de tudo o que me levou até ali.

- Niall! Não vai entrar? – Perguntou ela risonha, despertando-me do meu transe. Sorri de canto, constrangido. Marie Jean havia percebido que eu havia ficado olhando-a – e provavelmente parecendo um grandessíssimo idiota.

- Claro. – Respondi. – Você está sozinha?

- Agora não mais. – Respondeu ela ainda risonha. – Você veio.

Revirei os olhos, sorrindo divertido. Marie fechou a porta e me puxou pela mão até seu quarto. Segui-a prontamente e logo estávamos dentro do quarto. Ela fechou a porta atrás de nós e caminhou até a cama, sentando-se.

- Jean, fiquei ontem pesquisando o que eu poderia fazer para acabar com os seus pesadelos. – Comecei. – E eu encontrei duas coisas.

- O quê?

- A primeira é um feitiço que vai retirá-los da sua mente, porém, enquanto eu o fizer, terei acesso a todos eles. Todos os seus sonhos e pesadelos. O segundo é isto.

Ergui o pequeno objeto que havia em minhas mãos. Era um filtro de sonhos, com penas e miçangas em um tom azul-esverdeado. Marie Jean sorriu.

- É lindo.

- E está enfeitiçado para afastar todos os sonhos ruins de você. É só deixar pendurado perto da sua cama. Posso?

Ela assentiu e eu pendurei o filtro ao lado de sua cama, em frente a cortina branca.

- Você tem que tocá-lo para que ele se conecte com a sua mente. – Eu disse, e ela se levantou, ficando ao meu lado e erguendo a mão, tocando uma das penas com seus dedos finos. A pena brilhou em um tom levemente dourado, que subiu por todo o filtro até extinguir-se. Marie Jean sorriu. – Pronto.

- Obrigada.

Ela ficou na ponta dos pés e me beijou levemente nos lábios. Após isso, sorriu docemente, olhando-me com ternura e voltou a se sentar, indicando o espaço à sua frente. Sentei-me.

- E o feitiço? O primeiro que você falou?

- É um peso médio, mas é até simples. Vamos precisar de uma vela e uma agulha.

- Uma agulha?

- É. Arrume que eu explico.

Jean assentiu e saiu do quarto, voltando minutos depois com uma vela, fósforos e uma agulha em mãos. Sentei-me no chão de seu quarto e ela se sentou a minha frente.

- A agulha vai servir para que tiremos uma gota de nosso sangue, e com os dedos unidos acima do fogo, com o sangue escorrendo, estaremos conectados.

- Isso não vai doer não, né? – Perguntou incerta. Eu sorri, acendendo a vela.

- Não. Você tem medo de agulhas?

- Um pouco... Talvez muito...

- Não se preocupe, não irá doer. Dê-me a sua mão.

Ela estendeu a mão, que tremia. Peguei a agulha e fiz um furo na ponta de seu dedo indicador, e ela mordeu os lábios com força. O sangue começou a surgir do pequeno furo. Fiz o mesmo com meu dedo, unindo ao dela em seguida. Coloquei-os acima da vela acesa, e o calor que o fogo emanava aqueceu nossos dedos.

- Feche seus olhos. – Pedi. Ela o fez, e eu fechei os meus. - Mentem videam, tu mihi intus.

A ponta de meus dedos formigou e eu soube que estavam tendo aquele pequeno brilho avermelhado do feitiço. Imagens começavam a aparecer em meus olhos – os pesadelos de Jean. As imagens de sua casa em chamas; ela correndo atrás de sua mãe dentro de uma casa em chamas; a aparição de sua mãe na sala de estar, falando sobre traição e socorro; ela caminhando dentro de uma casa velha e empoeirada, até encontrar sua mãe que a avisou sobre traição, perigos.

Não eram meros pesadelos.

Era a mãe de Jean conectando-se com a filha. Tentando alertá-la.

Alertá-la sobre mim.

Em seguida outras imagens começaram a aparecer para mim. Estes eram realmente sonhos e pensamentos dela. Em um, ela estava comigo dentro da floresta, e nós nos beijávamos; em outro, eu sorria ao fazer surgir uma orquídea e colocar em seus cabelos; em outro... Em outro nós estávamos fazendo o que eu sempre quis fazer com ela. Nós estávamos transando. Isso me surpreendeu.

Logo surgiu flashes de seus pensamentos. “Não posso estar com ciúmes dele. Ele é só meu amigo. Meu melhor amigo.” “Eu queria saber o gosto que seus lábios possuem” “Niall é tudo o que eu sempre quis.” “Ele me faz sentir como nunca ninguém me fez. Ele é diferente. Eu acho... Eu acho que eu o amo”.

Abri os olhos, e o feitiço cessou, e a vela apagou sozinha. Eu estava surpreso com tudo o que se passava pela cabeça dela. Jean abriu seus olhos, e estava corada. Ela havia visto tudo o que eu havia visto durante o feitiço. Algo se apoderou de mim, e eu inclinei-me rapidamente e a beijei desesperadamente. Marie Jean correspondeu ao beijo com a mesma intensidade em que eu a beijava. Puxei-a para mais perto de mim, para o meu colo, e ela enlaçou minha cintura com suas pernas, enquanto com as mãos bagunçava meus cabelos e brincava de fazer-me arrepiar com pequenas carícias na minha nuca. Não sei como, levantei-me carregando-a em meus braços, ainda com suas pernas enlaçadas em minha cintura, e fui até a cama, deixando-nos cair nela. A intensidade em que nos beijávamos era avassaladora, distanciando-nos apenas alguns segundos para tomar ar.

Minhas mãos desceram pela lateral de seu corpo, alisando-o, enquanto baixei meus lábios pelo seu pescoço, beijando-o e dando leves mordidas, sentindo-a arrepiar abaixo de mim.

- O que nós estamos fazendo? – Perguntou ela em sussurros.

- Algo que estamos loucos para fazer há tempos.

Voltei a beijá-la nos lábios enquanto minhas mãos entravam pela sua camiseta, entrando em contato com a lisa pele de sua barriga, levantando a veste aos poucos. Ponderei se Marie Jean ainda era virgem. Ela entregar-se-ia para mim, assim, hoje, desta forma?

Minha resposta foi positiva, quando ela me afastou levemente, impaciente, para retirar a própria camiseta e jogá-la longe, tirando a minha em seguida. Olhei seu corpo rapidamente, apreciando o que eu via. Nossos lábios encontraram-se novamente, naquele desejo voraz que nos consumia por dentro. Marie impulsionou-se, virando-nos e ficando acima de mim. O volume dentro de minhas calças aumentava, e ficava cada vez mais incômodo permanecer vestido. Minhas mãos estavam em suas costas, até que encontraram o fecho do seu sutiã e comecei a abri-lo, sem distanciar meus lábios dos dela por mais que um segundo.

Ouvimos a porta fechar lá embaixo e alguém esbarrar em algo. A tia de Marie xingou alto, e Marie se ergueu, assustada, no meu colo, olhando para a porta do seu quarto e em seguida para mim.  Ela se levantou correndo, pegando a blusa no chão e vestindo. Jogou a minha e eu me vesti, e ela arrumou os cabelos rapidamente, ligou a TV e voltou para a cama, deitando-se em meus braços e olhando para o aparelho eletrônico a nossa frente.

- Finja que está interessado nisso. – Disse ela, arfando. Olhei para a tela da TV e vi que era um documentário sobre o iluminismo.

- Então pelo menos mude de canal. Isso é muito chato.

Ela riu – nervosamente – e pegou o controle na mesa de cabeceira, mudando para um canal de filmes. Era um filme conhecido, um de ação, e não foi difícil fingir prestar atenção enquanto ela entrelaçava nossas mãos e brincava suavemente com elas. Ouvimos passos na escada, e logo a porta do quarto se abriu, e a tia dela apareceu.

- Olá meninos.

- Olá. – Respondemos em uníssono.

- Só para avisar que como eu estou morrendo de preguiça de preparar o jantar, nós vamos pedir pizza mais tarde e você está convidado a ficar, Niall.

- Obrigado, Sra. Lookwood.

A tia de Jean sorriu e fechou a porta. Suspiramos aliviados.

- Foi por pouco. – Disse Jean. – Eu não sei o que eu faria se ela nos visse... Daquela forma.

Eu sorri, mas por dentro estava frustrado. Extremamente frustrado.

 

Marie Jean POV – Madrugada de 04 de Abril.

 

Acordei com o barulho de algo batendo no vidro de minha janela. Eu estava sonhando com Niall, e ficaria contente se eu conseguisse voltar a dormir e continuar com aquele sonho. O barulho na janela se repetiu, e eu me levantei. Abri a cortina e enxerguei um vulto parado lá embaixo. Apertei os olhos e percebi que era um vulto feminino... Parecido com minha mãe. Meus olhos se acostumaram com a escuridão e eu pude ter certeza que era ela.

Ela gesticulou para mim, sinalizando para que eu descesse. Fiquei ponderando se eu deveria. Ela gesticulou novamente, e eu resolvi descer. Peguei um casaco jogado na cadeira e o vesti, peguei uma lanterna e desci. Ao chegar na porta da frente, abri-a com o maior silêncio que pude fazer e acendi a lanterna, e a vi parada na frente de casa, no portão. O que me assustou era que ela não tinha os contornos bem definidos e reais como um ser humano... Era como se quase fosse fantasmagórico. Ela ergueu a mão e me chamou.

Com medo, andei alguns passos para frente e ela sorriu. Comecei a andar, insegura. Eu tremia da cabeça aos pés e meu coração batia descompassado. E então, o vulto sumiu. Sobressaltada, pulei para trás e quase gritei. Meu coração pareceu parar de bater por alguns segundos, enquanto eu tentava assimilar tudo aquilo. E o vulto reapareceu, no outro lado da rua, mais adiante. O fantasma chamou-me novamente, e eu não sabia mais se tinha controle sobre minhas pernas. Continuei andando até lá, e o vulto sumiu novamente.

Eu estava com medo. Mais do que medo. Eu estava em pânico. Porém eu não conseguia parar de andar. Parecia que alguma coisa me puxava, me instigava a ir, enquanto metade de mim protestava, alegando que era loucura e que era melhor eu permanecer no conforto e segurança da minha cama.

O vulto reapareceu mais a frente, e com horror percebi onde ela estava. Na frente das ruínas cheias de cinzas da minha casa. Ela me chamou novamente, e eu continuei andando até lá. Uma rajada fraca de vento batia contra meu corpo, fazendo-me estremecer mais ainda, devido ao frio. O medo gelava meu sangue, enquanto meu coração parecia que ia virar pó. Andei até lá. Entretanto, eu não queria andar até lá. Eu só queria retornar para o conforto quente e amigável da minha cama.

Quando eu estava próxima ao fantasma, ele sumiu novamente. Parte de mim estava amedrontada, outra ainda irritada por tantos sumiços e reaparições, e o restante louco para voltar para casa. Virei-me e encarei as ruínas escuras do que um dia foi meu lar. O fantasma reapareceu no fundos, chamando-me novamente. Caminhei até lá e ela não voltou a sumir, até que eu estivesse próxima. Ela apontou para baixo e deu um passo para frente, sumindo, ao mesmo tempo em que uma rajada fria atingia-me, porém desta vez era uma mais fria ainda. Gelou-me por dentro. Gelou minha alma.

Olhei para onde ela havia apontado. Era a entrada para o porão, que vivia cadeada e minha mãe nunca deixara a mim e aos meus irmãos entrarmos. Olhei para o cadeado e quis que ele se abrisse, e foi o que aconteceu. Retirei-o, guardando no bolso do casaco, e lentamente puxei as pesadas portas de madeira. Estava escuro lá embaixo. Apontei a lanterna para lá e uma escada se iluminou. Eu ainda tremia de medo, e agora também de excitação. A adrenalina corria livremente pelo meu sangue.

Comecei a descer as escadas lentamente, apoiando na parede até que encontrei um interruptor. Apertei-o e a luz se acendeu. Meus olhos se arregalaram com o que viram.

O porão estava cheio de estantes repletas de livros e cadernos meio antigos, frascos com conteúdos semelhantes aqueles que haviam na caverna. Havia também uma mesa comprida com velas e mais frascos por cima, e um livro aberto. Na parede, haviam pendurados várias coisas: dois ou três filtros de sonhos, e outros objetos que não soube reconhecer, mas eram cheios de penas, miçangas e coisas do gênero. Havia um pequeno divã vermelho escuro, empoeirado, junto a outra parede, e nela, uma estrela de cinco pontas dentro de um círculo.

Eu estava dentro do refúgio mágico da família Lookwood. 


Notas Finais


E então?


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