História Flatline - Stay Strong

POV. Justin Bieber

Eu estava sentado no sofá de casa olhando para aquele maldito resultado de exame médico que estava dentro do envelope branco em cima da mesa de centro. Uma mistura de medo e ansiedade tomou conta de mim, mas, eu precisava ser forte independente do que daria aquele resultado. Eu precisava ser forte porque eu sabia que se acontecesse o que eu mais temia, Kath iria precisar de mim.

Mas só de imaginar na possibilidade de tudo ter se agravado é algo que se torna terrível. A vida é meio injusta. Katharine de apenas 21 anos com câncer.

A doença não escolhe idade. Nem quando chega, quem dirá quando parte.

Levei um susto quando a campainha tocou e eu acordei de todo o transe, me levantando do sofá e indo em passos calmos em direção a porta da sala, tendo certeza de que era Kath. Rodei a chave e a maçaneta e lá estava ela, com o cabelo caído sob os ombros, um pequeno sorriso nos lábios, mas, pelos seus olhos eu conseguia enxergar o medo.

- Oi Justin. – Ela disse em um sussurro.

- Oi Kath, entra. – Disse, dando espaço pra que ela entrasse.

Ela passou por mim e parou na minha frente, fechei a porta e em seguida, senti uma de suas mãos no meu ombro. Ela ficou de pontinha do pé e selou os nossos lábios. Desci a minha mão pra sua cintura e apertei com delicadeza, ouvindo um resmungo escapar dos lábios dela.

Peguei em sua mão e separei um pouco o nosso corpo, a levando até a sala.

Kath se sentou na minha frente e eu estiquei o braço, pegando o envelope de cima da mesa. Ela correu os olhos no envelope e engoliu seco.

- É esse o resultado? – Ela perguntou.

- Sim. Você prefere ver em primeiro? Ou quer que eu veja?

- Não sei... – Ela disse, mordendo seus lábios enquanto tinha sua cabeça baixa. A sua perna balançava e eu tinha certeza que ela estava nervosa.

- Kath... – A chamei, pousando a minha mão na sua coxa. Ela me fitou. – Independente do que esteja aqui dentro, eu vou estar com você. Vamos fazer o tratamento, vamos combater essa doença. Você é forte e eu não vou te deixar por conta disso.

Ela estava com os olhos marejados e assentiu.

- Eu prefiro abrir, então. – Ela falou e eu assenti, entregando o envelope em suas mãos.

Kath pegou o envelope e começou a analisar, passando seu dedo indicador pelo papel. Em seguida, abriu o próprio e puxou um papel branco de dentro, provavelmente era lá que estava o resultado do exame.

Seus olhos correram pelo papel branco e ela franziu a testa.

- Eu entendo nada do que está escrito.

- O resultado está no final, você não vai entender o decorrer dele, eu te explico depois.

Ela assentiu, descendo o seu olhar até o fim do papel.

Kath olhou para o mesmo lugar por alguns segundos, provavelmente raciocinando o resultado do exame. Eu senti uma vontade enorme de puxar aquele papel da sua mão só pra ver o que tinha dado, mas eu tinha que respeitar o seu momento. É coisa dela.

Sua boca começou a tremer e ela levou a sua mão até ela. Eu conseguia enxergar algumas lágrimas já caindo sob a sua bochecha.

- Kath... – A chamei em um sussurro e ela levantou a cabeça devagar, me fitando.

- Piorou. – Ela disse, me entregando o papel.

Rodei os meus olhos naquele exame e ao contrario de Kath, eu entendi tudo.

Ela estava com câncer cerebral ainda, não havia vestigios de cura apesar dele não ter se espalhado pra outros lugares. Mas, o problema era que havia agravado, e muito, digamos.

Tudo por ela ter ficado a um mês sem tratamento. Câncer é uma doença que corroí o ser humano, o tempo é injusto em relação a ela e se você não correr contra o tempo, ela te mata.

- Você aceita o tratamento? – Perguntei, tentando manter a calma, mesmo se eu estivesse sentindo um peso enorme nos ombros e uma vontade de chorar.

- Sim, eu quero fazer. – Ela disse. – Mas... por ter agravado, você acha que vai adiantar?

- Sim. – Falei. – Não é 100%, mas custa tentar. Se você ficar mais tempo sem tratamento, isso pode piorar ainda mais.

Ela assentiu.

- Quando vamos começar?

- Tenha calma. – Ri fraco. – Você quer que o Piter seja o seu médico ou...

- Eu quero você, Justin. – Ela me cortou. – Eu quero que você seja o meu médico.

Engoli seco e assenti.

É mais uma responsabilidade.

- Tudo bem. Você quer que começar amanhã?

- O mais rápido possível. – Ela disse, abaixando a cabeça e começando a chorar.

Eu conseguia ouvir os seus soluços baixinhos e naquele momento, eu me senti perdido. A minha vontade era de chorar junto, mas eu tinha que ser forte, se eu desmoronasse perto dela, provavelmente, a situação iria piorar.

Então, eu deixei o envelope de canto e estiquei o meu braço, puxando Kath pra perto de mim em um abraço. Ela colocou a sua cabeça no meu peito enquanto deixava as lágrimas caírem sem medo de nada, e os soluços começaram a se propagar no ambiente.

- Eu... eu me sinto culpada. - Ela disse em soluço.

- Culpada do que?

- De não ter começado o tratamento antes. – Ela me fitou. – Se eu estivesse começado, o câncer poderia ter diminuído, não aumentado.

- Não pense nisso. – Falei, passando meu dedo indicador na sua bochecha. – Vamos fazer até o impossível pra que tudo se acerte. Você é forte, Katharine! E eu vou estar com você.

- Obrigada, Justin. – Ela sussurrou em lágrimas, logo, assentindo.

Beijei a sua testa e apertei ainda mais o abraço.

Eu faria por Katharine tudo o que eu não fiz por Tasha. Eu iria salva-lá de todas as maneiras se fosse possível. A morte, apesar de dolorosa e ser algo que o ser humano não pode impedir, é algo que ainda assim eu posso tardar. Mas nada é certeza, Katharine tem chance de partir a qualquer momento, mas ainda assim ela tem chance de sobreviver a mais 50 anos, o seu corpo apenas precisa aceitar o tratamento.

E nem que dure anos e anos, mas eu farei que ela permaneça na terra ao meu lado por muito mais tempo.