História Flechazo - Capítulo V

Uma semana antes da captura 

Sakura abriu os olhos lentamente com a pouca luz que atravessava a persiana de sua janela. O sol já estava alto no céu, Sakura agora tinha o privilégio de poder dormir até mais tarde.

A deusa se levantou da cama e foi se preparar para mais um dia de trabalho. Mais um dia de seu trabalho, com suas tarefas e suas atribuições. Sakura ainda exalava felicidade, mesmo que estivesse há pouco tempo exercendo sua função.

Na realidade, seu trabalho continuava sendo no mesmo local, já que os campos de sua mãe eram referência para qualquer deus que cultivasse algo. Mas agora não havia mais a supervisão das ninfas ou um monte de regras que Sakura deveria seguir. Era ela quem fazia as regras de seu cultivo.

Sakura saiu do quarto em direção a pequena cozinha da casa, que era de Tsunade, já que Sakura não tinha seu templo ainda. Ela gostava do local, tinha o tamanho perfeito para uma pessoa morar sozinha. Não se imaginava sozinha em uma grande casa, provavelmente se sentiria solitária. Mas não negava que se imaginar em seu templo, com uma grande parede de ouro maciço, era atraente, para dizer o mínimo.

- Hm... - Sakura estava indecisa quanto a qual cereal comer, tinha muitas opções diferentes em seu armário. Acabou pegando um cereal de mel que sua mãe havia desenvolvido com a ajuda de Tenten.

Misturou-o com um pouco de leite e comeu seu café da manhã encostada na bancada. Sakura tinha ganhado mais tarefas do que imaginava. Temari a encheu de pedidos de flores para redecorar o Olimpo, Mamoru pediu para que ela usa-se a estufa do Olimpo para desenvolver novas flores, pois estava cansada de ver as mesmas em seus casamentos.

Sakura não negou nenhum pedido, estava sedenta por conhecimento e liberdade.

Ao terminar seu cereal e lavar a pouca louça que havia deixado, foi para a entrada de sua casa para começar mais um dia de trabalho.

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Sakura passou o resto da manhã na estufa do Olimpo. Estava desenvolvendo novas sementes e espécies de flores, algo que nunca imaginou poder fazer, mas agora era tão... Normal. Como se soubesse desde sempre como criar novas espécies.

A deusa conseguia materializar flores e plantas normalmente, contanto que elas já existissem e fossem mentalizadas. Assim como alguns outros deuses, se seus poderes permitissem. Mas criar novas flores era diferente, exigia um pouco mais de criatividade e uma pitadinha de biologia. Sakura agradeceria a Temari, na próxima vez que a visse, por todas as vezes que a incentivou aos estudos. A criatividade era o que estava em falta neste dia em específico, Sakura tentava terminar um projeto que já havia começado, mas sua cabeça não conseguia pensar nos detalhes.

A deusa estava se sentindo péssima por causa de sua mãe. Ela e Tsunade ainda não haviam voltado a se falar. Sakura no meio da semana havia tentado uma aproximação quando a viu nos campos, mas a deusa mais velha a ignorou e logo se afastou. As duas já haviam se estranhado e discutido algumas vezes, mas nunca durou mais que um ou dois dias. A deusa suspirou pensando nisto. A estufa era muito fria e silenciosa, Sakura não aguentava mais ficar ali.

Aproveitou que o horário estava próximo ao almoço e se direcionou ao pavilhão que servia como "praça de alimentação" do Olimpo. Ela podia comer em sua casa, mas estava precisando de algum contato "humano", então, iria almoçar por ali mesmo.

Vários deuses já estavam ocupando as mesas, que eram redondas e bem grandes. Haviam muitas, sem uma organização aparente. A parte mais ao fundo era a cozinha, que era aberta. Dava para ver perfeitamente as ninfas, sátiros e alguns deuses trabalhando.

Sakura se sentou em uma a sua esquerda, que já estava ocupada por Kiba. Ele não prestava muita atenção no que acontecia no pavilhão, estava ocupado brincando com seu gigantesco cachorro. Só percebeu a presença de Sakura se aproximando quando Akamaru latiu e e se afastou para cheirar a deusa.

- Boa tarde, Sakura! Não se preocupe com Akamaru, ele não morde. - Complementou o deus após perceber certo cuidado da deusa.

Sakura não tinha medo do cachorro, mas ele já havia destruído tantas de suas plantações... Parecia que a comida favorita do cachorro eram mato e os animais sagrados de Tenten. Entretanto, Akamaru começou a pedir carinho à deusa, passando sua cabeça sem parar em seu vestido, e ela não pôde negar. Cumprimentou Kiba enquanto acariciava o cachorro.

Não precisaram esperar muito para os sátiros passarem pelas mesas oferecendo diversos tipos de pratos. O que impedia Sakura de ir ao pavilhão todo dia era a quantidade de comida diferenciada que havia, comidas de todos os cantos da Terra. E a deusa era indecisa.

Decidiu de última hora fazer um almoço árabe, pegando um shawarma e uma porção de falafel, junto com um copo de arak, que os mortais diziam ser um néctar divino. Sakura não gostava muito de álcool, mas daria uma chance.

Começou sua refeição calmamente, absorvendo toda a alegria do local e o sabor de sua refeição, quando percebeu uma figura se aproximando de sua mesa. Sakura não conseguiu conter um sorriso assim que a reconheceu.

- Quanto tempo, Sakura! - Hinata não fez questão de formalidade alguma, já abrindo seus braços para um abraço. Sakura se levantou rapidamente para abraçar a amiga.

- Hinata! É tão bom vê-la novamente - Sakura estava muito feliz em rever a antiga amiga.

As duas se afastaram depois de um tempo. Hinata segurou as mãos de Sakura e a olhou firmemente.

- Eu gostaria de pedir perdão por perder sua coroação, não achei que a missão duraria tantos meses... - Hinata a olhava como se esperasse um perdão divino.

- Não precisa se desculpar, eu sei que você estava ocupada.

Hinata sorriu, não queria ter perdido um momento tão importante na vida de uma amiga, mas as coisas estavam um pouco complicadas na Terra e ela, como Deusa da Família, teve que intervir.

Sakura voltou ao seu acento enquanto Hinata ia cumprimentar Kiba, os dois eram muito próximos também. Logo a deusa voltou e sentou-se ao seu lado, pedindo uma ambrósia.

- Céus, eu estava com tantas saudades da comida do Olimpo, não há nada na Terra que se compare. - Sakura riu com a fala da deusa. Apesar de acreditar, ainda gostaria de experimentar alguma comida mundana. - Mas me conte, como foi sua festa? E como está o Olimpo? Fiquei cinco meses fora, devo ter perdido muita coisa.

Sakura começou a contar todos os momentos que havia presenciado e ouvido falar, até de sua briga com sua mãe. Falou com animação sobre sua festa, os olhos de Hinata brilhavam de alegria e orgulho de sua amiga. Sakura ocultou o seu encontro com Sasuke, encontro este que ela vinha pensando com muita frequência nos últimos dias. Hinata era filha de Cronos, assim como "os três grandes", e conhecia Sasuke há muito mais tempo, Sakura pretendia perguntar sobre ele mais tarde.

- Ainda não acredito que perdi a festa, me sinto péssima. - Hinata era uma das deusas mais próximas de Sakura e apesar de ser uma dos doze olimpianos, assim como sua mãe, ela era muito gentil e estava sempre preocupada com todos. - Gostaria de estar lá, principalmente pela falta de sua mãe...

- Não se sinta, todos foram muito legais - Sakura tentou consolar a deusa - E minha mãe é muito orgulhosa, já esperava isto dela...

- Vocês ainda não voltaram a se falar?

- Eu já tentei, mas ela não parece querer. A não ser que seja eu quem peça desculpas, claro.

- Sabe, eu conheço Tsunade há muito tempo. - Começou Hinata com calma, olhando diretamente para Sakura - Ela é uma deusa difícil, mas tem um bom coração. Não acho que o que ela fez certo, mas foi pensando em você. Ser mulher neste mundo é difícil, acredito que já saiba tanto quanto eu.

Sakura desviou o olhar para seu prato já vazio. Cresceu ouvindo relatos horríveis de ninfas, alguns deuses podiam ser assombrosos... Aracne, Medusa, Minotauro... Haviam muitos exemplos de maldições e agressões feitas por deuses para Sakura sequer cogitar se sentir segura. Ela era uma deusa menor, sabia que Tsunade estava tentando protegê-la de alguma tragédia.

- Além do mais, ser uma deusa casta não é nada ruim, olhe para mim! - Hinata mudou seu tom para algo mais alegre e sorriu.

Sakura riu e acenou com a cabeça. Talvez não fosse algo péssimo mesmo, algumas de suas grandes amigas fizeram o juramento, não seria de um todo péssimo...

Mas olhos negros e misteriosos vieram automaticamente para sua cabeça. E depois o rosto, o cabelo... Imagens que estavam rondado na cabeça da deusa durante toda a semana. Sakura terminou de tomar sua bebida, criando coragem para perguntar à Hinata sobre o deus.

- Sim, talvez seja uma opção... - Sakura respondeu. Hinata soltou um pequeno sorriso direcionado à deusa e voltou sua atenção à comida - Hum, eu também conheci um deus, você sabe, Sasuke, na festa.

Sakura proferiu o nome de Sasuke baixinho. As ninfas contavam que ele podia sentir quando diziam seu nome, o que Sakura achava baboseira, mas depois de conhecer o deus era melhor prevenir. Hinata voltou os olhos rapidamente para Sakura.

- Sasuke?! Ele veio para o Olimpo sem ser para uma reunião obrigatória?! Como eu pude perder isso... - Hinata bebeu seu néctar e suspirou - Katsuro, Naruto e Sasuke nunca se deram muito bem. Gostaria de ver eles unidos algum dia, mas isto nunca aconteceu e duvido que aconteça.

- Ele não é tão assustador quanto dizem. - respondeu Sakura curiosa.

- Não, não, Sasuke é legal - Hinata riu levemente - Mas ele nunca está aqui, Katsuro não gosta dele e é quem lidera o Olimpo, então, é fácil demonizar o Deus da Morte.

- Vocês são amigos? - Sakura estava muito curiosa sobre o deus, não sabia praticamente nada sobre ele.

- Não, acho que trocamos umas cinco palavras durante toda nossa existência. - Hinata colocou um dedo no queixo como se estivesse tentando se lembrar quais foram elas. - Mas ele nunca deu motivos para achar o contrário. Ele vive na dele, nunca fez nada de mal a ninguém. Ele tem alguns problemas de comunicação, mas deve ser por ele ser solitário. Nunca fui ao Submundo, mas não creio que tenha alguém lá, não alguém vivo.

Sakura ficou pensando sobre. Queria saber mais, mas parecia que ninguém sabia algo sobre o deus. Balançou a cabeça, "eu não devia estar pensando sobre isso", e começou outro assunto com Hinata.

Depois de alguns minutos e muita conversa, Hinata se levantou.

- Eu devo ir agora. Haverá uma reunião olimpiana importante agora à tarde - Sakura se levantou também e as duas se despediram.

As duas partiram para caminhos opostos. Hinata havia ido para seu templo se preparar e Sakura iria voltar ao trabalho.

A conversa com Hinata havia dado alguma luz para Sakura. Parecia que conversar com alguém sobre o voto havia tirado uma pedra de seus ombros. A deusa suspirou e levantou os olhos ao céu, acreditava haver tomado uma decisão.

Sakura cumprimentou todos que passavam pelo seu caminho, logo chegando em seu chalé. Abriu a porta de entrada e ia em direção ao seu quarto quando ouviu um barulho vindo do mesmo. Se aproximou com cautela da porta e viu Tsunade que aparentava estar confusa lá dentro.

- Mãe? - começou Sakura - O que a senhora faz aqui?

- Não estou me intrometendo nas suas coisas, não se preocupe. - Tsunade respondeu, ainda não olhando para a filha. "Ela ainda está na defensiva" pensou Sakura, suspirando. - Apenas estou procurando algumas mudas, imaginei que você poderia tê-las pegado para estudos.

Sakura havia levado algumas mudas para casa, mas fazia muito tempo. Tsunade com certeza já havia sentido falta delas.

- Sim, eu esqueci de devolvê-las. - Sakura foi para a sua pequena varanda, que dava acesso ao seu quintal - Aqui estão.

Sakura entregou para Tsunade as três mudas. O clima entre elas não estava o dos melhores, Sakura se sentia um pouco sufocada ao estar no mesmo ambiente que sua mãe.

A deusa mais velha encarou a filha por alguns segundos, parecia querer dizer alguma coisa, mas nada saiu. Pegou as mudas e se virou para ir embora.

- Mãe, espera. - Tsunade parou com o pedido da filha. Sakura estava tão exausta de tudo aquilo que queria resolver naquele momento mesmo.

Tsunade se virou, olhando para Sakura, esperando que a deusa continuasse.

- Não aguento mais essa situação, nós duas agindo como desconhecidas... - Sakura soltou um suspiro - Quando soube que a senhora havia tomado uma decisão por mim, fiquei extremamente magoada, isto não é o certo e ainda mantenho meu pensamento.

Tsunade arqueou as sobrancelhas, mas se manteve em silêncio.

- Mas venho pensando sobre desde então, hoje conversei com Hinata sobre a situação e... - Sakura parou por um momento, pensando se o que iria dizer era o que realmente queria. Havia tomado sua decisão, mas algo a deixava nervosa. - Eu... decidi que farei o voto.

Sakura proferiu as últimas palavras com força, tentando ser forte mais para si mesma do que para sua mãe. E funcionou, por um momento, até ela acreditou que tinha plena certeza de sua decisão. 

E Tsunade mais ainda. A deusa mais velha abriu um sorriso na hora, colocou as mudas na mesa de cabeceira e abraçou a filha.

- Eu sabia que você faria a escolha certa, uma hora ou outra. - A deusa a soltou e olhou diretamente para os olhos da filha - Isso vai ser o melhor para você, pode acreditar.

Sakura soltou um sorriso. Estava feliz por ter a mãe ao seu lado novamente. As duas voltaram a se abraçar por alguns segundos, pedindo perdão uma a outra.

- Queria muito poder te dizer todos os mil benefícios dessa escolha - começou Tsunade se afastando de Sakura - e te levar agora mesmo para resolvermos isso, mas tenho que me preparar para uma reunião. 

A deusa pegou o rosto de Sakura com as duas mãos e deu um beijo na testa da filha. Sakura riu com o gesto e Tsunade retribuiu com um sorriso. 

- Até mais tarde - Tsunade se afastou e logo saiu do chalé, deixando Sakura sozinha em seu quarto.

Sakura suspirou, estava feliz pela situação com sua mãe ter se resolvido. Ela não tinha namorado e sequer algum pretendente, dizia para si mesma que o voto seria legal, como Hinata havia lhe dito.

Mas, apesar de tudo, não conseguia se animar tanto. Suspirou pela décima vez no dia, perguntando se havia feito a escolha certa.

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Já era o fim da tarde e Sakura estava terminando seu trabalho no campo. Haviam se passado algumas horas desde que fez as pazes com Tsunade e a deusa mais velha ainda estava em reunião.

Nessas horas, Sakura agradecia por não ser uma olimpiana, não aguentaria ficar tanto tempo ouvindo um monte de discussão sem fim.
Sakura não pensava muito enquanto andava entre as flores do campo, já havia trabalhado muito e só revitalizava aquelas que precisavam. Não havia ninfas por perto e Sakura se lembrava de ter visto Shizune de longe pela última vez há alguns minutos. Não tinha problema com isso, gostava de ter apenas a companhia das flores.

Sakura percebeu algumas flores mortas logo à frente, como se alguém tivesse as esmagado. "iDeve ter sido o Akamaru ou algum dos cachorros de Kakashi" pensou a deusa se agachando próxima a elas. Os deuses nunca lagaram muito para o cuidado pelo trabalho do outro, isto deixava Sakura irritada.

Revitalizar uma planta, quando a mesma ainda estava viva, era fácil para a deusa, não exigia muita energia. Sakura passou a mão por cima, transmitindo energia de volta às flores, que se erguiam gradativamente.

Sakura sorriu feliz, se sentia tão bem devolvendo cor e vida às coisas que algumas mudas nasceram em volta dos seus joelhos. A deusa tentou se controlar, depois que havia sido coroada, fazer nascer flores ao seu redor estava acontecendo com frequência. Na noite após sua coroação, ela havia acordado envolta de flores que haviam crescido enquanto a deusa dormia. Esperava que isso passasse logo! Estava tão entretida com seu pensamento que não sentiu a aproximação de um deus.

Mas não durou muito, logo Sakura percebeu uma sombra ao seu lado. Se levantou seguindo a sombra com o olhar até conseguir reconhecer o deus a sua frente.

Sakura prendeu a respiração por algum tempo. Sasuke estava parado próximo a ela, a pouco menos de um metro de distância. Ele a olhava fixamente, como se estivesse esperando alguma coisa.

- Olá? - Sakura começou, colocando as mãos para trás, esfregando uma na outra, para tentar limpá-las da terra.

Mas Sasuke não respondeu e, para o desespero de Sakura, lançou um olhar rápido para a tentativa de limpeza da deusa. Sakura jogou as mãos para a frente novamente, batendo as palmas e juntando-as, forçando-se a pará-las em sua frente.

- Olha, minha mãe não está aqui ainda... - Começou Sakura, que estava inquieta por causa do olhar do deus da morte - Ela estava na reunião, aliás, acho que o senhor a viu por lá...

- Não estou aqui pela sua mãe - Sasuke falou firmemente. A voz dele fazia Sakura se arrepiar de um jeito mais positivo do que ela gostaria.

- Ah, então, hum... Você vai querer algumas flores? - Sakura se sentiu ridícula após dizer isso. O homem à frente dela parecia a própria morte, achava improvável ele gostar de flores.

- Não. Não que eu não goste, mas o submundo já está cheio delas - Sakura levantou as sobrancelhas em surpresa pela resposta de Sasuke. O submundo para ela era escuro e quente como o fogo, não havia espaço para flores.

- Sério? Como que elas crescem lá? - Sakura não conseguiu conter sua curiosidade. Um de seus planos era desenvolver flores que não precisassem de luz solar, saber que cresciam flores no submundo era incrível demais para ela conseguir se controlar.

- Eu posso te mostrar, se quiser. - O olhar de Sasuke desviou do cabelo de Sakura para seus olhos quando terminou a frase.

Alguma coisa nos olhos do deus não permitia que Sakura desviasse o olhar, por mais tímida que ela estivesse. A deusa não tinha tido muitas experiências, mas conhecia sobre romance o suficiente para saber quando alguém estava flertando com ela.

Sakura estava prestes a responder alguma coisa, que nem ela mesma sabia, quando ouviu uma voz a chamando. A deusa se virou em sua direção.

- Sakura? - Tsunade repetiu, desta vez mais próxima. 

A deusa mais velha havia apressado o passo quando viu as duas figuras de longe. Não sabia o que estava acontecendo, mas se tinha Sasuke envolvido, não poderia ser boa coisa.

- O que você está fazendo aqui? - Tsunade não enrolou e, logo quando chegou, já se postou ao lado de Sakura de maneira protetora.

- Nada, apenas vim falar de flores com Sakura - Sasuke respondeu prontamente. Tsunade reprimiu a vontade de socar o deus pelo deboche escrachado.

Sakura percebeu que o semblante de Sasuke havia mudado. Ele agora estava com uma cara desinteressada. A deusa se perguntou se o interesse que ela havia notado fora apenas coisa de sua cabeça.

- Mas já estou de saída - Sasuke respondeu antes que alguma das duas deusas falassem algo.

O olhar de Sasuke e Sakura se cruzou mais uma vez e o deus se virou, partido em direção aos portões do Olimpo sem se despedir.

- O que ele queria? - Tsunade perguntou se virando para Sakura, havia esperado o suficiente para ter certeza que o deus não estaria mais ouvindo.

- Nada, mãe, apenas veio me perguntar sobre algumas flores - Sakura deu de ombros numa tentativa de deixar o assunto para lá.

Tsunade semicerrou os olhos, Sasuke nunca havia lhe perguntado sobre flores, na verdade, nunca havia tido questão alguma sobre nada.

Mas a deusa mais velha resolveu não insistir no assunto, não havia acontecido nada de mais e as duas haviam acabado de se reconciliar. Soltou um "vamos" sorrindo e enrolou seu braço no da filha.

No caminho para casa, Sakura não conseguiu prestar muita atenção na conversa de sua mãe, só conseguia pensar na forma como o Deus da Morte a olhava e se havia feito a escolha certa em relação ao seu voto.