História Flecha Bumerangue - Jikook - O sequestro

Quando pequeno, sempre tive medo de escuro, e não vou mentir, até hoje quando as luzes se apagam, sinto um medo bobo com criaturas de filmes de terror, fantasmas, bichos-papões, e etc... mas nada daquilo era real. Ninguém nunca puxou meu pé, ou mordeu meu pescoço. Os únicos monstros reais, eram os humanos, e agora, no escuro desse carro, eles me dão mais medo do que qualquer criatura maléfica. 

O carro parou de se sacudir, deduzi que tivesse finalmente parado. 

Na minha cabeça, se passavam 1001 possibilidades do que poderia acontecer comigo. Quem me sequestrou? Seria os mesmos caras do beco? Iriam acabar o que começaram? Me estuprar? Me matar? O que querem de mim?

Os dois homens me tiraram do porta-malas, eu me debatia, mas era a única coisa que conseguia fazer. Algumas lágrimas já enchiam meus olhos pelo medo.

Com uma facilidade óbvia, me levaram para dentro, me sentaram e me amarram em uma cadeira, juntamente... a Yoongi.

Ver o mais velho na mesma situação que eu, foi um misto de sensações; me sentia aliviado por ele não ter nada a ver com o que aconteceu, mas também não queria que ele estivesse em perigo.

Olhei os 4 homens encapuzados na sala, um – que estava na minha frente – usava uma máscara que me impedia de ver teu rosto, o mesmo tirou minha mordaça com um puxão, e então eu tive a reação mais idiota que eu poderia ter: comecei a gritar.

O homem apontou uma arma para mim. Me calei na hora.

-Olhe aqui, Park Jimin. – Por que raios todo mundo sabe meu nome? -Se gritar, ou fazer alguma gracinha, algo nada bom acontecerá com você. Se quiser viver, melhor ficar quietinho.

-Quem é você?! –Perguntei enquanto a mordaça de Yoongi era arrancada.

-Não sou importante para você. -Respondeu o homem guardando a arma na cintura e se dirigindo aos outros. -Avisem a ela que já estamos com o garoto, e pergunte o que fazemos com o inimigo. Eu vou cuidar muito bem dos dois.

Um arrepio subiu na minha espinha.

- Não faça nada ao menino, ok? –Disse um segundo homem, que eu não conseguia ver. -Ela o quer inteiro, se ele estiver um fio a menos, sabe o que acontece com você.

-Relaxe, o bebê dela, está a salvo comigo. –Disse ajeitando minha franja, e então todos os outros saíram da sala.

-Yoongi .– Chamei. Sem resposta. O mesmo fingia que não me escutava. -Yoongi! 

Nada de novo.

-Ei, vocês, nada de conversinha! - Disse o mascarado.

-O que quer comigo? O que vai fazer comigo? -Perguntei sem querer transparecer o medo em minha voz.

-Não quero nada com você, você entenderá tudo amanhã. Por enquanto, durma. E você. -Dirigiu-se a Min. -Por mim você já estaria morto, sua sorte é que vamos esperar a decisão dos superiores. Estou logo na sala ao lado, qualquer gracinha de vocês dois, eu saberei.

E ele saiu, nos deixando amarrados, e trancando a porta.

-Yoongi. -Chamei de novo. -O que está acontecendo? Você sabe, não é? 

O silêncio dele me atormentava, estávamos em perigo, e ele sequer falava um "estamos ferrados", ou um "vai ficar tudo bem".

-Jeon sabia que isso ia acontecer comigo. -Senti lágrimas caírem sobre meu rosto. -Você sabia! Por isso mudou a rota, estava fugindo deles! Tentou me ajudar a fugir do restaurante quando apagaram as luzes, como você sabia? Por que vocês não me avisaram? O que tanto escondem de mim?

Ele finalmente respondeu:

-Só cale a boca, Jimin. E tente dormir.

E então eu chorei em silêncio.

Eu queria a minha cama, a voz doce de minha mãe dizendo que a comida estava pronta, Taehyung dizendo baboseiras, Hoseok fazendo palhaçadas, e Seokjin cuidando de mim e me dando amor.  Eu queria minha vida do jeito que era, antes de JungKook entrar nela. Mas tudo que eu tinha, era um quarto escuro, cordas machucando meus pulsos e tornozelos, e um Min Yoongi... que eu sei lá o que ele é...

E em meio à lágrimas, eu apaguei, de cansaço, tristeza, ou sei lá o que, mas me lembro do jeito que eu acordei.

A voz doce, e cheia de preocupação. Parecia um sonho bom, demorei para acordar e ver que eu estava em uma realidade.

-Jimin. Acorde, rápido! -Chamava o doce som da voz de Jeon.

-O que...? -Perguntei grogue.

Abri os olhos, e vi um Jeon encapuzado cortando as cordas que me prendiam, e um Yoongi já solto e cabisbaixo.

O moreno cortou minhas amarras e me levantou, me abraçando forte.

-Te fizeram algum mal? Encostaram em você, Jiminie?

-Não, não. –Enfiei a cabeça em seu peito. -Você tinha razão, JungKook, eu devia ter ficado em casa. Estou com tanto medo.

-Shiu. Não chore, eu estou aqui, não vou deixar ninguém encostar em você, lembra?. – Pediu.

-Como chegou aqui? –Perguntei olhando para ele.

-Vocês dois, sinto muito atrapalhar, mas é melhor sairmos daqui logo, antes que alguém chegue ou o cara acorde. –Intrometeu-se Yoongi.

-Você! –Jeon me soltou indo para cima dele e o sacudindo pelos ombros. –Se não tivesse me traído, ele estaria em segurança uma hora dessas! Você foi imprudente e egoísta!

-Jeon. –Chamei antes que ele fizesse alguma bobeira.

-Eu sei que não deveria estar com ele, mas você não é ninguém para me chamar de imprudente, você sabe disso. –Yongi disse com uma calma inexplicável.

Jeon se calou.

-Isso termina depois. -JungKook sustentou meu corpo até a saída, como se não quisesse me largar. Eu não estava reclamando. -Nossa sorte é que só tinha um cara aqui, vamos sair logo antes que chamem reforços. 

O meu maior susto, enquanto saíamos do local -Que era um galpão no meio do centro - foi ver que Jeon portava uma arma. Que droga de adolescente era esse? Bem, não era hora de discutir isso, era hora de fugir. E com a facilidade de Jeon para abrir portões, entramos em seu carro e disparamos para qualquer lugar, que eu não questionava qual fosse, se fosse longe dali.

-O que está acontecendo? O que aconteceu? - Indaguei no meio do caminho e com mais calma.

-Olha, Jimin, são 3 horas da manhã, você acabou de ser sequestrado, eu sei tanto quanto você. – Disse Jeon com um suspiro.

-Não minta. – Abaixei a cabeça. -Você sabia que isso ia acontecer comigo. Como?

-Por que você não agradece? Pare de me questionar, e tente sobreviver, ok? -Debateu.

Fiquei quieto e irritado o resto do caminho, porém Yoongi falou:

-Não acha que deixaram muito fácil nossa saída? 

-Não foi fácil, só consegui salvar vocês porque Jimin respondeu minha mensagem. Eu consegui rastrear ele, e quase cheguei a tempo, mas somente segui vocês até aqui com calma, esperei todos os outros saírem, arrisquei entrar, e apaguei o cara que estava lá.

-Você tem sorte até nisso, pirralho. –Ouvi Yoongi resmungar.

-Se me chamar de pirralho mais uma vez eu te arranco fora do carro pelo escapamento. – Kook disse e eu quase ri.

Momento errado para admitir que gostava quando sua voz soava firme assim?

Fomos para a casa de Jeon, ele disse que eu estava mais seguro lá, Yoongi também foi. O mais novo ligou para minha mãe e os dois tiveram uma conversa que não pude escutar, só sei que vi –meio escondido - ele e Yoongi discutindo horas sobre eu estar ou não em perigo, e quem iria me proteger. Na cabeça deles, os bandidos que me sequestraram foram “mamão com açúcar” perto do que estava por vir.

JungKook deu sua cama para mim, ele deitou em um colchão no chão de seu quarto, e Yoongi dormia no sofá da sala, mas eu... não conseguia mais dormir.

Levantei com cuidado e fui até a cozinha, pegar uma água para beber.

Aquela cozinha me lembrava nosso bolo de chocolate, ou como realmente parecíamos um casal cozinhando aqui juntos.

Flashback on

-Você vai se cortar com essa faca. –Disse Jeon vindo até eu, que cortava a barra de chocolate em cubinhos.

-Não vou não, eu sei mexer com essas coisas melhor do que você. –Debati.

Ele me abraçou por trás.

-Não com facas. –Murmurou baixo. –Corte assim. – Guiou minhas mãos em um movimento ágil, e mesmo eu já tendo cortado metade da barra, ele continuava naquela mesma posição comigo. –Cheiro bom. –Apoiou seu rosto no meu ombro.

-Chocolate tem um cheiro bom. – Concordei sincero.

-Eu não falava do chocolate. –Sussurrou antes de me largar e ir até a geladeira. –Falava de outro docinho.

Flashback off

-Jimin, tente dormir. -Pediu JungKook, chegando na cozinha também. 

-Não consigo. -Bebi um gole da água. -É a segunda vez que entro em perigo esse mês, isso não é normal para mim...

-Não é normal para ninguém, mas eu lhe salvei... de novo. -Acariciou minha bochecha, mas eu virei o rosto. -Ainda está irritado sem motivos comigo? 

-Não é sem motivos. -Debati.

-Então me dê um motivo. Um que explique os gritos que deu comigo no banheiro do colégio.

-Tudo bem. -Coloquei o copo na pia, e o encurralei na parede, chegando bem perto mesmo. -Eu gosto de você. Gosto demais. Eu não queria gostar, porque você é um babaca, mentiroso e que esconde tudo de mim, mas eu me apaixonei miseravelmente por você, e é por isso Jeon, que estou irritado. Eu não consigo tirar você da minha cabeça, muito menos do meu coração.

-Jimin... -Eu podia jurar que tinha um resquício de lágrimas nos olhos do garoto. -Tem Yang Mi e...

-Sei que não gosta dela, e posso provar.

-Como... –Começou.

-Com isso. 

Então eu fiz a única coisa que eu sinto vontade de fazer nos últimos tempos. Com uma levantada de pés, encostei meus lábios nos lábios do moreno. O beijei.

E eu estava bem sóbrio dessa vez.

LEIAM O FINAL DAS MINHAS NOTAS FINAIS. 

É PRA LER!